quarta-feira, 24 de outubro de 2007

BEIJO ARDENTE

Transcrevo, do livro de Luís Bernardo, "Histórias da Luz e das Cores", vol. 2, Editora da Universidade do Porto, que acaba de sair, um delicioso trecho da autoria de um jornalista francês, Henri de Parville, que em 1862 fez o relato da sua visita ao laboratório dos químicos alemães Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff:

"Diante de nós abre-se uma grande sala cheia de instrumentos bizarros, de garrafas e de retortas. Lunetas e telescópios elevam-se nos seus tripés; espelhos deslumbrantes enviam de todas as partes a sua claridade fantástica; pequenos fogos vermelhos de fogo crepitante na sombra e de clarões estranhos correm ao longo dos muros. Um ruído surdo e lúgubre escapa-se, por instantes, da abóbada sombria e lança, sobre vós, como que o estertor de um moribundo. Esferas cheias de líquidos de diferentes cores exalam um odor penetrante que se agarra à garganta e que vos provoca deslumbramentos. Metais em fusão arrefecem sobre as lajes e, com um tão ardente beijo, a pedra contorce-se".

Na foto: o famoso beijo de Deborah Kerr e Burt Lancaster, de que falou a Helena.

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