Sobre a tradição de divulgação da ciência e os problemas com que se tem confrontado.
"Galileu afrontou ainda mais a tradição académica ao escrever a Dissertação [Sobre os Copos que ficam em Cima da Água] em italiano, em vez de latim, a língua franca que permitia que a comunidade académica europeia comunicasse entre si.
«Escrevi na língua coloquial porque é preciso que toda a gente o leia», explicava Galileu - referindo-se aos contrutores navais que admirava no Arsenal veneziano, os sopradores de vidro de Murano, os esmeriladores de lentes, os fabricantes de instrumentos e todos os compatriotas curiosos que assistiam às suas conferências públicas. «Sou levado a fazê-lo por ver como os jovens são enviados ao acaso para as universidades para deles se fazerem médicos, filósofos e aí por diante; assim muitos entregam-se a profissões para as quais não estão adaptados, ao passo que outros que estariam indicados são afastados pelos cuidados co a família e outras ocupações distantes da literatura... Agora, quero que eles vejam que, assim como a Natureza lhes dá tanto a eles como aos filósofos olhos com os quais vejam as suas obras, também lhes deu cérebros capazes de as penetrar e compreender»".
Dava Sobel, A filha de Galileu (Círculo de Leitores/Temas e Debates), 2012, p´. 49
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