No final do texto Miss Atom, Carlos Fiolhais não deixa de mostrar alguma estranheza pelo facto de as festividades da Queima das Fitas de Coimbra terem incluído neste ano o concurso Miss Queima das Fitas. Essa estranheza assemelha-se à minha quando, há uns meses, ao folhear o semanário As Beiras, vi a notícia dum concurso de miss que tinha acabado de se realizar numa escola secundária.
Mais estranhei quando percebi que as professoras que me acompanhavam num café de final de tarde não estranhavam a notícia, porque, segundo me explicaram, tais concursos são moda e, nessa medida, toda a escola que se preze tem de ter o seu concurso de miss e… de mister.
Qualquer escola? Mesmo as básicas? Sim, claro, mesmo as básicas.
Apesar da confiança que tenho nessas professoras, incrédula, investiguei o caso: indaguei junto de outros professores e de alunos. Também pesquisei na internet… E, como não podia deixar de ser, confirmei o que havia lido no jornal e me haviam dito.
Mais do que a ideia subjacente à “iniciativa”, que me parece claramente peregrina; mais do que a indiferença, ou conformismo dos professores com quem falei; mais do que o entusiasmo acrítico dos alunos, do tipo “porque não?”; mais, até, do que a exposição em palco e em imagens, ao acesso de todos, de alunos acabados de sair do primeiro ciclo; o que me deixou verdadeiramente perplexa foi a associação feita entre alguns desses concursos e “preocupações de índole social”, que supostamente os desencadeiam. “São espectáculos solidários, ou seja, o bilhete de entrada será um bem alimentar (leite, açúcar, enlatado, entre outros) à escolha dos espectadores”, esclarece uma escola.
“É a pós-modernidade”, como lembrava ontem um leitor do De Rerum Natura… Pois… é a pós-modernidade, onde tudo se mistura, onde tudo está certo, ou, pior, onde nada está certo nem errado, está apenas…
Apesar do impacto deste tipo de ambiente intelectual na formação cognitiva, afectiva, relacional e moral das crianças e jovens ainda não estar completamente esclarecido, à partida, não se percebe como poderá contribuir para a estruturação da sua personalidade.
Nessa medida, na sequência do texto que ontem aqui publiquei, e partindo do princípio (questionável, admito, à luz do pós-modernismo) que a escola é a instituição à qual se imputa a missão de ensinar aquilo que se afigura como fundamental para a manutenção dos padrões civilizacionais e para o desenvolvimento dos sujeitos, insisto na necessidade de, como sociedade, procurarmos responder à pergunta: O que é que a escola deve ensinar?
Mais estranhei quando percebi que as professoras que me acompanhavam num café de final de tarde não estranhavam a notícia, porque, segundo me explicaram, tais concursos são moda e, nessa medida, toda a escola que se preze tem de ter o seu concurso de miss e… de mister.
Qualquer escola? Mesmo as básicas? Sim, claro, mesmo as básicas.
Apesar da confiança que tenho nessas professoras, incrédula, investiguei o caso: indaguei junto de outros professores e de alunos. Também pesquisei na internet… E, como não podia deixar de ser, confirmei o que havia lido no jornal e me haviam dito.
Mais do que a ideia subjacente à “iniciativa”, que me parece claramente peregrina; mais do que a indiferença, ou conformismo dos professores com quem falei; mais do que o entusiasmo acrítico dos alunos, do tipo “porque não?”; mais, até, do que a exposição em palco e em imagens, ao acesso de todos, de alunos acabados de sair do primeiro ciclo; o que me deixou verdadeiramente perplexa foi a associação feita entre alguns desses concursos e “preocupações de índole social”, que supostamente os desencadeiam. “São espectáculos solidários, ou seja, o bilhete de entrada será um bem alimentar (leite, açúcar, enlatado, entre outros) à escolha dos espectadores”, esclarece uma escola.
“É a pós-modernidade”, como lembrava ontem um leitor do De Rerum Natura… Pois… é a pós-modernidade, onde tudo se mistura, onde tudo está certo, ou, pior, onde nada está certo nem errado, está apenas…
Apesar do impacto deste tipo de ambiente intelectual na formação cognitiva, afectiva, relacional e moral das crianças e jovens ainda não estar completamente esclarecido, à partida, não se percebe como poderá contribuir para a estruturação da sua personalidade.
