segunda-feira, 15 de outubro de 2007
A Europa precisa de mais cientistas
No próximo dia 29 de Outubro realizar-se-á no PAVILHÃO DO CONHECIMENTO - Ciência Viva um encontro em Espaço Aberto a que tenciono assistir e que recomendo vivamente aos nossos leitores. Este encontro, inserido no projecto Europeu GAPP (Gender Awareness Participation Process), tem como objectivo responder à questão: «Que acções se podem concretizar para atrair jovens - particularmente raparigas – para estudos e carreiras cientificas e tecnológicas?»
Transcrevo a informação recebida:
«Para que em 2010 a Europa se torne na primeira economia baseada no conhecimento, necessita de mais 500 000 investigadores. Com o actual ritmo de crescimento de investigadores haverá diculdade em alcançar esta meta.
A proporção de mulheres investigadoras em Ciência e Tecnologia é preocupantemente baixa na Europa, atingindo uma média de cerca de 30%. Aumentar este valor é uma condição fundamental para atingir a nossa meta de investigadores. Portugal encontra-se numa situação excepcional - tem quase o mesmo número de homens e mulheres em investigação - mas em algumas áreas cientícas, como as Engenharias e Tecnologias, esta diferença ainda existe: apenas cerca de 30 % dos investigadores são mulheres.
Um encontro em Espaço Aberto é um evento muito diferente do habitual. Não se trata de uma palestra ou conferência mas de um encontro informal de diálogo, onde todos os participantes têm igual oportunidade para se expressar e encontrar, em conjunto, acções concretas que atraiam mais jovens para estudos e carreiras cientícas e tecnológicas.
Todos os que se interessam por este tema estão convidados. Portugal e a Europa precisam da sua colaboração. Participe neste encontro em Espaço Aberto sobre estudos e carreiras em Ciência e Género».
Para mais informações e inscrição visite www.pavconhecimento.pt ou contacte lbarbeiro@pavconhecimento.pt
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9 comentários:
Precisamos de mais cientistas, de acordo! Mas precisamos também de mais e melhores (+ competentes) investigadores, de mais e melhores (+ competentes) professores (do Ensino Básico ao Ensino Superior.
A investigação é sem dúvida o caminho... em qualquer área do conhecimento.
Para ler alguns contributos sobre as questões emergentes da Educação e contribuir para o debate, visite: "Revisitar a Educação - http://revisitaraeducacao.blogspot.com/
Tradução maldosa mas nem por isso desadequada:
"A Europa precisa de escravos."
Talvez fosse altura de o Ministério de Educação voltar a valorizar as técnicas laboratoriais...
Esta é uma singela sugestão de um professor do grupo 520 (biologia/geologia)
Uma forma de atrair mais mulheres para a investigação no campo das engenharias teria imperiosamente de passar por, antes de mais nada, as atrair para esses cursos. A verdade é que fora a engenharia química, a biomédica e, talvez, a do ambiente, as mulheres fogem à maioria dos outros cursos de engenharia. Talvez tenham uma imagem excessivamente masculina associada...
Outra forma simples de atrair investigadores seria dar-lhes condições. Antes de mais nada, nos países onde isso não sucede, dar-lhes um mínimo de condições de segurança (na Holanda, de onde escrevo, os doutorandos são empregados da universidade, com salário, descontos, etc, e apenas defendem uma tese no final do contrato). Pelo resto da Europa, seria interessante incentivar as empresas a ter doutorados nos seus quadros, o que nem sempre sucede, especialmente quando vemos que muitas empresas pagam a um recém doutorado exactamente o mesmo que a alguém com um MSc que tenha um número equivalente de anos de experiência. Isso desincentiva as pessoas de tirar doutoramentos.
Outras questões existem, como a aversão ao risco, o qual corta a criatividade, mas essas são questões culturais que não se resolvem tão facilmente.
Eu acho que 500.000 são quinhentos mil. É irrelevante se são 500.000 homens, 500.000 mulheres ou 250.000 de cada sexo.
No resto da Europa não sei como é, mas em Portugal, enquanto as investigadoras e os investigadores ganharem pouco mais que o salário mínimo, não tiverem subsídio de férias, protecção social ou assistência médica, e estiverem sujeitos a ser dispensados a qualquer momento, será muito difícil recrutá-los e evitar que emigrem.
Finalmente, uma objecção ao uso da palavra «género» num blogue que se reclama da racionalidade. «Género» é categoria gramatical. Os seres vivos não têm género, têm sexo.
Nos últimos anos do Império Romano do Ocidente, antes da queda, os Romanos eram obcecados pelos bens materiais e gozo fácil. Passavam mais tempo nos banhos e ginásios do que nas bibliotecas ou templos religiosos. Eram devotados ao consumo. Um indivíduo podia conquistar reputação por gastar mais do que o vizinho, mesmo que tivesse de pedir dinheiro emprestado para o fazer. E mesmo que nunca pagasse aos credores o que importava era a boa figura que fazia aos olhos dos outros. Se um indivíduo fosse suficientemente famoso, o facto de ser um patife ou pior, pouco preocupava. Acima de tudo o Romanos preocupavam-se com o sucesso e com o bem-estar do dia-a-dia. Eram gananciosos e vaidosos.
