Mostrar mensagens com a etiqueta comunicação de ciência. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta comunicação de ciência. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

CIÊNCIA ÀS SEIS - 5ª TEMPORADA

 



O ciclo de divulgação de ciência “Ciência às Seis” regressa em modelo online. O novo ciclo de palestras destina-se ao público em geral que poderá assistir em sua casa. Esta iniciativa do RÓMULO - Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, Centro dirigido é coordenada pelo professor Carlos Fiolhais, professor de Física, com a participação de António Piedade, Bioquímico e Comunicador de Ciência. Todas as palestras terão o seu início pelas 18h00 e os links para poder assistir serão divulgados oportunamente aqui.

Esta é a quinta temporada deste ciclo “Ciência às Seis!” que já trouxe a Coimbra várias dezenas de notáveis cientistas e divulgadores de ciência portugueses, envolvendo activamente cerca de quatro mil espectadores.

Com a edição deste ano lectivo de 2020 / 2021, constituída por 13 palestras, pretende-se dar a conhecer aos interessados o estado actual do conhecimento científico e cultural em diversas áreas da ciência e da cultura  como a Matemática, a Astronomia, a Física,  a Biologia, a Geologia, a Engenharia, a Comunicação de Ciência, a História da Ciência, a Sociologia,  a Literatura e  a Arte, numa perspectiva interdisciplinar. É um convite a uma viagem pela diversidade do conhecimento científico.

De entre os palestrantes, convidados pelo RÓMULO, encontram-se cientistas reconhecidos nacional e internacionalmente pela sua investigação científica, que são também destacados comunicadores da sua ciência.

Ao longo do ciclo, serão apresentados, numa linguagem acessível a todos, os desafios com que se deparam os cientistas das áreas atrás indicadas e destacados os contributos para o nosso dia-a-dia que resultam do avanço do conhecimento científico.  O papel da ciência na sociedade também será discutido, com particular ênfase sobre as pseudociências que inundam as redes sociais.

Indicamos a seguir a data de cada uma destas palestras, o título e nome do respectivo palestrante:


2020

- 12 de Outubro – “Lá se fazem, cá se pagam? Estórias de bactérias que se tornaram resistentes aos antibióticos…”,  por Célia Manaia, da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica no Porto.

-  20 de Outubro – “Apresentações orais: boas e más práticas”, por Luís Adriano Oliveira do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

- 21 de Outubro – “História Global de Portugal”, por José Eduardo Franco, da Universidade Aberta e investigador do CLEPUL - Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias, José Pedro Paiva, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Carlos Fiolhais, Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e Director do RÓMULO – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra,

- 27 de Outubro – “Jornalistas, cientistas e factos alternativos”, por José Vítor Malheiros, Jornalista de Ciência.

-   3 de Novembro – “Química industrial: Baekeland e Carothers”, por Raquel Gonçalves-Maia, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

- 10 de Novembro – “Modelos: o seu lugar na relação Ciência e Arte”, por Olga Pombo, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

- 18 de Novembro – “Movimentos estudantis em Coimbra: entre 1969 e 1974”, por João Gouveia Monteiro, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Director da Biblioteca Geral da mesma Universidade, e Rui Bebiano, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigador do Centro de Estudos Sociais desta Universidade.

- 24 de Novembro – DIA DO RÒMULO - “Os Dinossauros de Carenque”, por António Galopim de Carvalho, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa – às 16 horas     

“Apanhados pelo vírus: factos e mitos na pandemia de COVID-19”, por David Marçal, Comunicador de Ciência- às 18 horas

- 15 de Dezembro – “ O prémio Nobel da Física 2020”, por Carlos Fiolhais, Departamento de Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra .

 

2021

 - 5 de Janeiro – “Sociologia das cidades”, por Carlos Fortuna, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.  

12 de Janeiro – “Ciência e banda desenhada” – por João Ramalho-Santos, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

- 19 de Janeiro – “A ciência em Eçã de Queiroz”, por Helena Santana, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. 


quarta-feira, 18 de março de 2020

Comportamentos a ter para evitar a COVID-19

O vírus SARS-CoV-2 e a doença que causa, a COVID-19, têm sido o tema de conversa, debate e preocupação dos últimos tempos. Num bom exemplo de Comunicação de Ciência, com recurso a equipas multidisciplinares de cientistas, escritores e artistas, o site Lifeology apresenta um curso, cujas lições são dadas em cartões ilustrados, sobre este vírus e sua doença. É o ideal para qualquer pessoa compreender o que está em causa e para mostrar aos mais novos Embora esteja em inglês, é uma iniciativa de carácter pedagógico com utilidade para os tempos atuais. Podem consultar aqui:



quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

COMUNICAR CIÊNCIA - COLÓQUIO



No próximo dia 22 de janeiro de 2020, pelas 15.00, no Auditório do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC)/Coimbra Engineering Academy irá promover o Colóquio subordinado ao tema “Comunicar Ciência”, que contará com a presença do professor de jornalismo António Granado, da comunicadora e gestora de ciência Joana Lobo Antunes e da astrobióloga Zita Martins. Outras personalidades do jornalismo e comunicação de ciência portuguesas já indicaram a sua presença, pelo que a organização antecipa um colóquio muito participado e profícuo, que poderá constituir-se com um dos principais acontecimentos em Portugal nesta área do ano que agora começa.
A participação de todos os cidadãos interessados é livre mas, para obtenção de certificado de presença deverá ser efectuada uma INSCRIÇÃO cujo formulário está disponível na página da internet do ISEC.