Nessa medida, na sequência do texto que ontem aqui publiquei, e partindo do princípio (questionável, admito, à luz do pós-modernismo) que a escola é a instituição à qual se imputa a missão de ensinar aquilo que se afigura como fundamental para a manutenção dos padrões civilizacionais e para o desenvolvimento dos sujeitos, insisto na necessidade de, como sociedade, procurarmos responder à pergunta: O que é que a escola deve ensinar?
Operacionalizando a pergunta, acrescento outras: Que objectivos concretos devem guiar a escola? Que actividades deve a escola promover? Quem deve tomar decisões no que respeita a assuntos escolares? Que lugar deve a escola ter na comunidade e que relações deve estabelecer com ela?
A tentativa de "aproximação" – talvez seja mais apropriado usar o termo "fusão" – que a escola tem feito nos últimos anos à comunidade regional e local, acompanhada da intromissão desta na vida da escola, não tem tido apenas como consequência a substituição, nos manuais de Língua Portuguesa e de Português, de textos dos nossos melhores autores por textos que “naturalmente” interessam aos alunos por se confrontarem com eles na televisão, nem forçarem-se até à exaustão os problemas de Matemática para que eles encaixem no quotidiano dos alunos, nem, sequer, indicar-se no Currículo Nacional do Ensino Básico que, se deve trabalhar pedagogicamente a partir das experiências e vivências sociais, familiares e pessoais dos alunos… tem tido também como consequência o desnorte que podemos constatar em iniciativas como esta dos concursos a que acima aludi.
As escolas admitem-nas, consentem-nas, apadrinham-nas, acolhem-nas, seja o que for… pois julgam estar a agir de acordo com as orientações curriculares (e não estarão?). Por seu lado, as comunidades apreciam, elogiam, louvam… as escolas que assim procedem, pois percebem, triunfantes, que elas se conformam, adaptam, adoptam as suas opções, características, gostos, modos de pensar e de agir…
Por isso, a uma escola, junta-se outra e outra… nenhuma querendo correr o risco de ficar para trás nesta aplaudida tarefa de “ligação da escola à comunidade”… que se traduz, afinal, em deixar-se ir no seu rumo…
A tentativa de "aproximação" – talvez seja mais apropriado usar o termo "fusão" – que a escola tem feito nos últimos anos à comunidade regional e local, acompanhada da intromissão desta na vida da escola, não tem tido apenas como consequência a substituição, nos manuais de Língua Portuguesa e de Português, de textos dos nossos melhores autores por textos que “naturalmente” interessam aos alunos por se confrontarem com eles na televisão, nem forçarem-se até à exaustão os problemas de Matemática para que eles encaixem no quotidiano dos alunos, nem, sequer, indicar-se no Currículo Nacional do Ensino Básico que, se deve trabalhar pedagogicamente a partir das experiências e vivências sociais, familiares e pessoais dos alunos… tem tido também como consequência o desnorte que podemos constatar em iniciativas como esta dos concursos a que acima aludi.
As escolas admitem-nas, consentem-nas, apadrinham-nas, acolhem-nas, seja o que for… pois julgam estar a agir de acordo com as orientações curriculares (e não estarão?). Por seu lado, as comunidades apreciam, elogiam, louvam… as escolas que assim procedem, pois percebem, triunfantes, que elas se conformam, adaptam, adoptam as suas opções, características, gostos, modos de pensar e de agir…
Por isso, a uma escola, junta-se outra e outra… nenhuma querendo correr o risco de ficar para trás nesta aplaudida tarefa de “ligação da escola à comunidade”… que se traduz, afinal, em deixar-se ir no seu rumo…
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15 comentários:
O problema não é o que a escola deve ensinar, esse é simples de responder e sabe-se há milénios. O problema é o que fazer com a imensidão de pessoas que não querem/podem aprender, seja por este ou aquele motivo. O que fazer com essa legião de condenados à exclusão social, à marginalidade e posteriormente muitos à criminalidade ?
