O vírus SARS-CoV-2 e a doença que causa, a COVID-19, têm sido o tema de conversa, debate e preocupação dos últimos tempos. Num bom exemplo de Comunicação de Ciência, com recurso a equipas multidisciplinares de cientistas, escritores e artistas, o site Lifeology apresenta um curso, cujas lições são dadas em cartões ilustrados, sobre este vírus e sua doença. É o ideal para qualquer pessoa compreender o que está em causa e para mostrar aos mais novos Embora esteja em inglês, é uma iniciativa de carácter pedagógico com utilidade para os tempos atuais. Podem consultar aqui:
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quarta-feira, 18 de março de 2020
terça-feira, 29 de outubro de 2019
ComceptCon 2019: Evolução Humana
Evento: ComceptCon 2019: Evolução Humana
Local: Museu de Leiria
Data: 2 de Novembro, a partir das 10h
Entrada gratuita
Programa e inscrições: http://comcept.org/comceptcon-2019/
Mais informações:
A COMCEPT – Comunidade Céptica Portuguesa, associação de promoção da ciência, vai realizar a sua oitava convenção anual, a ComceptCon 2019, que irá decorrer a partir das 10h00 do dia 2 de Novembro, no Museu de Leiria.
O título da convenção deste ano será “Evolução: o ser humano na árvore da vida”.
Durante a ComceptCon irão decorrer quatro
conferências dirigidas a todas as pessoas que se interessem pela relação entre a
ciência e a sociedade. A manhã começará com uma palestra sobre o ABC da Evolução, pela bióloga Diana
Barbosa, Presidente da COMCEPT, seguida de uma intervenção sobre as novidades
da Evolução Humana, tendo como oradora Eugénia Cunha, Professora Catedrática
convidada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e
Directora da Delegação Sul do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências
Forenses.
Depois de uma pausa para o almoço, João Pedro
Tereso, investigador em arqueobotânica no CIBIO-InBIO, falará da Evolução da paisagem e mudanças nas
sociedades humanas antes do Antropocénico. A última palestra será dedicada
à variação genética humana e ficará a cargo de Jorge Rocha, professor na
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e coordenador do grupo de
Genética Evolutiva Humana, no CIBIO-InBIO.
No final, haverá um debate com os quatro
oradores em torno do tema O que nos dizem
os testes genéticos comerciais. Será dada a possibilidade intervenção do
público, de modo a proporcionar uma aproximação entre estes e os cientistas.
Mas este ano traz uma novidade: devido ao
evento calhar num fim-de-semana prolongado, o Museu de Leiria irá proporcionar
uma visita ao Vale do Lapedo e ao Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar
Velho, para conhecer a história da descoberta do Menino do Lapedo. A vista terá
lugar no dia anterior, dia 1 de Novembro, às 15h.
Numa época de nacionalismos e de extremismos,
importa conhecer a história do percurso da humanidade para compreender a sua
origem comum, o seu percurso migratório e entender que apesar das diferenças
morfológicas não há diversidade genética suficiente para falar de raças
humanas.
Neste evento, os participantes
poderão conversar directamente com os cientistas e esclarecer as suas dúvidas,
seja durante o período de perguntas, seja durante o intervalo.
Para mais informações sobre o evento, pode consultar a página do
evento: http://comcept.org/comceptcon-2019/
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Agenda Céptica
Neste mês e no próximo, a ciência e o cepticismo irão ter com os portugueses em vários pontos do país:
18 de Outubro, às 18h: "O logro das chamadas Terapias Alternativas: a importância da Medicina Baseada na Ciência", no Instituto Politécnico de Leiria. Organização da FFMS, com a moderação de David Marçal e tendo como oradores Edzard Ernst, Armando Brito de Sá e João Cerqueira.
19 de Outubro, às 16h: Tertúlia organizada pela Comcept, na Petisqueira Trinkas (na Praça dos Leões), no Porto. Venham para uma conversa informal, preparados para petiscar enquanto se fala de ciência.
