O triângulo preto invertido era usado nos campos de concentração nazis para identificar os prisioneiros considerados «anti-sociais», entre eles as execradas feministas, a antítese da mulher ideal nazi, a perfeita dona de casa e mãe de família. Por esse motivo é hoje um simbolo de consciência feminista.
Por estranho que pareça, a consciência feminista não é algo universalmente apreciado na Alemanha, como pude confirmar em primeira mão numa estadia na universidade de Bayreuth, nos idos primórdios da década de 90. Sul da Alemanha onde tive acesas discussões com alguns alemães aparentemente «libertários», que me manifestaram a sua estranheza por uma mulher ter uma carreira académica (na Alemanha de então o corpo docente universitário era constituído, com raras excepções e na sua maioria da ex-Alemanha de Leste, por homens), estranheza que assumia contornos hostis quando tomavam conhecimento da minha condição de mãe. Só faltou ser agraciada com um triângulo negro para denotar a minha categoria de anti-social mulher que se atrevia a tentar conciliar uma vida académica com a única que deveria ter: a de dona de casa e mãe de família.
A estranheza era maior por eu ser de Portugal, país que no léxico do imaginário de muitos bávaros era um paraíso do marialvismo, em que mulheres de lenço negro tangiam cordas de guitarra nos intervalos das tarefas domésticas. Ficaram muito surpreendidos quando os informei que a primeira mulher a votar na Europa foi uma portuguesa*. Claro que as experiências negativas foram mais que contrabalançadas pelas positivas, isto é, fui inúmeras vezes parabenizada e elogiada pelo que para mim era perfeitamente normal, tendo sido convidada várias vezes a discursar sobre o tema.
As minhas experiências mais negativas não são apenas justificadas pelo facto de as discussões especialmente acesas se terem verificado em Regensburg (ou Ratisbona). Na realidade, as escolhas que enfrentam as alemãs, Hausfrau (dona de casa) ou uma carreira sem filhos – uma vez que o meio-termo é praticamente impossível –, ditam que a maioria das alemãs com formação universitária abdique da maternidade. Assim, não é de espantar que a taxa de natalidade na Alemanha seja a mais baixa do Mundo e que em 2005 a ministra alemã da Família, Renate Schmidt, tenha afirmado que o país necessitava urgentemente de uma «política familiar sustentável», que permitisse «a diversidade do comportamento feminino».
Mas aparentemente esta diversidade no feminino continua a não ser bem aceite pelos sectores mais conservadores da sociedade para os quais o conceito da mulher ideal não se alterou desde a minha estadia em terras teutónicas - diria que desde os tempos de Lutero -, e preenche manchetes nos jornais alemães, especialmente devido ao confronto entre dignitários da Igreja Católica e a ministra da Família, Ursula von der Leyen.
Mais concretamente desde Fevereiro último, data em Ursula von der Leyen anunciou os planos do seu ministério em triplicar o número de vagas em infantários, que o bispo de Augsburg (na Baviera, claro), Walter Mixa, está em guerra aberta com a ministra. Depois de em Fevereiro ter classificado como «um escândalo socio-político» os planos da ministra e ter verberado «aqueles que seduzem as mães a deixarem os filhos em infantários» e que «degradam a mulher a máquinas fazedoras de filhos», há dois dias classificou como «ditadas pela ideologia [comunista]» as referidas propostas de Von der Leyen de elevar o número das vagas nas creches.
Também o abade primaz da ordem dos beneditinos, Notker Wolf, acusa a ministra nas páginas do periódico Welt am Sonntag de se orientar «obviamente» por modelos da ex-Alemanha comunista, acrescentando «Ao que tudo indica, a mulher só vale algo se trabalhar como um homem, e não como mãe que cuida de seus filhos». O que está em total contradição com o que ensina a doutrina da Igreja Católica, nomeadamente na carta apostólica «Mulieris Dignitatem» em que são explicadas as «duas dimensões na realização da personalidade feminina», como esposa e mãe, ou virgem devotada à Igreja.
