sexta-feira, 20 de abril de 2007

REDESCOBRIR A ÍNDIA


Outra crónica minha do semanário "Sol", onde escrevo quinzenalmente:

Foi Fernando Pessoa quem um dia confessou: “Pertenço a um género de portugueses que depois de estar a Índia descoberta ficaram sem trabalho.” Mas Fernando Pessoa nunca descobriu a Índia. Embarcado de Lisboa, fixou-se em Durban, na África do Sul, a meio do caminho marítimo e perto do antigo Cabo das Tormentas.

Já outro grande poeta nacional, Luís de Camões, andou a descobrir a Índia. Foi lá que conheceu Garcia de Orta, o autor de “Colóquio dos Simples e Drogas e Coisas Medicinais da India, e assim de algumas frutas achadas nela, onde se tratam algumas coisas tocantes à medicina prática, e outras coisas boas para saber” (Goa, 1563) e um dos maiores cientistas lusos. Camões e Orta eram não só conhecidos como provavelmente amigos. Não é muito conhecido que o primeiro poema publicado de Camões o foi precisamente nesse livro, numa fusão de literatura e ciência premonitória da actual cultura científica: "Favorecei a antiga / Ciência que já Aquiles estimou; / Olhai que vos obriga,/ Verde que em vosso tempo se mostrou / O fruto daquela Orta onde florescem / Plantas novas, que os doutos não conhecem.”

Se os portugueses protagonizaram um dos primeiros movimentos de globalização, hoje o planeta é uma pequena aldeia. As caravelas demoravam meses a chegar à Índia, mas hoje vai-se em horas de avião. Ou, ainda mais rápido, por cabos ópticos e via satélite. Portugal regressou à Índia, com a recente visita presidencial. Encontrou um país com mais de mil milhões de pessoas, com um bom sistema de ensino superior e com taxas de crescimento económico que o tornarão em breve uma superpotência. É um país que, apesar das enormes assimetrias, tem 65 por cento dos serviços informáticos a nível mundial. Se o Médio Oriente é a fonte do petróleo e a China é a fábrica do mundo, a Índia é o cérebro de onde vem o software que usamos.

Contrariando o pessimismo de Pessoa, a redescoberta da Índia vai dar-nos que fazer. Os acordos celebrados pela Fundação Champalimaud e pelo Instituto Camões, nas áreas da medicina e da língua, com instituições indianas são apenas dois exemplos das trocas científicas e culturais que estão para vir...

3 comentários:

Anónimo disse...

O que está este texto a fazer aqui? Fraquinho, muito fraquinho e sem nada a ver com nada.

António Parente disse...

Aqui vai um comentário que o Desidério considerará "bovino", nem será digno de atingir o estatuto de "lixo intelectual", mas que eu não resisto a escrever. Então, é assim:

Caro Carlos Fiolhais

Espero, sinceramente, que não provoque nenhum incidiente diplomático entre dois países com relações centenárias, nem sempre pacíficas é certo, ao propor projectos de investigação sobre temáticas tão abrangentes como " Sexo tântrico e Física: proposta de uma fusão atómica luso-indiana" ou "Física e lingerie: aquecimento local e sua influência nos movimentos pendulares".

Lembre-se, por favor, que os indianos têm mísseis de longo alcance e os nossos militares não conseguem acertar num alvo, colocado a 3 metros, com os seus mísseis bolota123.

Anónimo disse...

www.net4estate.com é um site indiano que copiou descaradamente (o source code, por completo!) o portal português Casa Sapo (www.casa.sapo.pt).

Talvez nós tenhamos algo a ensinar aos indianos em matéria de software...

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