2 de Novembro: ComceptCon, este ano dedicada ao tema da Evolução, no Museu de Leiria. Entrada gratuita, mas com inscrição. Saiba mais, aqui.
Outros eventos:
Entre 15 de Outubro e 16 de Novembro, a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) está a organizar um Ciclo de Debates e Conferências no âmbito do Mês da Ciência e da Educação, que terá lugar em 5 cidades diferentes. Para além do evento, acima mencionado, dedicado às Terapias Alternativas, as outras conferências agendadas são:
15 de Outubro: "O que comer? - Conferência de Ciência GPS", na Galeria da Biodiversidade, no Porto.
22 de Outubro: "Como a genética conta a nossa grande história humana", na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
30 de Outubro: "Como aprende o cérebro? O papel das ciências cognitivas na educação", Auditório do Liceu Camões, em Lisboa.
07 de Novembro: "A atitude científica: o que é ciência e o que não é", Universidade de Aveiro.
18 de Outubro, às 18h: "O logro das chamadas Terapias Alternativas: a importância da Medicina Baseada na Ciência", no Instituto Politécnico de Leiria. Organização da FFMS, com a moderação de David Marçal e tendo como oradores Edzard Ernst, Armando Brito de Sá e João Cerqueira.
19 de Outubro, às 16h: Tertúlia organizada pela Comcept, na Petisqueira Trinkas (na Praça dos Leões), no Porto. Venham para uma conversa informal, preparados para petiscar enquanto se fala de ciência.
2 de Novembro: ComceptCon, este ano dedicada ao tema da Evolução, no Museu de Leiria. Entrada gratuita, mas com inscrição. Saiba mais, aqui.
Outros eventos:
Entre 15 de Outubro e 16 de Novembro, a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) está a organizar um Ciclo de Debates e Conferências no âmbito do Mês da Ciência e da Educação, que terá lugar em 5 cidades diferentes. Para além do evento, acima mencionado, dedicado às Terapias Alternativas, as outras conferências agendadas são:
15 de Outubro: "O que comer? - Conferência de Ciência GPS", na Galeria da Biodiversidade, no Porto.
22 de Outubro: "Como a genética conta a nossa grande história humana", na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
30 de Outubro: "Como aprende o cérebro? O papel das ciências cognitivas na educação", Auditório do Liceu Camões, em Lisboa.
07 de Novembro: "A atitude científica: o que é ciência e o que não é", Universidade de Aveiro.
segunda-feira, 3 de junho de 2019
Trabalho sobre a Escola-Oficina Nº1 em destaque no Público
Em Dezembro publiquei um artigo, na revista de história da ciência Endeavour, sobre uma coleção zoológica encontrada na Escola-Oficina nº1, do Bairro da Graça, em Lisboa. Hoje esse trabalho de investigação mereceu destaque no jornal Público.
Mais informações sobre este trabalho, aqui.
Mais informações sobre este trabalho, aqui.
Créditos da imagem: João Monteiro
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
Café com Ciência em Braga
Esta sexta-feira, dia 8 de Fevereiro, estarei em Braga para falar com o público sobre os avanços da ciência e tecnologia e a sua relação com a sociedade. É sempre com uma enorme alegria que visito o norte do país, ainda para mais tendo a oportunidade de conversar com as pessoas sobre um tema que me apaixona: a ciência. Espero por vocês.
A entrada é gratuita, mas é necessária inscrição: geral@casacienciabraga.org
Mais informações:
Data: Sexta-feira, 8 de Fevereiro, 21h30
segunda-feira, 30 de maio de 2016
A CIÊNCIA NA ESCOLA
Publicado no Diário das Beiras (21-01-2015)
Vivemos numa sociedade em que a aplicação
do conhecimento científico é uma constante no nosso dia-a-dia. Imersos em
ciência, mesmo que disso não nos apercebamos, é importante conhecê-la. Ter uma
cultura geral científica é importante para sermos melhores cidadãos, para podermos
ter a nossa própria opinião crítica, para podermos ser livres em democracia.