Sinopse
Vivemos num mundo globalizado pautado pela ciência e pela tecnologia como forças motrizes do desenvolvimento, do conhecimento e bem-estar. Contudo, existe um fosso muito grande entre o conhecimento detido pelos cientistas e engenheiros, altamente especializado e desenvolvido, por um lado, e o conhecimento científico ou até a perceção dele, que a esmagadora maioria da população possui.
De facto, a literacia científica continua a ser vestigial na sociedade portuguesa. Entre as várias consequências negativas que este fosso provoca nos cidadãos, está a sua opinião pouco informada sobre assuntos e problemáticas actuais (e.g., como as alterações climáticas ou a exploração do lítio), o que enferma a sua liberdade e participação democrática.
A falta de uma sólida cultura científica diminui a liberdade democrática e potencia uma crescente expansão de pseudociências que, em alguns casos preocupantes, põem em risco a própria saúde da população (como é o caso dos movimentos anti vacinação, ou o alastrar desinformado de terapias alternativas sem fundamento científico). Daqui decorre a urgente implementação de práticas efectivas de comunicação de ciência para estabelecer pontes de conhecimento entre os cientistas e engenheiros e a população em geral.
O jornalismo de ciência e tecnologia desempenha um papel muito importante para este empreendimento. António Granado terá como ponto de partida a constatação de que o papel dos media na comunicação de ciência tem vindo a ser alterado com as enormes transformações que a Internet trouxe ao espaço público. Com a terceira década do século XXI faz sentido continuar a contar com os jornalistas para o papel de intermediários entre cientistas e público? Que alternativas têm as universidades e os centros de investigação para fazer chegar o seu trabalho até à sociedade que os financia?
A actividade junto da sociedade de gabinetes de comunicação de ciência nas instituições de ensino superior também é de importância crucial. Neste contexto, Joana Lobo Antunes explicará a importância da profissionalização da comunicação de ciência e do impacto positivo do investimento em gabinetes de comunicação de ciência em unidades de investigação e faculdades.
Mas não pode haver jornalismo nem comunicação de ciência sem cientistas que façam ciência. A representá-los, teremos presente a cientista Zita Martins, que considera a comunicação da ciência fundamental para divulgar o trabalho dos investigadores para toda a sociedade. Isto pode ser feito de várias formas com a ida de cientistas a escolas de forma a comunicar com os alunos e informando os professores; com a interacção dos cientistas com os meios de comunicação social e dando palestras públicas; e finalmente participando activamente nas redes sociais (blogs, twitter, Facebook, etc.).
Estes são genericamente os três pontos de partida para este colóquio que o ISEC/Coimbra Engineering Academy promove e oferece à sociedade.

A moderação do colóquio estará a cargo do comunicador de ciência António Piedade.


Breves notas biográficas do painel

Joana Lobo Antunes
Joana Lobo Antunes é comunicadora de ciência, presidente da rede SciCom PT, actualmente Directora de Comunicação no Instituto Superior Técnico e docente no Mestrado em Comunicação de Ciência da FCSH Universidade Nova de Lisboa. Foi responsável pelo Gabinete de Comunicação do Instituto de Tecnologia Química e Biológica ITQB NOVA, directora do Centro Ciência Viva de Sintra e investigadora pós doc em Promoção e Administração de Ciência e Tecnologia na FCSH e ITQB NOVA.

António Granado
António Granado é professor universitário na NOVA FCSH onde coordena o mestrado em Jornalismo e co-coordena o mestrado em Comunicação de Ciência. Foi jornalista profissional durante 25 anos, tendo-se especializado na área do jornalismo de ciência. Fez a maior parte da sua carreira no jornal Público, onde foi, para além de jornalista, editor de ciência, sub-director, chefe de redacção e editor do Publico.pt. Entre Setembro de 2010 e Março de 2014, foi editor multimédia na RTP.

Zita Martins
Zita Martins é Astrobióloga, Professora Associada no Instituto Superior Técnico (IST), e Co-Diretora do Programa MIT-Portugal. Foi Cientista Convidada da NASA Goddard (2005 e 2006), e Professora Convidada na Universidade Nice-Sophia Antipolis (França) (2012). Em 2009 foi galardoada pela Royal Society com uma University Research Fellowship no valor de 1 milhão de Libras. Foi University Research Fellow (URF) da Royal Society no Imperial College em Londres de 2009 a 2017. Faz ativamente comunicação de Ciência, tendo dado mais de 100 entrevistas sobre Ciência nos meios de comunicação social internacional e foi selecionada pelo canal de TV BBC como Expert Scientist Women. O seu retrato foi pintado para a exposição da Royal Society sobre mulheres de sucesso em Ciência, e encontra-se agora de forma permanente na sede da Royal Society em Londres. Em 2015 foi selecionada como um dos 11 “Portugueses fora do tempo” pelo Jornal Público, em 2016 foi selecionada como uma das “Mulheres na Ciência” pela Ciência Viva, e em 2018 foi uma das 10 mulheres portuguesas a receber um Barbie Award2018 da Mattel no dia Internacional da Rapariga por ser considerada uma inspiração para as novas gerações de raparigas. Zita Martins foi condecorada em 2015 por Sua Excelência o Presidente da República de Portugal com o título de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

COMUNICAR CIÊNCIA SERÁ UMA PERDA DE TEMPO?


Na próxima 3ª feira, dia 19 de Novembro de 2019, pelas 18h00, vai ocorrer no Rómulo Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra a palestraComunicar ciência será uma perda de tempo?”, por Sara Varela Amaral , comunicadora de ciência no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra.



Esta palestra integra-se no já popular ciclo "Ciência às Seis – 4ª temporada", coordenado por António Piedade, Bioquímico, escritor e Comunicador de Ciência.

Sinopse da palestra:
Existe uma enorme lacuna de comunicação entre as comunidades científicas e não-científicas, apesar dos reconhecidos impactos da ciência e tecnologia na sociedade, o que traz um profundo prejuízo ao pleno exercício da cidadania. O aumento do investimento e do impacto da investigação científica deve ser acompanhado por mecanismos eficazes de comunicação de ciência, nomeadamente na área biomédica. Contribuir para ultrapassar os problemas de comunicação de ciência é uma aposta essencial para uma sociedade mais esclarecida e democrática e para o progresso e sustentabilidade da investigação científica. No sentido de superar este hiato existente entre ciência e diferentes públicos, tendo em consideração a elevada importância do esclarecimento e sensibilização face às temáticas científicas, parece crucial o reforço das ligações entre a comunidade científica e a sociedade, e a promoção de uma comunicação mais transparente. Por esse motivo, nos dias de hoje, o tempo gasto a comunicar ciência deve ser tratado da mesma forma como o tempo dedicado a produzir ciência.

