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domingo, 25 de dezembro de 2011

O conto de Natal em Portugal

A leitura do conto do Professor Galopim de Carvalho sugeriu-me a reprodução do início dum ensaio de grande interesse intitulado O conto de Natal em Portugal, da autoria de Vasco Graça Moura. A esse ensaio segue-se uma antologia de contos da nossa literatura dos séculos XIX e XX. O conjunto tem por título Gloria in Excelsis: Histórias portuguesas de Natal e foi publicado em 2003 pelo jornal Público.
"Como é natural, as referências ao Natal na nossa literatura começaram por registos de uma intensa devoção e só muito mais tarde se preocupam com a transposição da celebração religiosa e do seu sentido transcendente para o plano civil de uma comunhão festiva, familiar e universal, necessariamente ligada à ideia de paz na terra e reconciliação entre os homens.

É na poesia e no teatro que desponta lierariamente aquela exaltação religiosa, com mestre André Dias (1348-1437), e depois nalguns autos vicentinos de devoção, para não mais parar, até ao nosso tempo: do Maneirismo, no Barroco, no Romantismo e daí em diante, até hoje.

Basta recordar, mais ou menos ao acaso, poetas como António Ferreira, Frei Agostinho da Cruz, Diogo Bernardes, Rodrigues Lobo, D. Francisco Manuel de Melo, Jerónimo Baía, Correia Garção, Reis Quita, Cruz e Silva, Bocage, Almeida Garrett, Castilho, António Nobre, Gomes Leal, Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Álvaro Feijó, António Gedeão, David Mourão-Ferreira e tantos outros..., para se ver o que o «cancioneiro de Natal» lusitano é muito abundante e variadíssimo.

Por sinal que é provavelmente com um celébre soneto de D. Francisco Manuel de Melo, «de consoada a uma sua prima», que o lado da celebração familiar e afectiva da quadra natalícia, acompanhada da troca de presentes, surge na nossa literatura, com a particularidade de ser escrito da prisão e, portanto, se contraposição a um estado de afastamento, de solidão e de tristeza (...) numa época que era tradicionalmente de jubilosa reunião de família. Mas, ainda no século anterior, a pós-vicentina Prática dos Compadres, de António Ribeiro Chiado, já descreve de modo muito colorido, no pitoresco diálogo entre o Cavaleiro e o Compadre, os usos e folguedos entre familiares e vizinhos, a propósito da ceia de Natal e da missa do Galo.

Isto tinha raízes muito antigas. O Padre Mário Martins explica a dramatização popular da liturgia de Natal a partir de uma ideia de presépio que «vinha de longe, muito antes de São Francisco de Assis» e observa que «na Idade Média (...) nem tudo era edificante, pela festa do nascimento de Jesus. Em 1473 um concílio de Aranda (...) fala-nos de representações, mascaradas, de figuras monstruosos e versos indecentes (...) que vinham a público, nas igrejas, por ocasião do Natal, da festa dos Santos Inocentes, São João Baptista, etc. Estes males, evidentemente, não paravam nas fronteiras portuguesas». Acrescentemos que essa tradição, de algum modo, vem ainda ecoar na muito mais tardia ficção literária relativa ao Natal."

Vasco Graça Moura

Imagem: Um dos muitos presépios de Estremoz.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

LUZ



Crónica publicada no "O Despertar".

Pela janela do meu planeta entra a Luz que o enche de vida.

É uma janela admirável, debruada com pôr-de-sóis, alvoradas e outros fenómenos celestiais.
Por ela entra a Luz Solar com que “retino” e admiro os dias terrestres. Por ela vejo outros pontos irradiadores e reflectores de luz quando, por ausência ou diminuição da primeira, me encho de noite, me tapo com ócio, ou me deslumbro com o que estava ofuscado. De noite, reflecte no solo Lunar, mostrando-o diferente de quarto em quarto.

Luz é a parte visível ao meu olho de toda a radiação electromagnética que as estrelas, como o Sol, irradiam para o espaço. Luz é energia que aquece o meu planeta e que as plantas usam para juntar peças de carbono na forma de açúcares.

A janela do meu planeta não está sempre com a mesma abertura ao longo da sua viagem de translação solar. O trilho elíptico e o eixo inclinado do meu pião planetário fazem com que, ao longo do ano, a luz passe pela janela com intensidades e periodicidades diferentes. Como resultado, o meu planeta veste-se com estações de vida, composições e estados físico-químicos diferentes, de quarto em quarto, por estas latitudes.