Existe a solução difícil que é chumbar e encontrar alternativas , imaginando que as há, mas que ficam muito caras e necessitam de pensamento estratégico e que teria de ser imposto por quem governa e não pelas estruturas do ME, o corporativismo do costume.
Existe a solução fácil que é a que tem sido tomada, que é ir deixando as pessoas fingirem que sabem alguma coisa e quando não dá mais para esconder, enviam-se como carneiros para o matadouro do mercado de trabalho, que os há-de esfrangalhar em dois tempos, dando-lhes a plena sensação da sua total ausência de competências. ( isto levará outros a considerarem ainda mais ser uma perda de tempo estudar, aumentando a exclusão).
Mas depois de tantas reformas do ensino, desnorte e sobretudo numa classe profissional que nunca teve qualquer bitola de avaliação, nem padrões de qualidade a serem cobrados, estamos no ponto de ruptura.
Sem ter tido uma orientação de qualidade uniforme, exames nacionais independentes, e rigor. Tendo sido permitidas as palhaçadas dos externatos que formaram tantos médicos que subiam de forma milagrosa as suas médias, tendo permitido e nunca tendo visto os professores na rua nessa altura, que querem agora ?
A palhaçada aconteceu aos olhos de todos, foi até acarinhada porque era mais um tacho, agora queixam-se da estrumeira que criaram ?
Agora é tarde…
Tarde não será, Nuvens de Fumo, mas que a tarefa se afigura difícil, isso não há dúvida nenhuma...
Tentando responder a Helena Damião (que esquematizou bem essa coisa abstrusa do «pós-modernismo» -- uma espécie de seguidores nietzscheanos do «Deus é morto» (que não tem nada a ver com religião, note-se!) -- mas com imensos sequazes...), e indo por partes:
«O que é que a escola deve ensinar?»
A resposta foi parcialmente dada no «post» anterior, acrescentando apenas que o que se deve ensinar para além das disciplinas «básicas» é, para além de mais, o gosto pela aprendizagem e, sobretudo, ensinar que o que se ensina poderá não ser bem assim (ou melhor, que pode haver outras visões e opiniões sobre o assunto em questão -- claro que aqui levar-nos-ia à questão da feitura dos manuais, etc., mas não vou entrar por aí)...
Quanto a «Que objectivos concretos devem guiar a escola?», será o tesouro de A. Herculano -- a educação -- e, sobretudo, a instrução, uma vez que, na minha opinião a educação seria mais vocacionada para a família...
«Que actividades deve a escola promover?», pois aqui entra tudo aquilo que seja «do superior interesse do aluno»... (dependente da «especificidade da cada instituição).
«Quem deve tomar decisões no que respeita a assuntos escolares?» Aqui é que está o grande busílis (para além dos «professores» que estão lá só para receberem o ordenado no fim do mês) e apenas comentaria que num país sem rei nem roque qualquer «pós-modernista» pode assumir essas funções -- pois está de acordo com as tendências, ou melhor, modas... (ironia à parte, e segundo me é dado observar, parece que não haverá ninguém competente para desempenhar essa função...).
«Que lugar deve a escola ter na comunidade e que relações deve estabelecer com ela?» A esta pergunta responderia que deveria ter um lugar central de dinamizadora do debate intelectual (é pedir muito?) e do desenvolvimento físico e/ou moral...
O problema disto tudo, no meu entender, é que todos temos culpas no cartório nesta espécie de fado que as elites vão tangendo... Mas ainda estamos a tempo de «mudar» as coisas, se começarmos por uma auto-análise do nosso papel na comunidade e sobre o (presente e) futuro dos que hão-de vir... Agora, com pessimismo é que não vamos lá!
"A palhaçada aconteceu aos olhos de todos, foi até acarinhada porque era mais um tacho, agora queixam-se da estrumeira que criaram ?" (de Nuvens de Fumo)
E nunca é demais relembrar que quem faz a "estrumeira" é sempre a geração mais velha, nunca o contrário.