Perceber o que é a ciência, ajuda-nos a
compreender melhor o mundo em que vivemos. Neste contexto, o papel da escola é
indispensável enquanto instituição que garante o ensino formal das ciências,
permitindo que todos os cidadãos tenham acesso a conceitos básicos sobre como a
ciência permite entender o Universo em que existimos.
O ensino da ciência deve estar presente durante
a maior parte da escolaridade e começar o mais cedo possível, de preferência logo
no pré-escolar. De facto, é desejável ensinar princípios básicos da ciência na infância
e dotar o pensamento das crianças com as bases para uma melhor compreensão futura
do conhecimento científico. As crianças têm uma natural curiosidade para compreender
o mundo em que crescem e a ciência ajuda-as a despertar a sua inteligência para
descobrir a natureza e como ela funciona. Os comunicadores de ciência são agentes
importantes nesta apresentação da ciência às crianças.
O ensino da ciência na escola não deve
ficar só pelo ensino das matérias científicas. Deve permitir que os alunos
experimentem, saibam como é que a ciência se faz, compreendam o método
experimental científico.
É importante que os alunos saibam como é
que a ciência funciona e avança. Neste aspecto, a escola deve promover o
diálogo entre alunos e cientistas. E estes devem estar abertos a divulgar de
forma acessível o seu trabalho científico e disponíveis para falar com os
alunos sobre a sua actividade.
Este contacto dá sentido prático ao
conhecimento científico que os alunos aprendem na escola. Ao apresentarem a
utilidade da sua investigação, os cientistas fertilizam a curiosidade dos
jovens, para além de os cativar e incentivar para uma eventual profissão na
ciência. A proximidade com os cientistas torna a ciência real, mais humana e
emotiva.
Os comunicadores de ciência têm aqui um papel
muito importante, uma vez que apresentam um conhecimento de uma forma interdisciplinar
e mostram a importância das diferentes disciplinas para o avanço do conhecimento
científico. A comunicação do conhecimento científico é intrínseca à própria
ciência. Sem comunicação não há ciência. Também por isso, o ensino escolar da
ciência deve, para ficar completo, promover a comunicação entre cientistas e
alunos, como se disse. E o papel dos comunicadores de ciência nesta tarefa é
essencial, pois constrói a ponte entre as duas comunidades.
É que comunicar ciência é uma actividade
cívica.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Os 5 vídeos pelos quais muitos esperavam
Em Novembro anunciei que iria decorrer no dia 21 desse mês a ComceptCon 2015, a convenção anual da COMCEPT, que nesse ano foi dedicada a vários tipos de Negacionismo em Ciência.
A boa notícia é que gravámos as palestras e disponibilizámos online para quem não conseguiu estar presente. Cada palestra tinha a duração de 30 min (embora alguns oradores se tenham alongado). Partilho-as agora:
Palestra: Evolução, Fixismo e Pastafarianismo
Oradora: Xana Sá-Pinto (Universidade de Aveiro)
Palestra: Vacinas - Porquê?
Oradora: Mónica Pina (Instituto Médico e Dentário Dra. Joaquina Corado)
Palestra: Negacionismo da Shoa (Holocausto)
Orador: Hugo Vaz (Museu Judaico do Porto)
Palestra: O Negacionismo das Alterações Climáticas
Orador: Carlos Teixeira (Univ. Livre de Amesterdão e Instituto Superior Técnico)
Palestra: Ida do homem à Lua
Orador: Ricardo Cardoso Reis (Centro Astrofísica da Universidade do Porto - CAUP)
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
AJUDEMOS A CASA DAS CIÊNCIAS
Texto primeiramente publicado na imprensa regional.
A Casa das Ciências, o Portal Gulbenkian para Professores,
foi criada em 2008 e apresentada no ano de 2009, mas é um projeto ainda assim desconhecido
por muitos professores de ciências, o seu público-alvo. O seu acesso é gratuito
e só requisita um registo. Este é um projeto muito interessante e que surgiu
dentro da lógica de apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) à educação em
Portugal, tanto na elaboração de conteúdos como no apoio a docentes.
