segunda-feira, 4 de maio de 2009

Financiar a cultura

Temos assistido neste blog a uma discussão acesa, ou melhor, a uma troca de insultos, motivados pelos meus artigos fictícios (“Mudanças na Universidade Portuguesa”, “Microsoft Anuncia Reestruturação Radical” e “Wikiversidade dá que falar”). O simples facto de uma pequeníssima parte das pessoas que seguem este blog ficarem tão irritadas mostra que é necessário quebrar alguns tabus e algumas ideias que se tornaram únicas e óbvias. O pensamento único e óbvio esconde muitas vezes falta de reflexão.

Sublinho o que está em causa: a desejabilidade ou indesejabilidade de um dado modelo económico do financiamento da cultura, que me parece errado e que não é discutido, mas meramente objecto de activismo pelos seus acólitos, que se limitam a pressupor que o seu modelo é melhor do que outros, restando agora impô-lo através do pior tipo de luta política irracional: sem discussão genuína, sem reflexão aturada, sem qualquer desejo de imparcialidade ou de objectividade, gritando palavras de ordem e apoiando-se apenas na força bruta do número de convertidos. O que se lê na internet é encómios retóricos ao novo modelo económico, sem reflexão cuidadosa, imparcial, objectiva. Daí ser plausível pensar que o interesse destas pessoas não é a verdade, mas apenas 1) empurrar o mundo na direcção que, sem reflexão cuidadosa, pensam ser a melhor e 2) legitimar a sua prática de anos de usar software, jogos e músicas sem pagar aos criadores.

Tudo o que quero é chamar a atenção das pessoas que ainda não decidiram que já sabem qual é o melhor modelo económico de financiamento da cultura, sublinhando que é preciso pagar aos criadores. E que a maneira mais simples de o fazer é pagar quando usufruímos dos seus trabalhos. Uso um dado software, então pago-o. Leio um livro, pago-o. Oiço uma música, pago-a. Evidentemente, o criador pode querer dar o produto do seu trabalho, por vários motivos, entre os quais o desejo de autopromoção; nesse caso, nada há de errado em não lhe pagar. Mas o que conta é que também não é errado pedir dinheiro pelo trabalho que se teve a fazer um jogo, a compor e gravar uma música ou a escrever um livro — e nesse caso, quem quer usufruir dos produtos desse criador deve pagar.

E pagar a quem? Apenas ao criador?

Não. À rede económica que o apoia. Pode parecer injusto, por exemplo, que de um livro só cerca de 10% reverta a favor do autor. Mas não é necessariamente injusto, pois o autor precisa do editor, que lhe fornece revisores, lhe compõe o livro e o imprime e o distribui, e precisa das livrarias para expor o seu livro, e os livreiros e editores têm de pagar os ordenados a quem nelas trabalha, e tudo o resto. Se o livro for digital, o autor precisa do apoio do editor que faz o mesmíssimo trabalho editorial e precisa depois do trabalho de formatação electrónica e da divulgação em livrarias virtuais de grande exposição, que por sua vez terão de pagar a engenheiros informáticos e a servidores. De modo que o dinheiro que pagamos não alimenta apenas o criador, e seria injusto que isso fosse assim porque o criador precisa da rede económica que o apoia.

Isto é análogo ao que acontece numa universidade. Eu preciso dos serviços das pessoas que limpam e lavam as salas onde trabalho, dos seguranças, dos informáticos, dos bibliotecários. E agradeço-lhes esse trabalho e não quereria que eles trabalhassem de graça para eu poder dar aulas mais baratas. Mas no mundo cultural há hoje a mentalidade de que se podemos pagar algo mais barato — ou nada pagar — que se baseia em trabalho voluntário, então devemos alargar este modelo a tudo. E é esta ideia que é desavisada.

Esta é uma das realidades mais infelizes da mentalidade do gratuito na internet. Sem essa mentalidade, eu, como músico, poderia pôr a minha música de graça na internet, mas as pessoas que a puxassem e gostassem teriam a consciência de me pagar uma fracção do preço de um CD — e eu poderia ser um músico profissional, mas independente. Contudo, isso não é possível porque a generalidade das pessoas vão lá, puxam, ouvem, gostam — e não pagam. O que defendo não é que quem faz isso deva ser preso, mas apenas que se deve explicar às pessoas a necessidade e importância de pagar aos criadores, para procurar baixar a percentagem de pessoas que usufruem do trabalho dos criadores sem pagar.

Contudo, do ponto de vista de quem defende o gratuito, é imoral pagar à cópia; só é moral pagar por um produto cultural antes de o autor o ter feito, porque devemos pagar apenas directamente e previamente o seu trabalho. (É um pouco como argumentar que só é moral pagar à entrada do cinema, porque ainda não vimos o filme, mas não à saída do supermercado, porque já temos o que queremos na mão.) Não ocorre a quem defende esta mentalidade que tanto faz pagar antes de o trabalho estar feito como depois: o que conta é pagar, porque o que conta é tornar economicamente viável o criador. E uma das maneiras óbvias de o fazer é haver uma mentalidade em que as pessoas se sentem obrigadas a pagar o trabalho dos criadores desde que usufruam desse trabalho, sendo irrelevante se o pagam antes ou depois, à cópia ou por atacado, digitalmente ou em papel ou em pedra ou em fumo. O que interessa é tornar economicamente viável o criador e à pergunta “quem deve pagar?” a resposta óbvia é “na medida do possível, todos os que usufruem do seu trabalho”. Isto é perfeitamente compatível com o financiamento público, por exemplo, para que as pessoas mais carenciadas possam ter acesso à cultura (daí o qualificativo “na medida do possível”). Mas não se confunde com a ideia de que é bonito usufruir do trabalho dos outros sem pagar, só porque é fácil fazer cópias.

Duas últimas notas. Se alguém defender que todas as pessoas são louras e eu defender o contrário, não estou comprometido com a ideia de que ninguém é louro. Estou apenas comprometido com a ideia de que nem todas as pessoas são louras. Quando alguém se opõe a quem defende que toda a cultura deve ser gratuita e que tudo na internet deve ser gratuito, essa pessoa não está comprometida com a ideia de que nenhuma cultura deve ser gratuita e que nada na internet deve ser gratuito. Essa pessoa está apenas comprometida com a ideia de que nem toda a cultura deve ser gratuita e que nem tudo na internet deve ser gratuito. Isto devia ser óbvio. Nada tenho contra a ideia de haver livros gratuitos, ou seja o que for, desde que isso não ponha em causa a viabilidade económica dos criadores — e em muitos casos não põe. Há muitos casos em que podemos usufruir gratuitamente de livros, música, ou enciclopédias — quando os criadores respectivos já morreram, ou quando não querem o nosso dinheiro porque são ricos, ou porque vivem de outra coisa. Mas noutros casos põe. O caso mais óbvio é o dos navegadores, como o Firefox: ninguém hoje pode montar uma empresa de software e vender um navegador bom, fiável e seguro precisamente porque os outros navegadores são gratuitos. Tudo o que se pode fazer é aliar-se ao Google, pois o navegador terá de ser financiado através da publicidade. Aplaudir este estado de coisas é pura e simplesmente ridículo, pois nós já sabemos bem o que é um mundo financiado pela publicidade: é a televisão aberta — que, ao que consta, não é propriamente um paraíso cultural.