Para além de que... a criatividade sobrevive e continuará a sobreviver, enquanto as gerações mais novas surpreenderem as mais velhas. O que verdadeiramente me preocupa é o "entusiasmo acrítico dos alunos".
Nunca presenciei tal situação, mas acredito na pesquisa que a Helena Damião refere ter feito. Mas também sei que nem sempre os alunos são acríticos. logo, isto precisa ser melhor pensado:
também conheço bem "a indiferença e conformismo dos professores" e da sociedade em geral.
Por que motivo não são as Acções de Formação dos Professores (que supõem a respectiva actualização)feitas pelos professores universitários e/ou cientistas/investigadores?
Alguém acha que isto faz sentido? (mera especulação de ideias, que não há condições, já todos sabemos...)
Exemplo de pós-modernidade é gente que nem sabe citar o local onde foi buscar uma imagem à Net.
O grau do ridículo de escrever
Imagem retirada de: http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.esec-tabua.rcts.pt/alunos/miss_mister_escola1.jpg&imgrefurl=http://www.esec-tabua.rcts.pt/alunos/assoc_estudantes.html&usg=__XEORnM-cuwbVCESRNIw3W-nBXjI=&h=1677&w=1204&sz=176&hl=pt-PT&start=3&um=1&tbnid=IS2FMeUpCU9JeM:&tbnh=150&tbnw=108&prev=/images%3Fq%3Descola%2Bconcurso%2Bmiss%2Bmister%26hl%3Dpt-PT%26cr%3DcountryPT%26sa%3DG%26um%3D1é enorme. Aparentemente nem consegue perceber que a imagem não tem o que quer que seja com o google. Entre outras coisas a escola devia ensinar a citar.
Metonímias dos defensores da escola do antigamente que julgam ser muito superior à actual (pós-moderna).
Basta ir a uma qualquer repartição pública e falar com os técnicos superiores com 50 a 70 anos e rir, mas rir a sério da lobotomização que esta gente fez aqueles alunos que são quase completamente incapazes de raciocinar limitando-se a papaguear o que quer que lhes digam para papaguear. O serviço foi tão bem feito que os lobotomizados acham bem, agradecem e recomendam às gerações mais novas.
Isto das misses/misters é uma grande balela, claro, mas surpresa: a sociedade e a vida é feita destas coisas. Isto é que conta.
Quando leio algo como o que o Nuvens de fumo escreveu:
`ir deixando as pessoas fingirem que sabem alguma coisa e quando não dá mais para esconder, enviam-se como carneiros para o matadouro do mercado de trabalho, que os há-de esfrangalhar em dois tempos, dando-lhes a plena sensação da sua total ausência de competências.'Interrogo-me onde é que autor tem estado toda a sua vida.
A viver no mesmo planeta do que eu não deve ter sido porque se fosse saberia muito bem que a competência não é valorizada e que a maioria do que é ensinado nas escolas pode ser classificado nas seguintes categorias:
* Lixo intelectualoide que apenas serve para pessoas num grupo socio-cultural restrito se embaraçarem/valorizarem mutuamente papagueando o que um tretas qualquer (famoso e muito erudito como é óbvio) disse ou escreveu. Nisto recai a esmagadora maioria da literatura, a aqui muito enaltecida cultura clássica, as socio* e as psico* (entre MUITAS outras).
* Conhecimento útil no dia a dia. Ler, escrever, contar, aritimética básica e capacidade de compreender bonecos (nem lhes chamo gráficos nem diagramas). Isto é mais do que suficiente para se "subir na vida" social como o atesta o facto de esmagadora maioria dos gestores pouco mais saberem e utilizarem do que isto. O resto (e muito mais importante) é capacidade de persuasão e manipulação pessoal e social. Em particular status é muito importante. Quem tiver dúvida e for minimamente honesto que fale com um qualquer MBA (ou similar) das melhores escolas (INSEAD, Harvard, Sloan, Stanford, LBS). É só status, nada de substancial, nada de conhecimento. São locais onde se forjam cunhas. Mais nada.
