Meu texto na revista Fórum Teológico XX, vol V, Ano VI (2023) , Revista do Seminário Episcopal de Angra:
Num passo do seu livro A Noite do Confessor [1], o padre
checo Tomáš Halík, teólogo, filósofo e sociólogo, conta a
história de um físico, católico e simpático, que foi convidado
por um grupo de padres a fazer uma palestra sobre
Física Moderna num retiro clerical, na qual deveria contar
as últimas descobertas da ciência a respeito do Cosmos,
designadamente o Big Bang e a Física de Partículas, que
inclui o bosão de Higgs, também chamada “partícula de
Deus”. Halík conta que os seus colegas sacerdotes estavam
à espera de que o físico lhes dissesse alguma coisa que os
ajudasse na sua fé. Mas eles ficaram no final da palestra
muito desconsolados, por não terem experimentado qualquer
reforço da crença. O físico também ficou desconsolado
por não ter correspondido às expectativas: não tinha conseguido
transmitir nada de relevante para a fé deles.
Quem estava equivocado, diz Halík, eram os padres –
eles nunca poderiam, numa palestra dada por um físico,
mesmo católico e simpático, aprender algo que fosse fazer
qualquer diferença na sua crença em Deus. E afirma de um
modo muito claro: “O pedido feito pelos sacerdotes de uma
prova minúscula [de que Deus existe] não indica apenas
uma incompetência possivelmente desculpável, mas também,
de forma mais deprimente, uma incompetência teológica
bastante menos desculpável e, em particular, uma fé
fraca e doentia.” Julgo que estas palavras de um teólogo
contemporâneo ajudam a clarificar a relação entre ciência
e religião.
Halík cita Santo Agostinho: “Se há alguma coisa sobre a
qual você tem ‘uma opinião firme’, então pode ter a certeza
de que isso não é Deus” [2].
Porque sou físico, várias vezes me têm feito a pergunta,
designadamente em encontros ligados à Igreja, sobre o que
existia antes do Big Bang. Dou sempre a mesma resposta: “Não sei.” E acrescento: “não faço a mínima ideia do que é
que havia antes, se é que de todo se pode falar de um antes.”
Não sei e, se bem percebo, nunca ninguém virá a saber.
Houve no início uma concentração tão grande de energia
que não haverá meio nenhum de ter acesso a qualquer tipo
de informação sobre o tempo mais primitivo de todos e, por
maioria de razão, ao eventual tempo antes desse tempo primitivo
sobre o qual alguns falam. Claro que se pode colocar
a questão de saber o que existiria antes: podemos colocar
as perguntas todas, mas não temos, na ciência, de responder
a todas elas. O Génesis contém um relato mítico da
Criação e, quando surgiu a teoria do Big Bang, não admira
que tivesse havido uma tentativa por parte da Igreja de
colar essa teoria ao relato bíblico. Não faltou mesmo quem,
nos círculos mais altos da Igreja, afirmasse, com alguma
satisfação: “Ora aqui está, finalmente, a prova científica do
Génesis.” Contudo, a teoria do Big Bang não constitui uma
prova científica do Génesis. Quem pensa assim ainda vive
nos tempos pré‑galilaicos.
É um erro tanto científico como
teológico misturar dessa maneira ciência e religião. O padre
e físico belga Georges Lemaître, contemporâneo do famoso
físico suíço e norte‑americano
Albert Einstein, tentou dissuadir
o Papa Pio XII de prosseguir no mesmo registo após
ele ter afirmado em 1952: “Parece que a ciência moderna,
remontando a milhões de séculos, foi bem‑sucedida
em testemunhar
o Fiat Lux primordial, quando, juntamente com a
matéria, explode do nada um mar de luz e radiação, quando
as partículas dos elementos químicos se separam e reúnem
em milhões de galáxias. (…) A ciência moderna… seguiu o
curso e a direção dos acontecimentos cósmicos, e tal como
indicou o seu desfecho fatal, também indicou o seu início
no tempo num período de há cerca de cinco mil milhões de
anos, confirmando com a concretização de provas físicas a
contingência do Universo e a dedução bem fundamentada
que, por essa altura, o cosmos surgiu das mãos do Criador.
Por isso, a Criação ocorreu no tempo, e, por isso, existe um
Criador.” [3] Lemaître respondeu “Nunca será possível reduzir
o Ser Supremo a uma hipótese científica.” [4] E o certo é que o
Papa passou a ser mais contido a esse respeito.
Na relação entre ciência e religião tem havido um grande
quid pro quo relativamente à questão da causalidade. Na procura,
motivada por uma formação estritamente determinista,
de uma cadeia de causas e efeitos, não falta quem pretenda
remontar tudo às causas primeiras: é, por isso, frequente
ouvir dizer‑se
que a “causa primeira” é Deus. Contudo, por
esse caminho alegadamente lógico, não se consegue provar
a existência de Deus, pela simples razão de que a fé está
para além da razão. Têm sido ensaiadas, ao longo do tempo,
numerosas maneiras para provar a existência de Deus através
de argumentos do tipo lógico‑filosófico
ou mesmo científico.