Finalmente, imagine-se que sou compositor. Um quarteto de cordas começa a interpretar as minha peças ao vivo e é um sucesso. Ganham imenso dinheiro. E nada me pagam, apesar de tanto eles como o público estarem claramente a usufruir do meu trabalho. Sim, eu poderia integrar o quarteto. Mas acontece que sou compositor, e ainda por cima paralítico, e não posso ou não quero fazer espectáculos — do que gosto é de compor e é nisso que sou bom. A mais elementar boa educação, ainda que não a lei — essa é outra questão que é falacioso antecipar a esta — manda que o quarteto partilhe comigo as suas receitas. Desse modo, em vez de andar a pintar paredes ou a fazer pão, posso dedicar-me à composição que tanta gente valoriza. A questão é: o que poderá haver de errado neste modelo? Nada. Mas torna óbvio que é falta de educação alguém puxar a música que ponho na internet gratuitamente, ouvir, gostar, voltar a ouvir, e nada me pagar por isso. E devia também ser evidente que se eu sou Bach e porque Bach está morto, ninguém tem de me pagar coisa alguma para compor — mas temos de pagar aos intérpretes, maestros e engenheiros de som que fizeram as gravações que nos permitem ouvir Bach repetidamente, e sem sair de casa. Portanto, uma vez mais: não se trata de defender a tese radical de que devemos pagar sempre, mas de refutar a tese radical de que nunca devemos pagar.

26 comentários:

Mário Miguel disse...

Desidério,

Pouca coisa tenho a acrescentar, sendo que agora a tua ideia no geral já se aproxima da minha. Finalmente um Post teu que me agrada em mais de 80%.

João Paulo Magalhães disse...

Grande post - muito bem articulado!

O debate sobre a propriedade intelectual e a "justa" remuneração sobre o produto parece muitas vezes um diálogo de surdos aos berros.

De um lado, as grandes empresas que vendem gato por lebre (como é o caso dos hits de Verão, p.ex.), sempre a tentar surfar a onda da ultima moda irracional. Como o que vendem é lixo auditivo que não sobrevive em geral ao juízo imperturbável do tempo que passa, vêm-se obrigadas a garantir que aqueles 2-3 meses de vendas rápidas realizem a parte de leão do lucro do investimento. Isso é incompatível com cópias e downloads ilegais. Alternativamente, quando a obra é mais séria, e se vende ao longo de anos, tentam usufruir de algo a que, na realidade, já não têm direito: não há razão nenhuma para que detenham o copyright de autores que já faleceram há mais de 70 anos. Nenhuma empresa faz investimentos a pensar em mais de 30 anos, que é o horizonte de trabalho de uma vida.

Do outro lado, temos os novos arautos do consenso fácil, que acham que é dever dos outros providenciar-lhes os produtos que desejam para viver. Se dizem isso dos livros e da música, porque não da comida? Ou da habitação? Afinal, eles têm o direito à habitação.

Estas duas facções reforçam e afastam mutuamente as suas posições, deixando no meio uma terra de ninguém irracional, onde quem assomar é imediatamente atacado pelos dois lados.

Se as produtoras/distribuidoras pensassem menos nos tostões e mais na qualidade do produto que vendem, teriam tempos mais fáceis. Mas preferem vender coisas miseráveis, apenas porque juntamente com o domínio dos canais de marketing, conseguem vendê-los rapidamente. Assim: "-Que se lixe o volume de vendas - o que interessa é que seja rápido." E rápido é. Uma longa sucessão de insuportáveis rapidinhas radiofónicas.

Independentemente dessa lamentável estratégia, é indisputável que quem cria deve poder usufruir dos resultados da sua criação. Aqueles que por irracionalidade ou inépcia não compreendem isto vão ter os produtos culturais - e a vida interior - que merecem. Descartáveis/descartável. Podem, como o Desidério Murcho bem ilustra, sentar-se a ver os desinteressantes serões da televisão paga pela publicidade - vai ser o melhor que vão poder ver.

José Simões disse...

"ninguém hoje pode montar uma empresa de software e vender um navegador bom, fiável e seguro precisamente porque os outros navegadores são gratuitos".

Ninguém hoje pode construir uma empresa de software e vender um navegador melhor - ponto final

Isto, não por causa da concorrência mas porque existe uma rede económica e de patentes monopolista que não produz nada e cuja única fonte de rendimento é a litigação em tribunal onde, geralmente sem razão, é paga ou leva a empresa vítima à falência - ela que escolha.

UM artigo muito bom sobre o assunto vem aqui

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601103&sid=aw5EZ9BzrgtU&refer=us

ou http://is.gd/wxEA

O entrevistado tem um perfil técnico, público, estratégico, empresarial e humano perfeitamente imbatíveis.

Contra isto só o GPL (sim, software geralmente gratuito) poderá por a sociedade ocidental a funcionar do ponto de vista técnico.

Quem trabalha nisso não espera grande rendimento, mas vai ganhando reconhecimento dos seus pares e sempre se vai ganhando algum numa ou outra iniciativa com eles.

A outra alternativa será sermos todos pagos a 500 euros por mês, enquanto as grandes empresas através de leis imorais e contratos ilegais nos roubam as reformas e ganham milhões no processo.

Em certos casos os procedimentos são tão ilegais que toda a gente sabe disso (BPN) mas mesmo assim ninguém actua. E os culpados ficam com os bolsos cheios.

Como fazer as tais empresas de software rentáveis nestes ambientes?

José Simões

Anónimo disse...

Quem quiser bater no desidério, sem que para isso gaste uma palavra é fazê-lo aqui: http://desideriomurcho.mybrute.com

Beijos*

Anónimo disse...

Bem, também há o Cavacu Siva para bater: http://cavacusilva.mybrute.com/

...

Anónimo disse...

Da história da internet que eu conheço apenas recordo um browser que se pagava, e mesmo assim apenas quem queria: o Opera (era (não se se é) adware). Todos os outros foram "à borla". (Mosaic? à borla. Netscape? à borla. lynx? à borla. Internet Explorer? à borla). Todos muito antes do Firefox...

enfim, fica o pormenor, nunca houve, de facto, um mercado para um browser a pagar. De facto percebe-se agora melhor o que argumenta a questão é que ignora:

- a existência de redes paralelas de financiamento de criadores;

"é que também não é errado pedir dinheiro pelo trabalho que se teve a fazer um jogo, a compor e gravar uma música ou a escrever um livro"

não me recordo de ler algum comentário onde isso fosse argumentado, que era errado pedir dinheiro pelo trabalho. Lembro de ler vários comentários em que era dito, até pelo Desidério, que usar sem pagar é que era "mau" (sem ressalvas mas enfim, todos temos direito a mudar de opinião).

"o que conta é pagar, porque o que conta é tornar economicamente viável o criador."

não, o que conta é tornar viável a produção cultural. há muitas formas de pagar. o Desidério só vê uma [fonte de financiamento]

"De modo que o dinheiro que pagamos não alimenta apenas o criador, e seria injusto que isso fosse assim porque o criador precisa da rede económica que o apoia."

estão-se a criar outras redes (já existem algumas actualmente), devemos manter o suporte das antigas? A Chrysler deixou de ser viável, devemos mante-la a todo o custo?

não se preocupe, estão a aparecer novos midle-man e os criadores vão continuar a ser recompensados. ser cego é não ver isso.

