Por estes dias, realiza-se em Portugal MAIS uma "grande conferência" que se diz ser sobre educação, e cujo título é Educação e Transformação: Mobilizar ideias. Inspirar o futuro (ver aqui e aqui). Está anunciada a participação de "especialistas, alunos, educadores e líderes" (continuo a ter dificuldade em perceber o que é, em educação, liderança...).
Apresentando-se o semanário Expresso como media partner (curiosa designação) ou, talvez, impulsionador da mesma (Projeto Expresso), dá-lhe divulgação à sua escala, usando os meios que lhe estão afectos (ver aqui). Não é pouca coisa.
Anuncia este jornal que participarão mais de trinta especialistas, sendo de presumir, pelo título reproduzido abaixo e pelo textos relativos à conferência, que a sua especialidade é em educação escolar.
Considerando um especialista como alguém que, em virtude de ter adquirido conhecimento profundo numa determinada área, pode, com propriedade, pronunciar-se sobre algo e/ou fazer algo, vejo ali menos de meia dúzia de nomes nesta condição. Que contributo pode dar a um debate sobre educação escolar quem se alheia do seu propósito e substância, num contexto em que se destacam chavões da "narrativa da educação do século XXI" como transformação, inovação, inspiração, agência dos alunos, desafios do futuro? Também a ligação a "parceiros institucionais", a "parceiros estratégicos" (empresas, fundações e afins, com suporte de meios de comunicação social, mas também de universidades) permite conjecturar que a "discussão profunda e inspiradora" anunciada não será propriamente desinteressada.
(Sim, eu sei... os especialistas em educação credenciados também podem deixar muito a desejar no que acima disse...).
No mencionado jornal surge em destaque a seguinte declaração de um dos convidados que não me parece ser de especialista: “"Alunos motivados progridem notavelmente" com inteligência artificial, os "desmotivados podem usá-la como atalho, aprendendo menos” (...) “A IA só por si não resolve o problema da motivação"”.
Terá havido incompreensão do que foi dito? Má transcrição? É que, vejamos: alunos motivados (presumo que se queira dizer, em termos intrínsecos), por princípio, progridem melhor nas aprendizagem seja com IA, seja com outro qualquer recurso, os desmotivados (nesse sentido) aprenderão menos, sim... E seria de esperar que a IA (seja isso o que for) resolva só por si o problema da motivação? E qual problema?
1 comentário:
Perante este ataque, sub-reptício e hediondo, ao ensino da filosofia em "contexto de sala de aula", o professorado secundário, básico e até infantil, devia unir-se numa ampla frente cívica e republicana, passe o pleonasmo ligeiro, para pôr um travão à deriva "eduquesa", passe o neologismo, que quer arrebentar com o pouco sentido que ainda tem a escola pública em Portugal. Segundo o espírito, plasmado no preâmbulo da nossa constituição política, as escolas EB 1,2,3 +S +JI são instituições democráticas, onde acontecem maravilhosas "melhorias das aprendizagens", como dizia a outra, que são o fermento que há de fazer crescer as massas operárias e camponesas, rumo ao socialismo.
A grande bandeira que desfraldaremos ao vento tem um nome: UBUNTU. Pugnaremos para que a primeira medida legislativa, a aprovar com caráter de urgência pela nova Assembleia da República, consagre a aprendizagem obrigatória, universal e gratuita do UBUNTU, como filosofia inclusiva.
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