Os méritos relativos da investigação dita fundamental e da investigação aplicada são alvo de inúmeras lucubrações, não só por parte dos políticos que decidem as áreas prioritárias de financiamento como de muitos que se interrogam que utilidade terá a ciência que os seus impostos ajudam a financiar.
Nos últimos anos, a política europeia de investigação tem privilegiado a vertente aplicada numa tentativa de recuperar (ou adquirir, em algumas áreas mais recentes) a posição de destaque que a Europa já teve em numerosos domínios tecnológicos. Foi publicada recentemente na Chemistry World uma entrevista com David Delpy, o novo director executivo da agência financiadora britânica das ciências da engenharia e físicas - Engineering and Physical Sciences Research Council. Delpy explicou que continuará a financiar a melhor investigação fundamental mas que há muita pressão para se mostrar o valor dos projectos, isto é, para que se financie ciência que permita aplicações imediatas com repercussão económica.
Mas dos Estados Unidos chegam-nos notícias que indicam que talvez não seja boa ideia neglicenciar a investigação fundamental.
A American Chemical Society informou há uns dias que o Departamento da Defesa dos Estados Unidos reconheceu que o sub-financiamento de investigação básica se tornou num problema de segurança. A notícia assentou numa fuga de informação do próprio chefe de ciência e tecnologia do departamento, que pediu financiamento do Departamento a áreas prioritárias, incluindo entre 300 e 500 milhões de dólares (anualmente) para ciência fundamental.
A fuga de informação surge menos de duas semanas depois de o documento base da Casa Branca para a elaboração do orçamento de 2009 ter assinalado com «significativa prioridade» o aumento do financiamento de projectos de investigação fundamental.
A ciência fundamental é mesmo fundamental, como nos deveria recordar a Relatividade Geral de Einstein, que muitos considerariam nunca ir ter qualquer tipo de aplicação e que de facto não teve por muitos anos, mas que a longo prazo se traduziu em aplicações tecnológicas hoje em dia tão corriqueiras como, por exemplo, o Sistema de Posicionamento Global, mais conhecido por GPS.
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3 comentários:
Da mesma forma, mais dois exemplos de investigação fundamental (na sua altura) e que modelam fortemente o nosso modo de vida hoje em dia.
- sec. XIX, física: equações de maxwell e electromagnetismo; sem isto nada de motores eléctricos, electricidade nas nossas casas e por aí fora...
- sec. XX, física: mecânica quântica; sem ela nada de electrónica, computadores, telemoveís e outros que tais...
Watson, Crick e Wilkins (além de Franklin, bem entendido) sobre a descoberta da estrutura do ADN.
Os fulerenos.
Etc.
a ciência fundamental de hoje é a ciência aplicada de amanhã. dizer mais para quê? :-)
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