quinta-feira, 21 de maio de 2009

Eddington e a expedição à ilha do Príncipe


No próximo dia 29 de Maio realiza-se no Museu de Ciência da Universidade de Coimbra uma sessão sobre o eclipse de 29 de Maio de 1919. O físico Paulo Crawford, do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, vai falar sobre "Eddington e a expedição à ilha do Príncipe para provar a Relatividade Geral, uma teoria física com consequências astronómicas". Pedimos-lhe um resumo alargado, para divulgar antecipadamente por este meio, ao que ele amavelmente acedeu (na foto Einstein na praia na época de Princeton):

O grande triunfo da Relatividade Geral teve lugar após a observação do encurvamento dos raios luminosos, durante o eclipse de 29 de Maio de 1919, levada a cabo por Arthur Stanley Eddington (1882-1944) na ilha do Príncipe e Andrew Crommelin no Sobral, Brasil. Quando em 6 de Novembro desse ano Sir Frank Dyson e Arthur Eddington anunciam em Londres que as observações de 29 de Maio confirmavam as previsões da teoria da Relatividade Geral, Einstein é aclamado como o génio que destronou Newton. Torna-se de um dia para o outro, aos olhos da opinião pública, no maior e mais famoso cientista de sempre, com a popularidade de uma estrela de cinema, cujas opiniões científicas, políticas ou morais passam a ser escutadas com respeito e admiração.

Mas há dois aspectos relacionados com esta descoberta que estão envoltos em polémica. Especialmente a partir do anos 70, foi difundida a ideia que as observações de 1919 não constituíram uma experiência decisiva. Por um lado, entre os físicos, evidencia-se a falta de rigor das observações. E por outro, mais grave, num artigo de dois filósofos da ciência, John Earman e Clark Glymour, publicado em 1980, Eddington e seus colaboradores são acusados de eliminarem dados que favoreciam a previsão da teoria de Newton, insinuando que os dados de observação teriam sido interpretados abusivamente de modo a rejeitar a teoria newtoniana. Esta crítica apoia-se numa concepção subliminar de um Eddington antecipadamente favorável à teoria de Einstein, por motivações pouco científicas. Talvez movido pela ânsia de contribuir para a reconciliação internacional após a Primeira Guerra.

Na realidade, as decisões mais importantes na análise dos dados foram tomadas por Dyson, que era de certa maneira céptico em relação à teoria da relatividade, e não podia ser considerado um ardente pacifista como Eddington. Efectivamente a letra manuscrita de Dyson aparece nas notas da redução de dados do Sobral, em várias passagens importantes e a letra de Eddington não aparece em nenhum lado, nessas notas. E uma reanálise às chapas do Sobral levada a cabo pelo Observatório de Greenwich em 1979, usando uma máquina moderna para medir as posições das estrelas nas chapas e recorrendo depois a um software de redução de dados astrométricos, especialmente escrito com este objectivo, vem apoiar a interpretação de Dyson a favor da teoria de Einstein, mostrando que eliminação dessas chapas pela equipa de Dyson e Eddington não prejudicou as conclusões da observação do eclipse solar de 1919.

Se a recepção da teoria da relatividade, nas suas versões restrita e geral, tem recebido grande atenção da parte da comunidade internacional de historiadores da ciência, o caso português tem sido pouco estudado no contexto internacional. No plano nacional, este tópico tem recebido atenção principalmente no que concerne à recepção da teoria por parte da comunidade de matemáticos. Nesta palestra vou dar mais uma vez a conhecer algumas contribuições recentes que apresentam uma outra faceta desta história. Com efeito, o impacto da observação do eclipse de 1919 e de outras actividades associadas à apropriação da “nova física” no nosso país, particularmente junto da comunidade astronómica portuguesa, está especialmente associado aos astrónomos do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) e à preparação da expedição britânica à ilha do Príncipe. É essa nova leitura da História que apresento nesta comunicação.

Paulo Crawford

9 comentários:

Anónimo disse...

O ELO EM FALTA? A IDA JÁ FOI, COM BILHETE SÓ DE IDA

Com pompa e circunstância, foi apresentada recentemente a Ida, o suposto elo de ligação entre os primeiros primatas e os seres humanos. Como o fóssil não trazia uma etiqueta com data de sepultamento, foi-lhe dada a idade de 47 milhões de anos, com base em métodos de datação que assentam em premissas naturalistas, uniformitaristas e evolucionistas indemostráveis.

O mesmo foi baptizado de Darwinus masillae, em homenagem aos 200 anos de Charles Darwin. Curiosamente, os próprios cientistas que apresentaram o animal no Museu de História Natural de Nova Iorque não pareciam muito convencidos. É que, por mais que se olhe para o dito fóssil, apenas se vê o esqueleto fossilizado de um animal muito semelhante ao Lémure moderno, como os próprios cientistas reconheceram. O mesmo não tem nada de semelhante ao homem moderno.


Vejamos, então:

1) Os evolucionistas apenas admitem que faltam elos na cadeia evolutiva quando pensam que encontraram um.

2) O fóssil foi encontrado em duas partes separadas, o que, por si só, recomenda a maior prudência, face a outras experiências do passado que se revelaram desastrosas para a causa evolucionista (v.g. Homem de Piltdown, Archaeoraptor).

3) As condições ambientais em que o fóssil ficou guardado desde a sua descoberta, em 1983, são pouco claras.


4) A campanha mediática orquestrada parece mais preocupada com a promoção do negócio dos museus e com a propaganda evolucionista, do que com o rigor científico.