Um dos maiores desafios da investigação científica contemporânea é por esse motivo desenvolver formas inovadoras e eficazes de comunicar e envolver a sociedade na ciência. Os gabinetes de comunicação de ciência no seio das instituições científicas, locais onde é produzido conhecimento, representam importantes organismos neste desafio. Por um lado, são importantes na criação de plataformas eficientes de comunicação de ciência, através de projetos criativos, educativos e colaborativos. Por outro lado, são essenciais na mobilização dos investigadores. É fundamental inspirar os investigadores a terem um papel ativo na comunicação de ciência, dar-lhes ferramentas de comunicação e acima de tudo, mostrar à comunidade científica os benefícios pessoais, profissionais e institucionais que a comunicação de ciência pode trazer. Os gabinetes de comunicação também desempenham um papel importante estabelecimento de parcerias em projetos entre investigadores de diferentes áreas ou de colaborações com profissionais e instituições de outras áreas como jornalismo ou artes. Os projetos de comunicação de ciência (e de investigação científica) beneficiam fortemente deste tipo de parcerias que promovem a interseção de diferentes saberes.

Por estas razões, a aposta na investigação científica passa forçosamente pelo reforço e criatividade nas estratégias de comunicação: fomentar o debate público, discutir as implicações éticas da investigação e aumentar a literacia científica. A inserção da comunicação de ciência no plano estratégico das instituições representa um reconhecimento da importância dada a esta temática e assume um papel fulcral nas instituições científicas modernas.

ENTRADA LIVRE
Público-Alvo: Público em geral e interessado

quarta-feira, 22 de março de 2017

PORQUE NOS HAVEMOS DE IMPORTAR COM A CIÊNCIA



No próximo dia 28 de Março, terça-feira, pelas 18h00, realiza-se no Rómulo Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra a palestra intitulada "Porque nos havemos de importar com a ciência".

A palestrante será Joana Lobo Antunes, destacada comunicadora de ciência e Investigadora do Instituto de Tecnologia Química e Biológica - António Xavier.

RESUMO DA PALESTRA: "A ciência e tecnologia são das principais forças motrizes de uma economia moderna, são inúmeros os exemplos que nos rodeiam e que demonstram constantemente o quanto a nossa vida mudou graças ao conhecimento e à sua aplicação. Aumento da esperança média de vida, aumento da qualidade de vida, maiores níveis de conforto, maior interacção entre pessoas distantes, melhores acessos.

É fácil compreender o impacto daquilo que chega à sociedade em forma de produtos e serviços, no entanto a Ciência que está a ser produzida neste momento nos institutos de investigação e universidades demorará muito tempo a ser compreendida na sua plenitude.

Ao mesmo tempo, é essa ciência complexa, nova e inovadora que temos de conseguir fazer chegar às pessoas, para que por um lado saibam o que é produzido pelo investimento do dinheiro dos seus impostos e por outro continuemos a alimentar a cultura científica da população, e o prazer intelectual em compreender o conhecimento gerado com quem o faz.

O principal desafio para os comunicadores de ciência hoje em dia é conseguir traduzir este conhecimento, de forma tão estimulante quanto a paixão e empenho que os investigadores depositam nele. Para que as pessoas se importem de vez com a Ciência.

Esta palestra insere-se no ciclo "Ciência às Seis" coordenado por António Piedade.

ENTRADA LIVRE
Público-alvo: Público em Geral Link para o evento no facebook

terça-feira, 15 de novembro de 2016

ComceptCon 2016: o Cérebro

O Cérebro é um dos órgãos mais fascinantes do nosso corpo. Mas o que sabemos sobre ele? O que andam os cientistas a investigar? Podemos confiar sempre nele? É à volta deste tema que a equipa da COMCEPT organiza, em colaboração com a Associação Viver a Ciência, a ComceptCon 2016

O evento, de entrada gratuita, terá lugar no Pólo de Indústrias Criativas da UPTEC, na Praça Coronel Pacheco, no Porto, dia 19 de Novembro de 2016, a partir das 10h.



Os temas são os seguintes:

- Excepcionalmente Normal: A Neurodiversidade em Humanos, por Ana Matos Pires (Médica Psiquiatra e Docente Universitária, Univ. Algarve)


- O Cérebro: Estado da Arte, por Diana Prata (investigadora do Instituto de Medicina Molecular, Univ. Lisboa)

- Humanidade 2.0: Melhoramento Cognitivo e Outros Vislumbres do Futuro, por Júlio Borlido dos Santos (comunicador de ciência no i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Univ. Porto)

- Ilusões Pertinentes: Confusões da Percepção Humana, por Maria Ribeiro (IBILI - Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida, Univ. de Coimbra)

- Total Recall: Podemos Confiar nas Nossas Memórias?, por Miguel Remondes (investigador do Instituto de Medicina Molecular, Univ. Lisboa)


Mais informações em: http://comcept.org/comceptcon-2016/ 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Devemos temer os químicos?

Créditos: Dicasfree

O Diário de Notícias (DN) publicou hoje a minha opinião sobre o receio generalizado dos químicos, que pode ser lida aqui: Devemos temer os químicos?.

Surgiu a ideia deste texto após ter lido uma notícia, na semana passada, precisamente sobre os perigos dos químicos. Esta notícia tinha por base um estudo que analisou as substâncias químicas no interior das casas dos Estados Unidos da América. Apesar do artigo científico apresentar uma análise ponderada, a notícia saiu com um tom algo alarmista. Além disso, também o químico monóxido de di-hidrogénio (H2O) foi descrito como um perigo, mesmo tendo reconhecido que se tratava da água. 

