sábado, 14 de setembro de 2013

Carta aberta para ti, colega.

Texto recebido do nosso leitor César Rodrigues.

Saudações académicas colega, que tens por paixão a Educação e que nela insistes.

Esta carta é dirigida a ti que inicias mais um ano pela pedagogia e pelo conhecimento e, se me permites, especialmente a ti, colega, que ficaste privado – conjuntamente com cerca de outros trinta mil – de exercer a tua profissão.

A tua opção pela profissão, consciente porque acreditas que podes ser uma mais-valia, é contemporânea de um país que parece querer passar a mensagem de que o país não é para professores.

E insistes em vincar a tua posição e que o caminho que escolheste… é o caminho!
Aplaudo a tua persistência!

Não sei se é o teu caso mas, no tempo que levo de ensino já me desprendi muitas vezes da profissão. Já me senti incompreendido e impotente mais vezes ainda.

Mas persisto. Persistimos!
Porque somos “isto”!
Porque é no ensino que nos revemos e preenchemos.
Porque acreditamos que tem de existir lugar para quem quer fazer bem.

Porque quando ensinamos alargamos horizontes – dos alunos e os nossos próprios – e damos mais um passo no caminho de fazer bem. Não necessariamente “melhor do que” porque o termo de comparação pode não significar tirar o mais profícuo partido das faculdades de cada um.

Agradeço a partilha ao longo dos anos, seja informalmente ou em reuniões, seja em formações, tertúlias, congressos, conferências, seja em presença ou em ambiente virtual.

Agradeço as tuas intervenções, por te expores à interpretação alheia, por colocares em comum a tua forma de atuar, as tuas conquistas pedagógicas, as tuas dificuldades, as tuas ideias (que nem sempre manifestamos quando estamos no meio académico. Temos que mudar isso).

Vives num rebuliço, de trabalho – quando existe – esgotante, itinerante, de projetos, de colegas, de alunos… de começar de novo todos o anos ou até mais do que uma vez ao ano!

E continuas a dizer presente!

Vives a querer ser parte ou acrescento daquilo que agora se chama "comunidade educativa".
Porém, és reconhecido como recurso, descartável, necessidade transitória!

Sim, tudo na vida é transitório mas quando fazemos “a” transição nada mais interessa, pois esse momento é eterno! E fica com os alunos. É esse o "milagre" de ensinar e de aprender. Por isso se realizamos um exercício de antevisão do futuro, intui-se que ele pode sorrir.

A situação é desgastante pois, para além de todas as questões materiais, o trabalho, em si mesmo, imprime a cada um dignidade humana.

Por isso, não pode haver lugar à resignação! Aplaudo a tua persistência. E também persisto.

Pelo Ensino.
Pelo Conhecimento.
Pelos Alunos.

Vemo-nos por aí, Se possível, numa escola ou na universidade…
Na “nossa” escola ou na "nossa" universidade"

Bom ano letivo e um forte abraço,

César Rodrigues

3 comentários:

Anónimo disse...

Trabalho pelo dinheiro

perhaps disse...

É a sua paixão? ou apenas um meio de a concretizar?

Todos trabalhamos também pelo dinheiro:) o altruísmo não tem maneiras de ser fora dessa necessidade que criámos e de que nos sustentamos

Anónimo disse...

já trabalhei pelo amor á camisola mas agora perdi o entusiasmo.

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...