A ministra da Família pretende apenas aumentar o número de vagas nas creches, permitindo que muitas alemãs que neste momento optam por não ter filhos por tal ser impossível de conciliar com uma carreira o possam fazer. Não há indicação de que pretenda tornar obrigatória a frequência das mesmas. Podemos apenas imaginar o escândalo e as reacções da Igreja alemã se fossem propostas medidas mais enérgicas, que seriam certamente denunciadas como promovendo o tal «feminismo radical» que obsta a que a mulher se devote totalmente à sua «capacidade para o outro» e se deixe seduzir por um «um certo discurso feminista» que «reivindica exigências 'para ela mesma'»...
*A médica (feminista) Carolina Beatriz Ângelo, viúva e mãe, votou nas eleições para a Assembleia Constituinte de 28 de Maio de 1911, invocando a sua qualidade de chefe de família já que a lei da época reconhecia direito de voto a «cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família». João Osório de Castro, pai de Ana Castro Osório - que escrevera em 1905 o manifesto feminista «As Mulheres Portuguesas» - foi o juiz que lhe deferiu a pretensão por entender que «cidadãos portugueses» abrangia igualmente as mulheres.
A situação foi alterada pela Lei n.º 3, de 3 de Julho de 1913, que especificava que apenas tinham direito de voto os chefes de família do sexo masculino alfabetizados. O direito de voto das mulheres só veio a ser consagrado em 1931 e Adelaide Cabete foi então a primeira mulher a votar no ultramar, em Angola. Adelaide Cabete era também viúva, médica e activista e dirigente feminina, tendo fundado a Liga Republicana das Mulheres portuguesas em 1909 e o Conselho Nacional das mulheres portuguesas, CNMP, em 1914.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O QUE É FEITO DA CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS?
Passaram mil dias - mil dias! - sobre o início de uma das maiores guerras que conferem ao presente esta tonalidade sinistra de que é impossí...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
32 comentários:
O bispo de Augsburg apela aos católicos para expressarem nas urnas o seu desacordo com estas medidas «feministas». A tal separação estado-igreja que o Pureza falava no Câmara Clara parece que era muito optimista. Como vimos cá na questão do aborto e se repete agora no México com ameaças de excomunhão a todos os políticos que votarem a favor da despenalização do aborto. O mesmo no Brasil e em Espanha os bispos da Conferência Episcopal Tarraconense, Catalunha, apresentaram o documento "Crer no Evangelho e anunciá-lo com novo ardor", no qual comparam "as grandes acções terroristas" dos últimos anos ao aborto e à eutanásia.
Na Argentina um bispo, que renunciou dia 4 por ter feito 75 anos, disse que o ministro da Saúde, Ginés González García deveria ser atirado ao mar com uma pedra amarrada no pescoço por ser favorável ao aborto.
Por cá o cardeal patriarca dizque os que não têm fé vivem nas trevas... só falta dizer que não são dignos de viver!
Pal,
Sou da opinião de que a emancipação feminina não decorre do feminismo, mas da emancipação feminina. Ponto. Sobre a interferência do Reich e do cenário socio-político, recomendo:
"Milena" de Margarete Buber-Neumann (Difel)
Milena, "ex" de Franz Kafka, cruza-se com a autora do livro (também activista) no campo de concentração feminino de Ravensbrück, e torna-se no fio condutor de uma caracterização consciente e literariamente despretensiosa das avalanches doutrinárias que marcaram a época.
A separação Igreja-Estado é desejável, também para a Igreja, já que o cesaropapismo é tão perigoso quanto o papocesarismo.
Contudo, isto não significa que os bispos tenham que calar certos assuntos, por serem incómodos. Não devem, evidentemente, confundir doutrina com ideologia partidária, nem subverter o «jogo democrático», e devem evitar dizer asneiras (o que nem sempre «conseguem»), mas têm todo o direito em esclarecer os membros da sua Igreja das implicações práticas do Evangelho. O facto de certos assuntos, como o caso do aborto, serem «fracturantes», não é razão para que omitam referências claras sobre o assunto. Outra coisa, bem diferente, é o modo: não é com ameaças de excomunhão nem com o radicalismo que se vê nalgumas conferências episcopais (como a espanhola, muito «colada» ao Partido Popular) que os bispos melhor exercem a sua missão.
Quanto à homilia do Cardeal Patriarca, o melhor é mesmo ler integralmente o que ele disse e não ficar por leituras requentadas. Talvez assim se entenda melhor o que foi dito, o texto e o contexto.
