Minha crónica do "Sol" de hoje:
A Europa está de parabéns! Desta vez os Prémios Nobel da Física e da Química foram só para europeus. O Prémio Nobel da Física foi dividido entre o francês Albert Fert (professor em Paris) e o alemão Peter Gruenberg (Juelich, perto de Bona), enquanto o Prémio Nobel da Química foi dado ao alemão Gerhard Ertl (Berlim). Desde 1999, quando foi concedido a dois holandeses, que o Nobel da Física não ir parar só a mãos europeias, ao passo que na Química temos de recuar a 1991, quando foi dado a um suíço. Mesmo assim, o domínio americano dos Prémios Nobel, que remonta à Segunda Guerra Mundial, continua avassalador: em todos as áreas há 270 laureados americanos, contra 77 alemães e 49 franceses (portugueses há dois, o que não é mau comparado com os seis espanhóis, mas é pouco comparado com os 15 holandeses ou os 22 suíços).
Os recentes Prémios Nobel da Física e da Química têm, porém, mais em comum. Estão os dois relacionados com a nanotecnologia, a tecnologia do muito pequeno que tem conhecido forte expansão. A nanotecnologia permite fabricar estruturas à escala molecular. Ao usar materiais feitos de camadas atómicas ensanduichadas, Fert e Gruenberg descobriram em 1988 a chamada “magnetoresistência gigante”, isto é, a forte influência que um campo magnético pode ter numa resistência eléctrica. As aplicações surgiram em menos de dez anos quando apareceram novos discos magnéticos para computadores e leitores de música, que são hoje de uso corrente. Por exemplo, o popular IPod não poderia funcionar sem esse efeito: não teria espaço para mais do que uma música! O comité Nobel afirmou que “a magnetoresistência gigante pode ser considerada uma das primeiras aplicações reais da prometedora área da nanotecnologia”. Por outro lado, Ertl estudou reacções químicas em superfícies sólidas, processos que têm a ver com a formação dos referidos materiais e que irão decerto proporcionar-nos outros materiais com características surpreendentes.
Agora, na próxima vez que a leitora ou o leitor ouvir o seu IPod, já sabe que há ciência Nobel por trás...
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4 comentários:
Nunca há bela sem senão.
Por trás da beleza ou por trás do Nobel podem estar outras perversidades.
Veja-se este exemplo:
O cientista James Watson – que na hora certa, no sítio certo há quase 50 anos uma dupla hélice lhe cortou a cabeça (uma abstracção como outra qualquer) – vem proferindo publicamente barbaridades Eichmannianas, aquelas fracturas entre pensamento hiper-racionalista e acção desresponsabilizada. Ignorante em muitas coisas, o que é normal, e pelos vistos em psicologia cognitiva também, dá-se ao luxo de dizer, entre muitas alarvidades, que as mulheres e os negros são menos inteligentes que os brancos fálicos. Uma coisa destas é sempre grave. Mas muito mais grave por este espécime humano do sexo masculino ter recebido prémio Nobel, e actualmente presidente do conselho científico da Fundação Champalimaud.
Metamorfoseando todas estas metáforas em quimeras faço aqui uma pequena provocação (espro saudável) de advogado do diabo a Carlos F. da Silva e Palmira Fiolhais:
- Para quando ser mais explícito a criticar as ovelhas negras patéticas do rebanho, mesmo tendo sido mentes brilhantes nos brinquedos tecnológicos? Tirar o caibro dentro do olho…
Isto pode não ser apaixonante ou erótico, mas a credibilidade pode granjear pagãos e infiéis e permitir recuperar também os amigos que fugiram
com escritos numa mala,
sem destino e sem norte
ai! a vida que resvala
neste corpo passaporte
do nascimento para a morte
Só para precisar, a magneto-resistência gigante (GMR) só é usada em discos rígidos. Estes só são usados nos iPods maiores (de maior capacidade).
Os iPods mais pequenos, como o shuffle, o nano e os novos Touch e iPhone armazenam os seus dados em memórias Flash, não são dispositivos magnéticos, mas sim elementos que fisicamente criam separação de carga eléctrica. A grande vantagem das memórias Flash é poderem ser muito mais pequenas, consumirem menos energia e não terem partes mecânicas móveis (porque um disco rígido funciona essencialmente como os vinyl, em termos mecânicos. Só que a informação está em bits magnéticos, não sulcos e a agulha é o tal sensor GMR que não toca no disco, mas "voa" a uma "altitude" de cerca de 200nm, enquanto o disco gira a milhares de rotações por minuto. Imaginem a precisão que é preciso ter para garantir a "altitude de voo" do sensor, mesmo quando vamos fazer jogging e o aparelho salta por todo o lado!
Só para precisar, a magneto-resistência gigante (GMR) só é usada em discos rígidos. Estes só são usados nos iPods maiores (de maior capacidade).
Os iPods mais pequenos, como o shuffle, o nano e os novos Touch e iPhone armazenam os seus dados em memórias Flash, não são dispositivos magnéticos, mas sim elementos que fisicamente criam separação de carga eléctrica. A grande vantagem das memórias Flash é poderem ser muito mais pequenas, consumirem menos energia e não terem partes mecânicas móveis (porque um disco rígido funciona essencialmente como os vinyl, em termos mecânicos. Só que a informação está em bits magnéticos, não sulcos e a agulha é o tal sensor GMR que não toca no disco, mas "voa" a uma "altitude" de cerca de 200nm, enquanto o disco gira a milhares de rotações por minuto. Imaginem a precisão que é preciso ter para garantir a "altitude de voo" do sensor, mesmo quando vamos fazer jogging e o aparelho salta por todo o lado!
Há um iPod na imagem? Aonde?...
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