terça-feira, 17 de abril de 2007
EIXO DO MAL CONFIRMADO?
"The axis of evil" foi o título de um artigo publicado na prestigiada revista "Physical Review Letters" em 2005 pelo astrofísico português João Magueijo (professor no Imperial College de Londres) e pela sua estudante de doutoramento Kate Land. Os físicos gostam muito de nomes engraçados e "eixo do mal" foi o nome que Magueijo e Land deram a uma linha que estabelece uma assimetria na radiação cósmica de fundo, o “eco” que ficou da época da criação dos átomos.
De início era uma pura especulação. Mas a última "New Scientist" informa que dois estudos independentes parecem confirmar a existência do dito eixo do mal. A ser assim, o modelo actual do "Big Bang", que actualmente reúne o consenso da comunidade científica, poderá correr algum perigo... Quer dizer, o dito eixo fará mal à teoria do "Big Bang". O debate sobre o assunto vai decerto continuar. More news soon...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
UM CRIME OITOCENTISTA
Artigo meu num recente JL: Um dos crimes mais famosos do século XIX português foi o envenenamento de três crianças, com origem na ingestão ...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
«Na casa defronte de mim e dos meus sonhos» é o primeiro verso do poema de Álvaro de Campos objecto de questionamento na prova de Exame de P...
8 comentários:
Numa breve nota:
O Big Bang nunca foi, desde da sua origem, uma tese pacífica. Até o termo Big Bang foi criado para denunciar o ridículo que era da ideia (Fred Hoyle). Por um lado, o Big Bang nunca passou de especulação cosmofísica. Por outro, tem havido imensos físicos que têm proposto outros modelos. Um deles, por exemplo, foi Dirac. Como foi igualmente Dirac que propôs - antes do Magueijo ter nascido - que a velocidade da luz (tal como todas as constantes físicas) são variáveis no tempo. Logo por aí, morriam pela base muitos dos argumentos do Big Bang. Como tal, haverá certamente novos desenvolvimentos sobre este assuntos. Mas duvidosamente haverá verdadeiras novidades. Tanto mais que existem muitas carreiras em jogo e, como já se sabe, a comunidade tem uma enorme inércia. Já dizia Planck.
Ah! Já agora. O Magueijo não é o único português, actualmente, a propor modelos astrofísicos que divergem do Big Bang, em revistas sérias. A questão é que, também na ciência, as relações públicas valem muito.
Sobre o Big Bang, recomendo vivamente este livro de Simon Singh: Big Bang (para subscritores). Delicioso e muito informativo. Mas não posso asseverar se não tem erros, dado que não sou da área. Mas o autor tem provas dadas e é da maior seriedade. Ouvi dizer que iria ser publicado em Portugal na Gradiva, espero que sim.
Acho deveras irritante que designe João Magueijo como "astrofísico português".
Magueijo tem de facto, acredito, nacionalidade portuguesa. Mas a nacionalidade, o passaporte e o bilhete de identidade, nada significam em ciência. Como astrofísico, Magueijo não é português. É um astrofísico do Imperial College. É o Imperial College quem lhe paga o trabalho, quem lhe dá condições para investigar, e quem lhe dá oportunidade de angariar bons estudantes como Kate Land.
O que seria uma grande notícia, seria se um qualquer astrofísico a trabalhar em Portugal e pago por uma instituição portuguesa, fosse qual fosse o país emissor do seu passaporte, tivesse tanto sucesso como Magueijo.
Luís Lavoura
Este blogue tem umas caixas de comentários divertidíssimas.
Tem:
1) malta que acha que os professores de física do IST são todos bons professores e que os professores de matemática do IST não prestam para nada.
2) malta que acha que os professores de matemática do IST são todos bons professores e que os professores de física do IST não prestam para nada.
3) malta que acha que "O Magueijo não é o único português, actualmente, a propor modelos astrofísicos que divergem do Big Bang, em revistas sérias."
3) tem também quem ache que "o que seria uma grande notícia, seria se um qualquer astrofísico a trabalhar em Portugal e pago por uma instituição portuguesa, fosse qual fosse o país emissor do seu passaporte, tivesse tanto sucesso como Magueijo."
Tenho que começar a ler isto mais atentamente.
Será esse o motivo pelo qual estou a ficar mais gordo? Tenho a barriga alinhada com a dimensão mais inflaccionada?
Talvez se me deitar segundo esse eixo fique antes mais alto....
Magueijo está ao serviço dos criacionistas?!
Não me parece, ó Anónimo, que um cientista deve estar só ao serviço da Verdade!!!
Mas se o conceito de criação "ex-nihilo" é já desde há uma dezena de anos admitido pela ciência, pois bem, isso é de facto uma ponte muitíssimo interessante com a religião, é inegável!
Tal como também parece inegável que a moderna ciência é cada vez mais "mística" e iconoclasta, o que se torna deveras interessante. É que a hipótese de um universo auto-consciente, alargando deste modo a "Teoria de Gaia" de Lovelock, já se vai infiltrando por aí e quem sabe se não estaremos mesmo às portas de um novo paradigma, agora que as fronteiras entre Ciência e Metafísica se parecem diluir cada vez mais?!
Caro Luís Lavoura:
Não penso que um físico português,
nascido em Portugal, que estudou em Portugal, que tem passaporte português, deixe de ser português por ter sido contratado por uma instituição estrangeira.
Mal comparado: o Cristiano Ronaldo não é português? E passa a ser se vier jogar para cá?
Enviar um comentário