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quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Comunicar o Oceano nas Mãos da Ciência
O Ciclo de Palestras “Comunicar o Oceano nas Mãos da Ciência” pretende promover a discussão entre especialistas de diferentes áreas de divulgação científica e cruzar diferentes perspectivas entre casos de estudo nacionais e regionais. Os painéis temáticos vão de encontro a temáticas pertinentes que suscitarão debates e reflexões sobre a Comunicação do Oceano e a partilha de conhecimento com a comunidade em geral:
- Quais as estratégias actuais para comunicar para públicos diferenciados?
- Como iniciar um ciclo crítico à divulgação científica que é feita?
- Qual o papel da imagem na comunicação do Oceano?
- Qual o papel dos Centros de Ciência na Divulgação Científica?
Esta iniciativa é organizada pelo Observatório do Mar dos Açores na sua valência Centro de Ciência, tem como parceiro o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e é apoiada pela Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Abril, águas mil!
A água é uma constante da vida!
Sem essa molécula, H2O, sem as propriedades a que ela dá lugar nos diversos estados físicos que se lhe conhecem (líquido, gasoso, sólido), nas condições de temperatura e pressão dos vários locais onde a vida foi encontrada no nosso planeta, sem essa molécula não estaríamos aqui.
Nem eu teria escrito este texto, nem o leitor o estaria, porventura, a ler!
Na geringonça cíclica em que a substância água faz mover informação e energia no nosso planeta, a chuva desde sempre foi necessária para fertilizar com vida as rochas e terrenos emersos dos continentes, penínsulas, istmos e ilhas.
No regresso aos oceanos, a água corrente dos rios finais beija o mar com aromas, compostos, matéria e vida que recolheu e transporta desde as suas fontes nascentes, desde o local a montante onde brota e nasce despida, fresca, promessa de vida a jusante. Logo que a Humanidade se fixou na ideia da “urbe”, assentou os alicerces junto a cursos de água. Todas as antigas civilizações se semearam, cultivaram, disseminaram junto ou entre grandes rios (Tigre, Eufrates, Ganges, Nilo, Danúbio, Guadalquivir, Douro, Tejo, Guadiana, Sado, Mondego, entre tantos outros).
Mas sem chuva a trazer de volta água à terra que pisamos, a miséria instala-se. Se tarda, se demora, se se ausenta, quebrando os ritmos sazonais anuais, seculares, logo se instalam severas preocupações com a morte a substituir o mar a jusante.
Quase todos ouvimos o ditado popular “em Abril, águas mil”. Quase nenhum de nós o questiona. É um saber feito de tempo, saber tácito feito de regularidade passada que teima em se repetir anualmente, pouco tempo depois do equinócio (da primavera) em regiões acima da nossa latitude até ao círculo polar árctico.
Aquele ditado não existe só em terras lusas. Que se encontre também em Espanha não é de espantar. Mas que faça parte da “sabedoria popular” por essa Europa acima, isso já levanta algum espanto (e pede ciência). Encontramos o provérbio em França - "les giboulées de Mars” -, no Reino Unido e Irlanda – “April showers”, "April showers bring May flowers" – e, exemplo nórdico, até na Noruega – “April bygger”.
O fenómeno meteorológico que alimenta o provérbio assenta no aumento do período de luminosidade solar incidente de forma progressivamente mais perpendicular a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte). Isto provoca um aumento progressivo da temperatura do solo, o que causa evaporação da água (mesmo que pouca devido a outonos e invernos menos chuvosos – como foi o caso este ano) retida e presente nos interstícios da terra.
Correntes de ar quente e vapor de água ascendem, aumentando a humidade relativa do ar. Como a temperatura média do ar também subiu, maior quantidade de água passa e fica na atmosfera (maior humidade relativa), prenúncio de nuvens, certezas pluviais. Este movimento, por convecção de ar quente e água (quer no estado gasoso quer no liquído), provoca fenómenos meteorológicos súbitos que nos “estragam” os passeios primaveris, mas que redistribuem a água preciosa, minorando os efeitos de secas nefastas para a maltratada agricultura.
O curioso e certo é que, apesar da seca deste ano, temos vivido um Abril que faz justiça ao ditado! Transcrevo, para terminar, a resposta que o Prof. António Galopim de Carvalho me enviou à minha pergunta sobre o provérbio:
"Os ditados populares são testemunhos de muita sabedoria. São a síntese de um saber colectivo de gerações. A suposta tendência actual (no nosso hemisfério) da desertificação estar a migrar para norte, leva-me a pensar que, num passado geologicamente muito recente, tivemos aqui, no sul da Península, um clima chuvoso como o da chamada Ibéria Húmida, bem exemplificado no nosso Minho e na Galiza, clima esse que poderia estar na base do referido ditado."
António Piedade
(Agradeço a colaboração do Ricardo Cardoso Reis, na investigação para esta crónica.)
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
VISITA DO “JOIDES RESOLUTION” A LISBOA

Post recebido do Prof. Galopim de Carvalho:
NA CONTINUAÇÃO de um projecto científico em curso nas águas da nossa Zona Económica Exclusiva, no âmbito do ECORD/IODP (European Consortium for Oceanic Research Drilling / Integrated Ocean Drilling Program), o moderníssimo navio oceanográfico Joides Resolution, com 143 metros de comprimento e uma torre de sondagens com mais de 60 metros de altura, estará em Lisboa nos próximos dias 18 e 19.