É como se a janela do meu planeta tivesse uma portada e uma persiana. A luz que por ela entra depende da posição combinada dos dois obliteradores.

A persiana sobe e desce com uma periodicidade diária. Ao subir, enche o dia de Luz. Quando desce, apaga as sombras deixando breu.

A portada abre e fecha com uma frequência e amplitude que depende da latitude em que estou no meu planeta. No equador, está sempre aberta. Nos trópicos oscila a um ritmo quaternário, mas nunca está totalmente aberta ou fechada. Nos pólos é binário: seis meses aberta, seis meses encerrada.

Nesta altura natalícia, mais precisamente no dia 21 de Dezembro, pelas 23h38 (hora universal), a portada da janela do meu planeta recomeçou a abrir-se, para semear, dia a dia, a noite de luz.

Dizem os antigos que é a vitória da luz sobre as trevas. Diz a ciência que ocorreu o solstício de inverno. Dizemos todos que, por estas latitudes, os dias vão ter cada vez mais luz, vão ser cada vez mais compridos, até que a janela do meu planeta fique o mais aberta que lhe é possível por alturas do solstício de verão. Mas isso é só para o Ano Novo que, por estes dias de festa, também começa.

Luz crescente, renovada esperança, acordam as sementes adormecidas, florescem os botões de fertilidade. Maior exposição solar e com maior intensidade, maior a fotossíntese. Maior também a temperatura e os cristais de gelo, refulgentes estrelas de natal, recompõem-se na água líquida, fluído de vida, de viagem, de mudança.

Bom Natal e Próspero Ano Novo.

António Piedade

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

"O conto de Natal em Portugal"

A literatura ocidental tem-se deixado influenciar pela pluralidade de significados que o Natal adquiriu ao longo do tempo: o teatro, o conto e a poesia dão-lhe destaque.

Vasco Graça Moura, numa incursão pela literatura portuguesa, revela-nos textos e autores que, desde o século XV até ao presente, têm captado e explorado esses significados.
Vale a pena ler a Antologia em que apresenta essa incursão e da qual reproduzo, de seguida, as duas primeiras páginas.

“Como é natural, as referências ao Natal na nossa literatura começam por registos de uma intensa devoção e só muito mais tarde se preocupam com a transposição de celebração religiosa e do seu sentido transcendente para o plano civil de uma comunhão festiva, familiar e universal, necessariamente ligada à ideia de paz na terra e reconciliação entre os homens.

É na poesia e no teatro que desponta literariamente aquela exaltação religiosa, com mestre André Dias (1348-1437), e depois nalguns auto vicentinos de devoção, para não parar mais, até ao nosso tempo: do Maneirismo, no Barroco, no Romantismo e daí em diante, até hoje. Basta recordar, mais ou menos ao acaso, poetas como António Ferreira, Frei Agostinho da Cruz, Diogo Bernardes, Rodrigues Lobo, D. Francisco Manuel de Melo, Jerónimo Baía, Correia Garção, Reis Quinta, Cruz e Silva, Bocage, Almeida Garrett, Castilho, António Nobre, Gomes Leal, Fernando Pessoa, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Álvaro Feijó, António Gedeão, David Mourão-Ferreira e tantos outros…, para se ver que o «cancioneiro de Natal» lusitano é muito abundante e variadíssimo.

Por sinal que é provavelmente com um célebre soneto de D. Francisco Manuel de Melo, «De consoada a uma sua prima», que o lado da celebração familiar e afectiva da quadra natalícia, acompanhada da troca de presentes, surge na nossa literatura, com a particularidade de ser escrito na prisão e, portanto, de contrapor um estado de afastamento, de solidão e de tristeza (…) a uma época do ano que era tradicionalmente de jubilosa reunião da família.

Mas ainda no século anterior, a pós-vicentina Prática dos Compadres de António Ribeiro Chiado, já descreve, de modo muito colorido, no pitoresco diálogo entre o Cavaleiro e o Compadre, os usos e folguedos entre familiares e vizinhos, a propósito da ceia de Natal e da missa do galo.

Isto tinha razões muito antigas. O Padre Mário Martins explica a dramatização popular na liturgia do Natal a partir de uma ideia de presépio que «vinha de longe, muito antes de São Francisco de Assis» e observa que na «Idade Média (…) nem tudo era edificante, pela festa do nascimento de Jesus". Em 1473, um concílio de Aranda (…) fala-nos de representações, mascaradas, figuras monstruosas e versos indecentes (…) que vinham a público, nas igrejas, por ocasião do Natal, da festa dos Santos Inocentes, São João Baptista, etc. (…).

