Os Açores, conhecidos no mundo pelo seu anticiclone, são também conhecidos pela muita e boa gente tanto nas artes, nas letras como nas ciências e nas técnicas que tem dado ao mundo. Um dos açoreanos que mais tem contribuído para a divulgação da ciência entre nós é Anthimio de Azevedo, nascido em Ponta Delgada (onde acabo de chegar…) em 1926, licenciado em Ciências Geofísicas, com a especialização em Meteorologia, técnico durante largos ano Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica e actualmente professor convidado na Universidade Lusófona. E contribuiu muito porque ele foi um rosto bem conhecido de todos os telespectadores por ter apresentado o boletim meteorológico de 1964 a 1990 na RTP e na TVI de 1992 a 1996. A sua presença irradiava conhecimento e bonomia!
O livrinho “O Anticiclone dos Açores”, publicado por João Azevedo Editores em 1986, é mais uma das suas contribuições para a difusão da ciência. O volume integra uma colecção sobre “Património Natural Açoriano”. Não há dúvida que o anticiclone dos Açores é um património natural nosso, apesar de lhe chamarem das Bermudas noutras longitudes. Eu acho muito bem que o tenham incluído na colecção: depois das aves nativas, dos cetáceos, do tabaco, do chá e dos tunídeos e antes dos atuns, bonitos e cavalas dos Açores.
O que é um anticiclone? E um ciclone (não, um ciclone não significa tempestade…) Anthimio de Azevedo elucida-nos:
“Anticlone é um centro de pressão atmosférica em que o ar atmosférico, mais frio e mais pesado, em cima, desce, aumentando a pressão junto ao solo: é um centro de pressão atmosférica alta, ou ‘uma Alta’, na gíria. Ao contrário, um ciclone é um centro de pressão atmosférica em que o ar atmosférico, mais quente e mais leve, em baixo, junto ao solo, sobe – como o balão de ar quente – baixando a pressão junto ao solo: é um centro de pressão baixa, depressão ou ‘uma Baixa’ “.
O livro, em bom papel, tem bons esquemas e boas fotografias de nuvens. Estas foram tiradas pelo fotógrafo Alexandre Delgado O’Neill, primeiro filho do escritor Alexandre O’Neill e da cineasta Noémia Delgado, nascido em 1959, e que infortunadamente faleceu de asma aos 33 anos de idade. Azevedo não acrescenta o Delgado ao nome do fotógrafo, pelo que à primeira vista ainda pensei que o poeta fotografava. Não era ele: era o filho. Se o poeta andava por vezes nas nuvens (um nefelibata, portanto), o filho fotografava-as…
Em Apêndice encontram-se adágios meteorológicos açoreanos, classificação das nuvens, escalas meteorológicas e nomes de tempestades tropicais no Atlântico Norte. Não desfazendo as nuvens, gostei mais dos provérbios. Por exemplo, em São Miguel, diz-se “Abril chuvoso, Maio ventoso fazem o ano formoso” (o tempo hoje aqui não está chuvoso mas pode virar de repente, que o anticlone é caprichoso). No Corvo diz-se “Quando o mar zurra atrás vem quem no empurra” e em S. Jorge “Morcego à noitinha bom tempo adivinha”. Os morcegos não só são úteis nas bibliotecas como nas ilhas…
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4 comentários:
Como alguém que morou muitos anos nos Açores posso assegurar que temos um carinho especial pelos nossos anticiclones, e pela incapacidade do sistema de meteriologia conseguir alguma vez prever como deve ser o tempo para o dia seguinte!
No Miroma, a sério?
Estou a ver que aqui não encontro amigos e companheiros para esta causa...
http://absolutamenteninguem.blogspot.com/2007/04/vero-quente.html
:)
Cumprimentos
Sim, é verdade...o anticiclone é caprichoso...está sempre a enganar os morcegos eh eh ehe he he h
cumps,
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