Pode dar‑se
um curso inteiro sobre a história das “provas da
existência de Deus” e a conclusão é – pelo menos até agora,
não sendo previsível qualquer alteração –, que não se pode
provar essa existência. Nem a inexistência, acrescente‑se
desde já. A existência de Deus não é, pura e simplesmente,
uma questão do domínio da ciência. Deus não aparece no
fundo de um telescópio, de um microscópio ou de um acelerador
de partículas. Não serão argumentos da Física ou, mais
em geral, da ciência que irão permitir que alguém ganhe fé
ou, em oposição, perca a fé que tinha.
O cerne da religião é a fé, que é um mistério sem explicação.
Santo Agostinho dizia: “Se compreendeis, não é Deus.” [5]
Deus está “para lá” de tudo e de todos, está para lá daquilo
que é normal e compreensível. A fé religiosa vai para lá
daquilo que compreendemos.
Se usamos palavras diferentes, «ciência» e «religião», é
porque são atividades diferentes, afirmação sobre a qual não
haverá discussão: os seus objetivos são diferentes e os seus
métodos são diferentes. A ciência procura descobrir o mundo
natural, estando o ser humano obviamente incluído nesse
mundo. A religião, por seu lado, vai além desse mundo. Mas,
se concordamos que existem diferenças substantivas entre
ciência e religião, podemos também acrescentar que têm algo
em comum, o que significa que são possíveis pontes entre
elas. E, na minha visão, o que têm em comum é maior do
que normalmente se julga, uma vez que elas são muitas vezes
dadas como antagónicas. Se considerarmos que não ocupam
o mesmo território, então há espaço para as duas, podendo as
duas dialogar percorrendo as referidas pontes.
Começo com o mais essencial, que é óbvio: ambas são
dimensões do ser humano, correspondem a necessidades do
homem. O homem precisa da ciência, uma actividade realizada
pelo ser humano em benefício dos seres humanos: o
seu resultado pertence – ou deve pertencer – a todos os seres
humanos. Apesar de ser realizada apenas por uma pequena
parte da Humanidade, a ciência é de toda a Humanidade. Por
sua vez, a religião também é uma atitude humana, que foi e é
assumida pelo ser humano e que também assenta na partilha
pelos humanos. Ela baseia‑se
na formação de uma comunidade
– aliás, religião significa etimologicamente “ligação”.
Então, ambas as actividades são do homem e para o homem.
Mas há um segundo denominador comum: ambas tentam
fornecer sentido ao ser humano. Trata‑se
de sentidos diferentes,
bem entendido. Dito de uma outra maneira: ambas
tentam penetrar em mistérios, embora sejam obviamente
mistérios diferentes, uns mais profundos do que os outros.
Somos todos seres humanos à procura... Ciência e religião
são expressões da incompletude do ser humano, um ser que é,
pela sua própria natureza, inquieto, desassossegado, desejoso de “mais além”. E, como esse anseio é comum, ele realiza‑se
em comunidade, em partilha, ou, se quisermos usar um termo
do léxico religioso, em comunhão.
O físico austríaco Erwin Schrödinger, um dos autores da
teoria quântica, escreveu que toda a ciência é uma resposta
ao imperativo que estava colocada diante do templo de Apolo
em Delfos, na Antiga Grécia: gnothi seauton, conhece‑te
a ti
mesmo6. Quem somos nós? Que mundo é este onde somos?
As respostas a estas questões têm sido procuradas e transmitidas
em comunidade.
Do ponto de vista histórico, não há dúvida de que a religião
precedeu a ciência. A ciência moderna, que usa o método
experimental baseado na observação, na experiência e na
razão matemática, surgiu só nos séculos XVI e XVII. Com
certeza que a ciência é filha da curiosidade e que a curiosidade
existe desde que o homem existe à superfície do planeta: em
formas embrionárias e rudimentares, é bastante mais antiga
do que a ciência moderna. É bem conhecida a história infeliz
do físico italiano Galileu Galilei, no início do século XVII,
uma história que marcou durante muito tempo as relações
entre ciência e religião. A ciência aparece hoje, muitas vezes,
em oposição à religião muito por causa desse caso.
O que é que aconteceu no tempo de Galileu? A busca de
sentido, o decifrar do mistério, dava‑se
antes do sábio italiano
num território que estava inteiramente unificado e
não compartimentado como está hoje. Ciência e religião
confundiam‑se
em larga medida. O sentido só podia ser um e
o mesmo, sendo dado pelas autoridades da Igreja. São Tomás
de Aquino tinha feito a “quadratura do círculo” ao cristianizar
a filosofia de Aristóteles e as ideias sobre o mundo
estavam bem arrumadas. Com Galileu deu‑se
uma disputa de território. Ele procurou, usando o método científico que
ele próprio desenvolveu, um sentido para o mundo material,
que era diverso daquele do que então era corrente. Mas o
mundo encontrava‑se
descrito nas Sagradas Escrituras. No
Antigo Testamento está escrito, numa passagem muito clara,
que o Sol anda à volta da Terra. Há um milagre, o milagre de
Josué, que consiste na imobilização, por vontade de Deus, do
Sol numa batalha travada pelo povo judeu [7]. Quando Galileu
veio dizer, corroborando Copérnico, um astrónomo que tinha
feito votos religiosos e que de resto dedicou a sua obra maior
ao papa Paulo III, [8] que a realidade é precisamente ao contrário,
ou seja, que a Terra anda à volta do Sol, enquanto o
Sol permanece imóvel, ele estava a afirmar a existência de
uma espécie de milagre permanente, ou melhor, que afinal
não tinha havido aquele milagre. Quer dizer, o mundo não era
como estava nas Escrituras. Mas quem era Galileu para ler as
Escrituras melhor do que os altos dignitários de um tribunal
eclesiástico?