Anónimo disse...

O Desintérico tem é excesso de testosterona.
É por isso que não acredita em Deus.

Ele quer ser Deus...

António Parente disse...

Mais um post magistral do Desidério Murcho. Muitos parabéns. Concordo a 110%.

Luis Lobato de Faria disse...

Desidério.....se eu tivesse dinheiro até pagava.

Luis Lobato de Faria

Anónimo disse...

"Portanto, uma vez mais: não se trata de defender a tese radical de que devemos pagar sempre, mas de refutar a tese radical de que nunca devemos pagar."

Escrever isto, após todos os posts anteriores, é extremamente desonesto. Porque não resume o que andou a expôr e porque nunca esteve em cima da mesa qualquer contestação a esta afirmação.

Como dizem o ingleses "the devil is in the details" (o diabo está nos detalhes)...

Carlos Faria disse...

como há muito vinha a dizer, desidério murcho deixa mensagens de choque para levantar a discussão, com ideias por vezes erradas, mas o pensamento dele está nas entrelinhas ou mesmo escondido. agora decidiu esclarecer o tema da gratuitidade e fê-lo bem e na generalidade estou de acordo.

joão viegas disse...

Caros,

Não vou alongar-me sobre a mudança do objecto do debate. Se isso satisfaz o ego do Desidério, so be it...

Mas aproveito a discussão ter passado a ser sobre a "cultura do gratuito" (pretensamente ligada à importância da Internet, mas o mesmo pôde escrever-se quando apareceu a luz eléctrica, etc.) para fazer uma pergunta, especialmente dirigida aos professores (e eu não sou um deles) :

Admitindo que a Internet coloca mais informação gratuitamente ao dispôr dos alunos, isto não é uma tremenda oportunidade para os professores se concentrarem no que interessa, ou seja no trabalho de selecção, de assimilação, de aproveitamento da informação pelos seus alunos ?

Isto não é, afinal, uma mudança substancial para um corpo de profissionais que, até hoje, eram tidos como "detentores de saber" (supostamente contido nos livros) e que, de futuro, vão ter que se transformar em autênticos pedagogos, preocupados em ensinar a ler com rigor, a escrever com rigor, a pensar com rigor, a agir com rigor ?

Não estara aqui uma das razões do medo irracional suscitado pela Internet e pelas suas potencialidades ?

Esta pergunta surge porque, quanto ao resto, acho que a esmagadora maioria das pessoas ja percebeu ha muito tempo que a Internet não lhes vai trazer nada de fundamental "gratuitamente", ou por milagre : nem batatas, nem prazer, nem eduicação, nem cultura...

joão viegas disse...

Caros,

E para ilustrar o tema, um provérbio japonês (traduzido por Wenceslau) que me parece vir a proposito nesta discussão :

"Preferivel a ler uma passagem dez vezes, é transcrevê-la uma vez."

nuvens de fumo disse...

"Não estara aqui uma das razões do medo irracional suscitado pela Internet e pelas suas potencialidades ?"

Claro que num mundo onde as crianças possam ir para a escola com portáteis e os professores possam preparar as aulas antecipadamente , onde os manuais possam ser virtuais e distribuídos na net ....
ahhh esqueci-me que tem de haver n manuais a cada disciplina, publicados por várias editoras que cobram fortunas por metodologias sempre inovadoras para ensinar matérias sempre em mutação como seja a trigonometria, kant, história ou os advérbios. Tem de se gastar em média 250 € por filho para se poder aceder a este maná de conhecimento, mais cadernos e canetas que poderiam ser deitadas foras nesse mundo terrível de Magalhães.

Imagine-se um mundo onde se pagaria apenas aos professores que elaborassem o manual , 10.000 euros, o que me parece principesco tendo em conta já existirem imensas cópias de anos anteriores , e a distribuição fosse via net e livre.

Gratuita para o utilizador, mas paga para o criador. E bem paga até para um trabalho que hora/preço ficaria um dos melhor pagos.
claro que para as editoras e tachos habituais seria mau...pois seria


só que esse mundo pode estar aí a rebentar, e espero mesmo que sim, tirando uns contentores com um info-excluídos ...

Mário Lino disse...

Caro Desidério,

Saúdo mais este seu jogo de cintura, e compreendo a sua necessidade de apimentar o debate um bocadinho com os seus comentários acerca dos insultos. Compreendo que para quem possa apreciar a ribalta, o fraco número de respostas despoletado pelos seus últimos posts não deixa de ser preocupante. Aliás, eu próprio tenho sido culpado de não lhe dedicar a devida atenção, mas conto corrigir imediatamente esta situação. Hoje não lhe venho pedir factos que sustentem as suas teorias (os ditos "Numbers") pois vejo que, inteligentemente, recentrou o debate para a àrea da "moralidade" da ideologia RNED. Efectivamente, tornava-se cada vez menos sustentável perorar sobre os efeitos perniciosos da cultura "borlista" sobre a cultura, ao mesmo tempo que se dispensava de fornecer exemplos concretos que suportassem tal ideia.

Repito portanto, não falemos de "Numbers" hoje. Vamos antes abordar a questão dos insultos e a manifesta desonestidade intelectual deste seu ultimo post.

Vamos primeiro recuar um pouco no tempo e ver o que o Desidério apresenta acerca da problemática dos insultos.

Em finais de 2008, Desidério afirma:

Debate e combate
Infelizmente, o combate político disfarça-se muitas vezes de debate de ideias. E assim se prostitui um dos instrumentos fundamentais da descoberta das coisas, que é precisamente a troca de argumentos entre várias pessoas que partilham um forte interesse pela verdade. Quando o combate político se disfarça de debate de ideias, insulta-se as pessoas
[...]
A grande ilusão é pensar que ou somos imparciais e objectivos — mas nesse caso só debitamos academices irrelevantes, ou, pior, resultados científicos que não podem ser postos em causa — ou nos entregamos pessoalmente e calorosamente a um debate de ideias — mas nesse caso não seremos imparciais nem objectivos, adoptando ao invés as conhecidas técnicas do sujo combate político. Este falso dilema é perigoso, mas não sei o que se poderá fazer de significativo para mostrar a sua falsidade.
Tradução: nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra. É certo que o insulto não é desejável, mas tambêm se pode dizer o mesmo de um consenso morno e desensabido. Como reslver este problema?Em principios de 2009, Desidério afirma:

O censor invisível
Defendi três ideias centrais nos meus artigos contra a ideia de que é legítimo usar o conceito de insulto para limitar a liberdade de expressão. Primeiro, que seja o que for que alguém escreva pode ser acusado de ser insultuoso, e que historicamente sempre foi esta a acusação feita para amordaçar a liberdade de expressão. Segundo, que se tivermos medo de escrever algo por poder ser insultuoso para alguém, estaremos a interiorizar a censura, e a autocensura é pior do que a censura explícita, porque a segunda é mais visível. Terceiro, que há hoje mais autocensura na vida pública do que há poucas décadas.

