quarta-feira, 29 de julho de 2020

PROMESSA DE NÃO VOLTAR A UM TEMPO PERDIDO

Em democracia é muito importante perceber 
o peso da comunicação social e saber lidar com ela” 
(Marcelo Rebelo de Sousa, “Público”, 27/10/2018).

Quiçá por a ADSE poder pensar que a minha voz de burro não chega ao seu Olimpo, mas como para mim, simples mortal, ser a teimosia uma das características  predominante  deste simpático animal, volto a uma pugna derradeira com respaldo na advertência de Rui Barbosa de que ”maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado“, levantando-me  da lona do ringue para evitar um K.O.! 

“Et pour cause”, encontrando-me por maus fados, ainda que meio atordoado prossigo, em derradeira tentativa, na minha luta inglória contra adversários poderosos para não defraudar conselhos que me deram nesse sentido enviando-me endereços de entidades a quem dirigir as minhas queixas. Aliás, queixas por mim já feitas com excepção da Deco.

Nos combates com a ADSE foram muitos os socos desleais  que levei  nos queixos sem  eu um sequer ter conseguido dar perante o poder de esquiva desta entidade assistencial. Decididamente, para não me tonar num saco de box aqui deixo a minha promessa de não voltar a um assunto com barbas brancas  de tempo perdido
.
A minha maior desilusão  sofria-a  de onde menos esperava. Por ouvir dizer que, por vezes, questões que punham o simples cidadão em confronto com o governo eram solucionadas por intervenção directa  de Salazar, esperançado,  antes de abandonar o  proscénio em que me foi destinado o papel de “Cavaleiro da Triste Figura” lutando contra moinhos de vento, escrevi uma "Carta Aberta ao Presidente da República" (“Diário  as Beiras”, 26/10/2017), em que resumidamente dizia:

Auferindo minha mulher uma pequena pensão da Segurança Social, cerca de metade do ordenado mínimo nacional, por sociedade numa pequena empresa, após 12 anos contributivos, em ofício datado de 17 de Outubro de 2016, informa-a a ADSE da inviabilização da respectiva manutenção de cônjuge de beneficiário titular com suporte na disposição do artigo  7.º do Decreto-Lei 118/83, de 25 de Fevereiro.

Por ser esse o móbil das minhas muitas queixas, endossei uma exposição à ADSE em que apresentei um relatório médico, emanado do Cento de Reabilitação Rovisco Pais, atestando  a sua “necessidade de vigilância médica e tratamentos  constantes por tetraplegia incompleta secundária a mielomalacia.

Reportava-se a essência da minha questão em saber se esta determinação se aplicava, apenas, a futuras inscrições sem efeitos rectroactivos, não abrangendo, consequentemente,  o caso de minha mulher inscrita na ADSE como cônjuge de benificiário titular desde o ano de 1975.Com respaldo numa questão controversa, ente os próprios juristas, dispus-me, com respaldo no humanismo do Presidente da República, em dar-lhe  conhecimento público da impossibilidade dos inscritos na ADSE continuarem com estatuto dos cônjuges de beneficiários titulares na parte derradeira das suas vidas.

Possivelmente por querer a douta ADSE  associar aos meus diplomas académicos  o diploma da ignorância de não  saber interpretar os respectivos textos legislativos, resolve ela o caso enviando-me para uma espécie de revisão da matéria dada envolvendo a legislação que eu contestava.

Este desolador estado de coisas decorre num pais que não nos dá a garantia que actos que atentam contra a dignidade humana, perpetrados pelos poderosos contra os cidadãos mais desprotegidos, não aconteçam  porque, segundo Bagão Félix, "estão velhos e doentes, estão sós, não têm voz, não têm lobbies, não têm escritórios de advogados, não têm banqueiros".

Entretanto, fingir dar voz aos injustiçado fazendo orelhas moucas ao que eles dizem é abrir as portas  a uma  perigosa ditadura,  a ditadura do quero, posso e mando!

DA MELANCOLIA - ORIGINAL É A CULTURA

Talk - show cultural da SIC em que participo: o programa de sábado passado foi sobre a melancolia. Mas foi pouco melancólico... veja aqui:

O CAMINHO DE FERNANDO


Meu artigo no último JL:

Corria o ano de 1212 quando Fernando de Bulhões, nascido em Lisboa 17 anos antes, fez a primeira viagem da sua vida. Caminhou, como era uso na época, de Lisboa até Coimbra, desde o Mosteiro de São Vicente de Fora, para o Mosteiro da Santa Cruz, os dois da Ordem dos Cónegos Regulares de Santa Cruz. Queria fugir do bulício da capital, onde a proximidade da família impedia o recolhimento que desejava. Deixou de ler na boa biblioteca dos crúzios em Lisboa para passar a ler noutra que não lhe ficava atrás (e que o jovem bibliotecário Alexandre Herculano, quando foram abolidas as ordens religiosas em 1834, carregou para o Porto). Fernando tornar-se-ia António faz agora 800 anos, quando se mudou de Santa Cruz, na Baixa coimbrã, para um eremitério nos arredores da urbe, cujo orago era Santo Antão, que estava ocupado por estranhos frades vindo de Itália, da nova ordem que tinha sido fundada em 1209 por Francisco de Assis. No sítio está hoje a Igreja de Santo António dos Olivais, pois o nome universal do então novo franciscano é Santo António.

A sua viagem de Lisboa para Coimbra terá demorado oito dias, cerca de 25 quilómetros por dia. Oito séculos mais tarde o escritor-caminhante Gonçalo Cadilhe repetiu o trajecto, adivinhando o seu pormenor, na falta de relato directo. Deve ter ido, em parte por aquilo que é o Caminho Português de Santiago (Caminho Central), já então percorrido, que passa por Santarém, Tomar e Alvaiázere. O resultado é o interessantíssimo livro que acaba de sair no Clube de Autor com o título Por este reino acima e subtítulo No primeiro trekking da História de Portugal. Li-o em menos tempo do que demora a ir a pé de Lisboa a Vila Franca de Xira.

O livro de Cadilhe esteve para se chamar, revela o autor na introdução, O caminho do pequeno António. Será talvez um exagero chamar “pequeno” ao “jovem” que fez a viagem. Tendo falecido com 35 anos (acima da média da idade na Idade Média), estava então a meio da sua vida: teria cerca de 40 anos se quisermos colocá-lo nos tempos de hoje, em que a longevidade ultrapassa os 80 anos. O título que ficou definitivo é forte, evoca Fausto, não o de Goethe, mas o Bordalo Dias. De facto, uma parte da viagem foi feita literalmente por esse rio acima, numa barcaça a subir o Tejo até Valada do Ribatejo.  

Eu já conhecia a prosa escorreita do escritor da Figueira da Foz, autor de 13 outros livros de viagens. Em particular, tinha lido Nos Passos de Santo António. Uma viagem medieval, saído em 2016 também no Clube de Autor, no qual Cadilhe conta a revisitação que empreendeu do percurso de vida de Santo António. O frade, muito impressionado com o caso de seis franciscanos mortos em África (os “mártires de Marrocos”), decidiu percorrer o caminho inverso ao da sua vinda de Lisboa (o caminho de Fernando tornou-se o caminho de António) e prosseguir para Sul, com a ânsia de converter o Magreb. Uma doença grave fê-lo, porém, voltar para trás. Não voltou, porque uma tempestade violenta no Mediterrâneo levou-o até à Sicília e daí, por essa Itália acima, caminhou até Assis, onde conheceu o fundador da ordem que tinha feito sua. Mais tarde faria uma longa viagem ao Sul de França, onde a heresia cátara se tinha espalhado no século anterior, num percurso que Cadilhe refez (um ponto alto do seu livro, em sentidos real e figurado, é a sua passagem dos Alpes). Os últimos anos da vida de António são bem conhecidos, pois a sua fama de pregador e milagreiro não parava de crescer (quem não conheça a biografia leia Santo António, de Agustina Bessa-Luís, que acaba de sair na Relógio d’Água). Morreu nas imediações de Pádua, a 13 de Junho de 1231. É por isso que o poeta Pessoa, nascido em Lisboa nesse mesmo dia do ano, foi baptizado com o nome de Fernando António. Santo António tornou-se, rapidamente, no português mais global de todos os tempos (rivalizará, nesse título, apenas com Fernão de Magalhães, cuja rota à volta do mundo Cadilhe também seguiu, relatando-a num outro livro, Nos Passos de Magalhães).