Ocorreu então uma rutura. Não significa isto que, anteriormente,
não tivessem já ressaltado diferenças entre a Bíblia e
as observações empíricas. Por exemplo, já se sabia, na época
de Galileu, que a Terra era redonda. No entanto, há passagens
bíblicas que apontam para uma Terra plana. No século
XVII era bem conhecida a estrutura do cosmos apresentada
na Divina Comédia de Dante na qual o Céu ficava por cima e
o Inferno no interior da Terra: mas esta era esférica! Portanto,
acreditava‑se
não só que a Terra era esférica, mas também
que o lugar final dos pecadores se situava no centro dessa
esfera9. No entanto, a questão de a Terra ser ou não esférica
nunca tinha suscitado qualquer polémica. Em contraste, a
tese do movimento relativo do Sol e da Terra constituiu no
tempo de Galileu um aceso pomo de discórdia.
A questão era, afinal, de autoridade: quem é que podia
fazer as interpretações correctas, ou verdadeiras, do texto
bíblico? A resposta da Igreja era muito clara: Galileu não
tinha o direito de dizer as coisas da Bíblia de uma maneira
diferente daquela que estava na letra do texto sagrado. Já
tinha sido advertido pelo tribunal eclesiástico, num primeiro
julgamento em 1621, de que não podia ensinar as
ideias de Copérnico. E, em 1633, após ter desrespeitado essa
determinação,10 acabou por ser condenado a prisão domiciliária.
Galileu negou as suas convicções, uma posição compreensível
num humano que teme pela vida. Passados 359 anos
ele foi, como se sabe, reabilitado pelo Papa João Paulo II [11]: a
respeito do movimento da Terra, a razão assistia a Galileu e
a Bíblia não podia ser levada à letra em matérias científicas,
até porque não é um livro de ciência.
Hoje é muito claro para nós aquilo que já era claro nessa
época para Galileu. Galileu não só era católico como era também
um homem de profunda fé; curiosamente, a fé dele não
foi abalada pelas provações a que foi submetido no Tribunal
do Santo Ofício. Teve uma fé suficientemente forte para resistir
àquela dolorosa experiência, uma vez que ciência e religião
estavam muito bem arrumadas na cabeça dele. Galileu
dizia que a Bíblia, ou melhor, o Espírito Santo ensina «como
é que se vai para o Céu, mas não ensina como é que vai o
céu». E essa interpretação de Galileu é também a nossa interpretação
hoje: é também a interpretação da Igreja.
No seu livro Breve História da Alma,[12] o cardeal italiano
Gianfranco Ravasi, que dirige o Conselho Pontifício da
Cultura do Vaticano, escreveu que a principal questão era a
de saber quem é que diz o quê sobre o quê. Escreve Ravasi:
«Tinha razão Galileu – que, neste caso, se revelava melhor teólogo do
que os seus opositores teólogos –, quando escrevia ao abade beneditino
Benedetto Castelli palavras esclarecedoras (que depois haveria de repetir
à grã‑duquesa
Cristina de Lorena): “A autoridade do Espírito Santo
teve em mira persuadir os homens sobre aquelas verdades que, sendo
necessárias à sua salvação e superando todo o humano discurso, não
podiam por outra ciência nem por outro meio ser conhecidas a não ser
por boca do mesmo Espírito Santo”. «
Quer dizer, há certas coisas que se podem estudar, através
de determinado método, usando por exemplo um telescópio,
e há outras que tem de ser o próprio Espírito Santo a
falar no interior de cada um. E, para Galileu, as duas abordagens
podiam coexistir perfeitamente, sem azo a quaisquer
dúvidas [13]. Para os seus juízes, elas não podiam coexistir. A
questão está hoje bem resolvida. Por exemplo, em 2009, nos
400 anos das primeiras observações do céu por Galileu, o
Vaticano organizou uma grande exposição sobre Galileu [14].
O físico inglês Isaac Newton, o anglicano profundamente
teísta que sucedeu a Galileu, não colocava em questão que
Deus tivesse criado todo o mundo num momento inicial:
todo o mundo era inequivocamente obra de Deus. Mas dizia
mais: que Deus, continuando presente na atualidade, poderia
intervir, fazendo milagres. E era mesmo necessário que
interviesse, não apenas em assuntos humanos, mas também
em assuntos astronómicos, como, por exemplo, alterando
o movimento das estrelas. Se a força de gravitação universal
atrai todas as estrelas umas para as outras, a certa altura
elas deveriam chocar umas com as outras. O que é poderia
impedir esses choques? Pois apenas uma intervenção divina.