A favor desta segunda ideia não apresentei dados empíricos -- pensava ingenuamente que esta seria uma ideia pacífica. Muitos leitores discordam de mim e pensam que a liberdade de expressão não está hoje mais ameaçada do que há umas décadas. Neste artigo, Christopher Hitchens apresenta vários casos que sustentam a ideia de que a liberdade de expressão está hoje mais ameaçada do que há umas décadas, precisamente por causa da autocensura, baseada na ideia de que seja o que for que se possa escrever poderá ser insultuoso para alguém.

O que pensa o leitor?
Tradução: Pequena evolução da posição do Desidério: O insulto é uma grandeza não quantificável. O que eu posso achar como mundano pode ser insultuoso para ti. Não censuremos portanto, pois o perigo para a liberdade de expressão é demasiádo grande!
Insulto e prisão
Na sequência dos artigos que publiquei sobre o uso do insulto como forma de limitar ilegitimamente a liberdade de expressão, vale a pena ler esta breve notícia, e ver as imagens humilhantes associadas. Para quem não lê inglês, eis o resumo: um escritor australiano publicou um romance que quase não se vendeu -- aparentemente, venderam-se apenas quatro cópias -- mas foi preso ao tentar sair do país (Tailândia) e condenado a três anos de cadeia por insultar a família real tailandesa. Não é possível defender que está tudo bem porque os juízes se limitaram a seguir a lei da Tailândia. O que se passa é que a lei da Tailândia está errada, tal está errada qualquer lei que permita a supressão da liberdade de expressão com base no conceito de insulto.
A mesma ideiaAinda em principios de 2009, Desidério afirma:

Ofensa, insulto e discussão de ideias
Dick Cavett elogia o insulto no New York Times de ontem. Eu nunca elogiei o insulto nos meus artigos recentes sobre o tema, mas parece que alguns leitores me compreenderam desse modo. Eu preferiria um mundo sem insultos, onde as pessoas pudessem discutir ideias tranquilamente, com interesse genuíno pelas ideias e não pela luta simiesca pelo poder ou com preocupações igualmente simiescas com a “dignidade”, entendida como hierarquia social. Por outro lado, é de uma espantosa hipocrisia defender o insulto como limite legítimo da liberdade de expressão, ao mesmo tempo que se insulta veladamente os outros. Os insultos velados têm a desvantagem, relativamente aos explícitos, de acrescentarem a hipocrisia à falta de educação. Se temos de escolher entre dois males, é preferível o insulto claro e directo. Mas, claro, melhor ainda é não insultar as pessoas.

Contudo, nada há praticamente que se possa dizer que outra pessoa não possa sentir como insultuoso, mesmo que a intenção não tenha sido essa.
[...]
Não devemos proibir o insulto. Não devemos também insultar os outros. Mas se nos sentirmos insultados com algo, devemos fazer duas coisas. Primeiro, fazer uma introspecção para saber por que razão tal coisa nos ofende. A probabilidade elevada é que nos ofende porque queremos esconder de nós mesmos uma verdade desagradável. Segundo, devemos explicar claramente e sem ofensas por que razão discordamos de tal ideia, sublinhando ao mesmo tempo que defendemos a liberdade do outro para a exprimir e defender publicamente.
Tradução: O insulto já se tornou numa grandeza quantificável. Aparece no entanto um inimigo ainda mais tenebroso, que é o insulto velado. Desidério afirma que o melhor é mesmo insultar às claras
nestas coisas, como noutras, mais vale ser sincero e insultar a pessoa abertamente. É como aquela tolice de se dizer "oiça, meu caro amigo, ..." quando na verdade se quer dizer "oiça, minha besta..." -- tendo esta última a vantagem de não emporcalhar a semântica e de ser mais honesta.

Claro que chamar bestas às pessoas é evitável. Mas ser cínico também é evitável. O que eu estou a dizer é que entre o cinismo e a sinceridade, a última tem a vantagem de clarificar as coisas.

O argumento é que o abuso do recurso ao "Cala-te que isso é um insulto e eu não o admito" é claramente uma violação da liberdade de expressão. Tudo pode ser um insulto.
Passamos directamente à apologia do insulto. Tudo isto num unico mês!
Liberdade e insulto
Há quem pense que é possível conciliar a liberdade de expressão e a proibição do insulto. Mas isto é falso; como escreveu Orwell, “Se a liberdade significa realmente alguma coisa, significa o direito de dizer às pessoas o que elas não querem ouvir”.

O conceito de insulto é demasiado escorregadio para se poder determinar o que é um insulto ou não.

Mas algumas verdades são sentidas como insultuosas.
[...]
Assim, um insulto é seja o que for que alguém afirma e que outra pessoa qualquer não gosta, por este ou aquele motivo. Donde se segue que se aceitarmos a proibição do insulto, colocamos uma mordaça ubíqua na liberdade de expressão, pois seja o que for que alguém diz pode ser entendido como insultuoso por outra pessoa qualquer.
[...]
temos de abandonar o escorregadio conceito de insulto e aceitar plenamente a liberdade genuína de expressão.

estarei eu a fazer o elogio do insulto? Não. O insulto é uma coisa feia, claro.

também defendo o direito, que raramente exerço, de as pessoas gozarem com essas ideias publicamente. Claro que não é bonito gozar com as fortes convicções dos outros. Mas muitas dessas convicções também não são bonitas.
Assistimos aqui a um brilhante jogo de cintura num unico post. O insulto? Um conceito difícil de definir. Mas bom, a verdade pode ser por vezes insultuosa. Olhem, o melhor mesmo é esquecer essa coisa do insulto. É apenas liberdade de expressão. Mas não é que eu esteja a elogiar o insulto. É uma coisa feia, claro.
Jamais pus em causa o conceito de Open Source, ponho é em causa a ideia inane de disponibilizar software de borla, e bater palmas a seguir. Mas repare-se que o conceito de Open Source é irrelevante para a generalidade das pessoas, porque a generalidade das pessoas não sabe programar nem HTML, quanto mais uma linguagem a sério. Portanto, voltamos à minha analogia dos tractores. Os programadores inventam uma coisa que a eles lhes dá jeito, mas são tão palermas economicamente que nem vêm que estão a prejudicar a sua própria indústria, porque economicamente a ideia é insustentável.

Kyriu, eu defendo o direito de as pessoas passarem o dia a dar cabeçadas na parede se quiserem, mas não me interessa fazer isso. Uso uma linguagem pitoresca e insultuosa, mas é em geral, dizendo “as bestas que pensam que a Terra é plana”, por exemplo, mas não chego aqui e insulto-o a si ou a qualquer outro leitor em particular, o que é bem diferente. (Isso só aconteceu uma vez na brincadeira com o Luís.)
E finalmente chegamos a Março de 2009, em que o Desidério aplica o seu tratamento a esses "palermas do Open source", usando uma "linguagem pitoresca e insultuosa" (mas em geral! não fiquem zangados meninos!)Agora, em Abril de 2009, após o Desidério tomar uma dose do seu próprio remédio, presenciamos a um brilhante volte face, digno do mais ágil dos pugilistas, em que Desidério aparece como "Virgem Ofendida", de "aqui-d'el Rei que estão a recorrer ao insulto só porque defendo realidades incómodas!".