O século XIII, em plena Idade Média Cristã, foi um período extraordinário. Nele viveu um outro português global, Pedro Julião ou Hispano, também de Lisboa, que foi em 1276-77 o único papa português, sob o nome de João XXI. Pedro Hispano terá tido como condiscípulos na Universidade de Paris grandes nomes da Igreja: São Tomás de Aquino, dominicano, e São Boaventura, franciscano. António, tendo-se alimentado das bibliotecas monásticas portuguesas, também foi um académico nas universidades de Bolonha, Toulouse e Montpellier. Os sermões que chegaram até nós são bastante eruditos. A universidade é, de resto, um dos maiores legados medievais: a primeira, entre nós, foi criada em Lisboa em 1290, a pedido dos priores de São Vicente de Fora e de Santa Cruz, entre outros, e está hoje em Coimbra. Andou, durante a Idade Média, entre Lisboa e Coimbra. Sempre me interroguei como é que a Universidade veio de Lisboa para Coimbra. Agora já sei: os poucos mestres e discípulos vieram a pé pelo caminho que Cadilhe descreve. Não se pode dizer que a Universidade estava parada.

Numa longa viagem há tempo para observar, conversar, reflectir. E há surpresas. Destaco dois episódios pícaros: o encontro matinal do caminhante com dois bêbedos em Azinhaga do Ribatejo (eu diria que na Idade Média os antepassados daqueles ébrios já bebiam) e o encontro de um sofá à porta de um cemitério em Casais, Tomar (aí a morte bem pode esperar sentada). Qual foi para o autor a melhor etapa da sua viagem? Encontrou, quase no fim, de Fonte Coberta para Conímbriga, “o troço mais arrebatador, emblemático e gratificante de toda a caminhada.” Eu, que conheço essa parte do trajecto, não o posso desmentir.

A marcha do tempo é um caminho de avanço da velocidade. Em 1798 a primeira mala-posta demorou 40 horas de Lisboa a Coimbra. Quando, em 1884, o primeiro comboio chegou, vindo de Santa Apolónia, a Coimbra B, levava mais de três horas de viagem. Hoje regresso de Lisboa a Coimbra pela A1 em menos de duas horas e acho que nunca mais chego a casa. Vivemos com a fúria da velocidade.

Em 1909, o italiano Marinetti glorificou no seu Manifesto Futurista a “beleza da velocidade”: “Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que corre sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.” Escreveu Álvaro de Campos, o engenheiro seduzido por Marinetti: “Numa velocidade crescente, insistente, violenta, Hup-la hup-la hup-la hup-la.” Alberto Caeiro, em contraste, criticou a pressa:Não tenho pressa. Pressa de quê?/ Não têm pressa o sol e a lua: estão certos./ Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,/ Ou que, dando um pulo, passa por cima da sombra. Não; não sei ter pressa.” Gonçalo Cadilhe, ao propor-nos este trekking que nos permite recuar à Idade Média, não faz mais do que exaltar a beleza da lentidão, uma beleza de que necessitamos.

Carlos Fiolhais


NOVAS ENTRADAS NA BIBLIOTECA ”CORONA”


Meu último artigo no jornal "As Artes entre as Letras"

Na minha última contribuição para As Artes entre as Letras, deixei o registo de meia dúzia de livros sobre a pandemia que nos últimos meses invadiu o mundo. O número de infectados com o coronavírus e de vítimas mortais tem crescido de modo impressionante. À hora a que escrevo esses valores são, respectivamente e em números redondos, quinze milhões e seiscentos mil. Vivemos num tempo de incerteza: quando a primeira vaga assola com muita força países como os Estados Unidos, o Brasil e a Índia, cada um deles com mais de um milhão de casos de infecção, multiplicam-se as vozes sobre uma eventual segunda vaga. Não sabemos como vai ser.

A pandemia tem facetas científicas e sanitárias, mas também económicas, sociológicas, políticas e filosóficas. A crise vai continuar connosco durante mais algum tempo e com ela a necessidade de reflectir sobre algumas mudanças sociais e políticas. Embora a doença tenha felizmente diminuído em Portugal, ela ainda nos dá razões para preocupação. E o impacto económico, sendo já claro que é enorme, tem ainda uma amplitude bastante incerta. Está a crescer, como é natural, o número de livros sobre a pandemia. Venho acrescentar mais alguns títulos que entretanto vieram a lume em português e que aqui ordenarei por ordem alfabética do apelido do autor.

- Donatella Di Cesare, Vírus soberano? A asfixia capitalista. Edições 70. A autora, professora de Filosofia na Universidade “La Sapienza” de Roma e intelectual pública que tem estudado a violência, os emigrantes e a identidade, reflecte sobre o impacto do vírus, que ela designa de “soberano” devido à sua “corona”, nas nossas vidas. Apesar de Di Cesare estar amplamente traduzida, é o seu primeiro livro em português europeu. A tradução é de António Guerreiro, o crítico cultural do suplemento ípsilon do jornal Público  e da revista Electra da Fundação EDP. O livro foi, de resto, distribuído com o Público.

- Daniel Defoe, Diário da peste, Clássica Editora. Um clássico literário sobre epidemias do autor de Robinson Crusoe. O escritor e jornalista inglês foi testemunha da peste negra de Londres de 1665, que ele aqui descreve num livro cuja primeira edição é de 1722. Existe uma edição portuguesa deste livro com tradução do escritor João Gaspar Simões (Diário da Peste de Londres, Presença, 1964), mas só se encontra, e com muita sorte, nos alfarrabistas. A tradução da nova edição é de Maria João Bento, sendo a introdução do escritor inglês Anthony Burgess, o autor de Laranja Mecânica.

- Miguel Valle de Figueiredo (fotografias) e  Bruno Vieira Amaral (texto), Cidade suspensa. Lisboa em estado de emergência. Fundação Francisco Manuel dos Santos. Uma obra, da colecção “Retratos” daquelas Fundação, de algum modo semelhante à que a Guerra e Paz publicou da autoria de Inácio Ludgero (fotógrafo) e José Jorge Letria (escritor), pois se trata de documentar o vazio que se abateu subitamente sobre os espaços urbanos. As legendas de Vieira Amaral começam como na Bíblia: “Naquele tempo,….” O valor da venda do livro reverte integralmente para o livreiro, constituindo uma pequena contribuição para um sector em crise.

- Bernard-Henri Lévy, Este vírus que nos enlouquece, Guerra e Paz. Mais um “livro vermelho” da Guerra e Paz, pequenos textos de pensadores conhecidos, em que o filósofo francês,  nascido na Argélia como Albert Camus,  cujas posições têm suscitado ampla polémica (incluindo ataques com uma torta na cara), se insurge contra aqueles “que querem aproveitar o coronavírus para arrasar o que a civilização ocidental tem de melhor” (da sinopse). A tradução é de João Luís Zamith e André Tavares Marçal

- Igor Prokopenko, Coronavírus, um vírus assassino. Vírus desconhecido ou arma biológica? Marcador. Este livro de um jornalista televisivo russo que é responsável por um programa sobre “segredos militares” é lixo. Mete invasores do espaço e tudo… O leitor não acredita? Pois na p. 26, pode ler-se: “Os cientistas encaram seriamente a origem extraterrestre do novo coronavírus chinês”. É uma vergonha para a Marcador, que pertence ao grupo Presença, ter publicado esta obra. O tradutor António Pescada é um bom profissional, que  já nos tem dado  o melhor da literatura russa (venceu o Grande Prémio de Tradução da Associação Portuguesa de Tradutores de 2018 por traduções suas de Dostoievski e Soljenitsin), mas isto é do pior que a Rússia de Putin nos pode dar: desinformação, ou, como agora se diz, “fake news.”