Portanto, os milagres não só eram permitidos, como eram
necessários, no entender de Newton. O sábio passou de resto
uma boa parte da sua vida a fazer interpretações da Bíblia,
que deixou na gaveta (uma atitude prudente, pois muitas dessas
posições eram heterodoxas).
Algumas ideias newtonianas originaram uma grande polémica.
O físico e filósofo alemão Gottfried Leibniz, um dos
opositores de Newton, afirmou que a referida posição newtoniana
não fazia sentido. Ele não podia conceber a existência
de um Deus que corrige continuamente a sua obra, um
Deus que, no início, não criou o mundo de maneira perfeita
e que tinha, por isso, de vir arranjar alguma coisa quando era
preciso [15]. Para Leibniz, Deus tinha de ter criado um mundo
perfeito, só lhe restando descansar eternamente na contemplação
da Sua obra. Não tinha de fazer mais nada, pois, na
Criação, tinha ficado tudo feito. Ao que Newton respondeu,
por interposta pessoa, de uma maneira que coloco em linguagem
coloquial: “Mas isso é uma heresia! Então está a
dizer que Deus não faz actualmente absolutamente nada? Que
Deus não está presente no mundo e é, portanto, inútil?” Esta
foi uma das maiores discussões filosóficas do século XVII.
Nessa época, a distinção entre ciência e religião, que estava
bem organizada na mente de Galileu, não tinha ainda sido
interiorizada por muitos dos seus seguidores. Havia, entre os
cientistas, usando a retórica da ciência, disputas teológicas
sobre o papel de Deus no mundo. A separação que hoje existe
entre ciência e religião estava por surgir.
No século XIX, deflagrou uma outra grande questão, que
veio reavivar o debate ciência‑religião:
a teoria da evolução
de Darwin. De certo modo, o debate anterior tinha sido decidido
no sentido indicado por Leibniz: a organização do mundo
dispensava a intervenção constante de Deus, os tais milagres
de que Newton falava não eram precisos, pois o Demiurgo
tinha criado uma obra perfeita. O astrónomo francês Pierre de
Laplace disse a Napoleão quando ele lhe perguntou por Deus:
“Sir, não tive necessidade dessa hipótese.” O mundo seria uma
máquina perfeita, um relógio mecânico, e, quando muito, precisaria
de Deus apenas no papel do relojoeiro construtor do
mecanismo. Esta visão em que a ciência prevalecia sobre a
religião na descrição e interpretação do mundo, que marcou
todo o Século das Luzes, foi bastante abalada com o debate
sobre a evolução das espécies, incluindo nestas o ser humano.
A origem da Origem das Espécies do naturalista inglês
Charles Darwin [16], sendo complexa, pode colocar‑se
de um
modo simples: Depois de ter realizado a sua viagem à volta
do mundo a bordo do Beagle, Darwin chegou à conclusão
de que todo o variado e exuberante mundo vivo, existente
ou já desaparecido, podia ser visto metaforicamente como
uma grande árvore: há um tronco comum, uns ramos maiores,
outros mais pequenos, não passando a nossa espécie
de um pequeno ramo, relativamente recente, dessa árvore.
Existiram ramos dessa árvore anteriores aos que vemos atualmente.
Darwin, que passou pela ilha Terceira, nos Açores,
no seu regresso a Inglaterra, não sabia nada de ADN, nem
de genoma, que conhecemos hoje e cujas raízes de devem
a um trabalho durante muito tempo ignorado de um frade
agostiniano (o checo Gregor Mendel, no mosteiro de Brno),
mas percebeu, com uma intuição admirável, que existia uma
unidade fundamental no mundo vivo, uma unidade que hoje
está bem comprovada pela genética. A teoria da evolução,
que hoje, nos seus traços gerais, não oferece dúvidas (existem
muitas dúvidas apenas em aspectos particulares), gerou
calorosos debates logo que emergiu, por parecer colidir com
posições religiosas. Qual seria o papel de Deus na criação
do homem se este era descendente de espécies anteriores?
Darwin era uma pessoa com uma formação religiosa: estudou
Teologia em Cambridge, tendo faltado pouco para ser ordenado pastor! Não tendo ele querido intervir neste debate, que
foi muito vivo no seio da Igreja Anglicana, teve pessoas que
o fizeram por ele, como o naturalista inglês Thomas Huxley.
É conhecida a famosa controvérsia em Oxford entre Huxley,
que foi chamado “cão de guarda” de Darwin, e um famoso
bispo anglicano, Samuel Wilberforce, na qual, a dada altura,
este pergunta: “O senhor acha que descende do macaco?
Então, se descende do macaco, acha que é pelo lado do seu
avô ou pelo lado da sua avó?” [17] A resposta de Huxley ficou
famosa: “Se a questão é descender do macaco ou de uma pessoa
que até tem bastantes dotes intelectuais, mas que se serve
desse género de argumentos para distorcer, num assomo de
autoridade, o que é, ou não, matéria de verdade numa discussão
livre, então eu prefiro descender do macaco.”