A Casa das Ciências é um espaço virtual, um
repositório de recursos educativos digitais (vídeos, animações, simuladores,
apresentações, guiões, etc.) com uma característica única em Portugal: os
recursos publicados passaram por uma revisão por pares, tanto na sua componente
científica como pedagógica.
A Casa das Ciências tem três vertentes, representadas no
Portal em três secções diferentes: Materiais, Banco de Imagens e WikiCiências. Acolhe ainda a
publicação da Revista de Ciência Elementar.
Na secção dos Materiais os utilizadores encontram recursos
educativos digitais que podem ser usados pelos professores de ciência. É
objetivo primordial do Portal oferecer aos professores das diferentes áreas
científicas, desde o ensino básico até aos primeiros anos do ensino superior,
ferramentas digitais de qualidade e em português. Nesse sentido, todos os
materiais submetidos pelos utilizadores passam por um processo de avaliação por
pares, tanto a nível científico como pedagógico, como já se disse, mas convém sublinhar.
No Banco de Imagens é possível a qualquer utilizador submeter
imagens que pense serem relevantes para o ensino das ciências e que passam
depois por uma revisão editorial feita por um cientista da área em questão.
Depois de publicadas, as imagens ficam disponíveis para download com uma
licença Creative Commons (uso com atribuição da autoria). Quanto à
WikiCiências, esta pretende ser uma enciclopédia online de referência para a
consulta de termos relacionados com a ciência, em português e, claro, com
validação por especialistas de cada uma das áreas científicas representadas.
A
Revista de Ciência Elementar, já com cinco número editados, inclui artigos de
cariz enciclopédico, mas também notícias e artigos de opinião.
Reforço, uma vez mais, o caráter gratuito de todas as
valências da Casa das Ciências!
Desde
a sua criação já foi visitada mais de 2,5 milhões de vezes. Possui 15 mil
utilizadores registados, sendo maioritariamente utilizada por professores de
ciências.
Até
2014, este projecto foi exclusivamente financiado pela FCG. Mas agora, este excelente projecto, único em Portugal, está
num impasse, uma vez que o apoio da FCG cessou. Assim, os promotores deste
projecto estão actualmente à procura de meios de financiamento alternativo para
que a Casa não feche. Decorre neste momento uma campanha de crowdfunding que visa suportar
financeiramente a Casa das Ciências nesta fase de transição. Agradece-se a
todos a melhor e possível contribuição para não deixar morrer esta Casa.
A coordenação deste projecto é feita a partir da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto pelos professores Maria João Ramos, Alexandre Magalhães e Pedro Alexandrino Fernandes.
A coordenação deste projecto é feita a partir da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto pelos professores Maria João Ramos, Alexandre Magalhães e Pedro Alexandrino Fernandes.
António Piedade
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
O perigo do analfabetismo científico para a sociedade
Texto de Marcelo Knobel (Docente do Instituto de Física Gleb Wataghin e pró-reitor de graduação da Unicamp):
"Em entrevista recente à Folha, o recém-aposentado ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, afirmou que sua visão espiritualista de mundo seria confirmada pela física quântica, citando diversos autores, entre os quais Einstein ("A vida começa aos 70", em 18 de novembro).
Cito dois trechos:
1) "Depois, de uns 12 anos para cá, comecei a me interessar por física quântica, e ela me pareceu uma confirmação de tudo o que os espiritualistas afirmam. A física quântica, sobretudo os escritos de Dannah Zohar [especializada em aconselhamento espiritual e profissional]."
2) "Einstein, físico quântico que era, cunhou uma expressão célebre: 'efeito do observador'. Ele percebeu que o observador desencadeava reações no objeto observado. (...) Claro que quando você joga teoria quântica para a teoria jurídica, se expõe a uma crítica mordaz. O sujeito diz: "Mas isso não é ciência jurídica'."