Esse espírito anti-mulher pode agora ser reconhecido no que está a acontecer com Ségolène Royal.
Espantoso como somos surpreendidos quando nos imaginamos no Séc. XXI, e afinal verificamos que ainda estamos na Idade Média!
Espantoso que os piores exemplos venham de países que julgávamos mais desenvolvidos que nós! (A Alemanha, a França…)
Pensava eu que a mulher já tinha adquirido um estatuto de ombridade com o homem, podendo exercer as mesmas actividades que eles, consoante os seus talentos e sobretudo tendo direito a pensar. Coisa sublime e inaudita aqui há uns tempos.
Temos os exemplos de Angela Merkel et Michelle Bachelet que demontraram todos os dias que uma mulher “é um homem como os outros”.
Afinal, apesar de todo um percurso de entrega à causa pública e de terem demonstrado exaustivamente a sua competência, as mulheres são inexplicavelmente postas de lado e humilhadas publicamente só por se atreverem a ser “um homem como os outros”.
Inacreditável também que sejam muitas vezes as próprias mulheres a ridicularizar estas mulheres mais “normais”, mais “seres humanos como os outros”.
Ser inteligente, competente e determinada. É isso, precisamente, que irrita. É o que amedronta e provoca o desprezo.
Uma mulher não pode ser assim. Nem nos tempos de hoje. Quem diria!
no outro dia li um artigo, já não me lembro onde, sobre a teoria de um, penso sueco, que dizia que mais tarde ou mais cedo as mulheres iriam aceder naturalmente aos lugares de cimeira. porque somos mais e cada vez com mais formação. dizia ele que quando isso acontecer, poderiamos então continuar a ser mulheres, qdo em lugares de topo. o que acontece agora é que mulheres se têm que comportar como homens para aceder a esses lugares e os manterem. gostei da teoria. tenho pena de não ter ficado com a referencia, seria na visão? alguém leu?
BRUCE, tomo a identidade como a canalização da tensão em lugares comuns, reconhecíveis, em que se possa evitar a reformulação contínua da linguagem, que em certos momentos é um gasto excessivo. Grata pela dica literária, devolvo outra, malina de ingeborg bachman, com muito gosto. Noto uma revolta constante ao termo feminista, o meu ponto de partida foi também esse estado, misto de rejeição e clandestinidade. Vou fazer um paralelo um pouco desonesto: Emanecipação é um acto que compete aos senhores. A arte de viver dos então emanecipados é outra que não a dos escravos. Tomará certamente um nome. Sou feminista, até porque a minha sociedade assim me responde, que não sou feminina, que há algo de divergente. Se há fracos de espírito que confundem feminismo com dominação das fêmeas sobre os machos, apoiada num sistema repressivo, policial quiçá, acho que é fraqueza de ideias. Para mim é uma mudança de prioridades, a prioridade do macho sobre a fêmea, que a mal ou a bem descamba completamente com a organização das nações. Um dos lados da barricada já conhecemos, do outro conhecemos as ideias de quem sucede em mostra-las. Não fuja da prateleira do feminismo, critique-a!
Cada vez vejo menos ciência e mais opinião neste blogue. Talvez esse seja o objectivo dos seus autores. Não é o meu quando vos leio. Talvez não vos leia muito mais. Esperava mais de alguns dos que aqui estão. Nesse sentido, este blogue está a ser uma desilusão. Talvez isso não vos interesse. Parecem todos muito ofuscados com o vosso brilhantismo.
os sectores mais conservadores de portugal, com saudades dos tempos em que um paraíso do marialvismo, em que "mulheres de lenço negro tangiam cordas de guitarra nos intervalos das tarefas domésticas" já se manifestaram. uma mulher opinativa é do piorio, onde já se viu.
a mim não me assustam feministas nem mulheres opinativas. eu próprio sou feminista. one wonders porque alguns têm tanto medo que as mulheres abram os olhos...
Sou tentada a concordar com o anónimo anterior. De facto, cara Palmira, a que propósito vem aqui este post? Assim, à primeira vista, seremos talvez levados a pensar que se trata ainda, obliquamente, da discussão com a Igreja, como uma espécie de "bête noire", ou repositório de todos os males (dando-lhe, ao mesmo tempo, o lugar de interlocutor privilegiado). Devo dizer que também eu não sou religiosa - e exactamente por isso pergunto: mas não haverá coisas mais interessantes para abordar num blog chamado "De rerum natura"? Até porque, no caso vertente, se fosse ver bem o que pensava o Lucrécio (e os gregos em geral) das mulheres...