A discussão à volta da evolução persiste até aos dias de hoje,
de forma muito nítida nalguns segmentos do protestantismo,
principalmente em certas regiões mais conservadoras dos
Estados Unidos. Mas há nesse país uma posição mais difusa
que não se inclina para o naturalismo darwinista: quando se
pergunta a um cidadão comum desse país se a teoria da evolução
explica a origem do homem, ele responderá negativamente
por razões de ordem religiosa. Para o homem comum,
o homem é obra de Deus: se houve evolução, tratou‑se
de uma
evolução sempre com acompanhamento divino. O embate
entre ciência e religião a propósito da evolução evoluiu, mas
não muito: ainda hoje suscita dúvidas em muitas mentes.
Apesar disso, o século XIX parece‑nos
hoje distante.
Foi nesse século que surgiram o positivismo e o cientismo,
que foram por muita gente vistos, com alguma ingenuidade,
como o triunfo da ciência sobre a religião. De facto, hoje
ninguém leva a sério nem o positivismo nem o cientismo. A
ciência triunfou, de facto, mas a religião continua a ter um
papel assaz relevante no mundo. Apesar do crescimento da
secularização nas sociedades ocidentais, é enorme a influência
das Igrejas no mundo de hoje. A maior parte da população
mundial é religiosa: embora exista uma pluralidade de religiões,
o fenómeno religioso é verdadeiramente universal
Tendo falado de tensões históricas entre ciência e religião,
devo acrescentar, para que fique claro, que as duas podem
não só coexistir como até entender‑se.
Os casos de Galileu,
de Newton e de tantos outros (incluindo físicos do século XX
como os alemães Max Planck e Werner Heisenberg [18]) mostram
que é possível uma coexistência pacífica entre as duas
dimensões humanas. Devia ser pacífica. Tem de ser pacífica,
num mundo onde a nossa vida é largamente dominada pela
ciência e onde a nossa acção é fortemente dominada pela
crença.
É São Paulo que fala do “escândalo” da fé [19]. A fé, de algum
modo, é um escândalo, no sentido em que alguns a têm e
outros a não têm. São Paulo não a tinha e passou a tê‑la.
Santo Agostinho não a tinha e passou a tê‑la.
Claro que a
existência de fé tem muito que ver com o ambiente e com
a educação, mas conhecemos muitos contraexemplos: gente
que ganhou fé em ambiente hostil a ela ou que a perdeu em
ambiente favorável. O Padre Halík converteu‑se
em jovem
num ambiente marcado pelo ateísmo comunista. A ciência
pode ser feita por crentes, como o Padre Lemaître, ou por não
crentes, alguns declaradamente ateus, como o biólogo inglês
Richard Dawkins. O conjunto de objectivos que a ciência
persegue e o conjunto de metodologias que usa são hoje completamente
independentes da religião. Podemos, como fez o
biólogo norte‑americano
Stephen Jay Gould, falar de “dois
magistérios que não se sobrepõem”.[20]
Há hoje bastantes cientistas agnósticos e ateus, mas também
há, na população em geral, pessoas com dúvidas sobre
Deus ou que negam a sua existência. Alguns ateus exprimem
o seu ateísmo de forma exagerada, como por exemplo
Dawkins [ 21]. Ele ajudou a promover um anúncio do
Movimento Ateísta nos autocarros no Reino Unido que apregoava:
“Provavelmente Deus não existe. Deixa de te preocupar
e vive a tua vida!” [22] Esse movimento contra a religião já
foi chamado “cruzada”, um nome curioso… Para Dawkins a
religião não só é inútil, m[as] também é prejudicial. O discurso
dele parece‑me
demasiado radical, embora ache interessante
ler os seus escritos.
A Graça não será inata, mas é inerente ao indivíduo que
a possui, no sentido de que este responde a uma voz interior
que o apela. Na estrada de Damasco, Saulo passou a Paulo
ao ouvir o chamamento de Deus: “Saulo, Saulo, porque me
persegues?”[23] A fé não é definitiva: há pessoas que a perderam,
como é o caso de Darwin. A fé do autor da teoria da evolução
foi‑se
erodindo de uma forma lenta e gradual, não querendo
ele causar escândalo com essa sua transição interior. Apenas
exprimiu as suas dúvidas numas notas autobiográficas que
escondeu numa gaveta e que só foram publicadas postumamente [24].
A sua mulher, que era bastante religiosa, terá sentido
a certa altura que o marido já não era o mesmo. Quando se
apercebeu das dúvidas do marido, ficou perplexa. Ela tinha
jurado ficar com ele até que a morte os separasse, mas queria
decerto permanecer unida a ele também após a morte.