Hoje somos muito semelhantes aos Romanos da época da decadência do Império. A partir dessa altura e durante mil anos os Europeus viraram-se para a Teologia e foi o que sabemos, a Idade Média. O que significava estudar Deus? Como podia haver uma ciência de Deus? Nessa época o delírio de Deus tomou conta das melhores cabeças. Assim, a Teologia assumiu o papel de rainha das ciências. Foi como primeira ciência que fizeram o que fizeram a Galileu. Só a seguir é que vinham as humanidades, herdeiras da filosofia grega e direito romano.
Na segunda metade do Séc. XX as disciplinas científico-tecnológicas trinfuram e ocuparam o lugar de topo, passando à frente das humanidades que lideravam os curricula académicos. As humanidades entretanto haviam ocupado o lugar da Teologia, pelo menos a partir do Séc.XVIII, e nas quais a Teologia se integrou como sub-grupo residual.
E assim chegamos ao Séc.XXI. As mulheres ainda predominando nas humanidades e os homens ainda guardiões da herdeira da Teologia. A partir daqui, quem quiser deitar-se a adivinhar, faça o favor.
O que a Europa pode fazer para ter mais cientistas não sei... Mas em Portugal poderiamos começar a ver o "cientista/investigador" como um profissão como qualquer outra, com ordenados de "normais", com as mesmas regalias sociais, etc...
Ouvia no outro dia no Rádio Clube Português, alguém que comentava este problema e que falava no "maravilhoso tempo"... Totalmente de acordo, o clima pode ser um atractivo, mas os principais atractivos chamam-se: dinheiro e condições de trabalho. Sem essas duas (o caso de Portugal), bem que podem sonhar em atrair jovens cientistas que nunca lá vão chegar!
Afinando pelo mesmo diapasão de algumas vozes que por aqui passaram...
O primeiro e mais importante passo para atrair gente mais nova para a ciência é dar um mínimo de condições dignas a quem a escolhe! E essas condições passam por aquilo que (pelo menos por enquanto...) se dá a quem desenvolve trabalho produtivo em qualquer área da sociedade, i.e., um contrato de trabalho com um mínimo de condições e garantias...
E acabar com o regime de escratura intelectual que vigora actualmente (e, infelizmente, há-de continuar...), que é o uso dos contratos de bolseiro de investigação ciêntifica para tudo e mais alguma coisa, independentemente de se é ou não verdadeiramente trabalho de investigação. Chega-se ao ridiculo (se não fosse sintomático dava vontade de rir...) de entidades privadas e/ou organismos públicos estabelecerem contratos com centros de investigação para o desenvolvimento de um qualquer método/bem/produto/protótipo em que quem faz o grosso do trabalho técnico (que as mais das vezes não recolhe louros nenhuns...) são bolseiros de investigação (é claro que as chefias em 90% dos casos se estão borrifando para este estado de coisas, é assim que as regras do jogo estão estabelecidas, e as chefias já têm o seu gabinetezinho e suas aulinhas para dar na academia). É assim tão díficil dar a estas pessoas durante o tempo de duração do projecto um contrato de trabalho? A minha resposta é que sim, é. Porque para inverter este estado de coisas é necessária vontade e actos politicos, coisa de muito mais peso e labor que meras declarações/constatações de que são necessários mais cientistas...
E que papel poderia ter o tecido produtivo (i.e., indústria, serviços e por aí fora) para que o estado de coisas fosse diferente do actual? Num país como o nosso ZERO! (esta é a realidade que eu conheço). O que faz as páginas dos jornais, e tantas vezes as alegrias dos nossos medíocres eleitos e governantes, não passam das excepções para confirmar a regra! E a regra é que o tecido produtivo português se baseia numa economia do tipo sec.XIX, i.e., na força bruta e barata (seja braçal ou intelectual...). E a nível cultural, então estamos conversados. Neste país, a única ocasião em que o conhecimento e a descoberta representaram valor acrescentado foi durante os descobrimentos (e mesmo então não durou muito...). Será que foi por acaso que nessa altura fizémos parte do grupo sempre restrito das nações que lideram o mundo?
Os valores que se erguem hoje como exemplos são outros (por ex., os da bola contra o qual nada tenho, temos de facto alguns artistas do pontapé de alto gabarito...), não só por causa do (muito) dinheiro mas também por causa do estatuto social. Qual é o estatuto social de alguém que faz ciência? Ganha mal, logo, pouco ou nenhum...
Agora, quando tomámos a opção de trabalhar em ciência, e vamos explicar algo do que aqui ficou dito aos nossos familiares (ah! as grandes reuniões de família então são as melhores...), i.e., em poucas palavras, que nos fartamos de queimar as pestanas e que ganhamos mal; infelizmente, não olham para nós como uma espécie de herói romântico do conhecimento (esta era boa!!!), ou como trabalhadores incansáveis, antes mais como um lunático, que se não se põem a pau, ainda um destes dias lhes vai bater a porta a pedir uma sopinha...
Miguel Esteves
em vez de se preocuparem se são homens ou mulheres, preocupem-se com a qualidade e com o aumento do salári....porque a final tar ali ou tar a acartar bales vale o mesmo
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