Na verdade, a fascinante física quântica aplica-se somente a sistemas físicos na escala atômica, jamais a questões profissionais ou jurídicas. As analogias podem ser exercícios criativos ou poéticos até interessantes, mas não passam disso.
Ao buscar a palavra "quantum" em qualquer livraria virtual, é assombroso notar que a maioria das obras listadas refere-se a supostas explicações quânticas dos mais diversos aspectos da vida -da memória à cura de enfermidades, passando pelo sucesso no amor e na carreira.
Como físico, acredito em coisas incríveis, como entes que são ondas e partículas simultaneamente, universos multidimensionais, tempos e comprimentos que dependem da velocidade do objeto, estruturas nanoscópicas que podem atravessar verdadeiras paredes e muitos outros fenômenos que certamente não são nada intuitivos e continuam sendo impressionantes, mesmo após anos e anos de estudo.
Mas em ciência o importante é que as teorias sejam comprovadas seguindo critérios rígidos, metodologias adequadas e publicadas em periódicos de circulação internacional, para que outros pesquisadores possam tentar repetir os experimentos e modelos, verificando possíveis falhas e buscando explicações alternativas, com certo ceticismo. Não é o caso das ideias citadas pelo ministro.
Ocorre que, diariamente, somos inundados por inúmeras promessas de curas milagrosas, métodos de leitura ultrarrápidos, dietas infalíveis, riqueza sem esforço. A grande maioria desses milagres cotidianos são vestidos com alguma roupagem científica: linguagem um pouco mais rebuscada, aparente comprovação experimental, depoimentos de pesquisadores "renomados", alardeado acolhimento em grandes universidades. São casos típicos do que se costuma definir como pseudociência.
A maioria das pessoas vive perfeitamente bem sem saber diferenciar ciência de pseudociência. Mais cedo ou mais tarde, porém, em alguns momentos da vida esse conhecimento pode ser muito importante. Seja para decidir um tratamento médico, seja para analisar criticamente algum boato, seja para se posicionar frente a alguma decisão importante que certamente influenciará a vida de seus filhos e netos.
A sociedade como um todo deve assimilar a cultura científica. É importante a participação de instituições, grupos de interesse e processos coletivos estruturados em torno de sistemas de comunicação e difusão social da ciência, participação dos cidadãos e mecanismos de avaliação social da ciência.
Em uma sociedade onde a ciência e a tecnologia são agentes de mudanças econômicas e sociais, o analfabetismo científico, seja de quem for, pode ser um fator crucial para determinar decisões que afetarão nosso bem-estar social.
É impossível tomar uma decisão consciente se não se tem um mínimo de entendimento sobre ciência e tecnologia, como funcionam e como podem afetar nossas vidas."
Veja como é o mundo quântico:
"Em entrevista recente à Folha, o recém-aposentado ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, afirmou que sua visão espiritualista de mundo seria confirmada pela física quântica, citando diversos autores, entre os quais Einstein ("A vida começa aos 70", em 18 de novembro).
Cito dois trechos:
1) "Depois, de uns 12 anos para cá, comecei a me interessar por física quântica, e ela me pareceu uma confirmação de tudo o que os espiritualistas afirmam. A física quântica, sobretudo os escritos de Dannah Zohar [especializada em aconselhamento espiritual e profissional]."
2) "Einstein, físico quântico que era, cunhou uma expressão célebre: 'efeito do observador'. Ele percebeu que o observador desencadeava reações no objeto observado. (...) Claro que quando você joga teoria quântica para a teoria jurídica, se expõe a uma crítica mordaz. O sujeito diz: "Mas isso não é ciência jurídica'."
Na verdade, a fascinante física quântica aplica-se somente a sistemas físicos na escala atômica, jamais a questões profissionais ou jurídicas. As analogias podem ser exercícios criativos ou poéticos até interessantes, mas não passam disso.