- Vários, Bode Inspiratório, Escape Goat, Um folhetim criado por 46 escritores durante a pandemia de Covid-19, Relógio d’Água. As regras deste jogo literário, que tem uma edição bilingue, são simples: um começa e o seguinte tem de continuar. Começou Mário de Carvalho e acabou Luísa Costa Gomes, passando a corrente por Afonso Cruz, Cristina Carvalho, José Mário Silva, Gonçalo M. Tavares, Rui Zink, etc. Deve ter sido uma boa reinação, durante o confinamento, a escrita de uma história a várias mãos, com cada autor a tentar dificultar a continuação pelo seguinte. A introdução é da escritora Ana Margarida Carvalho filha do primeiro (“filha de peixe…”).

- Vários, Ressurgir, 40 perguntas sobre a pandemia, Paulinas, coordenação de Artur Morão, Diana Ferreira, Mendo Henriques e Nuno André. Trata-se de um grande conjunto de depoimentos de vozes nacionais, alguns co-autores e outros ditos colaboradores especiais, organizadas por cinco temas: Vida, Saúde e Solidariedade; Pessoal - Familiar; Ciência, Informação e Cultura; Economia Sustentável; e Espiritualidade. A capa traz um quadro renascentista da arca de Noé.

- Ivan Krastev. O Futuro por Contar. Como a pandemia vai mudar o nosso mundo, Objectiva. Da autoria de um conceituado cientista político búlgaro,  investigador do Instituto de Ciências Humanas de Viena, que tem uma coluna na edição internacional do New York Times, e autor entre outras obras de After Europe. Neste seu primeiro livro em português, analisa o impacto do vírus na globalização, na geoestratégia mundial e, em particular, no projecto europeu.

Tanta coisa dita e tanta coisa ainda por dizer. Fico com a ideia de que esta biblioteca, a que chamo por simplicidade “Corona,” ainda vai no seu início.

Boas férias e muita saúde! 

NOVIDADES EDITORIAIS CLASSICADIGITALIA

Série “DIAITA - Scripta & Realia” [textos]

- Nelson Ferreira, Galeno de Pérgamo. As faculdades dos alimentos. Livro I (De alimentorum facultatibus I). Tradução, estudo e notas, com revisão de terminologia botânica por Jorge Paiva (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020) 218 p.

[O presente livro apresenta a primeira tradução para português do livro I de uma das obras mais relevantes de Galeno de Pérgamo. Este tratado sobre as propriedades dos alimentos oferece uma visão geral do saber de Galeno sobre as ciências naturais, mais precisamente no âmbito do domínio da medicina e do conhecimento empírico sobre as propriedades da comida e da fisiologia. Ao abordar a natureza das coisas, Galeno tende a usar um processo analítico baseado na relação entre diferentes elementos que interagem em um sistema particular. Relativamente aos antigos hábitos alimentares e à saúde, este modo de obter informação e formular hipóteses tem potencial para gerar hierarquias e está atestado no De alimentorum facultatibus I, no qual os alimentos são avaliados considerando o resultado particular do seu efeito no metabolismo de um paciente. Em suma, este livro é um paradigma da ciência de Galeno e pode explicar por si só o impacto de Galeno na ciência moderna.]

 Série “Investigação” [Estudos]

- António Rebelo & Carlota Miranda Urbano (coords.). Isabel, Rainha e Santa: pervivência de um culto centenário (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020). 310 p.

[O culto da santidade e das relíquias constitui um fenómeno de notável fecundidade, não só no domínio religioso, mas no domínio artístico e literário, social e político. D. Isabel de Aragão foi uma figura notável no seu tempo e o culto que nasceu em torno da sua figura e das suas relíquias conheceria um progresso sem retorno. Este livro estuda diferentes manifestações do fenómeno desde a morte da Rainha até à modernidade, nas implicações teológico-espirituais do culto das relíquias, no estudo da espiritualidade mendicante que inspirou D. Isabel, no de obras de arte, como o primeiro túmulo da Rainha, ou da literatura celebrativa do seu heroísmo, passando pela leitura de fontes documentais reveladoras das circunstâncias históricas, sociais e políticas da evolução do culto da Rainha Santa no Mosteiro de Santa Clara, no Colégio das Artes, na Universidade e na cidade de Coimbra.]

Leoncio López Ocón Cabrera - Enseñanza de las Ciencias

Memória e Cidadania

Tomamos a liberdade de reproduzir, com um título adaptado, uma parte substancial do texto O futuro das Humanidades e a Cidadania e Desenvolvimento que desejamos, escrito por Margarida Miranda, classicista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, cuja pertinência e interesse não poderia ser maior, num momento em que a destruição da memória colectiva em nome de valores de cidadania é um realidade crescente e, admitamo-lo, assustadora. 

Corroboramos em especial a ideia de que a educação para a cidadania incide na formação do carácter, tendo, portanto, em vista o aperfeiçoamento das virtudes que o constituem. E não, não se trata de defender a imposição ideológica, cuja base é o doutrinamento; trata-se de defender o conhecimento que permite escolher, em liberdade, a acção, tanto quanto isso é possível.

