Minha crónica do último "Sol". Na foto Yuri Gagarine com Sergei Korolev:
Quando se comemoram os 50 anos do início da era espacial, que ocorreu com o lançamento do primeiro satélite, é justo lembrar o “pai do Sputnik”, o ucraniano Sergei Pavlovich Korolev.
Em contraste com o engenheiro alemão (depois naturalizado norte-americano) Wernher von Braun, o “pai do Saturno V” e portanto o “pai da viagem à Lua”, o engenheiro Korolev não é muito conhecido. Muita gente sabe que von Braun construiu durante a Segunda Guerra Mundial as bombas voadoras V2 que, do norte da Alemanha, espalharam o terror na Inglaterra. E sabe que foi preso pelas tropas norte-americanas e levado à força para a América, onde veio a desenvolver o poderoso foguetão que levava a nave Apollo na ponta.
Mas pouca gente conhece a biografia de Korolev. Pouca gente sabe que, antes de dirigir o programa espacial soviético, foi apanhado numa purga de Estaline e passou a guerra internado primeiro no Gulag da Sibéria e depois num campo de prisioneiros cujo trabalho era fazer aviões. Um dos seus colegas na prisão foi outro génio da aviação – Tupolev - de nome bem conhecido. E pouca gente sabe que a ideia da ida do homem à Lua pertenceu não a von Braun nem ao Presidente Kennedy, mas sim a Korolev. Isso nunca foi assumido pelos soviéticos porque seria uma confissão de derrota depois das estrondosas vitórias de Korolev. O primeiro engenho a alunar tinha a foice e o martelo – foi a Luna 2 em 1959. E o primeiro homem no espaço foi o russo Yuri Gagarin, a bordo da Vostok em 1961. Contudo, a União Soviética não estava em condições, no final dos anos 60, de competir na corrida humana à Lua. Em 1969, nas vésperas da missão Apollo 11, von Braun ainda receava que, nesse tempo de guerra fria, houvesse uma surpresa de última hora do outro lado. Mas não houve.
Uma das razões para não ter havido foi a morte prematura do engenheiro-chefe. Korolev faleceu em 1966, no auge da sua carreira, durante uma operação de rotina. O Presidente Putin prestou-lhe homenagem no início deste ano, por ocasião do centenário do seu nascimento.
3 comentários:
A Luna 2 não alunou: despenhou-se. Alunar presume algo de suave (o equivalente à aterragem mas na Lua). O que a Luna 2 fez foi despenhar-se na Lua sem haver preocupação com a sobrevivência da sonda. Poderá ser uma questão semântica, mas ninguém dirá que um avião que se despenha "aterrou", pois não?
Já agora, «o poderoso foguetão que levava a nave Apollo na ponta»? Isto não será o tipo de português que o Prof. Carlos Fiolhais não admitiria a um seu aluno?
E o Von Braun não foi levado à força, ele desesperadamente tentou ser capturado pelos soldados aliados, ele e os restantes cientistas que o seguiram para a América sabiam bem o que os esperava se fossem capturados pelos Soviéticos.
A BBC realizou uma excelente série sobre o tema, que também foi exibida pela RTP2.
Haja Serviço Público.
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