Marvl
Houve ciência, não houve?
Parece que a Adília meteu a palavra "entropia" num poema, e pronto, fez-se ciência, pior, fez-se física.
Escrever sobre ciência é difícil, em particular, para cientistas. Têm um medo aterrador que os leitores coloquem dúvidas inquisitivas ou apontem falhas.
No fundo, temos aqui um belo exemplo do Eduquês, estudar para obter um estatuto social, estatuto social para opinar sobre a vida em geral, opinar para participar na sociedade civil, sociedade civil e estrelato à lá eduquês, isto é, crónicas de jornal e convites da comunicação social, fim.
Cara marvl:
Para além de achar curioso ser recorrente a preocupação de tantos leitores com os temas que abordamos, já agora Lucrécio era romano, não grego e no século I a posição e papel social da mulher, quiçá ainda por infuência etrusca, não era tão baixo como em séculos seguintes.
Mas Lucrécio apenas transcreveu o pensamento de Epicuro e Epicuro era conhecido não apenas por ser o filósofo que ri mas também o filósofo que ensina mulheres (e escravos)...
Talvez um pouco de humor
para aliviar:
http://dilbert.com/comics/dilbert/archive/images/dilbert2091642070410.gif
Se acharem sexista, não me atirem à fogueira, desculpem-me!
Há pelo menos três coisas que saltam à vista de alguém tão pouco inteligente como eu:
1 - como é que é possível ser "físico" ou "químico", no sentido de ser cientista, e em simultâneo acumular tanto conhecimento (eventual, porque não sei se está certo ou errado, não percebo) de áreas como literatura, história, arte e intelectualidade à Portuguesa.
2 - o síndroma Marcelo Rebelo de Sousa apanha-se? Não conhecia mais ninguém capaz de ler tanta coisa, ter conhecimentos tão transversais e, caindo o carmo e a trindade, ser altamente competente em todos eles.
3 - só falta descobrir em que medida alguns cientistas são cientistas a sério ou cientistas do eduquês. O Einstein só começou a opinar depois de ter feito o que tinha de ser feito, tinha a fasquia alta, só depois de ter feito muito é que começou a opinar. Aqui no burgo, fazer muito é ser professor universitário, são automaticamente catalogados como cientistas, e adivinhe-se, fazem ciência!
A comparação com o Einstein é fraca, e meramente ilustrativa.
Muitos dos proclamados cientistas, professores universitários, têm uma taxa de publicação anual que tende para zero ao longo do tempo.
Usam o estatuto de cientista para transmitir uma sensação de autoridade ou competência, quando, muitas vezes, não a têm. E não têm porquê? Porque é impossível ser competente em tantas áreas, e acumular tantos conhecimentos enciclopédicos. O dia tem 24 horas para toda a gente.
Esta opinião é toda minha, e podem-me matar se quiserem.
Caro anónimo das 16.25,
Não tenho dúvidas absolutamente nenhumas quanto à qualidade de alguns dos autores deste blogue enquanto cientistas.
Por isso mesmo esperava mais.
Anónimo das 14.19
Ao contrário do que muita gente julga, a qualidade não é um título vitalício.
estes comentadores anónimos mostram bem porque portugal não sai da cepa torta. baixinho, mesquinhos, invejosos debaixo do anonimato e aposto que cheios de salamaleques raivosos aos "chefes" em pessoa.
com gente desta razão tinha o gato fedorento: portugal não vai lá!
Em alguns dos últimos comentários produzidos, incomoda-me:
a) a concepção esteita de ciência e de cientista, o que, felizmente, muitos cientistas não possuem;
b) a concepção estreita de ser humano; realmente o dia tem 24 horas para todos; há é alguns que as usam de forma a apreenderem o máximo do que os seres humanos têm de bom em todas as áreas e outros não.
Quanto às críticas relativamente ao Blogue: parecem-me aquelas pessoas que são convidadas na casa dos outros e quando se lhes oferece camarão tigre, protestam por não haver lagosta. Falta de educação.
Maria Rodrigues
Faço minhas as palavras do João Pedro!
