E se assim não acontecer? A ciência não avança. Porque a crítica, uma das condições do seu progresso, não se pode exercer. Tão simples quanto isso!
“Há muitos anos, costumava prevenir os meus alunos contra a ideia largamente espalhada de que se vai para a faculdade para aprender a falar e a escrever «de modo a impressionar os outros» e de forma incompreensível. Na altura eram muitos os alunos que chegavam à faculdade com esta ideia ridícula, especialmente na Alemanha. E a maioria dos estudante par excellence. Há poucas esperanças de que venham a alguma vez a compreender que estão errados, ou que há outros padrões e valores — valores como a busca da verdade, a aproximação à verdade através da eliminação crítica do erro, e a clareza. Nem virão a descobrir que o padrão de obscuridade «que impressiona» vai, de facto, contra os padrões de verdade e de crítica racional. Pois estes últimos valores dependem da clareza. Não podemos distinguir a verdade da falsidade, não podemos distinguir uma resposta adequada de uma resposta irrelevante para um problema, não podemos distinguir as boas ideias das ideias banais e não podemos avaliar criticamente as ideias (…).”Karl Popper (1999). O mito do contexto: em defesa da ciência e da racionalidade (Lisboa: Edições 70), p. 97.
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