Perante a apatia nacional, mais ou menos generalizada, sobre o que se passa
na vida política portuguesa, admito a minha quota-parte neste “status quo” embora não pertença à
legião dos que se demitem definitivamente, sem fé nem esperança, das suas responsabilidade de portuguesismo
(palavra quase sem sentido actualmente).
Deste modo, naturais de países sem estarem em estado de guerra entram em Portugal com o
estatuto de refugiados sendo instalados em hotéis e pensões, com subvenções
económicas para vícios burgueses pagando em troca, sem generalizar, desacatos
públicos. Em contrapartida, uma pequena legião de nacionais, de alma e coração, sem abrigo, dormem na rua e a passam fome. Vá lá
gente entender os nossos caritativos governantes de olhos fechados ao que se passa à sua volta sonhando serem santificados como Santa Teresa de Calcutá. Em resumo, a caridade
portuguesa deve passar por assistir prioritariamente por assistência aos seus
muito pobres que dormem ao relento
acompanhados dos seus cães de estimação, verdadeiros e fiéis amigos, repartindo
as suas migalhas, quando as há, com eles ou mesmo deixando de comer se
necessário.
Quando se forma um partido político, sem ser para dar emprego a juventudes
inúteis que se entretêm em festanças de multidões em disseminar o coronavírus, deve ele atender, isso sim, à miséria mais desgraçada, a melhorar a vida dos remediados, a não enriquecer ainda mais os milionários deste país com fortunas multimilionárias nascidas à
vista de olhos cegos ou simplesmente míopes, quais tortulhos germinados em terrenos húmidos
de desavergonha nacional. Pouca ou nenhuma consolação nos deve merecer o
argumento de que isto se passa, também, no resto do nosso globo terrestre. Cuidemos,
portanto e preferencialmente, do nosso
cantinho mais ocidental de uma Europa em decadência!
Por haver um ditado que nos avisa “que
gato escaldado de água quente tem medo”, caem em descrédito partidos políticos criados para dar
trabalho bem remunerado a quem na vida pouco ou nada sabe fazer, e por outro
lado, nesta minha mania de citar anexins, trago à colação estoutro: “Quem fala
no barco é porque quer embarcar”. Não, não é este o meu caso por uma questão de
dignidade pessoal de que não abdico, nem por dinheiro que queima as mãos, nem por honrarias desonrosas.
Mas mesmo que eu fosse um dos numerosos
mentirosos que juram a pés juntos não estarem ao serviço da política para dela
se servirem, a minha condição de velho de 89 anos de idade não me permitiria
tal devaneio deixando-me apenas a possibilidade de emitir opiniões de cidadania
ao serviço da "polis". Ora, dessa posição não abdico por viver num
país em que é permitido o direito de liberdade de expressão, tendo a obrigação
de honrar a memória de meu Avô materno, José Pereira da Silva, presidente da
Câmara Municipal do Porto (princípios da década vinte do século passado), deportado
político para Angola, por ter participado na fracassada Revolução do Porto (Fevereiro de 1927), onde
viria a falecer em na cidade angolana de Benguela.
Devo este esclarecimento público,
essencialmente, a meus filhos, netos e
um bisneto por desejar ser recordado por eles como simples cidadão herdeiro de
uma genética impoluta de que tenho razão de me orgulhar. Aliás. como desejo ser
recordado (eles dirão se sim ou não, digam-no agora ou calem-se para sempre!)
por meus alunos de uma docência de várias dezenas de anos maioritariamente na
saudosa Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque de Lourenço Marques, durante
18 anos.
De igual modo, devo, ainda, aos meus
familiares supracitados, a notícia do passado do seu ascendente
chegado, meu sogro, major médico (falecido
no posto de tenente coronel) Jerónimo
Carlos da Silveira, Comendador da Ordem Militar de Aviz e Cavaleio da Ordem
Militar de Cristo.
Teias que, para além de fontes
documentais, a memória de um Antigo Império, teceu em mim e nelas me enreda enquanto
a minha memória permitir e desejo perpetuadas nas minhas gerações actuais e
vindouras!
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