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O Público de 30 de Março noticiou: "Descobertas aguarelas da Lua desenhadas por Galileu".
Aparentemente apareceu o primeiro exemplar de uma primeira edição do famoso folheto "Sidereus Nuntius" ("O mensageiro dos céus"), que relata as primeiras observações do céu efectuadas por Galileu, em 1609, com a ajuda da sua luneta. Nesse exemplar, datado de 1610, há algumas aguarelas originais, pintadas pelo próprio cientista, que mostram a face rugosa da Lua. É fantástico: Galileu tinha jeito não só para a escrita como para a pintura!
Esse livrinho foi escrito em latim, ao contrário dos subsequentes. Vejamos o que diz o escritor italiano Italo Calvino sobre a prosa de Galileu ("Ponto final", Teorema, 2003):
"O maior escritor de língua italiana de todos os séculos, Galileu, mal se põe a falar da Lua eleva a sua prosa a um grau de precisão e evidência e ao mesmo tempo de rarefacção lírica prodigiosas. E a língua de Galileu foi um dos modelos da língua de Leopardi, grande poeta lunar..."
Interrogado sobre a sua afirmação de considerar Galileu o maior escritor italiano, Calvino responde a seguir:
"Quando eu disse que Galileu continua a ser o maior escritor italiano, Carlo Cassola saltou a dizer: o quê julgava que era Dante! Obrigadinho, que bela descoberta. Eu em primeiro lugar tinha a intenção de dizer escritor em prosa; e então aí a questão põe-se entre Maquiavel e Galileu, e eu próprio fico embaraçado porque também amo muito Maquiavel. O que posso dizer é que na direcção em que trabalho agora encontro maior alimento em Galileu, como precisão de linguagem, como imaginação científico-poética, como construção de conjecturas".
A Galileu, assim colocado nos píncaros da Lua, só falta ser comparado, pela sua arte, a Leonardo da Vinci...
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