Assim, é de valorizar o trabalho do DN pela abertura em publicar agora este texto, que esperamos que ajude a esclarecer conceitos. 

quinta-feira, 17 de março de 2016

ABRIU O FAMELAB 2016. PARTICIPE!



Em 2015, a bióloga portuguesa Bárbara Teixeira subiu ao palco do Cheltenham Science Festival, em Inglaterra, na final internacional do FameLab 2015, para falar sobre a metamorfose da borboleta. E este ano? Quem irá representar Portugal na final internacional do FameLab 2016? Poderá ser o leitor. Para isso, saiba que estão abertas, até dia 28 de Março, as inscrições para a edição deste ano.

O FameLab é um concurso internacional de Comunicação de Ciência ao qual podem concorrer qualquer pessoa com idade igual ou superior a 18 anos e que trabalhe ou estude nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia ou matemática. O concurso não se destina a profissionais da comunicação ou das artes. Os concorrentes têm de mostrar os seus talentos numa performance de três minutos num palco, frente a uma audiência ao vivo.

Para se candidatarem, os concorrentes têm de enviar até dia 28 de Março um vídeo caseiro (pode ser feito com a câmara do telemóvel) com uma apresentação de três minutos sobre um tópico de ciência ou tecnologia. Os candidatos que forem pré-seleccionados participam numa semi-final pública (que terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian no dia 9 de Abril), onde um júri seleccionará os dez melhores, que concorrerão em seguida numa final nacional (no Pavilhão do Conhecimento, a 7 de Maio). Desta competição sairá o representante nacional que deverá participar na final internacional, no Cheltenham Science Festival, no Reino Unido, de 7 a 12 de Junho deste ano.

Antes da final, os dez finalistas têm a oportunidade de frequentar uma Masterclass nos dias 16 e 17 de Abril. Esta formação intensiva será conduzida por Malcom Love, antigo produtor da BBC, que é consultor de coaching em comunicação de ciência e dirige workshops onde ajuda os cientistas a comunicar melhor com o público e com os Media. Vários testemunhos de participantes de edições anteriores sublinham a gratificante experiência vivida e adquirida nas Masterclass do FameLab. São uma oportunidade única de “melhorar as competências de comunicação” num “ambiente divertido, enérgico e informal”.

As candidaturas com envio dos vídeos devem ser feitas através do site do concurso FameLab, onde os concorrentes podem encontrar todas as informações relevantes sobre a sua participação e ver as apresentações finalistas nas edições dos anos anteriores.

Para Filipa Oliveira, vencedora na edição de 2012, “é importante divulgar conceitos científicos para que a sociedade compreenda o verdadeiro valor e a importância da ciência. Além disso, este concurso obriga a conjugar em três minutos várias características de uma boa comunicação, e conseguir equilibrar tudo em tão pouco tempo, é de facto interessante e estimulante.”

“Se estão a hesitar por medo ou insegurança”, diz Leonor Medeiros, vencedora da edição de 2011, que se confessa “aterrada” quando foi à primeira eliminatória, “esse motivo não é nada válido para deixar passar uma experiência que vai alterar o modo como olham e transmitem a vossa ciência, seja ela qual for. Se o motivo for falta de tempo, só posso dizer que, se chegarem à final, qualquer tempo que tenham gasto a participar será recompensado com uma experiência única e muito enriquecedora. Avancem, arrisquem, divirtam-se!”

Fica aqui o desafio. Escolha um assunto de ciência ou tecnologia que queira contar aos outros, pegue numa câmara, faça um vídeo de três minutos e participe.

Em Portugal, o FameLab é organizado pela sétima vez pela Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, pelo British Council e pela Fundação Calouste Gulbenkian. O concurso FameLab foi lançado em 2005 no Reino Unido pelo Cheltenham Science Festival e conta actualmente com mais de vinte países participantes, entre os quais muitos países europeus mas também Hong Kong, Egipto, África do Sul, EUA e Austrália.


António Piedade

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Resultados do inquérito sobre o interesse na comunicação de ciência


Efectuei um inquérito de opinião ao público em geral, com o objectivo de prospecionar qual o interesse por assuntos de ciência e tecnologia e pela comunicação de ciência. O inquérito foi divulgado através da internet, principalmente pelas redes sociais como seja o facebook. As respostas ao inquérito foram recebidas entre Janeiro e Junho de 2014.

Responderam ao inquérito 654 indivíduos, sendo 64 % do sexo feminino e 36 % do masculino. As idades da maior parte dos inquiridos distribuem-se da seguinte forma: 34 % entre os 35 e 44 anos; 29% entre os 25 e os 34 anos; 16% entre os 45 e os 54 anos; 11% entre os 18 e 24 anos.

A distribuição geográfica mostra que 27% reside no distrito de Lisboa, 19% no distrito de Coimbra, 17% no distrito do Porto, 9% no distrito de Aveiro, 5% no distrito de Braga e os restantes um pouco por todo o país.

Em relação à formação académica verifica-se que 83% possui um grau superior, dos quais 29% possui mestrado e 12% doutoramento.

Surpreendentemente, 73% dos inquiridos afirmam fazer comunicação de ciência no âmbito da sua profissão. 97% procuram diariamente notícias sobre ciência e tecnologia, sendo que a internet é o meio mais utilizado e preferido para esse acesso ao conhecimento. A rádio e a televisão são os meios de comunicação social menos usados para obter informação sobre ciência.

90% dos inquiridos considera que os meios dedicados à comunicação de ciência em língua portuguesa são insuficientes. Em relação ao espaço dedicado pelos órgãos de comunicação social à ciência, 61% considera que ele é insuficiente e 36% muito insuficiente. No que toca à qualidade da comunicação de ciência efectuada nos meios de comunicação social portugueses, 66% considera que é razoável, 15% acha que é boa contra 23% que a avalia como péssima.

