O MEU CARTUNISTA PREFERIDO

Uma das primeiras coisas que leio no jornal diário é o cartune do dia. É como um editorial, mas muito mais rápido de ler (o que não significa de maneira nenhuma mais rápido de fazer). Pode dizer mais do que um grande editorial... O “Diário de Notícias” (DN) tem nos últimos 16 anos publicado diariamente os engraçadíssimos cartunes de José Bandeira. Claro que esses anos não são nada na história mais do que centenária do jornal, mas não deixa de espantar a criatividade permanentemente renovada do cartunista.

José Bandeira tem estado, dia após dia, atento às graças e desgraças da vida do mundo em geral e do nosso país em particular. E retrata-as, com muita graça, nos diálogos dos personagens Cravo e Ferradura. Dá uma o Cravo e dá outra o Ferradura... Mas quem as dá, por trás do Cravo e Ferradura, é o Bandeira!

Quem é o artista? Nascido em 1962, além de cartoonista do DN e do JN tem sido autor e ilustrador de livros, como o álbum “Namoros, casamentos e outros desencontros” (publicado na Gradiva), distinguido com o prémio de melhor álbum de tiras Humorísticas 2003 do Salão de Banda Desenhada da Amadora. Recebeu o Grande Prémio do Salão Nacional de Caricatura e o Prémio Stuart de 2004. É ainda o autor do blog "Bandeira ao Vento" (ver, por exemplo, o post de 4 de Abril sobre o ovo e a galinha...)

Por que é Bandeira o meu cartunista preferido? Ele é o autor dos engraçadíssimos “cartoons” dos livros “Física Divertida” e "Nova Física Divertida". Acho extraordinário o modo como ele ilustra uma personagem ou uma situação científica, informando-se cuidadosamente sobre ela. É também o autor das várias capas dos livros da extraordinária colecção “O Prazer da Matemática”, que entre nós tem procurado remar contra o desprazer que existe quando se fala de matemática. Bandeira foi ainda o autor dos desenhos do livro "Viagens no Espaço-Tempo" de Jorge Dias de Deus e da caricatura de Einstein na capa do livro de Jorge Dias de Deus e Teresa Peña, “Einstein... Albert Einstein”, os dois da colecção "Ciência Aberta". O artista tem, portanto, dado atenção à ciência!

A ciência está presente na série "Cravo e Ferradura", reflectindo o facto de estar presente no mundo e nas nossas vidas. Eis dois exemplos de piadas de genética que vêm no livro "Cravo e Ferradura" publicado em 2005 na Gradiva:

- Diz o Cravo: “O homem só tem mais 300 genes do que o rato”. Responde o Ferradura: “Não me surpreende. E a mulher?”

- Diz um anjo no céu: “Eles descodificaram o genoma”. Responde Deus todo poderoso: “Finalmente! Baralhem tudo outra vez”.