O Desidério fez a sua cama, agora não lhe resta mais do que deitar-se nela. A menos que faça uso do seu lendário jogo de cintura e parta para novo post, que esta sua provocação lhe saiu mal desta vez. E se o pessoal já não tem traquejo para lhe rechear a caixa dos comentários, olhe, tenha lá paciência, que é sinal que a malta se fartou e partiu para outros circos. Como um amigo meu costuma dizer "Ao menos na Roma antiga, ás tantas soltavam os Leões"Portanto, resumindo e concluindo: O Desidério não leve a mal se vir algum insulto a voar pela caixa dos comments. De certeza que não será nada mais do que uma saudável provocação para espicaçar o debate de ideias (O Desidério deve estar familiarizado com o conceito). Para mais quem lhe garante que será um insulto? Não será isso simplesmente uma percepção errada do Desidério? Para mais, não será desejável usarmos de uma maior franqueza no debate de ideias, ao invês de usarmos expressões cínicas com "Caro Desidério,..."?

Ficam estes pequenos apontamentos. Um bem haja a todos!

Mário Lino disse...

Caro Desidério,

Saúdo mais este seu jogo de cintura, e compreendo a sua necessidade de apimentar o debate um bocadinho com os seus comentários acerca dos insultos. Compreendo que para quem possa apreciar a ribalta, o fraco número de respostas despoletado pelos seus últimos posts não deixa de ser preocupante. Aliás, eu próprio tenho sido culpado de não lhe dedicar a devida atenção, mas conto corrigir imediatamente esta situação. Hoje não lhe venho pedir factos que sustentem as suas teorias (os ditos "Numbers") pois vejo que, inteligentemente, recentrou o debate para a àrea da "moralidade" da ideologia RNED. Efectivamente, tornava-se cada vez menos sustentável perorar sobre os efeitos perniciosos da cultura "borlista" sobre a cultura, ao mesmo tempo que se dispensava de fornecer exemplos concretos que suportassem tal ideia.

Repito portanto, não falemos de "Numbers" hoje. Vamos antes abordar a questão dos insultos e a manifesta desonestidade intelectual deste seu ultimo post.

Vamos primeiro recuar um pouco no tempo e ver o que o Desidério apresenta acerca da problemática dos insultos.

Em finais de 2008, Desidério afirma:


Debate e combate
Infelizmente, o combate político disfarça-se muitas vezes de debate de ideias. E assim se prostitui um dos instrumentos fundamentais da descoberta das coisas, que é precisamente a troca de argumentos entre várias pessoas que partilham um forte interesse pela verdade. Quando o combate político se disfarça de debate de ideias, insulta-se as pessoas
[...]
A grande ilusão é pensar que ou somos imparciais e objectivos — mas nesse caso só debitamos academices irrelevantes, ou, pior, resultados científicos que não podem ser postos em causa — ou nos entregamos pessoalmente e calorosamente a um debate de ideias — mas nesse caso não seremos imparciais nem objectivos, adoptando ao invés as conhecidas técnicas do sujo combate político. Este falso dilema é perigoso, mas não sei o que se poderá fazer de significativo para mostrar a sua falsidade.
Tradução: nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra. É certo que o insulto não é desejável, mas tambêm se pode dizer o mesmo de um consenso morno e desensabido. Como reslver este problema?Em principios de 2009, Desidério afirma:


O censor invisível
Defendi três ideias centrais nos meus artigos contra a ideia de que é legítimo usar o conceito de insulto para limitar a liberdade de expressão. Primeiro, que seja o que for que alguém escreva pode ser acusado de ser insultuoso, e que historicamente sempre foi esta a acusação feita para amordaçar a liberdade de expressão. Segundo, que se tivermos medo de escrever algo por poder ser insultuoso para alguém, estaremos a interiorizar a censura, e a autocensura é pior do que a censura explícita, porque a segunda é mais visível. Terceiro, que há hoje mais autocensura na vida pública do que há poucas décadas.

A favor desta segunda ideia não apresentei dados empíricos -- pensava ingenuamente que esta seria uma ideia pacífica. Muitos leitores discordam de mim e pensam que a liberdade de expressão não está hoje mais ameaçada do que há umas décadas. Neste artigo, Christopher Hitchens apresenta vários casos que sustentam a ideia de que a liberdade de expressão está hoje mais ameaçada do que há umas décadas, precisamente por causa da autocensura, baseada na ideia de que seja o que for que se possa escrever poderá ser insultuoso para alguém.

O que pensa o leitor?
Tradução: Pequena evolução da posição do Desidério: O insulto é uma grandeza não quantificável. O que eu posso achar como mundano pode ser insultuoso para ti. Não censuremos portanto, pois o perigo para a liberdade de expressão é demasiádo grande!
Insulto e prisão
Na sequência dos artigos que publiquei sobre o uso do insulto como forma de limitar ilegitimamente a liberdade de expressão, vale a pena ler esta breve notícia, e ver as imagens humilhantes associadas. Para quem não lê inglês, eis o resumo: um escritor australiano publicou um romance que quase não se vendeu -- aparentemente, venderam-se apenas quatro cópias -- mas foi preso ao tentar sair do país (Tailândia) e condenado a três anos de cadeia por insultar a família real tailandesa. Não é possível defender que está tudo bem porque os juízes se limitaram a seguir a lei da Tailândia. O que se passa é que a lei da Tailândia está errada, tal está errada qualquer lei que permita a supressão da liberdade de expressão com base no conceito de insulto.
A mesma ideiaAinda em principios de 2009, Desidério afirma:


Ofensa, insulto e discussão de ideias
Dick Cavett elogia o insulto no New York Times de ontem. Eu nunca elogiei o insulto nos meus artigos recentes sobre o tema, mas parece que alguns leitores me compreenderam desse modo. Eu preferiria um mundo sem insultos, onde as pessoas pudessem discutir ideias tranquilamente, com interesse genuíno pelas ideias e não pela luta simiesca pelo poder ou com preocupações igualmente simiescas com a “dignidade”, entendida como hierarquia social. Por outro lado, é de uma espantosa hipocrisia defender o insulto como limite legítimo da liberdade de expressão, ao mesmo tempo que se insulta veladamente os outros. Os insultos velados têm a desvantagem, relativamente aos explícitos, de acrescentarem a hipocrisia à falta de educação. Se temos de escolher entre dois males, é preferível o insulto claro e directo. Mas, claro, melhor ainda é não insultar as pessoas.

Contudo, nada há praticamente que se possa dizer que outra pessoa não possa sentir como insultuoso, mesmo que a intenção não tenha sido essa.
[...]
Não devemos proibir o insulto. Não devemos também insultar os outros. Mas se nos sentirmos insultados com algo, devemos fazer duas coisas. Primeiro, fazer uma introspecção para saber por que razão tal coisa nos ofende. A probabilidade elevada é que nos ofende porque queremos esconder de nós mesmos uma verdade desagradável. Segundo, devemos explicar claramente e sem ofensas por que razão discordamos de tal ideia, sublinhando ao mesmo tempo que defendemos a liberdade do outro para a exprimir e defender publicamente.
Tradução: O insulto já se tornou numa grandeza quantificável. Aparece no entanto um inimigo ainda mais tenebroso, que é o insulto velado. Desidério afirma que o melhor é mesmo insultar às claras
nestas coisas, como noutras, mais vale ser sincero e insultar a pessoa abertamente. É como aquela tolice de se dizer "oiça, meu caro amigo, ..." quando na verdade se quer dizer "oiça, minha besta..." -- tendo esta última a vantagem de não emporcalhar a semântica e de ser mais honesta.