O que é acreditar ou não acreditar? Uma pessoa acredita
sempre em qualquer coisa. Há a crença em Deus e há, com
certeza, outros tipos de crença, que podem mesmo recorrer à
palavra “fé”. É evidente que toda a gente acredita nalguma
Ciência e Religião
coisa. Pode‑se
não acreditar no transcendente divino, mas
toda a gente tem crenças mais ou menos arreigadas, acredita
nalguma coisa. Um cientista acredita, por exemplo, no
primado da realidade: ao estudar um certo aspecto, necessariamente
limitado, começa por acreditar numa hipótese,
mas essa crença inicial pode, quando confrontada com a realidade,
revelar‑se
injustificada após a aplicação do método
científico, a combinação de observação, experiência e razão
matemática. Por seu lado, uma pessoa religiosa, que até pode
ser cientista, poderá aduzir alguma razão ou razões para a sua
fé, pois esta não é completamente irracional.
Sobre a crença e a descrença, o padre Halík diz em O
Tempo das Igrejas Vazias [25] que a distinção não é fácil, “pois a
‘fé’ e a ‘dúvida’ estão entrelaçadas de uma maneira complexa
nas atitudes e nas mentes de muitas pessoas de hoje.” Tendo
a concordar: quem é crente, terá sempre alguma descrença, e
quem é descrente, terá sempre alguma crença. Segundo ele,
“entre a fé e o cepticismo pode haver uma valiosa ‘permuta
de dons’ ”. E, mais adiante, no mesmo livro, sustenta que há
um fundo de espiritualidade na população do seu país: “A
sociedade checa é fortemente ‘desigreijada,’ mas não é ateísta.
O maior número de pessoas que não pertencem à Igreja
são os “apateístas” (pessoas indiferentes à religião como a
imaginam ou como a conheceram) e ainda os ‘buscadores
espirituais’, os que creem ‘à sua maneira’ ” [26].
O livro Existe Deus? Um confronto sobre verdade, fé e
ateísmo [27] contém um diálogo muito interessante entre um filósofo
italiano ateu, o italiano Paolo Flores d`Arcais, e um eminente
teólogo católico, o cardeal alemão Joseph Ratzinger,
antes de se tornar Papa sob o nome de Bento XVI, no qual, a
certa altura, o moderador pergunta a d’Arcais: “Então, você
não acredita em nada?” E o filósofo responde: “Quanto à pergunta
que me fez – ‘será possível viver sem fé?’ – falta apenas
pormo‑nos
de acordo sobre a palavra fé. Se, por fé, se entender
qualquer paixão existencial profunda por alguns valores,
que justamente façam da existência própria algo de sensato, e
da nossa relação com os outros algo de significativo, não, não
se pode viver sem fé; mas esta seria, na realidade, uma definição
de fé incrivelmente genérica.” Com certeza que os seres
humanos partilham valores humanos. Toda a gente partilha
valores, embora não necessariamente coincidentes, sobre o
bem e o mal, o justo e o injusto, etc. Para mim, essa destrinça
não é exclusiva de nenhuma religião. Julgo que apartar a ética
da religião é um passo no bom sentido. A religião pode dar
contributos para a ética, mas não pode ser a única fonte dela.
Albert Einstein disse isso mesmo de uma forma muito
clara: “Não há nada de divino na moralidade; é uma questão
puramente humana” [28]. Ele considerava‑se
uma pessoa religiosa,
mas não no sentido de acreditar num Deus pessoal, no
Deus do Antigo Testamento, o Deus dos judeus e dos cristãos,
o Deus que se revela aos homens e que fala com os
homens, o Deus cujo filho morreu na cruz [29]. Para Einstein, o
“Deus pessoal” não fazia sentido, mas já fazia sentido considerar
transcendente a harmonia do mundo, expressa nas
leis fundamentais da Física. É, convenhamos, uma visão um
pouco panteísta, na linha de Bento Espinosa, o judeu herético
holandês de origem portuguesa. Einstein tinha uma tal
ligação interior a essa harmonia do mundo, que a considerava
algo de religioso. Era o “Mistério”, com maiúsculas.
E Einstein não se importava de descrever a reverência que
sentia perante esse Mistério como uma forma de religião. Forçoso é reconhecer que essa ligação ao transcendente pode
não ser acessível a toda a gente. É como se Einstein fosse
crente de uma Igreja com um só membro que era apenas ele
próprio e isso não é, de facto, uma religião. Um Deus pessoal
é bem mais acessível à maioria das pessoas. Para quem não
conseguisse aceder a esta ligação profunda entre o cérebro
e a harmonia do mundo físico, Einstein considerava útil a
ligação a alguma das religiões, digamos “convencionais”, do
leque das várias religiões professadas e ensinadas. O sábio
nasceu, na Alemanha, de uma família judaica, mas aprendeu
também o catecismo católico. Contudo, na adolescência, largou
as formas convencionais de religião: nunca entrou, por
exemplo, numa sinagoga para rezar. Ele reconhecia que a
religião, no sentido comum do termo, era algo de natural no
ser humano, algo útil na organização social, mas não sentia
necessidade dela.