Com pouco desfasamento em relação à poesia e ao teatro (e também às artes plásticas, do Vasco Fernandes da Adoração dos Pastores até ao Machado de Castro dos presépios), na nossa tradição cultural as referências importantes ao Natal, em prosa literariamente consistente, podem ser detectadas já em finais do século XV, n’O livro de Vita Christi em lingoagem português, tradução da obra de Ludolfo de Saxónia mandada fazer por D. João II e por sua mulher, a rainha D. Leonor (…).”

Referência completa: Graça Moura, Vasco (2003). Gloria in Excelsis: Histórias Portuguesas de Natal (Antologia: apresentação e selecção). Porto: Colecção Mil Folhas (Jornal Público), páginas 5 e 6.

Imagem. Natividade, Painel de azulejos portugueses (1746, 1754) - Igreja Basílica do Senhor do Bonfim, São Salvador, Bahia. Encontrado em: http://peregrinacultural.wordpress.com/2008/12/18/canto-de-natal-poesia-de-manuel-bandeira/

E O MENINO JESUS SABE FÍSICA?


A resposta também já foi dada neste blogue: aqui.

Na imagem: Max Ernst - Virgem sovando o menino Jesus perante três testemunhas: André Breton, Paul Éluard e o pintor

O PAI NATAL EXISTE?


A resposta já foi dada num post publicado há algum tempo neste blogue. Recordamo-la aqui.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal e Bom Ano de 2010

Habituei-me a considerar as festas natalícias como uma altura em que todos renovamos a esperança no nosso futuro colectivo. É muito mais do que uma data religiosa, que só tem significado para os crentes como eu. É um momento de paragem e reflexão sobre a caminhada que fizemos desde o ínicio dos tempos. É sempre nessa perspectiva que envio os meus desejos de boas festas e feliz ano novo.

A verdade é que, quando formos capazes de perceber que não existe castigo, nem prémio, que não valeram a pena os caminhos curtos e obscuros, quando percebermos que estamos num processo e que a nossa missão é deixar melhor do que encontrámos, sendo felizes, veremos quão importante é esse valor a que chamamos integridade.

Muitas coisas valem a pena, porque nos fazem sorrir. Outras não, porque nos distraem do essencial.

Estas são algumas das coisas que me fizeram sorrir em 2009.


Discurso de abertura do ano lectivo nos EUA (Barack Obama):


Missão STS-129 do Space Shuttle (NASA):


Uma música (Caetano Veloso):

(só ouvi esta interpretação em 2009)

Uma foto "Saturno" (Cassini, 2009):

(Retirado daqui)

Dois livros "O Relatório de Brodeck" (Philippe Claudel, ASA) e "Mentira" (Enrique de Hériz, Dom Quixote):


Um filme, aliás dois, "Avatar" (James Cameron) e "Los Abrazos Rotos" (Pedro Almodóvar):




Uma peça de teatro "Este Oeste Éden" (Abel Neves):


Link: http://weblog.aescoladanoite.pt/?cat=1

Um evento internacional de 2009 "Prémio Nobel da Paz" (Barack Obama):

Evento nacional de 2009 (A Universidade de Coimbra é, mais uma vez, a melhor universidade do país como revela o ranking do jornal "The Times"). Como é viver em Coimbra (Expresso.TV):


Todos os 3 vídeos aqui.

Um evento pessoal de 2009 (Abertura da 1ª fase do iParque com Cavaco Silva):

Uma palestra no Museu da Ciência de Coimbra, que fui repetindo por escolas e que deu origem a um livro:


Um momento desportivo "Desmarets ACREDITOU" (no jogo Guimarães-Braga):


Uma tarde de verão com atletismo (com a Martha, a Rita e a Beatriz, entre muitos outros como o Artur Carvalho, a Gisela Cruz e a Paula Simões):


Feliz Natal. Bom Ano Novo.
:-)

Ps:
Outros Cartões de Natal ainda muito actuais:
http://robotics.dem.uc.pt/natal2006/
e
http://robotics.dem.uc.pt/natal2008/
/Ds

EM QUE ACREDITA O SENHOR MINISTRO DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E INOVAÇÃO E A SUA EQUIPA?

No passado Ano Darwin, numa conferência que fez no Museu da Ciência, em Coimbra, o Professor Alexandre Quintanilha, começou por declarar o s...