Claro que chamar bestas às pessoas é evitável. Mas ser cínico também é evitável. O que eu estou a dizer é que entre o cinismo e a sinceridade, a última tem a vantagem de clarificar as coisas.

O argumento é que o abuso do recurso ao "Cala-te que isso é um insulto e eu não o admito" é claramente uma violação da liberdade de expressão. Tudo pode ser um insulto.
Passamos directamente à apologia do insulto. Tudo isto num unico mês!
Liberdade e insulto
Há quem pense que é possível conciliar a liberdade de expressão e a proibição do insulto. Mas isto é falso; como escreveu Orwell, “Se a liberdade significa realmente alguma coisa, significa o direito de dizer às pessoas o que elas não querem ouvir”.

O conceito de insulto é demasiado escorregadio para se poder determinar o que é um insulto ou não.

Mas algumas verdades são sentidas como insultuosas.
[...]
Assim, um insulto é seja o que for que alguém afirma e que outra pessoa qualquer não gosta, por este ou aquele motivo. Donde se segue que se aceitarmos a proibição do insulto, colocamos uma mordaça ubíqua na liberdade de expressão, pois seja o que for que alguém diz pode ser entendido como insultuoso por outra pessoa qualquer.
[...]
temos de abandonar o escorregadio conceito de insulto e aceitar plenamente a liberdade genuína de expressão.

estarei eu a fazer o elogio do insulto? Não. O insulto é uma coisa feia, claro.

também defendo o direito, que raramente exerço, de as pessoas gozarem com essas ideias publicamente. Claro que não é bonito gozar com as fortes convicções dos outros. Mas muitas dessas convicções também não são bonitas.
Assistimos aqui a um brilhante jogo de cintura num unico post. O insulto? Um conceito difícil de definir. Mas bom, a verdade pode ser por vezes insultuosa. Olhem, o melhor mesmo é esquecer essa coisa do insulto. É apenas liberdade de expressão. Mas não é que eu esteja a elogiar o insulto. É uma coisa feia, claro.
Jamais pus em causa o conceito de Open Source, ponho é em causa a ideia inane de disponibilizar software de borla, e bater palmas a seguir. Mas repare-se que o conceito de Open Source é irrelevante para a generalidade das pessoas, porque a generalidade das pessoas não sabe programar nem HTML, quanto mais uma linguagem a sério. Portanto, voltamos à minha analogia dos tractores. Os programadores inventam uma coisa que a eles lhes dá jeito, mas são tão palermas economicamente que nem vêm que estão a prejudicar a sua própria indústria, porque economicamente a ideia é insustentável.

Kyriu, eu defendo o direito de as pessoas passarem o dia a dar cabeçadas na parede se quiserem, mas não me interessa fazer isso. Uso uma linguagem pitoresca e insultuosa, mas é em geral, dizendo “as bestas que pensam que a Terra é plana”, por exemplo, mas não chego aqui e insulto-o a si ou a qualquer outro leitor em particular, o que é bem diferente. (Isso só aconteceu uma vez na brincadeira com o Luís.)
E finalmente chegamos a Março de 2009, em que o Desidério aplica o seu tratamento a esses "palermas do Open source", usando uma "linguagem pitoresca e insultuosa" (mas em geral! não fiquem zangados meninos!)Agora, em Abril de 2009, após o Desidério tomar uma dose do seu próprio remédio, presenciamos a um brilhante volte face, digno do mais ágil dos pugilistas, em que Desidério aparece como "Virgem Ofendida", de "aqui-d'el Rei que estão a recorrer ao insulto só porque defendo realidades incómodas!".

O Desidério fez a sua cama, agora não lhe resta mais do que deitar-se nela. A menos que faça uso do seu lendário jogo de cintura e parta para novo post, que esta sua provocação lhe saiu mal desta vez. E se o pessoal já não tem traquejo para lhe rechear a caixa dos comentários, olhe, tenha lá paciência, que é sinal que a malta se fartou e partiu para outros circos. Como um amigo meu costuma dizer "Ao menos na Roma antiga, ás tantas soltavam os Leões"Portanto, resumindo e concluindo: O Desidério não leve a mal se vir algum insulto a voar pela caixa dos comments. De certeza que não será nada mais do que uma saudável provocação para espicaçar o debate de ideias (O Desidério deve estar familiarizado com o conceito). Para mais quem lhe garante que será um insulto? Não será isso simplesmente uma percepção errada do Desidério? Para mais, não será desejável usarmos de uma maior franqueza no debate de ideias, ao invês de usarmos expressões cínicas com "Caro Desidério,..."?

Ficam estes pequenos apontamentos. Um bem haja a todos!

(Peço desculpa pelo repost, mas o blogger estragou-me a formatação e os anónimos não conseguem remover os comentários :).

Jose Simoes disse...

"Netscape? à borla"

Isso é perfeitamente falso.

O netscape não era à borla até à microsoft ter decidido controlar um negócio que no princípio despresara mas onde tinha decidido finalmente lançar as garras, lançado o IE à borla (e ficando numa posição monopolista que actualmente só o firefox pode combater).

José Simões

nuvens de fumo disse...

José Simões
Era gratuito para pessoas em casa e organizações não lucrativas ,obviamente que foi este processo que o disseminou a ocupar 80% do mercado. O que se pagava era o uso em empresas.
Sistema que eu defendo para todo o SW que queira ser pago.

Por isso é uma daquelas afirmações parcialmente verdadeira ....

Anónimo disse...

Caro José, I stand corrected, sem problema.

Anónimo disse...

o q não invalida que a eliminação do espaço para um browser pago tenha acontecido muito antes do Firefox :)

Helena Ribeiro disse...

A sua linguagem clara fez-me reflectir em bastantes coisas, sendo que partilho a lógica da sua argumentação.

Mas não é líquida a percepção que se tem da realidade, uma vez que esta depende de contextos muito específicos, e reflecte-se nas ideias, claro. "Quando o estômago tem fome, não pode filosofar" (onde cacei a a ideia, não me lembro), - nem pensar, nem criar.

E enquanto isso não estiver resolvido em termos planetários, bem podemos esconder a cabeça debaixo da areia, como a avestruz... o que eu também faço, por uma questão de sanidade mental, note-se. Mas temos de estar atentos.

Sugiro a todos os que por aqui andam estes links:

http://www.youtube.com/watch?v=ZrDxe9gK8Gk

E é claro que as pessoas que criam têm de ser pagas para poderem viver da sua criatividade, independentes, claro!

http://www.youtube.com/watch?v=mcfcGsX-3bw

Anónimo disse...

Murcho.

Para além de lamúrias sobre insultos e outros mimos, desajustadas e por não serem exclusivos dos seus adversários, e despropositadas, neste seu texto existem argumentos inválidos e falácias, sinal de que quando você pensa sobre estas coisas não segue o que recomenda aos outros: “reflexão cuidadosa, imparcial, objectiva”. Respiguei alguns. Talvez ao lê-los isoladamente você se aperceba dos erros que comente ao argumentar assim.