Dos inquiridos, 71% dizem ter um grande interesse por assuntos científicos. Destes 51% têm mais interesse por ciência aplicada, 30% por ciência fundamental e 19% por tecnologia. A biologia é a área científica que desperta mais interesse, seguindo-se os assuntos ligados à saúde e à medicina. A matemática é a área a que é dispensado menos interesse. No que toca às tecnologias, as que se aplicam ao ambiente e à saúde são as que recebem mais atenção. A tecnologia associada à geologia é a que desperta menos interesse.

Ao consultar conteúdos sobre ciência na internet, os inquiridos usam maioritariamente sítios especificamente dedicados à divulgação de ciência, sendo que as pesquisas no Google aparecem em segundo lugar, seguidas dos jornais online. Os blogues surgem em quarto lugar e a wikipedia em quinto.

O português e o inglês são igualmente as línguas mais usadas por 89% dos inquiridos. Contudo, 23% dos inquiridos também usa o espanhol e 22% o francês.

94% dos inquiridos são da opinião que todos precisamos de ter bons conhecimentos básicos de ciência, enquanto que 5% consideram que são os mais novos aqueles que devem ter preferencialmente esses conhecimentos.

António Piedade

terça-feira, 8 de outubro de 2013

RESUMO DA AUDIÊNCIA COM O PRESIDENTE DA FCT A PROPOSITO DO FIM DA ÁREA DE PROMOÇÃO DE CIÊNCIA

No dia 26 de Setembro o Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia concedeu uma audiência a alguns dos signatários do Manifesto pela Comunicação da Ciência em Portugal (que contínua disponível para ser subscrito), a propósito do fim da área de Promoção e Administração da Ciência e Tecnologia (PACT). Fica aqui o resumo dessa reunião, na perspectiva dos signatários do Manifesto.


Resumo da audiência com o Presidente da FCT, ocorrida a 26 de Setembro 2013

Estiveram presentes: Miguel Seabra (Presidente da FCT), Ana Godinho (coordenadora do gabinete de comunicação da FCT) e os signatários Joana Lobo Antunes, David Marçal e Bruno Pinto.

O Presidente da FCT começou por expressar o seu desagrado pela  criação do Manifesto, assim como pela publicação de artigos de opinião acerca da extinção da área de Promoção e Administração da Ciência e Tecnologia (PACT). Considera que estas iniciativas foram desajustadas, por terem ocorrido antes do pedido de uma audiência com a FCT. Explicámos que, sendo os primeiros peticionários um grupo de pessoas preocupadas com a situação, tentámos primeiro descobrir se a nossa indignação encontrava reflexo em mais cidadãos ou se estávamos sozinhos nesta luta. Afirmámos que a petição nos constitui como interlocutores e que, por isso, só depois de recolhidas 600 assinaturas, fizemos o pedido de audiência (que foi respondido nove dias e 250 assinaturas depois).

O Presidente da FCT sustentou que a área científica PACT não foi extinta e que quem quisesse submeter uma candidatura dessa natureza o poderia fazer no concurso de bolsas individuais de 2013, enquadrada noutra área. Questionámos como seria avaliada uma candidatura que tivesse parcial ou totalmente uma componente de promoção e divulgação de ciência e tecnologia. Não obtivemos uma resposta concreta, apenas a referência ao mecanismo geral que permite a convocação de avaliadores externos aos painéis, no âmbito do actual quadro de interdisciplinariedade da FCT. O Presidente da FCT afirmou não estar em condições de detalhar a solução concreta no concurso para este ano, pois ainda não haviam sido definidos os membros dos painéis. Manifestámos a nossa preocupação relativa à eficácia deste mecanismo para avaliar adequadamente projectos que tenham componente de promoção e divulgação de ciência. Defendemos que apenas avaliadores com experiência na área estão em plenas condições para avaliar a pertinência, alcance e novidade de um projecto dentro desse tema.

O Presidente da FCT afirmou que pretende adequar os processos de avaliação às melhores práticas internacionais. Na sua interpretação das melhores práticas internacionais, os painéis de avaliação devem ter mais ou menos a mesma dimensão, não fazendo sentido um painel avaliar um número reduzido de candidaturas, como tem sido o caso da área PACT. Anunciou que as áreas científicas irão ser reformuladas e que essa proposta irá estar em consulta pública nos próximos meses. Remeteu a oportunidade da fundamentação da necessidade da área PACT, para essa consulta pública das novas áreas da FCT (que serão comuns a projectos e bolsas).

Questionado sobre o que irá acontecer às bolsas PACT em curso, nomeadamente no que diz respeito a dotação orçamental para os segundos triénios das bolsas de pós doutoramento, foi-nos dito que estão em ponderação alterações às renovações para os segundos triénios de todas as bolsas de pós doutoramento, não tendo sido avançada uma posição conclusiva acerca do assunto.

Questionámos acerca do futuro do financiamento pela FCT de projectos de comunicação, divulgação ou promoção de ciência (é uma questão que nos preocupa bastante, já que, para além do fim da área PACT, os últimos financiamentos Ciência 2007 e Ciência 2008 acabam em 2014, não se conhecendo alternativas). O Presidente da FCT mostrou-se interessado em encontrar uma via de apoio financeiro a esta linha de investigação e de funções. Nesse sentido comprometeu-se em nomear alguém na FCT para fazer a ponte entre a tutela e a comunidade, e garantiu que pretendia dialogar com os “stakeholders” no sentido de encontrar soluções em conjunto.