Que gente mais mesquinha e invejosa! E misógina!
Nada que me surpreenda, na campanha para o aborto viu-se os preconceitos misóginos que vai na cabecinha de muita gente. E ontem foi a promulgação da lei do aborto.
Não me admirava nada que estes anónimos fossem os mesmos que insultavam a Palmira e as restantes mulheres que escreviam no sim no referendo de rameiras para baixo. O nível é igual.
Portugal não vai mesmo lá se gentinha como esta continuar numa de maledicência e insulto baixo às pessoas com ideias com que não concordam em vez de discutirem ideias.
Acho que é a diferença principal entre ateus e crentes fanáticos: os ateus criticam ideias e respeitam pessoas; os crentes não têm argumentos para discutir ideias limitam-se a não respeitar pessoas.
Sim, porque se o post não mostrasse preto no branco que a misoginia da ICAR e que ela não aceita mesmo nada o "A césar o que é de César" estes insultos não tinham tido lugar.
Como não conseguem rebater ideias resta o recurso habitual que enchia as caixas de comentários do DA: insultos. Vá lá que aqui ainda não chegaram as ameaças. Estou espantada com a contenção dos fanáticos católicos!
Misoginia da ICAR que se vê bem num dos links do texto. Em que são indicados os modelos de virtude feminina e "modelos de perfeição cristã":
A santa Gianna Beretta Molla, beatificada com o título mãe de família "Uma mãe italiana, que estando doente de câncer, decidiu levar a diante a gravidez de seu quarto filho a se submeter a uma operação que poderia tê-la salvo, às custas da vida do bebê"
e a beata Isabella Canori Mora que
"À violência física e psicológica de seu marido, Isabella respondeu sempre com absoluta fidelidade."
JPII beatificou a violência conjugal e santificou o suicídio por um óvulo fertilizado...
Então, sendo assim, o velho ditado popular "O saber não ocupa lugar", afinal não se aplica aos cientistas! O que se "aprende" com estes futuros Einteins!
Guida Martins
Li com atenção este post e gostei. Fiquei impressionada com a quantidade de comentários patéticos que li, uns porque continuam a ter medo do feminismo e não admitem que se misture ciência com mulheres, outros porque acham que uma pessoa da ciência só pode saber da sua especialidade, está proibida de saber mais para além disso. Ridículo!! Por isso Portugal, apesar de ter gente mt digna e inteligente (que são uma minoria!)está ainda neste estado de burrice e atraso...eu até me admiro como não está pior. Não está pior graças a pessoas como estas que dirigem este blog e outras que nas suas áreas lutam com determinação e mt empenho e competência para que Portugal vá progredindo em termos de mentalidades.
Mafalda
semimeil...rsrsrs
Um facto cientifico, antes de o ser, nao passava de ideias, opinioes e discussoes ate ser provado. Sejam mais flexiveis, a vida nao e' uma equacao. Gostei muito do post e acho que devia haver mais posts assim!
Quanto ao anónimo ter essas qualidades, ou defeitos, todos por ter comentado aquilo, é difícil de perceber se foi tudo mera dedução ou se houve um bocadinho de fé à mistura para chegar a tão brilhantes [sic] conclusões.
Dei uma opinião pessoal, suportada por experiência pessoal em diversas vertentes:
1 - Já tive professores que contribuem muito para a chamada intelectualidade Portuguesa e, surpreendentemente, revelam-se como professores que transmitem uma sensação de não dominar os temas como outros professores dominam, nomeadamente, parece que não percebem a minúcia dos mecanismos que presidem à teorização.
É natural que assim seja, porque quando se estuda uma coisa não se estão a estudar outras, elementar não é?
Não digo com isto que não saibam fazer os cálculos todos e chegar aos resultados conhecidos, é perceber ao nível de conseguir refazer os cálculos partindo de uma formulação elementar base e deduzir tudo a partir daí.
Mas claro, cientistas assim são cientistas a sério que contribuem significativamente para a ciência.
E não apontei o dedo a nenhum dos bloggers desta casa, porque não os conheço, nem nunca os tive como professores.
2 - Há outros professores que são o oposto, não têm nenhuma visibilidade mediática, ninguém os reconhece na rua, nem os viu na televisão. São cidadãos anónimos para a sociedade em geral. No entanto, são competentes, e tive alguns como professores.