Julgo que Einstein teria estado de acordo com Paolo Flores
d’Arcais quando ele afirmou no seu diálogo com Ratzinger:
“Se, por fé, se entender uma crença religiosa, respondo tranquilamente
que sim, é possível viver sem fé; a fé não é necessária
para dar sentido à própria existência. Pode‑se
conferir
sentido à existência de muitas formas.”[30]
É interessante a resposta de Ratzinger: “Creio que pode
haver convicções fundamentais sobre os valores que dão
sentido à vida e que tornam possível uma convivência digna
neste mundo. E aqui podemos militar juntos. Eu diria: lutar
contra a intolerância, contra todo o tipo de fanatismo, que
sempre retornam. E também o compromisso a favor da
dignidade do homem, em prol da liberdade, da generosidade
para com os pobres, para com os necessitados.” [31]
Num mundo em que ciência e religião estão separadas,
por que razão o diálogo entre as duas é não apenas útil, mas
também necessário? Estou em crer que cientistas e teólogos– ambos seres humanos, que vivem em sociedade – ganham
em saírem das respetivas esferas e de se interrogarem sobre
aquilo que, da sua própria experiência, pode e deve ser partilhado
pelos outros. Não é difícil encontrar valores comuns:
tolerância, liberdade, dignidade, generosidade.
As contribuições da ciência a respeito do mundo natural
são muito úteis, por vezes mesmo indispensáveis, como
vemos com a pandemia que nos aflige. Se estamos a falar de
problemas de base científica – por exemplo, hoje colocam‑se
as questões da manipulação genética, da inteligência artificial,
das alterações climáticas, etc. –, a ciência faz afirmações
relevantes, diz como se faz ou como se pode fazer. Não
compete aos cientistas, ou pelo menos não compete só a eles
(sendo cientistas, são também cidadãos), dizer o que se deve
fazer com as possibilidades que a ciência oferece. “Saber
é poder” – disse o jurista e filósofo inglês Francis Bacon, {32]
contemporâneo de Galileu –, mas julgo que seria perigoso
entregar o governo aos cientistas. A ciência fornece aos
humanos conhecimentos, mas não fornece os valores humanos.
Quando entramos na questão dos valores, da ética, com
certeza que a religião tem contribuições a dar. Os teólogos, as
pessoas que estudam religião e que tentam interpretá‑la,
têm
coisas a dizer sobre a Humanidade que vão além do domínio
estrito da sua religião. E a questão das orientações a dar à
nossa vida conjunta é algo que nos deve envolver a todos.
Se ciência e religião são características do ser humano,
que podem surgir na mesma pessoa (já referi o Padre
Georges Lemaître, um dos autores da teoria do Big Bang,
mas posso acrescentar o jesuíta italiano Guy Consolgmano,
director do Observatório Astronómico do Vaticano, [33] entre
outros), a conjugação das duas pode ser por vezes necessária,
designadamente quando é o futuro do ser humano que
está em causa. E dou um exemplo actual: a sobrevivência
da espécie humana num planeta ameaçado pelas alterações
climáticas. Constituímos a maior ameaça para a Terra, que
é como quem diz para nós próprios. Hoje, quando estamos
a discutir essa ameaça, as contribuições da Igreja Católica,
transmitidas, entre outros sítios, pela encíclica Laudato Sì, [34]
do Papa Francisco, revelam‑se
preciosas. Escreveu o Papa
nesse documento: “Lanço um convite urgente a renovar o
diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro
do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos,
porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes
humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”. A
Terra, vista ao longe, é um “ponto azul‑claro”
– mas é nesse
ponto onde se criaram extraordinárias teorias científicas, portentosas
filosofias, espantosas obras de arte e onde também
se travaram horríveis guerras mundiais. Vista ao longe, nada
disso se vê! Somos todos habitantes deste minúsculo ponto.
De um ponto de vista cósmico, o nosso planeta não passa
de um pontinho. Podemos comparar a Terra no espaço com
as ilhas açorianas, muito pequenas no vasto mar atlântico,
embora se trate de uma metáfora com as suas limitações…
Qual é o futuro da Terra? Todos os habitantes da Terra têm
responsabilidade nesse futuro. Somos, tanto quanto sabemos,
a única parte do mundo que percebe o vasto mundo no qual
se situa a Terra. Não sabemos se há vida inteligente noutros
lados, nem sequer sabemos se há vida tout court noutros lados.
Mas nós, embora por vezes não pareça, somos inteligentes. A
nossa espécie chama‑se
Homo sapiens. Percebemos muitas
coisas: percebemos, por exemplo, qual é a relação entre o Sol
e a Terra e, nos seus traços gerais, como ocorreu a origem das
espécies. Queremos perceber mais. E queremos viver melhor,
o que significa desde logo viver em paz e fraternidade. Não só para a nossa sobrevivência colectiva, mas para uma vida
decente em conjunto, ciência e religião têm de falar uma com
a outra.
Carl Sagan foi o astrofísico norte‑americano
que cunhou
a expressão “o ponto azul‑claro”
[35] para designar a Terra vista
ao longe. Ele gostava de ouvir os outros e de falar com os
outros. Por isso, mesmo sendo agnóstico, procurou líderes
religiosos para falar sobre o futuro da Terra, na altura ameaçada
por um holocausto nuclear, por se viver em plena guerra
fria. Ele dizia que todos somos precisos, no que toca ao futuro
da espécie e do planeta. Hoje estamos perante uma crise
global, a da pandemia, mas há outra maior, a das alterações
climáticas, à qual temos de responder em conjunto. A nossa
compreensão e a nossa acção poder‑nos‑ão
valer uma vida
futura com qualidade se soubermos reagir solidariamente, se
formos movidos por valores comuns.
