Informação recebida pelo De Rerum Natura:
Biodiversidade portuguesa em contos e estórias, dia 27 de Maio, às 15 horas, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra. A entrada é livre. Infomação completa aqui.
Já ouviu falar do BI da Pomba? E dos "11 burros [que] caem num estômago vazio"? Pois, na próxima quinta-feira, oa animais de Miranda são algumas das estrelas d'Os Bichos e pretexto para falar de Ecologia e Evolução.
"Este projecto consiste na recolha de histórias tradicionais relacionadas com zoologia, mas também com a identificação de conhecimentos empíricos de pesca, pastorícia, pecuária, que possam ter sido usados - ou ainda sejam usados - por pescadores, pastores ou produtores de gado nos seus diversos ofícios" (equipa do Museu da Ciência acerca d'Os Bichos).
Um dos momentos fortes é a difusão do "projecto meta-etnográfico" da autoria de Tiago Pereira. "11 burros caem num estômago vazio", filme com cerca de meia hora, que foi apresentado e premiado no DocLisboa 2006 (Prémio da Melhor Curta Metragem). "Todas as histórias e cantigas resultantes da vida de isolamento e trabalho dos habitantes do planalto mirandês, já por si mágico e miscigenador de tradições, funcionam como um escape e como uma forma de pensar única, reveladora da realidade humana deste povo", adianta a sinopse da curta metragem."O documentário descreve o trabalho e a importância que a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino tem, relatando as histórias e cantigas de quem lida com burros de Miranda todos os dias", completa Nuno Martins, um dos responsáveis da associação AEPGA que vai também estar presente no encontro.
Ana Isabel Queiroz, docente do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT), fará no Museu uma leitura do 'BI da Pomba', texto de Ana Maria Freitas excerto da "primeira sistematização do bestiário e outros seres míticos constantes na tradição popular portuguesa", os 'Bilhetes de Identidade dos Bichos e Quejandos'. Composta por 32 obras publicadas pela 'Apenas Livros', sob a direcção de Ana Paula Guimarães, a colecção revela-nos "quem somos e ao que andamos"."Ana Paula Guimarães quer lançar agora um novo desafio: que os especialistas em Biodiversidade se aproximem destes textos e os comentem sob o olhar das Ciências Naturais. O que se pede é que reflictam sobre a raiz ecológica de usos, práticas e significados, e que contribuam, através da sua análise da literatura tradicional, para a construção de uma consciência ambiental suportada em factos e valores".
Que mitos e tabus envolvendo animais se esconderão nos objectos de madeira da colecção de Antropologia da Universidade de Coimbra? Maria do Rosário Martins e Maria Arminda Miranda (Museu da Ciência da UC) vão por outro lado contar "Histórias de bichos contadas na madeira".
Serão ainda apresentados durante a tarde o projecto BioDiversity4All, que tem por objectivo a criação de uma base de dados em que se possa descobrir como os 'bichos' são distribuídos pelo país, e a associação Palombar, que promove a revitalização dos pombais tradicionais.
As sessões são orientadas por Ana Paula Guimarães (Instituto de Estudos de Literatura Tradicional - IELT) e Carlota Simões (Museu da Ciência da UC). Serão por outro lado gravadas e editadas para publicação no site Memoria Media.Os parceiros d' Os Bichos voltam a encontrar-se a 12 de Novembro de 2010. Apresentarão desta vez, entre outros projectos, uma mostra de bichos (José Barbieri - Memoriamedia) e contos sobre o lobo (Francisco Fonseca - Grupo Lobo).
Programa: 27 de Maio de 2010 15H00
- Histórias de bichos contadas na madeira: por Maria do Rosário Martins e Maria Arminda Miranda (Museu da Ciência da Universidade de Coimbra)
- O Projecto BioDiversity4All: por Filipe Ribeiro, Luís Tiago Ferreira, Patrícia Tiago e Marcel Dix (BioDiversity4All)
- BI da Pomba, pretexto para falar de Ecologia e Evolução: por Ana Isabel Queiroz (IELT)11 burros caem num estômago vazio: documentário da autoria de Tiago Pereira (em parceria com a AEPGA)
quarta-feira, 26 de maio de 2010
BIODIVERSIDADE EM HISTÓRIAS
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1 comentário:
Este tema é curioso porque me fez lembrar uma figura talvez pouco consensual: Rabelais.
Dele dizia o historiador francês Michelet:
"Rabelais recolheu sabedoria na corrente popular dos antigos dialectos, dos refrões, dos provérbios, das farsas dos estudantes, na boca dos simples e dos loucos.
E através desses delírios aparecem com toda a grandeza o génio do século e sua força profética. Onde ele não chega a descobrir, ele entrevê, promete, dirige. Na floresta dos sonhos, vêem-se sob cada folha os frutos que colherá o futuro. Este livro todo é o ramo de ouro."
(Histoire de France, ed. Flammarion, tomo IX, p.466)
Nos trabalhos de recolha que o post apresenta talvez Rabelais se apresente como o iniciador.
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