domingo, 15 de abril de 2007
Entrevista a Dennett
Jorge Pontual entrevista o filósofo Daniel C. Dennett (vídeo com legendagem em português).
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4 comentários:
Triste entrevista. Dennett mete os pés pelas mãos em grande extensão. Falta-lhe o pensamento sistematizado, tanto diz que a religião é uma hipótese de que não precisa como no fim acaba atrapalhado por confessar que até é necessária.
É um pouco como o livro dele. É interessante nas partes em que apresenta vários estudos sobre a natureza e explicação da religião.
Mas é ridículo quando tenta ser conciliador com os religiosos americanos. É muito difícil ser conciliador com tais pessoas, porque têm uma compreensão infantil da religião -- acreditam em Deus como uma criança acredita no Pai Natal. Quando Bush foi pela primeira vez ao monte das oliveiras ficou muito emocionado porque ele pensa ingenuamente que foi mesmo ali que uma pessoa divina mas de carne e osso, Jesus, proferiu o famoso discurso que está na Bíblia, palavra por palavra (deve pensar que alguém estava lá com um iPod para gravar o discurso). Qualquer teólogo de quinta categoria lhe poderia dizer que 1) não se sabe se o que está na Bíblia foi um só discurso ou se é uma junção de vários discursos e 2) não se sabe se ele realmente falou alguma vez no monte das oliveiras ou se foi num vale. A religião, no país militarmente mais poderoso do planeta, é pura superstição irracional para muita gente, incluindo o presidente.
Também acho que sim. Não li o último livro dele mas acho que tem muito boas ideias no estudo da mente, particularmente na enfase do papel da intencionalidade, a ideia de liberdade associada à possibilidade de escolha e à extensão que o homem lhe consegue dar também é notável, mas quando se pretende ignorar o papel da religião na explicação do comportamento humano, principalmente o moral, é muito difícil construir uma boa teoria só com base num método científico. A ciência explica muita coisa mas não explica totalmente a vontade humana, as suas consequências e também as suas causas.
Eu li o Dennet, Religion as a Natural Phenomemnon, e o Dawkins, The God Delusion, e vários livros sobre a Evolução Natural da Moral.
Dawkins, ao contrário de Dennet, ignora a historicidade evolutiva e sociológica da Religião. Não se corrigem as mentalidades só porque a verdade lhes é revelada (nem sequer na Psicanálise...). Dennet fez um livro deliberadamente pedagógico para os infantis USA, como ele próprio diz, e aí fez um excelente trabalho de envenenamento virulógico racional.
Uma coisa é a contemporização com os intelectuais neocons, o que ele não faz, outra é a compreensão das raízes profundas do tal fenómeno natural.
Quando a ciência tiver uma ToM (Theory of Mind) a sério, com os comos evidenciados (AI to the rescue!), então a evocação de reinos fantasmáticos será mais fácil.
Até lá o Hardware é já totalmente da Física ("pace" a Origem) e da Biologia (foi-se o Princípio Vital, mas "pace" o desenho inteligente), mas o Software ainda é do reino dos Mysterians, pelo menos para o Everyman.
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