Considerado um dos mais notáveis laboratórios de investigação flutuantes do mundo, no domínio das Ciêncas do Mar, está preparado para perfurar os fundos marinhos (até mais de 8000 m de profundidade), podendo aí penetrar mais de 1000 m. Os seus laboratórios totalizam uma área de mais de 1000 m2 e estão equipados, para apoiarem, ao mais alto nível, a inúmeros trabalhos de geologia marinha (tratamento e registo de testemunhos de sondagens, mineralogia, sedimentologia, geofísica, etc.) e de oceanografia física, química e biológica. Trabalham aqui cerca de meia centena de cientistas e técnicos de laboratório e um número equivalente entre elementos da tripulação de marinha e da equipa de sondagens.
O Joides Resolution atracará no cais de Alcântara, onde poderá ser visitado no próximo dia 18, entre as 9 e as 11:30 horas. Nesse dia será evocada a criação do ECORD (European Consortium for Oceanic Research Drilling), do qual Portugal é membro fundador, decisão que constituiu um marco significativo do empenhamento de Portugal nas ciências do Mar, estando a tutela ministerial da Ciência sob a responsabilidade do Prof. Mariano Gago. Será ainda prestada homenagem ao Prof. Mário Ruivo pelo seu papel na adesão de Portugal a este consórcio internacional e pela sua dedicação à causa das ciências e tecnologias marinhas.
Mais informações sobre esta jornada poderão ser pedidas ao Prof. Fernando Barriga, do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa, na qualidade de delegado de Portugal, por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia, junto do ECORD/IODP (European Consortium for Oceanic Research Drilling / Integrated Ocean Drilling Program).
VAI PARA 25 ANOS que, no Museu Nacional de História Natural, da Universidade de Lisboa, surgiu um grupo de investigação em Geologia Marinha/Oceanografia Geológica, com ligações internacionais, que designamos por DISEPLA, acrónimo de Dinâmica Sedimentar da Plataforma. Coeso e activo, este grupo está hoje disperso por várias universidades do País e laboratórios do Estado, mas as ligações entre os seus membros não se perderam.
Menos conhecida do grande público, esta nossa actividade, que reputo como a mais volumosa e importante contribuição científica deste Museu, nos 20 anos em que nele trabalhei, foi uma caminhada pioneira que conduziu ao nascimento e expansão de uma verdadeira escola neste domínio científico.
Em 1987 a então Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), hoje Fundação para a Ciência e a Tecnologia, de que era presidente o Prof. Mariano Gago, lançava o “Programa Mobilizador de Ciência e Tecnologia”, no qual tinha cabimento uma componente dinamizadora das Geociências do Mar, apresentada publicamente pelos Profs. Mário Ruivo, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, Michael Collins, da Universidade de Southampton, e Michael Vigneaux, da Universidade Bordéus. Foi na sequência deste programa que João Alveirinho, então o primeiro e o único doutorado português em Geologia Marinha, me veio propor que subscrevesse a candidatura à JNICT de um projecto de investigação, concebido por ele, como desenvolvimento do tema da sua tese de doutoramento, acabada de defender. Tendo orientado, em parte, este seu trabalho e acompanhado de muito perto toda a sua carreira científica, nos saudosos Serviços Geológicos de Portugal e no Instituto Hidrográfico, e tendo em conta a oportunidade, a qualidade e o interesse estratégico desse projecto, aceitei esta sua proposta o que implicou, também, aceitar sediar no Museu a equipa de jovens investigadores que era necessário reunir e formar. Com esta proposta, João Alveirinho, apenas necessitava de uma instituição que os acolhesse e de uma assinatura que o avalizasse. Ponderada a situação, pus à disposição deste meu ex-aluno os nossos espaços, os nossos equipamentos e os nossos escassos recursos em pessoal técnico, administrativo e auxiliar. Assim sendo, apresentei, à então JNICT, o primeiro dos vários projectos que ali se desenvolveram nos dez anos que se seguiram, concebidos em conjunto com outros, da responsabilidade científica do Prof. António Ribeiro, também eles sediados no mesmo Museu. O primeiro projecto arrancou em início de 1988 com uma investigadora sénior e dez alunos finalistas de Geologia.
O Grupo DISEPLA visou, sobretudo, a formação de jovens investigadores e a criação de um corpo nacional de investigação no domínio da Geologia Marinha, interdisciplinar e internacionalizado, até então ausente das nossas universidades. Caracterizado por grande informalismo e por um mínimo de burocracia, constituiu um fórum de permuta de ideias e experiências, de discussão de resultados e de entreajuda. Entre os elementos formados no grupo, até a minha colocação na “prateleira dos aposentados”, 28 concluíram o mestrado e 13, o doutoramento. Os sete encontros que promovemos, alguns em colaboração com os colegas do país vizinho, trouxeram ao conhecimento mais de mil comunicações.
Com o passar do tempo, o DISEPLA evoluiu naturalmente para uma rede de investigação, eficaz e igualmente informal, cujos elementos, dispersos, como se disse atrás, são agora os promotores e os responsáveis pelos seus próprios projectos, em que cada um procura as colaborações mais convenientes e nos moldes que entenda estabelecê-las.
Nascido e desenvolvido no Museu Nacional de História Natural com o indispensável e sempre disponível apoio do Instituto Hidrográfico, este grupo deixou descendentes, ou seja, fez escola que continua a dar frutos, uma realidade que ficará esquecida se ninguém se der ao trabalho de a registar.
Com uma primeira geração de investigadores que, de juniores passaram a seniores, vimos partir a maior parte destes “filhos”, hoje independentes e a trilharem os seus próprios caminhos, o que nos enche de satisfação e orgulho. Actualmente há “netos” que já nem conhecem os “avós”, mas que só existem porque estes “avós” tiveram a ousadia de iniciar esta viagem e de segurar o leme deste navio, nas primeiras milhas desta gratificante navegação que conduziu, repito, à introdução das Geociências do Mar nas nossas universidades, onde os mestrados e os doutoramentos se sucedem.
A. M. Galopim de Carvalho
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