”é preciso pagar aos criadores”.

“a maneira mais simples de o fazer é pagar quando usufruímos dos seus trabalhos. Uso um dado software, então pago-o. Leio um livro, pago-o. Oiço uma música, pago-a”

“não é errado pedir dinheiro pelo trabalho que se teve a fazer um jogo, a compor e gravar uma música ou a escrever um livro — e nesse caso, quem quer usufruir dos produtos desse criador deve pagar”.

“Mas no mundo cultural há hoje a mentalidade de que se podemos pagar algo mais barato — ou nada pagar — que se baseia em trabalho voluntário, então devemos alargar este modelo a tudo. E é esta ideia que é desavisada”.

“Esta é uma das realidades mais infelizes da mentalidade do gratuito na internet. Sem essa mentalidade, eu, como músico, poderia pôr a minha música de graça na internet, mas as pessoas que a puxassem e gostassem teriam a consciência de me pagar uma fracção do preço de um CD — e eu poderia ser um músico profissional, mas independente”.

“Contudo, do ponto de vista de quem defende o gratuito, é imoral pagar à cópia;”

“(É um pouco como argumentar que só é moral pagar à entrada do cinema, porque ainda não vimos o filme, mas não à saída do supermercado, porque já temos o que queremos na mão.)”

“O que interessa é tornar economicamente viável o criador e à pergunta “quem deve pagar?” a resposta óbvia é “na medida do possível, todos os que usufruem do seu trabalho””

“Nada tenho contra a ideia de haver livros gratuitos, ou seja o que for, desde que isso não ponha em causa a viabilidade económica dos criadores — e em muitos casos não põe”.

“ninguém hoje pode montar uma empresa de software e vender um navegador bom, fiável e seguro precisamente porque os outros navegadores são gratuitos”.

“é falta de educação alguém puxar a música que ponho na internet gratuitamente, ouvir, gostar, voltar a ouvir, e nada me pagar por isso”
.

Pacifista Teso.

Mind Booster Noori disse...

“ninguém hoje pode montar uma empresa de software e vender um navegador bom, fiável e seguro precisamente porque os outros navegadores são gratuitos”.

Existem carradas de navegadores web. Se há falta de concorrência nesse mercado, não é por causa da gratuitidade de alguns desses navagadores (que, apesar de serem gratuitos, podem ter um modelo de negócio válido e economicamente eficaz), mas sim pelas medidas monopolistas praticadas pela empresa por detrás de um desses navegadores, como se pode ler nesta notícia.

Anónimo disse...

Reconhecendo o concern....
Parece-me importante
distinguir acesso de posse.
serviços mínimos
patrocínio e publicidade

Recordo-me de um briefing de publicidade acerca das agulhetas das bombas de gasolina que dizia +/- isto
"em media, cada pessoa gasta pelo menos 3 segundos a olhar para a agulheta enquanto abastece, logo este espaço é garantidamente sujeito a visibilidade, portanto vendável"
A primeira coisa que me intrigou foi a conversão do meu gesto util (olhar para aquilo em que agarro) numa oportunidade de negócio dupla: aquilo que estou a consumir, a gasolina, e a venda do meu olhar pela gasolineira a outra empresa (curioso, a mim ninguém me paga!!!! mas talvez reverta no custo da manutenção dos postos, logo no preço da gasolina, e eu saia a ganhar)

isto não é muito claro logo à partida. Mas preocupa-me o seguinte:

em minha casa não tenho acesso a certas revistas especializadas porque pagar a quota de todas elas com o parco, mas existente uso que lhes faço arruinar-me-ia. Ter a certeza que em instituições, como bibliotecas, onde a mesma quota serviria muita gente apraz-me. Ter lugares de optimização de recursos, garantir o acesso.

houve um caso recente de apreensão de toda a filmoteca de uma escola pública (da area de artes, de som e imagem), por ser constituída de cópias.
Nalguns casos, de cópias que não estão em circulação no mercado. Noutras de copias que estão, de facto em circulação.
O conflito é que preferia que a biblioteca dispusesse de recursos para obter legalmente o seu espólio, mas não tem, e que o acesso ao espólio é melhor que o não acesso garantidamente, como descalçar a bota?

João Vasco disse...

Desidério:

«Sublinho o que está em causa: a desejabilidade ou indesejabilidade de um dado modelo económico do financiamento da cultura, que me parece errado e que não é discutido, mas meramente objecto de activismo pelos seus acólitos, que se limitam a pressupor que o seu modelo é melhor do que outros, restando agora impô-lo através do pior tipo de luta política irracional: sem discussão genuína, sem reflexão aturada, sem qualquer desejo de imparcialidade ou de objectividade, gritando palavras de ordem e apoiando-se apenas na força bruta do número de convertidos.»

Com estas palavras acaba por fazer aquilo que com elas mesmas critica.

O Desidério acusa o debate de não ser centrado nos argumentos e sim nos insultos, acusando insultuosamente (e incorrectamente) todos aqueles que discordam da sua posição de não saberem discutir enquanto a posição destes é distorcida de forma pouco rigorosa e algo clubística. Algumas intervenções que padeceram dos comportamentos que o Desidério critica, mas que defenderam as suas conclusões, são também omitidas nesta apreciação.

A verdade é que existiram boas e más intervenções quer entre aqueles que apoiam a posição do Desidério, quer entre aqueles que delas discordaram.

Também é falso que todos aqueles que discordaram do Deisdério enquanto este afirmava ser moralmente errada a participação em projectos como a wikipedia defendam que "tudo" deve ser de borla.

Aliás, eu tentei, com calma e boas maneiras, esclarecer este equívoco tantas vezes que acabei por lhes perder a conta - apenas para ser sucessivamente ignorado pelo Desidério que continua a insistir na confusão.

Eu também lamento que a discussão não seja travada em moldes mais civilizados, mas não é a afirmar que o outro lado não sabe discutir (quando isso é manifestamente falso no que diz respeito a vários comentadores) e a distorcer grosseiramente a posição de muitos deles que este problema se resolve - bem pelo contrário!

Anónimo disse...

Malta.

O Murcho não pondera os seus argumentos que aqui lhe deixámos. Não responde, porque não está para perder tempo com comentários de anónimos, a não ser que sejam inteligentíssimos, ou porque não se apercebe dos seus erros. Como a malta é tosca e mal acabada, não gosta de coisas sofisticadas, nem é detentora de sofisticação cognitiva nem de qualquer virtude epistémica, vamos lá fazer um pequeno exercício, mas ponderado, comedido, nas calmas, a ver se sai alguma coisa ao jeito do Murcho, como ele gosta.

1-”é preciso pagar aos criadores”. Portanto, malta, se os criadores vos oferecerem qualquer sua criação paguem-lha. Se, não quiserem receber, chamem-lhes ingratos. Se persistirem, digam-lhes que foi ordem do Murcho. Se refilarem, deixem o dinheirinho e digam-lhes para irem falar com o Murcho. E eles que se entendam. Ora onde já se viu! O Murcho a dizer que é preciso pagar aos criadores, e alguns destes sacanas a dizerem que não, e tal! Tá tudo marado, é o que é.