5) Uma coisa é o fóssil, a outra é a interpretação evolucionista do mesmo. Tudo indica que o fóssil representa um Lémure, com alguma evidência de variação dentro da sua espécie.

6) Um fóssil representa sempre um organismo morto, e não um organismo em evolução. Ele dá informação acerca do modo como organismo morreu e não acerca de como o organismo surgiu. No caso, sabemos que a Ida foi encontrada juntamente com centenas de outros animais muito bem preservados.


7) O fóssil do Lémure está muito bem conservado, tendo inclusivamente tecidos moles fossilizados e conteúdos não digeridos no estômago. Por isso, ele dá mostras de sepultamento abrupto, sem que tivesse havido tempo para se decompor ou ser devorado pelos predadores. Esse facto adequa-se inteiramente ao cenário de catastrofista do dilúvio global e das respectivas sequelas, que constitui uma peça essencial do criacionismo bíblico.


8) Na verdade, os investigadores concluíram que o ser vivo em presença foi enterrado abruptamente no fundo de um lago, o que corrobora inteiramente o relato bíblico acerca de um dilúvio catastrófico.


9) Os evolucionistas já acreditavam na teoria da evolução muito antes de obterem a suposta evidência, o que mostra que não foi esta que os levou a acreditar na teoria. Na verdade, foi a adesão ao naturalismo que os levou a acreditar na teoria da evolução e foi a crença na teoria da evolução que levou os cientistas a interpretar um fóssil de um Lémures como sendo um antepassado comum dos chimpanzés.


10) A teoria da evolução necessita desesperadamente de elos de ligação. Daí que qualquer coisa seja interpretável como tal. Uma pessoa que acredite que os automóveis evoluíram por mutações aleatórias e selecção natural também interpretará os triciclos como elos de ligação de uma cadeia evolutiva que levou da bicicleta ao automóvel.


11) Lémures, chimpanzés e seres humanos são contemporâneos. A existência de estruturas semelhantes entre eles não prova que eles evoluíram. Ela prova apenas a existência de estruturas semelhantes. As homologias que diferentes espécies possam apresentar resultam de terem um Criador comum.


12) Para um suposto elo de transição, o fóssil em causa tem demasiadas semelhanças (95%!) com um Lémure moderno.

Ou seja, ainda não é desta.

Anónimo disse...

Que deus ?

Isabel Saraiva disse...

7) ... Esse facto adequa-se inteiramente ao cenário de catastrofista do dilúvio global e das respectivas sequelas, que constitui uma peça essencial do criacionismo bíblico.

8) Na verdade, os investigadores concluíram que o ser vivo em presença foi enterrado abruptamente no fundo de um lago, o que corrobora inteiramente o relato bíblico acerca de um dilúvio catastrófico .



(Génesis 6:1-8), edição revista e actualizada de João Ferreira de Almeida

1 - E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas,

2 - viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.

3 - Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.

4 - Havia, naqueles dias, gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama.

5 - E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.

6 - Então, arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração.

7 - E disse o SENHOR: Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.

8 - Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR.

Isabel Saraiva disse...

Nota: o comentário citado (14:24), deveria ter sido indicado entre aspas.

Isabel Saraiva disse...

(Génesis 9:20-25)


20 - E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha.

21 - E bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda.

22 - E viu Cam, o pai de Canaã, a nudez de seu pai e fê-lo saber a ambos seus irmãos, fora.

23 - Então, tomaram Sem e Jafé uma capa, puseram-na sobre ambos os seus ombros e, indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai; e os seus rostos eram virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai.

24 - E despertou Noé do seu vinho e soube o que seu filho menor lhe fizera.

25 - E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos.

Anónimo disse...

O que é que estes trogloditas criacionistas andam a fazer em blogs cientificos?!?

Se não acreditam na ciência largem a internet, os computadores, as roupas, os carros, o FOGO e vão viver para cavernas!

Isabel Saraiva disse...

Criacionista ? Quem ? Só por ter citado algumas anedotas sobre Noé, relatadas no calhamaço ..."Para quase dois "bilhões" de pessoas, a Bíblia é um livro sagrado que contém a palavra de "deus". É a fonte de suas convicções religiosas.

Porém poucos daqueles que acreditam na Bíblia a leram de fato. Isto pode parecer estranho, mas alguns nunca leram a Bíblia.

Mas qualquer um que tenha se aventurado por suas trivialidades redundantes e cansativas, genealogias infinitas, histórias e leis insensatas, sabe que a Bíblia não é um livro fácil de ler.

Assim, não é surpreendente que aqueles que começam a ler o Gênesis raramente chegam ao Levítico.

E os poucos crentes que sobrevivem ao fim amargo do Apocalipse, têm que enfrentar um dilema perturbador: a sua fé lhes diz que deveriam ler a Bíblia, mas lendo a Bíblia eles arriscam a sua fé.

O problema é (acreditando-se que a Bíblia foi inspirada por "deus") que quanto mais se lê, menos se acredita."

Isabel Saraiva disse...

Quanto ao 2º.parágrafo do texto do anónimo 9:19, só posso concordar: deus é uma mistificação "cavernosa".

Anónimo disse...

Creio que estamos a passar a lado do principal: porque é que o Einstein andava com sapatos de mulher?

50 ANOS DE CIÊNCIA EM PORTUGAL: UM DEPOIMENTO PESSOAL

 Meu artigo no último As Artes entre as Letras (no foto minha no Verão de 1975 quando participei no Youth Science Fortnight em Londres; esto...