Maria Helena Damião e Isaltina Martins

De onde vem este impulso de apagamento da memória e de destruição? Qual é o ideal em nome do qual lutam? A justiça? 
Chamou-me a atenção um livro recentemente publicado por um professor de Harvard que retoma a questão da defesa das Humanidades em ordem ao pensamento político: James Hankins, Virtue Politics: Soulcraft and Statecraft in Renaissance Italy (Harvard University Press, 2019). Quem assiste a este regresso dos bárbaros ao Ocidente não lhe pode ficar indiferente. 
O livro Política de Virtudes salienta o papel essencial da formação do carácter na formação da sociedade, tanto dos cidadãos como dos seus líderes. Segundo este eminente historiador, o que mais preocupava os humanistas do Renascimento não era reformar leis ou instituições, mas moldar os cidadãos. E fizeram-no através de um novo programa de educação a que chamaram studia humanitatis ou artes humaniores (hoje humanidades ou liberal arts).
Com esta expressão anunciavam que o conhecimento das letras e das artes tornava os homens ‘mais humanos’, dando-lhes a conhecer a sua própria natureza. Para o ‘humanista’, o studium (que em latim significa dedicação, amor, zelo) era a nova forma de dignificação do homem. Os studia humanitatis seriam assim o zelo ou dedicação ao que é humano. 
Do ponto de vista ético, era algo inovador: a elevação do homem à uirtus era alcançada pelo studium (o esforço individual, o talento e o trabalho), e não pela linhagem ou por qualquer outra sorte de privilégios sociais. 
É assim que se entende o binómio inseparável virtus et litterae dos colégios da Companhia de Jesus – instituições criadas para concretizar este ideal da humanitas comum, inseparável das litterae. O amor pelo saber conduzia à excelência moral, ou seja, à virtus. 
Para os humanistas, a legitimidade do governante provinha acima de tudo das virtudes do seu carácter. E assim respondiam a questões ancestrais do debate político: Como se reconhece um mau governante? Pode um bom homem servir um regime corrupto? Que virtudes são necessárias a um líder? Qual é a fonte de legitimidade política? 
Hoje temos uma vaga ideia de que uma pessoa que estudou numa Faculdade de Letras sabe falar mais além do seu mundo técnico-profissional, é uma companhia mais interessante para jantar, publica até uns livros de poesia, sabe tudo sobre feminismo e igualdade de género, e cumpre todos os dogmas do politicamente correcto. Porém, quando se trata de fazer uma carreira ou de governar o mundo, não temos uma visão séria sobre o que deve ser a educação em humanidades, nem sobre o lugar da memória colectiva num programa de estudos. A chamada educação liberal foi progressivamente enfraquecida e desqualificada.  
O mesmo James Hankins afirma que a ‘hermenêutica da suspeita’ da nova esquerda politizou a educação humanística. E começou a acusar a educação liberal e os livros do cânone de serem bastiões de privilégios; a afirmar que o verdadeiro objectivo daquela educação era manter as barreiras de classe; e que a tradição ocidental não passava de uma construção ideológica feita por intelectuais do regime, ao serviço do poder.  
Quando se trata de fazer uma carreira ou de governar o mundo, não temos uma visão séria sobre o que deve ser a educação em humanidades, nem sobre o lugar da memória colectiva num programa de estudos. A independência do corpo docente – continua – foi gradualmente desmantelada: “agora somos todos abelhas operárias, servindo o monstruoso regimento de burocratas”. 
Com o objectivo de minar a autoridade do passado ocidental, os historiadores da nova esquerda focaram-se no racismo e no sexismo. E bloquearam a nossa capacidade de elogiar os antepassados. Tornou-se lugar comum obrigatório da historiografia denunciar as imoralidades do passado, sempre vistas do alto da nossa perfeição. Na medida em que as obras do cânone eram instrumentos de privilégio e opressão, foi preciso desacreditá-las e bani-las dos programas (para proteger os jovens da sua leitura). 
O que esses historiadores não vêem é que elogiar antepassados é a condição de toda a civilização, como escreveu Rémi Brague e, antes de todos, Cícero, no seu discurso em defesa do poeta Árquias, magna carta do humanismo e das letras: honor alit artes. O louvor é o motor da arte e da cultura, a sua fonte nutritiva. 
Assim, não é só a educação que está doente, é a cultura que está em evidente decadência. Senão, perguntemos, continua Rémi Brague. Será que ainda somos capazes de elogiar? Será que ainda estamos conscientes de possuir algo pelo qual estarmos gratos? No lugar da memória colectiva pusemos o nosso ego inchado. O Culto do Ego (Le cult du moi), do escritor francês Maurice Barrès (1862-1923), conheceu muitos seguidores durante o século passado e ainda hoje se exprime sob vários nomes: desenvolvimento pessoal, auto-realização, auto-expressão, autenticidade, e assim por diante (...) 
Privar as gerações daquilo que é a sua memória colectiva é deixá-las entregues a si próprias – para depois as governar segundo interesses. Desconsiderar a memória colectiva das gerações é o primeiro passo para desmantelar o seu património. Primeiro desqualifica-se o cânone literário, depois muda-se o paradigma (da educação, da arte, da cultura) e por fim acaba-se decapitando estátuas e incendiando catedrais góticas (...). 
Vivemos uma crise civilizacional que, segundo James Hankins, tem semelhança notável com a crise civilizacional do século XIV, que trouxe as humanidades à existência enquanto plano de estudos. Essa crise, tal como a vê o autor, é causada pelo vazio da liderança moral e pela incapacidade de, nos estados-nação, as elites globalizadas se fazerem respeitar pelos cidadãos (...). 
Os humanistas ensinaram que as humanidades podem fornecer disciplina moral – a arte da alma – necessária para formar o tipo de governantes e cidadãos indispensável ao bom governo. As humanidades podem cultivar a excelência moral e intelectual humana, que a nossa tradição considera como virtude. 
É neste sentido que James Hankins defende o estudo dos clássicos entre os valores de uma sociedade pluralista. Homero e Aristóteles têm um papel importante a desempenhar na formação do carácter. Com esse legado aprendemos que a polis são os cidadãos e não as muralhas nem os barcos viúvos de homens (Tucídides, 7.77.7). Se a polis são os cidadãos, haverá melhor educação para a Cidadania e Desenvolvimento do que a formação do carácter do cidadão? E haverá melhor polis para viver do que aquela cujos cidadãos cultivam a excelência moral?  
Margarida Miranda 

terça-feira, 28 de julho de 2020

Cartas e petição para manter o ensino da cultura clássica num colégio jesuíta

O estudo da cultura clássica e das suas línguas desaparecem dos sistemas educativos públicos de múltiplos países cuja matriz de pensamento é a Ocidental. A determinação explícita, forte e generalizada de as extinguir do currículo para dar lugar (apenas) ao que é útil tem muitas décadas, mas é agora que está a chegar à sua plena concretização.

Tendo, nos últimos anos, acompanhado de perto este movimento, vi a esperança de continuidade, do seu ensino, aprendizagem e investigação, deslocar-se para escolas e universidades privadas com uma robusta tradição aliada a uma resolução de intervir no mundo. 

Entre essas escolas e universidades estão, inequivocamente, as jesuítas. Ou, estavam... Vejamos...

O Projecto Horizonte 2020 da Fundació Jesuïtes Educació deixou muita gente atónita (eu incluída): como é possível os jesuítas alinharem pela mais fina "narrativa do século XXI/do futuro"?! E do modo superficial, para não dizer leviano, com que o fazem?! Isto enquanto muita outra gente dizia (e diz): vejam como é maravilhoso o projecto que essa "narrativa" revela que até os jesuítas o adoptam! O espanto é igual, ainda que tenha razões diferentes, porque, quer queiramos ou não, quer gostemos ou não, os jesuítas são uma referência educativa de primeira linha.

Aprofundado este cenário, vemos algo mais inquietante: não são todas as escolas e universidades que seguem a linha de renovação: umas seguem-na e outras não. Em texto posterior explicarei esta afirmação, pois, por agora, quero destacar o esforço que ex-alunos, alunos e professores do Instituto de Estudos Clássicos e Medievais de um colégio jesuíta (Canisius College) de Buffalo - Nova Iorque, fundado em 1870, estão a fazer para que os programas de ciências humanas que têm proporcionado, directamente ligados aos estudos clássicos, não sejam extintos, como propõe a administração (ver a carta que escreveram aqui).

Pedem, em concreto, ajuda aos classicistas espalhados pelo mundo para apoiarem o seu esforço, dirigindo-se por escrito aos responsáveis da escola e assinando uma petição (aqui). 

Talvez fosse de alargarem o seu pedido a todos, pois não são apenas os classicistas que reconhecem valor à cultura clássica. Toda a gente se deve preocupar com ela: trata-se de manter algures no mundo (já que isso deixou de ser possível em cada país) a possibilidade de alguém aprender uma parte da herança que nos foi confiada e em relação à qual temos obrigação moral de preservar e de transmitir, mas também o direito de a fruir.

Pode um aluno não frequentar a disciplina de "Cidadania e Desenvolvimento? - 2


O caso não é linear, há nele desvios que não interessa considerar. Desvios que têm sido notícia na comunicação social, aproveitados por diversos políticos e comentadores. Fico-me por um olhar pedagógico, naquilo que ele tem de essencial. 

Vejamos a questão que o caso suscita: em sistemas de ensino democráticos, pode um aluno deixar de frequentar uma componente do currículo porque o seu encarregado de educação discorda dela? Por princípio não pode, mas devemos considerar a razoabilidade da excepção. Tentarei explicar tanto um como outra.

