Há verdadeiras jóias de "non sense" no quiosque! Quando se pensa que não se pode
encontrar nada mais absurdo, abre-se uma outra revista e é ainda mais delirante do
que a anterior.
O nº 16 da revista "Mundo Esotérico", dirigida por Nelly Montserrat (Carneiro), com sede em Lisboa, tem como tema de capa "O Mundo das Fadas". Quem pensava que as fadas eram criaturas como o Pai Natal o Coelhinho da Páscoa desengane-se: para um autor anónimo desta publicação, "A matéria das fadas é etérea, translúcida e é assim debaixo dessa aparência que as podemos ver quando aparecem aos humanos, mas quando permanecem invisíveis é porque se situa, no plano astral, podendo desta vez elas verem-nos, e nós não as vermos". À questão "Como entrar em contacto com as fadas?" responde: "Pois não basta só nós querermos, elas também têm de estar dispostas e nem sempre é fácil." Pois, isso mesmo, nem sempre é fácil, eu ainda não consegui, mas devem ser elas que não querem falar comigo. É pena!
Mais adiante há um inquérito: "Sabe se os seus filhos têm poderes paranormais?". Uma das perguntas é "Consegue [o filho] mover objectos sem tocá-los". As hipóteses são: "a) esporadicamente e b) Nunca." Mas não haverá filhos superdotados que consigam frequentemente ou mesmo sempre? E esses que é que respondem?
Na secção de magia branca, que aparece depois de uma oração a Santa Teresinha do Menino Jesus, há um "ritual para atrair dinheiro". Estou à espera de uma quinta-feira de quarto crescente para fazer o truque e logo direi se resulta...
Uma leitora, na secção "O meu testemunho", queixa-se: "Sinto-me fora de mim mesma". Minha senhora: O melhor é entrar logo que possa, porque senão são duas despesas...
Por último, há uma pequena errata, sobre a missão do signo sagitário, onde se pede desculpa a todos os sagitarianos. Acho muito bem a errata, mas peca por pequena. Devia ser uma errata do tamanho da revista toda e devia pedir desculpa não só aos sagitarianos como aos nascidos em todos os restantes signos!
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7 comentários:
Que aconteceu ao Jornal do Incrível, escola de jornalismo de investigação, onde se lia em primeira página “Condor gigante ataca avião”, “Intraterrestres nos EUA”, ou “Mulher brutalmente agredida por bebé pugilista” com foto e tudo de uma senhora com quarenta anos de altura e 80 quilos de largo, claramente violentada pela criança de colo?
O seu post trouxe-me a saudade da escolha e da diversidade... Hoje penso em alienação e só me vem futebol. Até as fadas são raras.
Nas livrarias também se encontram tesouros. Não me refiro aos livros em si, mas à forma como são arrumados. Na secção de livros técnicos ou de divulgação científica fica bem patente a iliteracia dos responsaveis por esses espaços. Nos hipermercados é hilariante, mas ainda hoje, na prestigiada Livraria Bertrand, em Viseu, encontrei um "Manual de numerologia" entre os livros da colecção Ciência Aberta. Infelizmente não foi a primeira vez que detectei situações do género na mesma livraria. Além de dar indicações sobre quem gere o espaço também dá indicações pouco adequadas para os visitantes da livraria.
Olá
Infelizmente não será apenas nas livrarias.
Como sabem, um dos sitemas de classificação das bibliotecas é a CDU (Classificação Decimal Universal). Herdeira de uma concepção do mundo e dos saberes do século XIX (apesar das muitas revisões de que tem sido alvo), a CDU possui verdadeiras pérolas. Uma, felizmente já corrigida, consistia em classificar a história de Portugal como uma sub-classe da história de Espanha. A outra, ainda não corrigida e não se percebe de todo porquê, é a classe 1 Filosofia. Para além de continuar a incluir a Psicologia (o que leva os mais incautos a considerar que os livros estão mal arrumados na biblioteca porque os livros de Psicologia estão no meio dos de Filosofia), dentro da classe 1 existem subclasses para espiritismo, ocultimo e afins, mas não existem classes para algumas das áreas mais importantes da Filosofia. Resultado, andei no outro dia, a pedido da coordenadora da biblioteca da escola, a fazer um levantamento dos livros desactualizados, danificados, etc. e encontrei (confesso que nunca tinha dado conta) três livros de feitiçaria e espiritismo, conjuntamente com Descartes, Kant, Hegel, etc., etc.
Fantástico, não é?
Maria Rodrigues
quem me dera que houvesse mais revitas dessas.. estou cansando da realidade, demasiado cinzenta. ainda nao consegui encontrar a dita revista e com pena minha.
Caro Paulo V.
Infelizmente é como diz. Nas livrarias a ciência encontra-se
a par com a "ciência oculta" (vai entre aspas porque não é ciência).
Reparare também como a dita "ciência
oculta" está mesclada com a religião,
não se sabendo bem onde é que começa
uma e acaba outra... Chega a ser hilariante ver a colocação de certos
livros!
Cara Maria Rodrigues
É de facto fantástico. Algumas classificações bibliográficas não ajudam muito. Mas muitos bibliotecários também confundem as coisas. Que diabo: não devia ser preciso ler o livro todo para se perceber se é filosofia ou se é feitiçaria...
«Para além de continuar a incluir a Psicologia (o que leva os mais incautos a considerar que os livros estão mal arrumados na biblioteca porque os livros de Psicologia estão no meio dos de Filosofia), dentro da classe 1 existem subclasses para espiritismo, ocultimo e afins, mas não existem classes para algumas das áreas mais importantes da Filosofia. Resultado, andei no outro dia, a pedido da coordenadora da biblioteca da escola, a fazer um levantamento dos livros desactualizados, danificados, etc. e encontrei (confesso que nunca tinha dado conta) três livros de feitiçaria e espiritismo, conjuntamente com Descartes, Kant, Hegel, etc., etc.»
Há coisas fantásticas, Maria de Fátima, isso há - uma delas é V. ter o desplante de comparar Espiritismo, que é Filosofia, com Feitiçaria, que caberá na Antropologia.
Ah, que feio que é a gente atrever-se mandar palpites sobre o que desconhecemos...
Afonso Pereira
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