* Conhecimento científico e técnico. Matemática "avançada" (trigonometeria, equações simples, álgebra ultra-básica), Física (tipicamente mecânica) e Biologia e Química (DNA, ATP, RNA, tabela periódica, modelos atómicos). Deste conhecimento a esmagadora maioria é mentira por ser tão simplificado e desprovido de exigência de raciocínio de modo a que os pares da autora o possam "ensinar" e empurrar pela goela abaixo dos alunos sem terem a mínima ideia do que estão a dizer.
O que deve a escola ensinar?
A ler e a escrever. De resto os alunos ficam melhor sozinhos fazendo o seu próprio percurso. Mas claro, a esta senhora não convém admitir isto. Ela e os seu correlegionários perderiam o emprego. A única excepção são aulas laboratoriais em que o acesso ao material ainda é complicado.
Para horror do Desidério a maioria das crianças ficaria bem melhor servida aprendendo pela wikipedia (que nem é uma muito boa fonte de informação) do que indo à escola. Só ler, falar, escrever e contar é que não dá para aprender melhor sozinho.
Resumo. A escola não é feita para educar e NUNCA foi. Aqui por educar entendo transmitir critérios de raciocínio e conhecimento de forma crítica. Nada das tretas de preparar para a vida. Para isso a escola não devia fazer minimamente falta.
Em vez disso, a escola é feita para socializar e mostrar deferência à treta qualquer que socialmente esteja na moda na altura. Há 50 anos era a autoridade do estado, hoje é a autoridade da celebridade e do dinheiro. Sendo esta a verdade não é de estranhar estes concursos e muito menos a suprema treta que é o desporto escolar. Este tem aqui um defensor fortíssimo, um tipo que por vezes aqui comenta e que parece pensar que quanto mais erudito for o seu discurso mais validade tem.
O que parece chocar à autora não é a escola se estar a borrifar para os alunos. O que a choca é a transição de um paradigma da treta para outro, desejando ela um regresso aos antigos dias em que tudo estava bem.
Já agora, o que quer dizer "triunfantem"?
Normalmente os professores ditos universitários, limitam-se a dizer "Os alunos apresentam-se no 1º ano da faculdade cada vez mais mal preparados".
Contudo, como, aparentemente e/ou publicamente, nenhuma faculdade apresenta um nível de desistências significativo, só pode suceder uma de duas coisas:
- Ou os alunos, não eram assim tão burros, e conseguem uma recuperação espectacular;
- Ou prepétuam o problema, deixando-os passar ou andar ano após ano.
Este último ponto, deve ter a ver com o facto de, como sucede com as Juntas de Freguesias e afins, o subsídio depender com o número de alunos, fregueses, etc, e quanto maior melhor o seu valor.
Pelo menos em muitas escolas assim sucede, há turmas que ao fim do 1º período desapareceram porque os seus alunos já chumbaram por faltas dado estarem fora da escolaridade obrigatória, dado também terem o "aliciante" adicional de poderem ser encerradas por falta de alunos, ou, por especulação imobiliária ou hoteleira.
É por isso positivo, que desçam da sua redoma e vejam o que se passa no básico e secundário, e proponham soluções viáveis quer para quem vai para a Universidade, quer para o "mundo do trabalho".
Algumas dicas:
- Electo-estática, condensadores e bobinas ausentes dos programas;
- Idem, para a Estática, momentos, alavancas, etc;
- Não é dada uma ideia consistente da importância dum sistema de medida, e da sua coerência.
Por exemplo, o conceito de Mole e, em particular, o seu valor, é quase dado como se alguém acordasse muito bem disposto e decidisse assim os definir;
- até ao 10º ano não se fala de Tabela Periódica, electrões protões e neutrões, na sua formulação básica.
Mas, em conta partida, falam de anãs brancas, castanhas, etc, só para gerar a confusão.
Ignorante Renitente
Quem responde afinal por todas as baboseiras aqui exemplificadas ?
Estará o Sistema em Auto-Gestão ou ainda será a herança da longa noite a fazer sentir-se no claro dia da pós-modernidade democrática ?
Para quando a entrega prévia de Diplomas, a troco de frequência futura no Ensino ligeiro, divertido e de sucesso mediático garantido ?
isso é que é falar, viriato!
