
O livrinho “O Anticiclone dos Açores”, publicado por João Azevedo Editores em 1986, é mais uma das suas contribuições para a difusão da ciência. O volume integra uma colecção sobre “Património Natural Açoriano”. Não há dúvida que o anticiclone dos Açores é um património natural nosso, apesar de lhe chamarem das Bermudas noutras longitudes. Eu acho muito bem que o tenham incluído na colecção: depois das aves nativas, dos cetáceos, do tabaco, do chá e dos tunídeos e antes dos atuns, bonitos e cavalas dos Açores.
O que é um anticiclone? E um ciclone (não, um ciclone não significa tempestade…) Anthimio de Azevedo elucida-nos:
“Anticlone é um centro de pressão atmosférica em que o ar atmosférico, mais frio e mais pesado, em cima, desce, aumentando a pressão junto ao solo: é um centro de pressão atmosférica alta, ou ‘uma Alta’, na gíria. Ao contrário, um ciclone é um centro de pressão atmosférica em que o ar atmosférico, mais quente e mais leve, em baixo, junto ao solo, sobe – como o balão de ar quente – baixando a pressão junto ao solo: é um centro de pressão baixa, depressão ou ‘uma Baixa’ “.
O livro, em bom papel, tem bons esquemas e boas fotografias de nuvens. Estas foram tiradas pelo fotógrafo Alexandre Delgado O’Neill, primeiro filho do escritor Alexandre O’Neill e da cineasta Noémia Delgado, nascido em 1959, e que infortunadamente faleceu de asma aos 33 anos de idade. Azevedo não acrescenta o Delgado ao nome do fotógrafo, pelo que à primeira vista ainda pensei que o poeta fotografava. Não era ele: era o filho. Se o poeta andava por vezes nas nuvens (um nefelibata, portanto), o filho fotografava-as…
Em Apêndice encontram-se adágios meteorológicos açoreanos, classificação das nuvens, escalas meteorológicas e nomes de tempestades tropicais no Atlântico Norte. Não desfazendo as nuvens, gostei mais dos provérbios. Por exemplo, em São Miguel, diz-se “Abril chuvoso, Maio ventoso fazem o ano formoso” (o tempo hoje aqui não está chuvoso mas pode virar de repente, que o anticlone é caprichoso). No Corvo diz-se “Quando o mar zurra atrás vem quem no empurra” e em S. Jorge “Morcego à noitinha bom tempo adivinha”. Os morcegos não só são úteis nas bibliotecas como nas ilhas…
Como alguém que morou muitos anos nos Açores posso assegurar que temos um carinho especial pelos nossos anticiclones, e pela incapacidade do sistema de meteriologia conseguir alguma vez prever como deve ser o tempo para o dia seguinte!
ResponderEliminarNo Miroma, a sério?
ResponderEliminarEstou a ver que aqui não encontro amigos e companheiros para esta causa...
ResponderEliminarhttp://absolutamenteninguem.blogspot.com/2007/04/vero-quente.html
:)
Cumprimentos
Sim, é verdade...o anticiclone é caprichoso...está sempre a enganar os morcegos eh eh ehe he he h
ResponderEliminarcumps,