Por princípio...
... o currículo escolar integra o que de melhor uma geração pode oferecer em termos de educação formal à seguinte, tanto em termos de conhecimentos disciplinares que lhes oferece, como em termos de estimulação das suas capacidades.
... os construtores do currículo não se deixam influenciar por quaisquer interesses que se desviem desse desiderato, move-os apenas e só a finalidade última que se imputa à educação: a maior aproximação possível da perfeição humana e do bem da humanidade.
... o Estado, que tem assumido a responsabilidade da educação formal, reconhecerá e legitimará o currículo, no pressuposto de que ele será benéfico para todos, implicando a aceitação de todos. 
Assim, se no currículo consta Matemática, todos têm de aprender o que se encontra determinado que se aprenda nesta área. O mesmo para a Geologia, a Física, a História, a Geografia, a Língua, etc. e, mesmo, para a Cidadania...
Portanto, um encarregado de educação/associação de encarregados de educação não poderá impedir que o/s seu/s educando/s frequente/m esta ou aquela disciplina, este ou aquele módulo/tema/actividade/projecto... porque o Estado tem, nesta matéria, em nome do direito universal à educação, a última palavra. Palavra que, voltando acima, será a melhor que se pode dar.
Há vários exemplos que corroboram o que acabo de dizer: os "Criacionistas" nos Estados Unidos da América não ganharam a batalha contra os professores de Biologia; a British Historical Association de Inglaterra não conseguiu afastar, em definitivo, o estudo de questões sensíveis da História. 
A razoabilidade da excepção
Acontece que a realidade distancia-se, mais ou menos, do acima descrito: o Estado não deixa a sua orientação política à margem do currículo, sendo isso mais visível numas disciplinas do que noutras. E não é a matriz democrática que invalida esta afirmação, acontecendo que tal matriz deixa, na actualidade, a porta dos sistemas de ensino aberta aos mais variados "agentes da sociedade" que só têm a ganhar com a "ajuda"/"apoio" que dizem querer prestar à educação. Isto para já não falar da forte e devastadora influência do "politicamente correcto", que faz o Estado ceder de múltiplas formas.
Foquemos a atenção na ainda recente disciplina de "Cidadania e Desenvolvimento", deixando de lado todas as outras. Com antecedentes que lhe deram a actual forma, tem sido afirmada com o centro do currículo escolar na produção/construção do "cidadão de sucesso". O seu ideário é escrito na mais fina retórica (pseudo) educativa: reconhecem-se os interesses e necessidades dos alunos, a ligação à família, a importância de se atender ao contexto social, cultural, etc.
Mas quando se passa para a sua concretização curricular percebe-se o carácter prescritivo da maior parte das suas dezassete áreas: empreendedorismo, literacia financeira, bem-estar animal, voluntariado, saúde, mundo do trabalho... são, na forma como estão enunciadas, precisamente o que a educação não pode ser: doutrinamento. 
Uma afirmação destas requer justificação. Tenho tentado fazer isso em vários artigos, explicando que a "educação" implica a formação para o exercício do livre arbítrio enquanto o doutrinamento conduz e condiciona as decisões que cabem a cada um. Acresce que o doutrinamento que confere substância à componente de Cidadania é exercido desde os primeiros anos de escolaridade, sendo, em grande medida preparado pelos "agentes da sociedade" que têm muito a ganhar com a abordagem ideológica junto dos alunos e das suas famílias.
Assim, têm razão os encarregados de Educação que estando atentos à escola exigem que ela se restrinja à sua função educativa formal, não resvalando para o campo do doutrinamento, onde o conhecimento é substituído por ideologias que fecham o pensamento.

O caso de que agora se tem falado, que um secretário de estado da educação classificou como "ilegal" (o que não significa que seja deseducativo, tal como "legal" não significa que seja educativo) não é, de resto inédito: em 2015 uma mãe irritou-se "apenas e só" com a educação para o empreendedorismo (ver aqui).

Defendo, em suma, que cada Estado concreto não está acima de qualquer suspeita em termos de educação formal, as suas decisões curriculares podem e devem ser escrutinadas por todos aqueles que se preocupam, séria e honestamente, com os desígnios da Escola pública, incluindo os encarregados de educação. O que se segue é a discussão da legitimidade dessa decisões. 

segunda-feira, 27 de julho de 2020

PALAVRAS QUE CONSOLAM!

(Resposta ao comentário ao meu “post” – “O Serviço Nacional de Saúde e as Finanças Públicas” , 25/07/2020 - para enviar uma petição à `AR). 

“Preserve-se a memória dos indivíduos para se construir uma memória colectiva, 
que sirva para as gerações seguintes as compreenderem e estudarem 
nas suas variadas nuances, transformações, vitórias e frustrações". 
(Heloísa Paulo, investigadora da Universidade de Coimbra)

Sempre me causou repulsa um país e os partidos políticos que orbitam à sua volta tratarem como lixo espacial os cidadãos que sofrem na pele os seus efeitos nefastos.

Hoje, sentado numa cadeira de rodas, ainda que provisoriamente, motivado por uma queda desastrosa, em véspera de meses de me tornar nonagenário, se Deus quiser, tenho pouca pachorra para me deter num Portugal, como escreveu Camilo (cito de memória) , em que há lágrimas espremidas nas faces esquálidas do povo e o lenço da Justiça tarda em as enxugar! Ou nunca chega mesmo a enxugar aprisionando-me em fado triste dedilhado em garras de prepotência de uma ADSE desprovida de humanismo em genuflexão ao trono do rei Midas.

Conta-se em pequenas linhas a minha inicial odisseia com a ADSE, vários anos atrás, em que me foi destinado, durante uma governação então do PSD, o papel do pastor Jacob que serviu Labão, pai de Raquel durante sete longos anos tantos como eu mantive de litígio com esta instituição de assistência na doença a funcionários públicos e seus familiares, com muitos ofícios de cá para lá e poucos de lá para cá, tendo tudo terminado em águas de bacalhau em que esta instituição estatal ficou com o bacalhau e eu com as suas águas de mau odor.

De igual modo, neste meu litígio actual, de novo com a ADSE, numa queixa que enviei à Provedoria da Justiça o desfecho da mesmo julgo que se deve ter perdido no teclado dos computadores de uma burocracia asfixiante por nunca me ter chegado o conhecimento oficial e oficioso do seu desfecho. Apenas, conversas telefónicas esporádicas sem serem nelas aduzidas razões devidamente especificadas, e muito menos, justificadas.

Por esse facto embora agradeça penhorado o comentário supracitado que me foi endossado para eu elaborar uma petição à Assembleia da República no sentido de repor aquilo que tenho como injustiça de bradar aos céus, desolado em esbarrar contra um mundo de incompreensão , vou mitigando as minhas dores com epístolas utópicas correndo o risco delas serem tidas pelos atingidos como voz de burro que não chega ao céu dos poderosos desta ocidental praia lusitana. 

Acresce que para a sua apreciação subir a plenário são precisas, salvo erro, 4.000 subscritores número astronómico que, ao que li algures, a AR pensa aumentar substancialmente quiçá para evitar sobrecarregar os “trabalhos” dos seus deputados, a exemplo da diminuição do número de debates quinzenais havidos entre António Costa e os partidos políticos com representação na Casa da Democracia! Espero, todavia, que possa eu, ainda que só, incomodar consciências adormecidas ou na letargia de um esquecimento propositado e pecaminoso. Neste caudaloso rio de desesperança actual que me assalta e me aconselha a não perder tempo com coisas que, vezes, me tiram o sono, encontro desafogado estuário em Henry Ford: “Quer você acredite que consiga uma coisa ou não, você está certo”. 

O título deste meu texto devolve-me a ténue esperança de um hipotético futuro de justiça entre os homens que detêm as rédeas de um poder legislativo livre de mácula e os cidadãos de um país verdadeiramente democrático em luta constante e sem tréguas contra um poder de falinhas mansas. Basta de cinismos da ADSE em sacudir a água de um capote permeável a injustiças e silêncios comprometedores. 

Hoje são uns tantos atingidos por esta espúria medida, amanhã serão mais que com o seu silêncio actual deram cobertura a esta situação em que se virará o feitiço contra o feiticeiro! 