-
dc de hoje publica notícia de 5 novos
mesões 5infinito e macrocosmo
bang bin lad
PAX
[...] intermezzo espiritual (x-ray).possível
eu acho que a solução seria nuno do crato ou fiolhais [se quisessem, claro!), mas ó viriato xuta aí... o maga já é sinal post-modern, não é natural(ista) e nem foi deus que o criou sequer
Responde-lhes!
Helena,
O que constata neste post é somente a ponta do icebergue. cada vez mais as escolas estão pejadas de actividades acéfalas em desproveito claro de outras com maior interesse. O valor da escola enquanto lugar de conhecimento reflecte-se na nossa elite que é aquela também que aparece nos blogs aos berros e insultos de tão mal preparada que é.
abraço
«O valor da escola enquanto lugar de conhecimento reflecte-se na nossa elite que é aquela também que aparece nos blogs aos berros e insultos de tão mal preparada que é.»
Partindo da premissa que se faz/faria(se passa pelo juramento) conhecimento através de uma pretensa elite cr(e)iada no lugar do próprio conhecimento - «a nossa» -, o anónima das quantas dixit:
Em particular status é muito importante. Quem tiver dúvida e for minimamente honesto que fale com um qualquer MBA (ou similar) das melhores escolas (INSEAD, Harvard, Sloan, Stanford, LBS). É só status, nada de substancial, nada de conhecimento. São locais onde se forjam cunhas. Mais nada.
Devemos estar a falar de?...
Quiçá por falta de imaginação, ou talvez por um achaque de pós-modernite ranhosa, esforço-me, esforço-me, esforço-me, mas não consigo choramingar uma gota essa tragédia dos concursos de misses e mísseros nas escolas secundárias.
Para falar com franqueza e boçalidade, por mim até podiam desfilar todos os dias. Às segundas vestidos de morango-com-açúcar, às terças de fato de banho, às quartas em trajo de gala, quintas a imitar novo-empresário e sextas em estilo Cristiano Ronaldo. Nas tintas para, e absolutamente.
O que lixa não são esses concursos de misses e mísseros, digo. E acrescento: querer putos sem espaço para se dedicarem a actividades fúteis e idiotas é pior que pós-moderno, é pós-serôdio. O que me lixa é outra coisa. É que não lhes ensinem a escrever, nem a fazer contas, e menos ainda o método experimental.
Porque o terem desfilado em «passerelles», e que tais e não sei quês, não aquece nem arrefece para o que lhes temos de ensinar quando os depositam nas universidade e politécnicos. Pois.
Agora saber alinhar um parágrafo, quantos são 7 vezes 8 sem recorrer ao telemóvel, e coisas assim, dava-nos algum jeito...
No fundo este sistema está é bom para:
1) Quem possa por os filhos em colégios privados ( estão no topo das notas nacionai)
2) Quem possa por os filhos nos melhores dos públicos
3) Quem não possa 1 nem 2 e possa pagar explicações
A todos os outros não auguro grande futuro, acabarão com cursos de relações internacionais, português e inglês, filosofias e antropologia a fazer contas nas caixas dos continentes , acumulando empregos em call centers e é bem bom.
Estamos a ir bem como se pode ver, e com esta crise económica à porta, este pode ser um verão muitooooo quente
Eu quase já cheguei à conclusão que as pessoas que queremos que os miúdos saibam pensar , relacionar , criticar , e que desenvolvam competências como responsabilidade , disciplina , métodos e organização de trabalho ,necessárias para que se convertam em cidadãos livres com cabeça e bons profissionais , o temos de fazer em casa , em família. E "rezar" para que a escola laxista e confusa não interfira demais nesse processo. Já não podemos confiar na escola para preparar os miúdos para a vida activa.
[Gregos e Troianos na batalha da educação]
O debate está a ser recentrado com os últimos comentários, e ainda bem, porque é isso o tema do «post».
Mas voltando atrás, a uma espécie de curto-circuito para o qual eu próprio teria contribuído, a ajuizar por por alguns comentários (fortíssimos, embora enviezados...) aos bitaites de erudição (pensava eu!) que debitei para validar o meu discurso...