Quando surge um problema atípico, isto é, pouco habitual, surge sempre um professor destes que o resolve. E resolve porquê? Pois, porque percebe do assunto em profundidade.
As evidências levam-me a concluir o óbvio, são mais cientistas aqueles que não aparecem nos circuitos mediáticos do que aqueles que aparecem.
Foi isto que disse no comentário anterior, e é isso que reitero neste.
Rita:
Parece-me que não é justo confundir argumentação com caricatura.
a) Se «JPII beatificou a violência conjugal», isso não implicaria a beatificação daquele que cometeu a violência conjugal? Se, na sua lógica muito particular, beatificar a vítima significa beatificar o comportamento do agressor, então terá o mesmo papa beatificado o lado comunista da Guerra Civil Espanhola, os nazis que mataram Maximiliano Kolbe, etc.?
b) Quanto a ter santificado «o suicídio por um óvulo fertilizado», pergunto: há algum rigor científico em dizer que uma mulher grávida leva em si simplesmente um óvulo fertilizado»?
Vale tudo na argumentação?
Vale! É ciência (vírgula?) idiota!
Who's afraid of Palmira Ferreira?
Sr.ª D.ª das 9:12,
a sua reacção à fraca qualidade dos comentários deve-se, segundo diz a "uns porque continuam a ter medo do feminismo e [outros que] não admitem que se misture ciência com mulheres".
Por ser um cavalheiro de esmero inexcedível, vou ajudá-la a reflectir sobre o seguinte:
- o feminismo é uma espécie de tábua com pregos que faz exactamente o mesmo ângulo com a vertical que o machismo. Contra o machismo existe agora o Estado de Direito, e a prudência no casamento.
- a Palmira não se apresenta aos leitores como mulher, mas como química. Daí a expectativa com que os broncos usufrutuários do cromossoma Y aguardam novidades a esse outro respeito.
Com assobios dos trolhas aqui da obra, que eu lhe rogo não levar a peito, depeço-me até uma próxima sem palmadinha
Ehhhh...os broncos que têm medo da Prof. Palmira espumam de raiva..ehehehheh..rsrsrsr..tadinhos, que argumentos mais espatafurdios eles vão buscar!! Sejam Seres Humanos a sério e não criaturas primitivas armadas em sábichões (de última categoria)...
Devem ser apoiantes daquelas pulgas saltitantes que agora tentaram assassinar politicamente o Primeiro-Ministro, mas sem êxito.
Ass: a esposa do Director Geral da claque do Desportivo de Machique
Este sistema em que está construída a sociedade em que vivemos assenta (ou pelo menos tem nisso um forte pilar) na dissociação masculino/feminino.
O sistema está a esboroar-se mas a construção é pesada e de séculos o que conduz a que seja difícil pensar qualquer coisa noutros termos.
Também eu, tendo estado várias vezes na Alemanha, senti a estranheza dos alemães por ser casada, ter filhos e em simultâneo uma carreira profissional. A situação mais extrema foi quando o parceiro com quem a minha empresa trabalhava na Alemanha propôs ao meu sócio fazerem a parceria só os dois, deixando-me a mim de fora porque achava que negócios não são coisas de mulheres.
A pior situação por que passei foi exactamente na Universidade de Regensburg, onde fui visitar uma colega (sem filhos) que lá estava e fui violentamente insultada por um dos professores da dita universidade. Como o tal senhor era um daqueles alemães grandes e possantes (um eufemismo para muito gordo) e parecia prestes a passar da violência verbal para a física foi uma situação bastante desagradável (e assustadora).
Nunca mais voltei a Regensburg...
Recordo-me de há uns 10 anos perguntar a uma rapariga alemã de Hamburgo, que na altura estava a acabar a escola secundária, o que pensava fazer da vida. Na brincadeira perguntei se queria ser dona-de-casa. Qualquer portuguesa com 18 anos ficaria ofendida. Ela não. Achou a questão normal e apenas respondeu que ainda não sabia bem.
Já agora acrescento que os 3 países da UE a 27 com MENOS mulheres a fazer investigação (dados da EuroStat)são a Holanda, o Luxemburgo e a Alemanha por esta ordem. Portugal é o 4º com MAIS mulheres na investigação.
Enviar um comentário