Ao buscar a palavra "quantum" em qualquer livraria virtual, é assombroso notar que a maioria das obras listadas refere-se a supostas explicações quânticas dos mais diversos aspectos da vida -da memória à cura de enfermidades, passando pelo sucesso no amor e na carreira.
Como físico, acredito em coisas incríveis, como entes que são ondas e partículas simultaneamente, universos multidimensionais, tempos e comprimentos que dependem da velocidade do objeto, estruturas nanoscópicas que podem atravessar verdadeiras paredes e muitos outros fenômenos que certamente não são nada intuitivos e continuam sendo impressionantes, mesmo após anos e anos de estudo.
Mas em ciência o importante é que as teorias sejam comprovadas seguindo critérios rígidos, metodologias adequadas e publicadas em periódicos de circulação internacional, para que outros pesquisadores possam tentar repetir os experimentos e modelos, verificando possíveis falhas e buscando explicações alternativas, com certo ceticismo. Não é o caso das ideias citadas pelo ministro.
Ocorre que, diariamente, somos inundados por inúmeras promessas de curas milagrosas, métodos de leitura ultrarrápidos, dietas infalíveis, riqueza sem esforço. A grande maioria desses milagres cotidianos são vestidos com alguma roupagem científica: linguagem um pouco mais rebuscada, aparente comprovação experimental, depoimentos de pesquisadores "renomados", alardeado acolhimento em grandes universidades. São casos típicos do que se costuma definir como pseudociência.
A maioria das pessoas vive perfeitamente bem sem saber diferenciar ciência de pseudociência. Mais cedo ou mais tarde, porém, em alguns momentos da vida esse conhecimento pode ser muito importante. Seja para decidir um tratamento médico, seja para analisar criticamente algum boato, seja para se posicionar frente a alguma decisão importante que certamente influenciará a vida de seus filhos e netos.
A sociedade como um todo deve assimilar a cultura científica. É importante a participação de instituições, grupos de interesse e processos coletivos estruturados em torno de sistemas de comunicação e difusão social da ciência, participação dos cidadãos e mecanismos de avaliação social da ciência.
Em uma sociedade onde a ciência e a tecnologia são agentes de mudanças econômicas e sociais, o analfabetismo científico, seja de quem for, pode ser um fator crucial para determinar decisões que afetarão nosso bem-estar social.
É impossível tomar uma decisão consciente se não se tem um mínimo de entendimento sobre ciência e tecnologia, como funcionam e como podem afetar nossas vidas."
Veja como é o mundo quântico:
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
sábado, 8 de setembro de 2012
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
segunda-feira, 2 de julho de 2012
TEDxCoimbra: A Ciência nas Escolas
Intervenção de Carlos Fiolhais no TEDxCoimbra sobre Educação realizado recentemente na Mamarrosa (Instituto de Educação e Cidadania):
domingo, 13 de maio de 2012
O CARVÃO E O DIAMANTE
O grande
desafio que temos é o de saber lidar com
a pressão, que nos revela quem somos. A combinação dos três elementos (alta temperatura, pressão e o tempo) transforma o carvão (carbono) em diamante. Vejam o
excelente trabalho As Múltiplas Facetas do Diamante publicado na Revista USP n.71, São Paulo (Novembro
de 2006) do Prof. Darcy Pedro Svizzero.
(http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/revusp/n71/08.pdf)
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Vale a pena ter energia nuclear no Brasil?
Palestra: Um ano após Fukushima: vale a pena ter energia nuclear no Brasil?
Data: Hoje (10.05.2012)
Horário: 16:00 horas
Assista Transmissão ao vivo via Internet
iptv.usp.br
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Livre como em liberdade
Richard Stallman, o grande guru do software livre e presidente da Fundação para o Software Livre, está em Portugal. A sua entrevista ao Público acaba abruptamente, mas vale a pena conhecer as suas ideias contra-corrente.
Hoje estará às 14h no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Como curiosidade, os sete pecados mortais do Windows, uma das campanhas da Fundação para o Software Livre.
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