Eu tentei responder, dar o meu contributo (ainda que às vezes um pouco arrogante, é certo), mas estive lá na luta por uma nova visão daquilo que deveria ser (ou não deveria ser), no meu entender, os caminhos a trilhar neste nevoeiro educacional a que se assiste. (Não fujo ao debate e não ataco pessoas -- é ver por aí, ainda que, por vezes, compreenda que as minhas brincadeiras possam ferir suscetibilidades... e até já lancei «por aí» a ideia peregrina de um jantar (convívio, sei lá) para nos encontrarmos...).
Bom. «Desconstruindo» o meu blá, blá, blá, gostaria de desfazer algumas dúvidas quanto a algumas interpretações de exegetas sem «cartola»:
Começando pelo rótulo «pós-modernismo» (e mais alargadamente, «pós-modernidade»), deve ficar assente que só ataco ideias/comportamentos e não pessoas (ainda que algumas possam partilhar dessas ideias) e dou um exemplo, no seguimento da ideia: não possuo cartão de utente do SNS, nem médico de família, nem tomo qualquer medicamento (da alopatia à homeopatia e à MTC...), desde os 16 -- e já lá vão décadas --, por achar que a abordagem da medicina moderna está errada. Ponto. E com isto não quero dizer que os profissionais sejam desonestos ou vivam noutro planeta... pois vários dos meus melhores amigos exercem essa profissão e (até) discuto com eles amiúde essa abordagem.
Notas:
- Num «post» anterior escrevi: «[...](para além dos «professores» que estão lá só para receberem o ordenado no fim do mês)...», aqui, pequei, e deveria ter escrito «daqueles» em vez «dos», retirando as aspas em «professores», que com aspas queria significar isso mesmo: aqueles que a gente sabe que têm que ganhar a vida e até queriam entrar na faculdade X para serem..., mas afinal... o raio deste país...
- «eu acho que a solução seria nuno do crato ou fiolhais» (para pessoas de educação mais sensível): «do crato» é um status «histórico» que lhe atribuo, embora nem Nuno Crato, nem Carlos Folhais necessitem dessa atribuição uma vez que o seu (re)conhecimento nestas área é publicamente (re)conhecido... e quando digo que essa seria a solução, defendo que ninguém melhor preparado e com a tal nova visão sobre o problema aqui em debate (Nuno Crato mais do que Carlos Fiolhais...), seria o meu eleito para futuro ministro da educação -- este o preenchimento do hiato (reticências) que deixei depois de responder à «pergunta-busílis» que remete para os manuais que, de certeza, teriam mais rigor!
- «o maga já é sinal post-modern, não é natural(ista) e nem foi deus que o criou sequer», isto é uma palermice a armar ao filosófico... para dizer que o «choque» desse herói ainda tem de mostrar as suas proezas no campo que estamos a debater.
- por fim, quanto a elites, penso que estamos falados, e para o debate prosseguir (agora no bom rumo), que se aportem contributos para discussão do tema e não se caia (de mansinho) de pára-quedas a acenar com 'la paliçadas' (ainda que «parcialmente» verdadeiras).
E agora... fui... pregar para outro lado.
"Já não podemos confiar na escola para preparar os miúdos para a vida activa."
Falso. A vida activa é feita exactamente destas coisas: concursos de misses, dar graxa, pedir cunhas e subornos activo e passivo. Isto é que prepara para a vida activa. Números complexos, integrais, hermeneuticas, taxonomia e coisas que tais não preparam para a vida activa. Preparam uma minoria que vai passar a vida a pedir esmolas ao outros que cultivaram os concursos de misses (ou as suas versòes intelectuais) durante o seu percurso.
Não sei de onde é que o pessoal sacou a ideia de que rigor e conpetência são qualidades necessárias à vida.
Não só não são como complicam a progressão na mesma.
Eu pessoalmente a última coisa que quero é que a escola prepare os meus filhos para a vida activa.
[...] «Eu acho que a solução seria Nuno Crato ou C. Fiolhais (se quisessem, claro!)» [...] (falando de ministros da educação há dois anos atrás)
E a profecia cumpriu-se!
Saudações,
cs
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