Então nada adiantará chorar lágrimas de crocodilo!

sábado, 25 de julho de 2020

O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE E AS FINANÇAS PÚBLICAS


“Muita força tem um homem 
P’ra bater com o pé no chão 
A nossa terceira idade 
Não tem que estender a mão” 
(José Afonso, cantor e compositor português, 1929 -1987).

Um SNS de boa saúde foi sempre uma espinha cravada na garganta dos desígnios lucrativos de uma saúde convencionada paga com dinheiros dos nossos impostos que deviam ter sidos canalizados em grande parte para manter saudável a menina dos olhos de António Arnaut, seu  falecido criador.

Mas não! Um artigo do “Público” (22/07/2020) alerta-nos para esta triste realidade: “A pandemia de covid-19 mostrou a fragilidade do SNS e ameaça a sua sustentabilidade financeira, alerta o Conselho de Finanças Públicas”.

E porque é imperioso e urgente que algo mude na paz podre das grandes decisões adiadas, protestemos para que isso não suceda e o SNS não seja apenas um opção válida dos nossos políticos e de gente de grandes proventos  que a ele recorreram, recentemente, por a medicina convencionada não estar à altura de prestar assistência a doentes atingidos pelo coronavírus.

Embora eu saiba que as leis nem sempre têm um suporte moral ou ético, deve-se lutar para que os velhos e doentes reformados pela Segurança Social , até aqui beneficiando da ADSE por casamento com os seus titulares, não sejam  presa fácil da demoníaca maldade de um Governo que, da boca para fora, se diz socialista mas assume tiques de capitalismo selvagem.

Assim, daqui endosso, uma vez mais, um apelo do tipo SOS ao Presidente da República, de formação católica assumida em que o direito à vida é um bem supremo, para arbitrar uma contenda de contornos duvidosos em que a ADSE chamou  si  o papel de Pôncio Pilatos que antes de condenar Jesus à  morte lavou as suas mãos na bacia da desresponsabilização por uma espécie de morte não assistida e não consentida chutando doentes idosos reformados, até então sob a sua tutela, descaradamente  para um SNS a rebentar  pelas costuras em que a espera por uma simples consulta da especialidade demora meses e uma cirurgia, chega depois de doente ter falecido.

Embora reconheça o discutível entendimento sobre a manutenção ou perda de direitos adquiridos, matéria complexa e controversa entre os próprios especialistas, mas que não deve andar a reboque de soluções à vontade do dono (leia-se governo do PS), acho estranhíssimo estarem antigos utentes da ADSE a serem vítimas de espectativas goradas em que se alteram as leis do jogo durante o seu decurso. Perante este aberrante facto, continuo a recusar-me em cruzar os braços perante um “status quo” que é tanto mais insólito por se passar num país de tradição judaico-cristã que veio a consentir, contraditoriamente, a inscrição, até então vedada, de titulares de familiares com o estatuto de simples união de facto.

Face ao exposto, tenho, como necessário e urgente cortar com a espada da Justiça o nó górdio de uma legislação (Decreto-Lei, nº.118/83, de 25 de Fev.) que acorrenta em desatino inqualificável velhos e doentes, por vezes, “no último estágio da dor humana”, deixando eu aqui "ipso facto", um apelo para uma retractação de todos os partidos políticos com assento na Assembleia da República para que esta legislação deixe de ter efeitos retroactivos sendo aplicada apenas a casos futuros. Ou seja, evoco a reposição de direitos usufruídos durante muito anos por aqueles que já não tendo idade para optarem por seguros de saúde são lançados para um fatal e triste fado dedilhado em guitarras de barbarismo.

Não havendo uma forte e persistente reacção dos atingidos e seus familiares - hoje são uns tantos, amanhã alguns mais que a foice da morte tenha poupado por um tempito - a esta medida, expressa em futuros  resultados eleitorais,  pode ser levada  a opinião pública a crer que o Governo está cheio de razão em destratar os seus idosos como trapos que se atiram para as incineradoras das lixeiras. Haja um pingo de vergonha onde falha rotundamente um humanismo tão propalado pelos políticos e tão poucas vezes por eles cumprido!

“Post Scriptum”: Leitor de formação humanista que, porventura, possa ter lido este meu texto atire a sua apatia para trás das costas e manifeste o seu repúdio de cidadão por uma medida que pouquíssimo virá a pesar num Orçamento do Estado delapidado com escândalos constantes da chamada alta finança que tal como os  vírus se propalam a outros estratos da sociedade de menores rendimentos mas com  idêntica voracidade de enriquecer sem olhar a meios!  Trata-se de portugueses já com problemas  de saúde psicofísicos que não devem ser desprezadas porque, na opinião do psiquiatra brasileiro, Augusto Cury, “a depressão é o último estágio da dor humana”!

quinta-feira, 23 de julho de 2020

MEUS PREFÁCIOS E POSFÁSCIOS

Aproveitei o tempo de confinamento para organizar a minha bibliografia. Recorto dela a lista de prefácios e posfácios, que fiz a pedido de autores e editores:

1. EIGEN, Manfred ; WINKLER, Ruthild – O jogo : as leis naturais que regulam o acaso. Trad. e pref. FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 1989. 455 p. (Ciência Aberta ; 28). Tít. orig.: Das Spiel - Naturgesetze steuern den Zufall. [p. 9-13]. (Disponível em Estudo Geral:  http://hdl.handle.net/10316/40998). 

2. FEYNMAN, Richard Phillips – O que é uma lei física?. Pref. e trad. FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 1989. 222 p. (Ciência Aberta ; 35). ISBN 9726621380. Tít. orig.: The Character of the Physical Law. [p. 7-9]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40996).

3. MANDELBROT, Benoît – Objectos fractais : forma, acaso e dimensão ; seguido de Panorama da linguagem fractal. Pref. e trad. FIOLHAIS, Carlos ;  MALAQUIAS LIMA, José Luís, trad.. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 1991. 296 p. (Ciência Aberta ; 51). ISBN 9726622158. Tít. orig.: Les objects fractals. [p. 7-8]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40999).

4. MAYER-KUCKUK, Theo – Física nuclear : uma introdução. Trad. e pref. de FIOLHAIS, Carlos ;  FERREIRA MARQUES, Rui. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Educação, 1993. 481 p. ISBN 9723105985. Tít. orig.: Kernphysik - Eine Einführung. [p. 5-7]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41043).

5. HAWKING, Stephen W. – O fim da Física. Pref. e rev. cient. FIOLHAIS, Carlos ; trad. ROSA, José Gabriel. Lisboa : Gradiva, 1994. 84 p. (Ciência Aberta ; 63). ISBN 9726623456 Tít. orig.: Is the end in sight for theoretical physics?.. [p. 7-14]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41024).

6. PROVIDÊNCIA, Constança. ; REIS, Isabel Schreck – Ciência a brincar : descobre a Terra!. Pref. FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed. Lisboa : Bizâncio [etc.], 2001. 61 p. (Ciência a Brincar ; 2). ISBN 9725301323. [p. 11-12]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41189). [4.ª ed.  de 2007)

7. EHRLICH, Robert – Nove ideias malucas em ciência : algumas delas podem mesmo ser verdade. Trad. MARQUES MEIRELES, Florbela; rev. cient. e pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Gradiva, 2002. 242 p. (Ciência Aberta ; 119). ISBN 9726628601. Tít. orig.: Nine crazy ideas in science : a few might even be true. [p. 13-16]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41023).

