quarta-feira, 11 de setembro de 2013

ARROTOS E OUTRAS COISAS MUITO IMPORTANTES

Recensão publicada primeiramente na imprensa regional.

Acaba de ser publicado na colecção Gradiva Júnior o livro com o divertido título “Consegues Arrotar Muito Alto?”. O livro é de Glenn Murphy e a tradução do autor destas linhas. (Ler excerto aqui).

Glenn Murphy é um divulgador de ciência que trabalhou no Museu de Ciência de Londres e que tem escrito para o público juvenil. Este é o terceiro livro de Glenn Murphy publicado na Gradiva Junior. Os anteriores foram “Porque é que o ranho é verde?” e “Coisas que te fazem borrar de medo”.

Em “Consegues Arrotar Muito Alto?” o autor explica de forma divertida, mas rigorosa, diversos assuntos da ciência e do mundo (universo) em que vivemos. Faz isso através de um diálogo com um jovem que o provoca com questões muito pertinentes fazendo justiça ao subtítulo do livro: “e outras perguntas (e respostas) extremamente importantes”. Glenn Murphy escreve numa linguagem coloquial e juvenil mas que facilmente cativa leitores de todas as idades. Até porque os assuntos tratados neste livro interessam a todos e despertam a curiosidade, elemento essencial para uma melhor e eficaz transmissão de conhecimentos.

O diálogo original flui ao longo de 265 páginas com perguntas e repostas agrupadas em cinco capítulos. O primeiro intitula-se “Ciência sobre mim” e nele são respondidas questões sobre o arroto (que dá título ao livro), sobre traques, soluços, respiração, febre dos fenos, coisas picantes, entre outros assuntos sobre a biologia que nos explica.

“Caos climático” é o título do segundo capítulo. Nele é discutido o aquecimento global, a mudança do clima, o efeito de estufa de forma pormenorizada e preocupada. Mas conversasse também sobre o efeito dos traques das vacas na mudança climática em curso, assim como se podemos usar cocó de animais em centrais eléctricas para produzir electricidade!

No terceiro capítulo o autor trata de responder a questões “em movimento”. Desde porque é que os grandes navios não se afundam, passando pelos aviões e viagens espaciais, até às novas tecnologias de levitação magnética que permitem que comboios flutuem sobre carris e atinjam enormes velocidades. Neste capítulo o leitor (que também se está a mover com a Terra) é envolvido em perguntas e respostas que lhe permitem aprender muitas coisas curiosas sobre a física do movimento e das coisas que se movem no nosso mundo contemporâneo.

O quarto capítulo abre uma janela sobre “enigmas” que desafiam o conhecimento científico actual. Saliente-se a preocupação de Glenn Murphy em desmontar muitas ideias feitas que alimentam as pseudo-ciências e que infelizmente estão a crescer, quais ervas daninhas a iludir a curiosidade humana. Neste capítulo o autor responde esclarecedoramente a questões sobre a inteligência humana, sobre a memória, sobre se podemos aprender a ler pensamentos e a mover objectos, sobre a diferença entre um computador e um cérebro, sobre o que é um déjà-vu.

No quinto e último capítulo tratam-se algumas “grandes questões”. E com elas surgem respostas inesperadas que satisfazem a nossa curiosidade, que cultivam o espanto. Existirá alguma coisa mais quente do que o Sol? Qual é a coisa mais rápida à face da Terra? Qual será o animal mais resistente do mundo? E porque é que a água é molhada? Não há nada mais molhado do que ela?

Outro aspecto que torna a leitura deste livro agradável é que o leitor pode abrir o livro em qualquer pergunta, por ventura numa em que a sua curiosidade tenha tropeçado, e seguir a resposta sem qualquer necessidade de ter lido as outras partes do livro. Para além disso, as perguntas são estimulantes e as respostas estão explicadas de forma muito original, despidas de “partes chatas” e com muitos factos interessantes. O tom coloquial do dia-a-dia que o autor usa permite uma leitura fluida e que deixa boas dicas para conversas entre colegas e amigos.

Um livro que bem dispõe, provocando aqui e acolá uma boa gargalhada e que, apesar de se dirigir ao público juvenil, se aconselha a todas as idades. 

Sorria com boa ciência.

António Piedade 

5 comentários:

João Pires da Cruz disse...

Já mandei vir para os meus filhos!

João Pedro Cesariny Calafate disse...

Caro João Pires da Cruz,

desculpe-me a intromissão: considero uma ótima encomenda para os seus filhos e não sei se conhece mas o outro livro do mesmo autor e coleção - "Por que o ranho é verde?" - também é muito bom.
Já o li e aconselho!

Aproveito para divulgar o sítio do Ciência com Todos (projeto que criei e coordeno) e que pode ser útil para os seus filhos e conhecidos(desde os mais novos aos mais velhos):

http://cienciapatodos.webnode.pt

ou simplesmente escrever Ciência com Todos no Google, que aparece logo como primeiro item.

Cumprimentos do,
João Calafate.

João Pires da Cruz disse...

Parabéns pela iniciativa, João.

Anónimo disse...

Gostaria de ler (também) que ingleses nem arrotariam após o chá das cinco caso contrário estaria a comentar àquela cultura (usos e costumes) que desconheço e quanto a moderar hábitos humanos é necessário bom senso.



Cláudia da Silva tomazi

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Concordo a boa ciência !

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...