O bem e o amor são, decerto, valores comuns, que nos
podem unir. A relação com o próximo é uma relação que tem
de ser construída dia a dia com base nesses valores. Sagan
disse: “Se um ser humano discorda de vós, deixem‑no
viver.
Nos cem mil milhões de galáxias, não encontrarão outro”.36 E
eu poderia acrescentar, parafraseando‑o,
com uma inspiração
obviamente cristã: “Ama o teu próximo. Num raio de muitos
anos‑luz
não encontrarás outro.”
[36]
Referências:
1 Tomáš Halík, A Noite do Confessor. Lisboa 2014, p. 109 e ss.
2 Idem, p. 127.
3 Pio XII, «The Proofs for the Existence of God in the Light of Modern
Natural Science» (1951): https://inters.org/pius‑xii‑speech-
1952-
proofs‑god
4 P.-de Felipe – P. Bourdon – E. P. & Riaza, (2015). «Georges
Lemaître’s 1936 Lecture on Science and Faith», in Science &
Christian Belief 27 (2015) 154-179. Ver meu artigo “O eclipse,
Einstein e Deus” no portal Ponto SJ , https://pontosj.pt/opiniao/o-
‑eclipse‑einstein‑e‑deus/.
5 Tomáš Halík, ibidem, p. 112.
6. Erwin Schroedinger, A Natureza e os Gregos e Ciência e Humanismo.Lisboa 1999, p. 99. Cf. Carlos Fiolhais, «Ciência e humanismo: avisão da ciência de Erwin Schrödinger”», in Biblos, Nova série, (2015) 127-151 (http://hdl.handle.net/10316/40714).
7 Jos. 10,12.
8 Nicolau Copérnico, Da Revolução dos Orbes Celestes, Lisboa
20143.
9 Steven Weinberg, «Without God», New York Review of Books,
25/09/2008, https://www.nybooks.com/articles/2008/09/25/withoutgod/.
50
10 Galileu Galilei, Diálogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada),
Lisboa 1979.
11 https://apnews.com/article/0f3faa3ef29f5784d137a0d8c399e29e .
12 Gianfranco Ravasi, Breve História da Alma, Lisboa 2011, p. 228.
13 Galileu Galilei, Ciência e Fé, 2.ª ed., Rio de Janeiro 2009.
14 Ileana Chinnici (ed.), Astrum 2008, Vaticano 2009.
15 Alexandre Koyré, Do mundo fechado ao Universo infinito, Lisboa
2001, Cap. XI: «O deus da Semana e o Deus do Sabá»
16 Charles Darwin, A Origem das Espécies. Lisboa 2011.
17 https://en.wikipedia.org/wiki/1860_Oxford_evolution_debate
18 Carlos Fiolhais, «A Ciência e o Divino», in Anselmo Borges (coord.), Deus ainda tem futuro?, Lisboa 2014, 53-70. http://hdl.handle.net/10316/41138.
19 1 Cor. 1, 23.
20 Stephen Jay Gould, Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life, New York 2002.
21 Richard Dawkins, A Desilusão de Deus, Lisboa 2018.
22 https://en.wikipedia.org/wiki/Atheist_Bus_Campaign
23 Act. 9, 4.
24 Charles Darwin, Autobiografia, Lisboa 2004.
25 Tomáš Halík, O Tempo das Igrejas Vazias, Lisboa 2021, p. 18.
26 Idem, p. 19.
27 Joseph Ratzinger – P. Flores d’Arcais, Existe Deus? Um confronto
sobre verdade, fé e ateísmo, Lisboa 2009, p. 22.
28 Albert Einstein, Citações de Albert Einstein. A Coletânea Definitiva, Lisboa 2018, p. 338.
29 Max Jammer, Einstein e a Religião. Rio de Janeiro 2000. Cf. Carlos Fiolhais, «Einstein e a Religião», in Estudos, Nova série, 4 (2005) 323-329.
30 Joseph Ratzinger – P. Flores d’Arcais, ibidem.
31 Idem, p. 24
32 Carlos Fiolhais, «Saber e poder ou a modernidade de Sir Francis
Bacon», Actas dos 2.ºs Cursos Internacionais de Verão de
Cascais (1996). Cascais 1997, vol. 2, 155-172, http://hdl.handle.
net/10316/40922.
33 Guy Consolmagno, A Mecânica de Deus, Mem Martins 2009.
34 Papa Francisco, Laudato Sì, Lisboa 2015.
35 Carl Sagan, O Ponto Azul‑claro, Lisboa 2011.
36 Carl Sagan, Cosmos, Lisboa 2001, p. 339. Cf. Carlos Fiolhais, «Em
busca de sentido: Ciência e Religião», in Secretariado Diocesano de
Evangelização e Catequese de Coimbra, Em busca de um sentido:
ateísmo e crença na construção da pessoa que ama, Coimbra 2011,
http://hdl.handle.net/10316/40693.