  1. FIOLHAIS, Carlos; NOGUEIRA, Fernando ; MARQUES, Miguel, eds. – A Primer in Density Functional Theory. Pref. eds. New York : Springer, 2003. 256 p.  (Lecture Notes in Physics ; 620). ISBN 3540030822. [v-vii]
  2. SÉRGIO, Manuel – Para um novo paradigma do saber e... do ser. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Coimbra : Ariadne Editora, 2005. 109 p. (Momentos ; 5). ISBN 9728838131. [p. 11-16]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40712).
  3. TRINDADE, Margarida, ed. – Profissão cientista : retratos de uma profissão em trânsito. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Associação Viver a Ciência, 2005. 36 p. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41001). Pp.?? ISBN??
  4. FIOLHAIS, Carlos, coord. – Einstein entre nós : a recepção de Einstein em Portugal de 1905 a 1955. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Coimbra : Imprensa da Universidade, 2005. 207 p. (Documentos)  ISBN 9728704607. [p. 7-10]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40986).
  5.    FIOLHAIS, Carlos ; MONTEIRO, João Gouveia , coords. - Dez Livros que Abalaram o Mundo. Guia da Exposição Bibliográfica.  Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra 7/12/2005-15/2/2006,  Intr. dos coords., Coimbra: Universidade de Coimbra, 2005, [p. 5-6]]
  6. BERTOLAMI, Orfeu – O livro das escolhas cósmicas. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Rev. SOARES DE ALMEIDA,  José. Lisboa : Gradiva, 2006. (Ciência Aberta ; 146). 340 p. ISBN 9896160872. [p. 9-11]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41026).
  7.  ABREU, José Luís Pio de – Quem nos faz como somos : genes, signos, identidades. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Dom Quixote, 2007. 198 p. ISBN 9789722033312. [p. 11-15]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41120)
  8.   SILVA, Ferreira da – Metafísica [poética]. Pref. FIOLHAIS, Carlos – A Física, a metfaísica e a poesia. Porto : Fundação Eng. António de Almeida, 2007. 93 p. ISBN 9789728386719. [p. 11-17]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40995)

16.         FIOLHAIS, Carlos -  Azulejos que ensinam. In MUSEU MACHADO CASTRO [et al.] – Azulejos que ensinam  [cat. exposição]. Coimbra : Centro de Matemática da Universidade de Coimbra, 2007. 80 pp. ISBN  p. 4-5. Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40646).

17.  FERNANDES, Joaquim – O grande livro dos portugueses esquecidos. Pref. FIOLHAIS, Carlos. [Lisboa] : Círculo de Leitores e Temas e Debates, 2008. 346 p. ISBN 9789896440237. [p. 13-16]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41119)

18.  TRINCÃO, Paulo Renato – O português que se correspondeu com Darwin. Trad. textos SANTOS, Cátia ; SOUSA, Maria da Graça ; MARTINS,  Otília ; pref. FIOLHAIS, Carlos – Darwin entre nós. Lisboa : Gradiva, 2009. 130 p. ISBN 9789896163013. [p. 5-11]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/12361).

19.  HAWKING, Stephen, coord. – Aos ombros de gigantes. Coord. cient. e pref. FIOLHAIS, Carlos ; trad. SANTOS ROCHA, Heloísa Beatriz  ; MORICONI, Lis Lemos Parreiras Horta ; rev. téc. MORICONI, Marco; DUTRA, Sérgio Mendes; adapt. português europeu FIOLHAIS, Carlos ; MARTINS,  Décio Ruivo ; OLIVEIRA, Orlando. 1.ª ed. 2010 Alfragide : Texto Editores. 1287 p.  [5.ª ed. 2017 ] Tít. orig.: On the shoulders of giants. ISBN 9789724742724. [p. 11-13]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41124).

20. MALCATA, F. Xavier – O espaço e a alma : poemas escolhidos. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Porto : Corpos Editora, 2010. 127 p. (A Voz Dentro do Corpo). ISBN  9789896177287. [p. 9-15]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40951).

21. PIEDADE, António – Caminhos de ciência. Il. MARQUES, Diana; pref.  FIOLHAIS, Carlos. Coimbra : Imprensa da Universidade, 2011. 149 p. (Ciências e Culturas ; 17). ISBN 9789892600970. [p. 9-12]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41021)

22. REDER, Lynne M. [et al.] – Em causa : aprender a aprender. Pref. FIOLHAIS, Carlos ; trad. NotaBene.   Lisboa : Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011. 96 p. (Questões-Chave da Educação). ISBN 9789720349347. [p. 5-6]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41022).

23.  KLAHR, David  [et al.] – O valor do ensino experimental. Pref. FIOLHAIS, Carlos ; trad. NotaBene.  Lisboa : Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011.  75 p. (Questões-Chave da Educação). ISBN 9789720349354.  [p. 5-7]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41045).

24.    BUESCU, Jorge – Casamentos e outros desencontros. Pref. FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 2011. 169 p. (Ciência Aberta ; 191). ISBN 9789896164515. [p. 9-13]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41053).

25  DJERASSI, Carl – Cálculo : peça em dois actos. Pref. FIOLHAIS, Carlos ; trad. MONTENEGRO, Mário. Coimbra : Imprensa da Universidade, 2011. 222 p. (Dramaturgo). ISBN 9789892601236.  [p. 5-11]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41056).

26.    KARPICKE, Jeffrey ; SOUSA, Helder Dinis de ; ALMEIDA, Leandro S. – A avaliação dos alunos. Pref. FIOLHAIS, Carlos ; trad. MATIAS, Joana. Lisboa : Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2012. (Questões-Chave da Educação). ISBN 9789898424617. [p. 7-13]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41042)

27. ALMEIDA, Onésimo Teotónio ; BRÁS, João Maurício – Utopias em dói menor : conversas transatlânticas com Onésimo. Pref. FIOLHAIS, Carlos ; posf. FRANCO, José Eduardo. Lisboa : Gradiva, 2012. 316 p. ISBN 9789896165109. [p. 9-16]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41029).

28.  FARA, Patrícia – Ciência : 4000 anos de história. Trad. MEXIA, João; pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Livros Horizonte, 2013. 415 p. ISBN 9789722417594. Tít. orig.: Science: a four thousand year history. [p. 7-9]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40443)

29. CARVALHO, A. M. Galopim de – Conversas com os reis de Portugal : (histórias da terra e dos homens). Preâmbulo FIOLHAIS, Carlos; pref. BRANCO,  Manuel J. C., Lisboa : Âncora, 2013. 616 p. ISBN 9789727803927. [p. 11-13] (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40985).

30. FIOLHAIS, Carlos ; SIMÕES, Carlos; MARTINS, Décio, eds. – História da ciência luso-brasileira: Coimbra entre Portugal e o Brasil. Pref. eds. Coimbra : Imprensa da Universidade, 2013. 301 p. (Documentos). ISBN 9789892605623. [p. 5-6]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41236).

31.    FIOLHAIS, Carlos; SIMÕES, Carlos ; MARTINS, Décio, eds. – História da ciência na Universidade de Coimbra : 1772-1933. Pref. eds. Coimbra : Imprensa da Universidade, 2013. 301 p. (Documentos). ISBN 9789892606095. [p. 5-6]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41237).

32. NOBRE, Bruno ; LIND, Pedro Gonçalves – Dois dedos de conversa sobre o dentro das coisas : um crente, um ateu e a verdade como provocação. Prefs. LOBO ANTUNES, João ; FIOLHAIS, Carlos . Braga : Frente e Verso, 2013. 150 p. (Debates ; 2). ISBN 9789899832220. [p. 15-21]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41189).

33.  CIENTISTAS DE PÉ [et al.] – Toda a ciência : (menos as partes chatas). Coord. MARÇAL, David; il. SOUSA, Rui; pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Gradiva, 2013. 156 p. ISBN 9789896165260. [p. 7-10]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41028).

