quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Vacina contra a malária prestes a entrar no mercado

Entre as seis endemias identificadas como prioritárias para investimento em investigação pela Organização Mundial da Saúde encontra-se a protozoose que constitui actualmente um dos maiores problemas de saúde pública no mundo: a malária. Estima-se que a doença afecte entre 350 e 500 milhões de pessoas anualmente, das quais mais de um milhão, principalmente crianças com menos de 5 anos de idade, morrem devido à infecção com os parasitas do género Plasmodium.

São quatro os protozoários que infectam o homem, P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale, dos quais o primeiro é o mais preocupante pela prevalência e morbidade. A malária é transmitida por fêmeas de mosquitos do género Anopheles e a resistência desenvolvida pelo mosquito vector aos insecticidas é uma das causas do insucesso da erradicação da doença. Por outro lado, os medicamentos tradicionais (e baratos) de tratamento da malária, nomeadamente a cloroquina, tornaram-se ineficazes em muitas partes do globo devido à evolução de parasitas resistentes. Outras drogas, como a mefloquina ou a combinação atovaquona + proguanilo (comercializada como Malarone), são francamente mais onerosas, especialmente o Malarone, para além de já ter sido detectada resistência aos novos medicamentos.

A vacina constitui assim uma alternativa importante para combater este flagelo mas o seu desenvolvimento, devido não só à complexidade da resposta imune à infecção, mas também por falta de apoio político, tem sido um desafio insuperável, não existindo ainda vacinas comerciais. Existem no entanto várias vacinas em estágios avançados de teste, especialmente vacinas subunitárias, possíveis após identificação de diferentes proteínas capazes de induzir imunidade, ainda que parcial, em animais e humanos.

O antígeno melhor conhecido é a proteína circunsporozoíta (CSP) expressada nos esporozoítas extracelulares e nas formas intra-hepatocíticas do parasita. A vacina com melhores resultados e mais promissora, a RTS,S, foi desenvolvida pela GlaxoSmithKline Biologicals® (GSK), em colaboração com o Walter Reed Army Research Institute e parcialmente financiada pela Iniciativa da Vacina da Malária, MVI, um programa da ONG norte-americana Path, cujo principal financiador é a Fundação Bill & Melinda Gates. A vacina consiste num híbrido de fusão da CSP com o antígeno de superfície da hepatite B - utilizado na vacina contra esta última doença - associada a um adjuvante desenvolvido pela GSK.

Foi hoje publicado na revista «The Lancet» a primeira prova de conceito desta vacina que está pronta para a fase final de teste, a fase III, cujo início está programado para o segundo semestre de 2008. O teste da fase II cujos resultados foram hoje divulgados decorreu no Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM), no sul de Moçambique, que contou com o apoio do Centro de Investigação em Saúde Internacional de Barcelona (CRESIB). Parte dos testes da fase I desta vacina já tinham decorrido na mesma instituição.

Se esta última fase dos testes for bem sucedida, dentro de pouco mais de três anos a vacina pode estar disponível no mercado e o flagelo poderá ser finalmente combatido de forma eficaz e barata.

2 comentários:

Bruce Lóse disse...

Caixa de comentários às moscas (às 16:18).
Ninguém se interessa por malária...Coisa menor. O criacionismo é que dá pica.

Bruce Lóse disse...

Às moscas !
Malária em português chama-se profilaxia. Ponto.

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