Os primeiros signatários desta petição apresentaram uma lista de propostas concretas ao presidente da FCT sobre o futuro do financiamento da comunicação da ciência em Portugal, que ficou em sua posse. Nomeadamente:

- Bolsas individuais de doutoramento e pós doutoramento numa nova área científica que poderia ser designada como Public Understanding of Science/Public Engagement in Science/Science in society/Estudos de Ciência na Sociedade. Porque consideramos fundamental que se continue a financiar investigação neste campo.
- Concurso semelhante ao “Investigador FCT” (“Divulgador FCT”) para projectos a cinco anos de divulgação e promoção da ciência, propostos por investigadores, apoiados por instituições. Para investigadores e divulgadores de ciência com doutoramento e experiência comprovada na área, implementando projectos inovadores de promoção da ciência.
- Prever posições de comunicação de ciência institucional em Unidades de Investigação com mais de xx investigadores. Porque as funções institucionais devem ser apoiadas pela própria estrutura, não podendo depender de bolseiros.
- Avaliar e incluir ponderação específica para actividades de outreach/disseminação/comunicação de ciência nos Projectos I&D submetidos a concursos da FCT nas mais diversas áreas científicas. Estas podem incluir acções para a comunicação da ciência com o público, colaboração com os grupos de comunicação das respectivas Unidades de Investigação ou colaboração com outros grupos de investigação na área da comunicação de ciência com os quais se estabeleça uma parceria de trabalho. Porque a divulgação e comunicação da ciência que é prevista como trabalho inerente às funções dos investigadores deve ser adequadamente valorizada e financiada.

Quando questionado sobre o concurso de bolsas individuais recentemente encerrado, o Presidente da FCT revelou terem havido cerca de 6000 candidaturas, um número semelhante ao do ano passado. Afirmou não estar em condições de dizer quantas bolsas seriam atribuídas, explicando que esse número está dependente da versão final do Orçamento de Estado para 2014. Lembrou que já foram atribuídas cerca de 400 bolsas no âmbito dos programas doutorais.

A reunião terminou com a expressão de disponibilidade mútua para dialogar no sentido de encontrar uma solução para enquadramento de investigadores em ciência e sociedade e divulgadores de ciência.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

CIÊNCIA SEM COMUNICAÇÃO DE CIÊNCIA?

Transcrevo aqui o artigo de opinião, publicado no Público este sábado, da autoria dos membros da Comissão Organizadora do Congresso de Comunicação de Ciência - SciCom Portugal 2013, a propósito da extinção da área de promoção da ciência e tecnologia da Fundação para a Ciência e Tecnologia.


Nos últimos anos, o Estado Português tem investido numa área científica chamada Promoção e Administração de Ciência e Tecnologia (PACT), atribuindo 7 a 11 bolsas de doutoramento e pós-doutoramento por ano desde 2005. Esta era a única área transdisciplinar em todo o leque disponível nos concursos de bolsas individuais que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) tem atribuído anualmente, tanto pelo perfil do painel de investigadores que fazia a avaliação das candidaturas (um matemático/divulgador científico, um especialista de Ciências de Educação e um de Ciências Sociais) como pelos percursos e projectos dos bolseiros seleccionados, que cruzam áreas de conhecimento em projectos que promovem e divulgam ciência junto de públicos-alvo tão díspares quanto os existentes na sociedade portuguesa.

Graças a essas bolsas pudemos ter ciência num grande festival de música, ciência em espectáculos de stand-up comedy, ciência em livros, ciência em documentários, ciência portuguesa na imprensa estrangeira, ciência nas redes sociais, ciência em pacotes de açúcar e em chávenas de café, ciência na televisão, rádio e jornais. Para além de encontrar formas inovadoras e apelativas de comunicar ciência, estes bolseiros também se dedicaram a avaliar o impacto das suas actividades junto dos vários públicos e a publicar os seus resultados, submetendo-os ao processo de revisão pelos pares característico da produção científica. Ou seja, estes investigadores não só fizeram comunicação de ciência como conseguiram que a comunicação de ciência de afirmasse como ciência ela mesma em Portugal, a exemplo do que sucede noutros países.

Em Maio deste ano, organizámos o 1º Congresso de Comunicação de Ciência em Portugal, que permitiu que os profissionais que se dedicam a esta área se reunissem e conhecessem o trabalho uns dos outros. O congresso reuniu mais de duzentos profissionais durante dois dias e foi surpreendente e recompensador verificar a quantidade e qualidade do trabalho que tem sido feito em Portugal. Analisando os trabalhos seleccionados, verifica-se que a fonte principal de financiamento desta área é a FCT e que cerca de metade dos trabalhos científicos provinham de bolseiros PACT. 

Contudo, no preciso momento em que a comunidade se orgulha do trabalho feito e se congratula pelos objectivos atingidos, coisa rara nos dias de hoje, verificámos o desaparecimento das PACT no actual concurso de atribuição de bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento da FCT,  que decorre até dia 19 de Setembro. Este ano, à semelhança do que se está a esboçar para os futuros financiamentos europeus, a comunicação e promoção da ciência deixa de ser uma área própria e passa a ser incluída no seio das restantes áreas do saber, podendo as candidaturas deste domínio ser apresentadas à área que pareça mais adequada. Fica-se assim dependente da bondade de estranhos, dependente de que o presidente de cada um dos painéis das diversas áreas científicas considere estas candidaturas suficientemente interessantes para convocar peritos externos ou de outros painéis para poder avaliar em toda a sua real dimensão a importância e potencial impacto do projecto e assim lhe atribuir uma nota, permitindo-lhe concorrer com as demais propostas.

Este procedimento suscita-nos várias reservas: a primeira, óbvia, é a dúvida de que, num contexto de redução de bolsas, um painel de avaliação decida financiar projectos de comunicação de ciência em detrimento de outros específicos da sua área, se não houver para isso uma indicação clara por parte da entidade financiadora. A segunda, provém do receio de que a eliminação da única área verdadeiramente interdisciplinar destes concursos, sem apresentar qualquer alternativa, possa significar a morte a curto prazo do que apenas agora estava a começar a dar frutos, o que seria um lamentável desperdício do investimento feito. Mais nos surpreende esta decisão depois da participação do Ministro da Educação e Ciência no Congresso de Comunicação de Ciência, há apenas quatro meses, onde, depois de referir o “progresso extraordinário” feito nesta área nos últimos anos, sublinhou a importância das actividades da comunicação para a própria ciência e tecnologia e até para a economia.

Note-se que, a acompanhar o crescimento do sector, começou também a haver oferta formativa para profissionais (e aspirantes) em comunicação de ciência: mestrados, cursos livres, cursos de verão e até um doutoramento. Para quê? Para quem? Um aumento de recursos especializados, de qualidade, que esbarra numa porta que se fecha.