2-“a maneira mais simples de o fazer é pagar quando usufruímos dos seus trabalhos. Uso um dado software, então pago-o. Leio um livro, pago-o. Oiço uma música, pago-a”. Também já sabem: a maneira mais simples de lhes pagar não é quando comprarem o que eles tenham para vender. É quando usufruirem. Assim, se usufruírem da leitura dum livro do Eça, paguem-lhe; se lerem outro do Camilo, paguem-lhe; outro do Saramago, paguem-lhe; se ouvirem uma música dos Xutos, paguem-lhe. Mesmo que todo este usufruto tenha sido possível por empréstimo, da biblioteca pública ou do vosso amigo João, que compraram aqueles livros e disco, paguem-lhes na mesma. Se alguém reclamar, digam-lhe que foram ordens do Murcho.

3-“não é errado pedir dinheiro pelo trabalho que se teve a fazer um jogo, a compor e gravar uma música ou a escrever um livro — e nesse caso, quem quer usufruir dos produtos desse criador deve pagar”. E, malta, se alguém vos pedir dinheiro pelo seu trabalho não se admirem. Ofendam-se se esse alguém vos exigir dinheiro pelo seu trabalho. Digam-lhes que lhe darão se vos apetecer. Era o que mais faltava alguém exigir pelo seu trabalho. Faz favor de pedir, e com maneiras! E se o Lobo Antunes vos pedir dinheiro por andarem a ler “Os cus de judas”, por empréstimo, mandem-no de volta para o Júlio de Matos.

4-“Mas no mundo cultural há hoje a mentalidade de que se podemos pagar algo mais barato — ou nada pagar — que se baseia em trabalho voluntário, então devemos alargar este modelo a tudo. E é esta ideia que é desavisada”. Malta, não sejam parvos. Percam essa mentalidade nefasta, por desavisada, de andarem à procura de preços mais baixos, de saldos, de restos de colecção, ou de borlas dadas por trabalho voluntário. Nem desejem uma coisa destas. Quando vos oferecerem alguma coisa, toca a dizer: obrigado, mas não quero; aceitar seria uma ideia desavisada. Digam a esses lunáticos que vos querem oferecer o que é seu: é, pás, não sejam doidos!

5-“Esta é uma das realidades mais infelizes da mentalidade do gratuito na internet. Sem essa mentalidade, eu, como músico, poderia pôr a minha música de graça na internet, mas as pessoas que a puxassem e gostassem teriam a consciência de me pagar uma fracção do preço de um CD — e eu poderia ser um músico profissional, mas independente”. Se o Murcho puser a música dele de graça na internet, não lhe paguem, quer gostem (o que é por demais duvidoso, porque se ele musicar tão bem como filosofa…), quer não gostem. Chamem-lhe vígaro. Então o gajo distribui a música de graça e depois quer que lhe paguemos? Mas que é isto? Se quer ser músico profissional não ande a dar música e a estender o chapéu: venda-a e exija o pagamento a quem lha compre. Ora que merda de dádiva!

6-“Contudo, do ponto de vista de quem defende o gratuito, é imoral pagar à cópia”. Malta, se defenderem que o que é gratuito é gratuito e que o que é vendido é vendido, não confundam as duas modalidades. Vejam lá; trouxas como são ainda fazem confusões dessas. E se alguma coisa for vendida à cópia, não achem imoral pagar à cópia. Se não quiserem comprar à cópia, roubem-na ou receptem-na. Pensem no que não gastaram, mas não confundam isso com borla do vendedor. Chamem-lhe “as novas possibilidades oferecidas pela tecnologia de transformar roubo em borla”. A transformação da imoralidade em moralidade, possibilitada pela tecnologia moderna, é outra loiça. E pensem que a coisa roubada não passa de bits, bits, bits, zeros e uns, e ninguém é dono de bits, nem de zeros e uns. Mas digam ao Murcho que não é por defenderem o gratuito que roubam o que não é. Digam-lhe que o roubam porque a tecnologia permite transformar o que não é gratuito em gratuito. Digam-lhe que imoral seria não aproveitar as possibilidades de transformar a imoralidade em moralidade. Onde já se viu desperdiçar uma treta destas!

7-“(É um pouco como argumentar que só é moral pagar à entrada do cinema, porque ainda não vimos o filme, mas não à saída do supermercado, porque já temos o que queremos na mão.)”. Não é nada disso. É moral pagar à entrada do cinema porque não há outro modo de lá entrar. E é imoral pagarmos à saída do supermercado porque há outra possibilidade de sairmos de lá sem pagar: lá deixando o que trazíamos na mão, ou trazendo nas cuecas o que trazíamos na mão, ou trazendo debaixo do chapéu. Enfim, vocês, trafulhas, estão habituados e sabem quanto imoral é pagar o que podem roubar.

8-“O que interessa é tornar economicamente viável o criador e à pergunta “quem deve pagar?” a resposta óbvia é “na medida do possível, todos os que usufruem do seu trabalho””. Lá vem outra vez aquela do pagar por usufruir. O Murcho ainda não aprendeu que só se deve pagar por comprar e não por usufruir. E depois, malta, importem-se em tornar economicamente viável o criador e bem se lixarão. Se ele não souber zelar pelos seus interesses, estará lixado. Assim como vocês. Percebam que é zelando cada um pelos seus interesses que se encontra o equilíbrio necessário.

9“Nada tenho contra a ideia de haver livros gratuitos, ou seja o que for, desde que isso não ponha em causa a viabilidade económica dos criadores — e em muitos casos não põe”. O Murcho não tem nada contra a dádiva, desde que… não ponha em causa a viabilidade de alguns gajos (incluindo ele) que vendem. Vocês também são uma cambada de interesseiros. Nisto não são muito diferentes do Murcho, seus engraçados. Também não são contra a venda, desde que não ponha em causa a dádiva. Se a venda for a única modalidade pela qual existirão uns produtos, se não quiserem comprá-los roubam-nos, ou estarão lixados; se a dádiva for a forma de existirem alguns deles, lixados estarão os anteriores produtores para venda. Neste caso, têm bom remédio: mudam de actividade. È que ninguém anda a fazer favores a ninguém, a não ser a amigos e a conhecidos.

10-“ninguém hoje pode montar uma empresa de software e vender um navegador bom, fiável e seguro precisamente porque os outros navegadores são gratuitos”. Mau sinal, se assim fosse. Como em tudo, a viabilidade produtiva dependerá da relação qualidade/preço. Mas, é claro, a vossa pobreza de espírito, a vossa incapacidade para apreciar as coisas sofisticadas, não vos dá para mais, e vá de impedir as empresas de produtos de altíssima qualidade só porque há umas merdas foleiras gratuitas. Não têm mesmo pinta nenhuma, sua cambada de toscos!

11-“é falta de educação alguém puxar a música que ponho na internet gratuitamente, ouvir, gostar, voltar a ouvir, e nada me pagar por isso”. E esta, malta? O gajo, o Murcho, dá, oferece, põe na internet gratuitamente; a malta gosta (duvido), volta a ouvir (só se for para gozar com o Murcho), não paga o que foi disponibilizado gratuitamente, e o gajo acha que ”é falta de educação”! Mas em que raio de escola é que ele andou? Eh, pá! Querem ver que o Murcho se passou dos carretos?

Pacifista Teso.

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