34.     WINCH, Christopher ; PAIXÃO, Paula [et al.]  – Ensino Profissional. Pref. FIOLHAIS,, Carlos. Trad. NOGUEIRA, Sara. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2013, 136 p. (Questões chaves de educação). ISBN 9789898661354

35.  CARVALHO, A. M. Galopim de – As pedras e as palavras. Pref. FIOLHAIS, Carlos – Galopim, Mestre das pedras e das palavras. Lisboa : Âncora, 2015. 371 p. (Sopas de Pedra ; 9). ISBN 9789727804900. [p. 11-13]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41052)

36.   PIEDADE, António – Diálogos com ciência. Pref.  FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed., Coimbra : ed. autor, 2015. 103 p. ISBN 9789899784024. [p. 5-10]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41047)

37.   PEREIRA, Ilídio Barbosa – Episódios da vida de um pólio. Pref. POLÓNIA, José ; posf.  FIOLHAIS, Carlos; rev.  LOURENÇO, J. Vieira. Coimbra : ed. autor , 2015. 49 p. ISBN 9789892062235. [p. 43-46]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41126)

38.    RIBEIRO MENDES, João – O realismo experimental e os seus críticos. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Vila Nova de Famalicão : Húmus, 2015. 281 p. ISBN 9789897551819. [p. 9-14]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41121).

39.   BURNS, Tracey. ; SEABRA, Teresa ; TORRES, Leonor L. – Organização da rede escolar. Pref. FIOLHAIS, Carlos . Lisboa : Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2016. 108 p. (Questões-Chave da Educação). ISBN 9789898838735. [p. 7-11]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41049).

40.   HALÍK, Tomáš ; GRÜN, Anselm – O abandono de Deus : quando a crença e a descrença se abraçam. Um diálogo moderado por Winfried Nonhoff ; pref. FIOLHAIS,  Carlos; trad. MORÃO, Artur. Prior Velho : Paulinas, 2017. 222 p. (Poéticas do Viver Crente. Linhas de Rumo). ISBN 9789896735678. [p. 5-12]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40991)

41.   COMCEPT, Comunidade Céptica Portuguesa – Não se deixe enganar : guia de sobrevivência no mundo moderno. Pref.  FIOLHAIS , Carlos ; MARÇAL, David . Lisboa : Contraponto, 2017. 239 p. ISBN 9789866661489. [p. 9-12]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41954).

42.   WEYL, Hermann – Simetria. Trad. MARQUES, Florbela; rev. cient. e posf. FIOLHAIS, Carlos – O que Weyl não podia saber. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 2017. 182 p. (Ciência Aberta ; 220). Tít. orig.: Symmetry. ISBN 9789896167646. [p. 153-159]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/43480)

43.  LOPES, Martinho, Para além dos Ombros de Gigantes, pref. FIOLHAIS, Carlos, Caldas da Rainha: Edições Viriato, 2018, 134 p.  ISBN  9789892081748. [p. iii-v]  Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2018/02/prefacio-para-la-dos-ombros-de-gigantes.html

44.    ANDRÉ, João Paulo, Poções e Paixões: Química e Ópera, pref.  FIOLHAIS, Carlos - Ópera e Química, duas fitas de uma só hélice. Lisboa : Gradiva, 2018, 452 p.  ISBN 9789896168117. [p-11-17]. Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2018/03/meu-prefacio-pocoes-e-paixoes-quimica-e.html

45.        TAVARES, Ana Cristina ; SANTOS, Gilberto -  O Índio que queria conhecer o mundo, pref. FIOLHAIS. Carlos, ed. autor. Lousã: Tipografia Lousanense, 2018.  ISBN 978989209026 [p. 1-2] Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2018/12/meu-prefacio-ao-livro-o-indio-que.html

46.        MONTENEGRO, Mário -  A expressão das emoções. LED: Viagem ao interior de um computador, Posf. FIOLHAIS, Carlos. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2018, ISBN 9789892616544. [p. 121-127]. Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2018/12/a-expressao-das-emocoes-e-led-viagem-ao.html

47.        FANHA, José; COMPLETO, Daniel; FIOLHAIS, Carlos -  Entre estrelas e estrelinhas, Este mundo anda às voltinhas, com CD musical, pref. Fiolhais, Carlos. Sesimbra: Oficina Campo das Cores, 2018. ISBN 9789899880399, [p. 2-3] Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2018/02/entre-estrelas-e-estrelinhas-este-mundo.html

48.        RODRIGUES, André -  Números que contam histórias, 90 factos que provavelmente não conhece sobre Portugal. Posf. FIOLHAIS, Carlos- Tudo é número. Pref. João Duque. Lisboa: Contraponto, 2019, 224 p. ISBN 9789896661892. [p. 217-219] Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2019/04/tudo-e-numero-meu-posfacio-ao-livro.html

49.        BARBOSA,  João - Piadas secas, infrassecas e ultrassecas sobre ciências, pref.  FIOLHAIS, Carlos.  - Um prefácio nada seco.  Lisboa: Gradiva, 2019, 120 p, ISBN 978989616900. [p. 9-13] Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2019/05/um-prefacio-nada-seco-202-piadas-secas.html

50.        WALLACE-WELLS, David - A Terra Inabitável: uma história do futuro, pref. FIOLHAIS, Carlos, Apocalipse agora. Lisboa: Lua de Papel, 2019, 365 p., ISBN 978989234712 [p. 17-19]  Disponível emhttp://dererummundi.blogspot.com/2019/10/apocalipse-agora.html

51.        PIEDADE, António . Diálogos com ciência,  il. PIMENTEL, Maria, pref. FIOLHAIS, Carlos, Porto: Trinta por uma Linha. 96 p., ed. rev. da ed. autor de 2015. (Kid Pocket Books, 3)  ISBN 9789895437641 [p. 9-12]

52.        FRANCO, José Eduardo,  A Europa ao espelho de Portugal. Ideia(s) de Europa na cultura portuguesa, pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa: Temas e Debates e Círculo de Leitores, 2020, 289 p., ISBN 9789896445980. [p. 9-15] Disponível em: http://dererummundi.blogspot.com/2019/12/meu-prefacio-a-europa-ao-espelho-de.html

53.        CASTRO CALDAS, Alexandre ; RATO, Joana - Neuromitos, Ou o que realmente sbemos sobre como funciona o nosso cérebro. pref. FIOLHAIS, Carlos – Neuromitos. O confronto da intuição com a realidade;  posf. CRATO, Nuno. Lisboa: Contraponto, 2020, ISBN 9789896662356, [p.  13-17]. Disponível em: http://dererummundi.blogspot.com/2020/05/prefacio-nueuromitos-de-alexandre.html

54.        FIOLHAIS, Carlos; Franco, José Eduardo; PAIVA, José Pedro, dirs. - História Global de Portugal, Introdução geral, Lisboa: Círculo de Leitores e Temas e Debates,  2020. 662 p. ISBN 9789896446352 e 9780724252629. [p. 13-19].

55.        FANHA, José; COMPLETO, Daniel; FIOLHAIS, Carlos, Com a cabeça na Lua, com CD musical,  pref. FIOLHAIS, Carlos. Sesimbra: Oficina Campo das Cores, 2020. [No prelo].

56.        AFONSO, Nadir-  Obra Completa. FIOLHAIS, Carlos, pref. dos vols. “Nadir. Face a Face com Einstein”, “Universo e pensamento” e  “O Tempo não existe. Manifesto.” Porto: Editora da Universidade do Porto [No prelo].

57.        MALCATA, F. Xavier – O Tempo e as Palavras. Colectânea de poemas, Porto, 2020 [No prelo]

58.        FERNANDES, Joaquim  - Os Filhos de Ícaro. Crónica dos pioneiros portugueses das “máquinas de andar pelo ar”, Lisboa: Gradiva. Prefácio: Os ascensores aos céus. Lisboa: Gradiva [Em preparação].



MANIFESTO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM EM TEMPO DE GenAI

  Por Maria Helena Damião e Cátia Delgado Assinado por académicos de diversos países do mundo, foi publicado no passado dia 29 de Novembro, ...