As bolsas PACT têm (tinham), decerto, as suas limitações. Mas, em vez de assistirmos à sua evolução para propostas mais consistentes, como seria desejável, que dessem sequência ao reconhecimento da importância deste trabalho já feito pela tutela, constatamos o seu desaparecimento. Perante a extinção das bolsas PACT é fundamental que os profissionais da área (que têm as suas bolsas em curso, ou potenciais candidatos (que tinham já a sua candidatura preparada) percebam qual a estratégia da tutela para a comunicação de ciência, o que exige um esclarecimento público do Ministério da Educação e Ciência e da FCT e a explicitação das novas regras de candidatura inerentes a estes casos.

Está online desde 30 de Agosto um Manifesto pela Comunicação da Ciência em Portugal, de apoio à continuação das PACT, que subscrevemos.


Joana Lobo Antunes, José Vítor Malheiros, Sílvia Castro, Sílvio Mendes 
Membros da Comissão Organizadora do Congresso de Comunicação de Ciência - SciCom Portugal 2013

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Não apoiar a comunicação em ciência faz parte de uma estratégia

Segundo o texto de Gonçalo Calado, publicado hoje no público:
As bolsas para divulgação e comunicação da ciência deixaram de existir no último concurso aberto pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. É uma estratégia de distanciamento entre ciência e sociedade, que retira poder negocial aos investigadores. 
Ler o texto integral, aqui.

A petição a propósito deste assunto pode ser assinada aqui.

Escrever para impressionar ou para comunicar?

Como é que, segundo Karl Popper, se deve comunicar a ciência? De modo claro e compreensível, do modo mais claro e compreensível que for possível.
E se assim não acontecer? A ciência não avança. Porque a crítica, uma das condições do seu progresso, não se pode exercer. Tão simples quanto isso!

“Há muitos anos, costumava prevenir os meus alunos contra a ideia largamente espalhada de que se vai para a faculdade para aprender a falar e a escrever «de modo a impressionar os outros» e de forma incompreensível. Na altura eram muitos os alunos que chegavam à faculdade com esta ideia ridícula, especialmente na Alemanha. E a maioria dos estudante par excellence. Há poucas esperanças de que venham a alguma vez a compreender que estão errados, ou que há outros padrões e valores — valores como a busca da verdade, a aproximação à verdade através da eliminação crítica do erro, e a clareza. Nem virão a descobrir que o padrão de obscuridade «que impressiona» vai, de facto, contra os padrões de verdade e de crítica racional. Pois estes últimos valores dependem da clareza. Não podemos distinguir a verdade da falsidade, não podemos distinguir uma resposta adequada de uma resposta irrelevante para um problema, não podemos distinguir as boas ideias das ideias banais e não podemos avaliar criticamente as ideias (…).”
Karl Popper (1999). O mito do contexto: em defesa da ciência e da racionalidade (Lisboa: Edições 70), p. 97.

«Escrevi na língua coloquial porque é preciso que toda a gente o leia»

Sobre a tradição de divulgação da ciência e os problemas com que se tem confrontado.

"Galileu afrontou ainda mais a tradição académica ao escrever a Dissertação [Sobre os Copos que ficam em Cima da Água] em italiano, em vez de latim, a língua franca que permitia que a comunidade académica europeia comunicasse entre si.
«Escrevi na língua coloquial porque é preciso que toda a gente o leia», explicava Galileu - referindo-se aos contrutores navais que admirava no Arsenal veneziano, os sopradores de vidro de Murano, os esmeriladores de lentes, os fabricantes de instrumentos e todos os compatriotas curiosos que assistiam às suas conferências públicas. «Sou levado a fazê-lo por ver como os jovens são enviados ao acaso para as universidades para deles se fazerem médicos, filósofos e aí por diante; assim muitos entregam-se a profissões para as quais não estão adaptados, ao passo que outros que estariam indicados são afastados pelos cuidados co a família e outras ocupações distantes da literatura... Agora, quero que eles vejam que, assim como a Natureza lhes dá tanto a eles como aos filósofos olhos com os quais vejam as suas obras, também lhes deu cérebros capazes de as penetrar e compreender»".

Dava Sobel, A filha de Galileu (Círculo de Leitores/Temas e Debates), 2012, p´. 49

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Tudo se mistura e confunde

A propósito de alguma falta de reconhecimento da divulgação científica, que tem sido objecto de debate neste blogue.

A divulgação da ciência - que, vindo de longe, ganhou um enorme impulso depois da Segunda Grande Guerra, em grande medida, por causa dela - é fundamental em termos de informação e consciencialização das sociedades bem como nas decisões que podem tomar nos seus mais diversos sectores. Isso é ponto assente.

Porém, quando se fala em divulgação da ciência pensa-se, certamente, na divulgação de conhecimento produzido nas ditas "disciplinas duras" - química, física, biologia... - e na matemática - com estatuto epistemológico próprio - e não nas ditas "disciplinas moles" - a sociologia, a antropologia, a pedagogia...

No que respeita à pedagogia, que é a área que conheço melhor, tornou-se comum dissertar-se, opinar-se sobre os assuntos que trata sem que isso tivesse sido acompanhado da preparação que tal tarefa exige.

Exemplifico: ao ler no Público on line um artigo recente - Quando a escola deixar de ser uma fábrica de alunosdei conta da mistura de temas, factos e conceitos, das imprecisões, da infiltração do senso-comum no texto... Como muitos outros, este em vez de esclarecer confunde; em vez de informar desinforma, em vez de se aprofundar ideias deixa-as pela rama.

