Texto inspirado num antes publicado no De Rerum Natura, da autoria de Rui Baptista, intitulado: A ginástica do fole.
Não sei se o leitor já reparou que, ao longo do século que passou (com particular as suas últimas quatro décadas) e no princípio deste em que estamos, ao mesmo tempo que a sociedade reivindica, por todos os meios, a descolarização da escola, relativizando a sua importância e tudo fazendo para a destituir da sua função primordial que é ensinar, situando-a entre os muitos “contextos de aprendizagem”, a par da internet, das vivências quotidianas e até do telemóvel, tendendo a enfatizar a importância destes contextos, ela própria, escolarizar todas as suas manifestações.
Parece-me uma contradição mas não vejo que daí advenham grandes conflitos existenciais, o que é normal numa “lógica” pós-moderna, que permite afirmar uma coisa e o seu contrário com a mesma convicção.
Voltando à ideia do primeiro parágrafo… é uma constatação que tudo na sociedade tende a escolarizar-se, a academizar-se, a pedagogizar-se…
Até rir.
Pois é, tenho sabido de cursos – sim, cursos – que se propõem
“Animar com o riso, a sua vida!
Animar com o riso, a sua família e os seus amigos!
Animar com o riso, o seu trabalho!
Animar com o riso, os seus sonhos e os seus desejos!”
Isto para “gerir o stress”.
E como é que este propósito se atinge? Com “exercícios respiratórios combinados com dinâmicas animadas e energéticas…”, “destinados a estimular a movimentação do diafragma e dos músculos abdominais que ajudam a activar o sistema parassimpático que é o ramo, autónomo, do sistema nervoso associado ao relaxamento (…) O controlo do diafragma passa, neste sentido, a ser um recurso valioso para condicionar as reacções do nosso organismo a situações de stress e tensões”.
E claro, para dar um tom científico a tudo isto, não podia faltar a garantia de que os cursos decorrem “num registo de prática pedagógica”.
Lamento desiludir os mentores e alunos destes cursos, mas tudo isto, apesar de eu não saber bem o que é, não é pedagogia!
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1 comentário:
Pois não, é talvez vender gato por lebre!
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