Neste artigo são tratados temas como...
a organização do espaço na sala de aula, a relação professor-aluno, a escola tradicional e a nova, a morte, sobrevivência e/ou mudança da instituição que é a escola, a relação da escola com a sociedade e o mercado de trabalho, a integração das tecnologias da informação e da comunicação no processo de ensino-aprendizagem (que muda o lugar do professor, do aluno e do conhecimento), os filmes que se disponibilizam na internet como forma de aprendizagem, a organização didáctica das aulas, a organização do espaço e mobiliário escolar, as competências que os alunos devem adquirir, a relação teoria-prática, os métodos de ensino, a motivação dos alunos, a alteração do currículo, avaliação da aprendizagem, o ambiente de sala de aula, as artes na educação, os estilos de aprendizagem, a tutoria e a home-shooling, a equidade, a igualdade de oportunidades, a inclusão social, a inovação pedagógica, casos de países, "pedagogias" e escolas de manifesto sucesso, a formação de professores, a relação entre a tutela e os terrenos educativos, a avaliação internacional, o número de alunos por turma, a aprendizagem colaborativa, o trabalho de grupo, a pesquisa e a discussão dos alunos, a autonomia dos alunos, a inter e multidisciplinaridade...
Podia continuar o meu exercício de cotejamento mas paro-o aqui, até porque ele é bastante para se perceber a ideologia que passa ao leitor e que se traduz em verdades inquestionáveis:
o aluno deve ser activo, é preciso mudar a escola porque a sociedade muda, os alunos de hoje são diferentes dos de épocas passadas, é fundamental reforçar a aprendizagem prática, os alunos devem integra-se em comunidades profissionais, a aprendizagem não é "decorar", a mais valia, em termos de aprendizagem do contacto com "vivências reais", deve preferir-se o brincar como forma de aprendizagem, a importância de se trabalhar a auto-estima dos alunos, é preciso que a avaliação se apresente despercebidamente aos alunos e não bem como avaliação, os alunos pode ser espontaneamente imaginativos e a criativos, a arte tem um poder libertador, a diferenciação pedagógica é uma mais-valia, é fundamental respeitar as necessidades individuais de cada aluno...
É possível identificar, nesse artigo, outras concepções de educação, mas também fico por aqui, apenas assinalo que nenhuma é analisada no sentido de se perceber o que está em jogo, qual o seu sentido histórico, social, filosófico... que investigação científica tem desencadeado e com que resultados.

Reconheço que não me fica muito bem assinar este texto, pois é, em certa medida por omissão dos (pejurativamente nomeados) especialistas em pedagogia que a divulgação científica nesta área está no estado que acima ilustrei. A sua responsabilidade neste particular ainda não se fez soar devidamente, sendo que ela devia fazer-se notar junto de jornais e jornalistas, na escrita artigos e livros que as mais diversas pessoas pudessem compreender e debater.

Há, pois, um trabalho imenso pela frente de divulgação do conhecimento pedagógico, ainda que já possamos contar com iniciativas meritórias (de algumas que tenho conhecimento dei conta aqui e aqui).

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

GOVERNO ACABA COM UMA ÁREA CIENTÍFICA


A polémica à volta da abertura do concurso de bolsas de investigação científica da Fundação para a Ciência e Tecnologia tem sido abundante. A começar pelo começo: nunca mais começava. Com um calendário relativamente estável durante vários anos, este ano ninguém sabia quando iria abrir o concurso de bolsas individuais. O que já se sabia era que o número de bolsas iria ser drasticamente reduzido, para cerca de metade das do ano anterior.

A abertura foi sucessivamente adiada e quando abriu, abriu nova polémica. Os critérios de acesso às bolsas tinham sido alterados, de modo a que quem não tivesse concluído o mestrado (no caso das bolsas de doutoramento) ou o doutoramento (no caso das bolsas de pós- doutoramento) até ao fim do prazo de candidatura (19 de Setembro) não poderia apresentar-se a concurso. A prática habitual é permitir que candidatos que estejam prestes a acabar, possam concorrer na mesma, sendo condição que obtenham o respectivo grau antes do início da bolsa. Este critério de exclusão, sendo os concursos anuais, implicaria que um investigador que concluísse o seu doutoramento em Outubro, ficaria quase um ano à espera de novo concurso. Face a alguns protestos, a FCT acabou por recuar nesta questão (ou "esclarecer", que é uma maneira de recuar que está muito na moda).

Como se não bastassem estas trapalhadas, aconteceu mais uma que passou bem mais despercebida. O governo acabou com uma área científica. Sem nenhum pré-aviso, desapareceu uma área designada por PACT (Promoção e Administração da Ciência e Tecnologia). Esta área tem, nos últimos anos através dos seus bolseiros, contribuído significativamente para criar alguma massa crítica de divulgadores de ciência em Portugal, assim como permitir a produção de conhecimento e investigação sobre esse tema.

Manter as bolsas PACT não implicava um aumento de despesa, apenas uma maior diversidade de áreas em que são atribuídas as bolsas. Aliás, estas bolsas nunca foram muitas, sendo atribuídas anualmente 7 a 11. Numa situação de grande contenção orçamental, acabar com a PACT é um tiro no pé. Para defender o investimento na ciência (sem a qual não há futuro que interesse) é preciso que os contribuintes compreendam a sua importância.

A fotografia no inicio, da autoria de Roberto Keller, é do congresso de comunicação de ciência SciCom PT 2013, que reuniu recentemente no Pavilhão do Conhecimento parte significativa da comunidade portuguesas de comunicadores de ciência. Esta área tem conhecido progressos extraordinários na última década, para os quais os bolseiros PACT têm contribuído de forma muito relevante. A extinção das PACT é um sério recuo e põe em causa a continuidade do desenvolvimento da comunicação de ciência, que cada vez é mais valorizada pelas agências de financiamento internacionais e pelas instituições europeias. Isto porque os dias de fazer investigação científica sem explicar às pessoas o que se está a fazer com o dinheiro delas e a importância da ciência, estão contados.

EM QUE ACREDITA O SENHOR MINISTRO DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E INOVAÇÃO E A SUA EQUIPA?

No passado Ano Darwin, numa conferência que fez no Museu da Ciência, em Coimbra, o Professor Alexandre Quintanilha, começou por declarar o s...