quarta-feira, 6 de maio de 2009

Violência verbal

Imagem: Meaghan. Caveat Feminae II, de Mike Wood Photography / W4B


Uma das características de blogs muito visitados, como este, é a violência verbal de alguns comentadores. Seria um erro, contudo, pensar que isto se deve apenas à psicologia dessas pessoas — pessoas desagradáveis, irritáveis, invejosas, verbalmente violentas e semelhantes a hooligans, tendo prazer em tudo destruir à sua meteórica passagem. Com certeza que alguns destes factores terão o seu peso, mas o fenómeno é mais profundo e poderá estar inscrito na natureza humana.

Os blogs são cada vez mais encarados como tabernas; lugares onde se conversa frivolamente sobre seja o que for, sem nada realmente se procurar saber. Mas há uma diferença que tem consequências drásticas: nos blogs não estamos a ver o rosto das pessoas. Isso torna o insulto mais tentador porque quando se ouve uma ideia com a qual discordamos, mas vemos o rosto da pessoa que a defende, somos mais comedidos em troca.

O aspecto mais profundo de que quero falar contudo, não é este. Afinal, já existia coisas como tabernas muito antes de as pessoas terem desatado a estudar a realidade com atenção. Heródoto, por exemplo, inaugurou a história — mas antes dele já havia muitas histórias, mitos e lendas sobre o passado. O que ele inaugurou foi a tentativa sistemática de descobrir a verdade acerca do passado, com cuidado e calma. O que ele inaugurou foi uma atitude contranatura. Inaugurou a atitude crítica, na história, como os filósofos o fizeram na física, na biologia e na própria filosofia.

Nunca precisámos realmente desta atitude crítica, ao longo da maior parte da nossa história como espécie. Mitos e lendas, disse que disse, boatos, ideias mal amanhadas, impressões superficiais — tudo isto é suficiente para sobreviver. De nada adianta saber matemática profundamente — ou biologia ou filosofia ou história — para a vida brutal de um animal que nasce, luta para sobreviver, reproduz-se e depois rebenta. Por isso, a atitude de avaliar cuidadosamente as ideias e argumentos não é algo que possamos fazer naturalmente; ou aprendemos a fazer isso porque temos curiosidade pelas coisas, ou nada irá impor essa atitude.

E isto sempre foi assim. A única coisa que permite a existência de instituições como as universidades ou as escolas é a autoridade que estas representam e fazem os hooligans encolher-se. Quando Carl Sagan se pergunta o que terá tornado possível a destruição da Biblioteca de Alexandria está a fazer a pergunta errada; a pergunta certa é o que terá tornado possível a sua sobrevivência durante tanto tempo. Quando os Nazis queimavam livros em público era essa mesma hubris destrutiva que a alimentava, e não apenas uma ideologia remota. Os seres humanos não gostam de saber que há outros seres humanos que sabem coisas que eles não sabem porque se dedicam pacientemente a descobrir coisas que eles não valorizam. E basta um hooligan no meio de duzentas pessoas normais para todas se tornarem hooligans.

Às vezes gosto de imaginar como seria a universidade, as conferências ou as revistas académicas de física ou de filosofia caso a atitude tão comum nos blogs aí prevalecesse também. Imagine-se o que seria um professor começar a dar trigonometria, por exemplo, e vários alunos começarem a rir e a gozar com a irrelevância das matérias, ou começar a insistir que há triângulos com cinco lados. Imagine-se o que seria nos artigos das revistas académicas mais prestigiadas os cientistas, filósofos e historiadores passarem a vida a insultar-se e a gozar uns com os outros. Imagine-se, finalmente, o que seria alguém tentar fazer uma ponte e os hooligans desatarem todos a gozar dizendo que não é preciso tantos cálculos complexos, o melhor é começar a fazer já — ou melhor, ir a nado — e depois logo se vê. Na verdade, não é preciso imaginar: veja-se a vergonha pública que é o pretenso debate político nacional, com os políticos e os comentadores a insultar-se o tempo todo nos jornais e na televisão, e os parlamentares a comportar-se como crianças mal-educadas da escola primária.

A ilusão é pensar que é preciso explicar estes comportamentos, quando na verdade o que é preciso explicar, pois é isso que é raro e precioso, é o comportamento racional, paciente, epistemicamente virtuoso que só alguns seres humanos exibem. A injustiça cósmica é que todos beneficiam dessas virtudes epistémicas, sob a forma de confortos tecnológicos e médicos, apesar de só alguns as valorizarem e ainda menos as cultivarem.

41 comentários:

Rui Baptista disse...

Saúdo o Desidério pela defesa ética de princípios que subjazem à solicitações feitas pelos autores deste "blog": "Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profunidade e não como quem manda bocas".

Bocas fáceis de mandar quando, como também escreve Desidério, se escondem no anonimato obrigando o atingido na escuridão a defender-se de ataques desferidos a torto e a direito, deixando-se, por vezes, ambos enredar pelo acessório esquecendo o principal: a discussão das ideias e não a antipatia que nos possa despertar a pessoa que as subscreve.

Gisele Secco disse...

Esse comportamento ridículo é a causa de muitas pessoas não participarem dos debates. Eu com certeza não devo ser a única que desanima frente a essas atitudes que mostram a cinfusão entre diálogo e troca de anfinetadas.

nuvens de fumo disse...

Primeiro , vinte valores pela imagem, por este andar os temas começarão a melhorar a olhos vistos.
Sobre a substancia :

Eu não sou da área da filosofia, psicologia, e afins derivados do pensamento. No entanto diria que a conversa civilizada e pausada é muito possível quando falamos de temas abstractos e de pouca relevância para a nossa vida ou então , quando falamos de temas que nos despertam poucas paixões, no fundo que não nos animam muito, que são murchos ( sem ofensa ).
O problema, penso eu, começa quando debatemos e falamos de assuntos que nos são viscerais, princípios que achamos que valem a pena , paixões da nossa alma. Aí muito rapidamente caímos na armadilha do nosso sistema nervoso central , das nossas supra renais e da eterna adrenalina, essa companheira que tanto serve para nos salvar do perigo predador como nos enervar em conferencias, aulas ou exames. Não digo que não seja desejável o debate civilizado, obviamente que sim, mas um pouco de ironia pode sempre distrair o adversário e leva-lo a cometer erros, é uma arma que bem usada pode ser muito eficaz. O insulto pode ser também subtil e demonstrar inteligência e arte.

O insulto nasce, penso eu da paixão pelo tema, e estará sempre ligado ao debate aceso.
Na net onde as caixas de comentário são muito curtas para apresentar alguma ideia estruturada, o insulto surge muitas vezes como forma simples de marcar uma posição de força.
Retiro destes os insultos gratuitos e sem substancia, mas isso é diferente, aqui como no real haverá sempre insulto grotesco.

Claro que , dada a minha natureza analítica, para conseguir perceber o seu ponto de vista é necessário definir o que se considera um insulto, e aí admito a minha ignorância.
Chamar nomes a alguém ? implicar comportamentos menos próprios ? classificar as pessoas em categorias ?
Dizermos as coisas de forma mais brusca ? de forma menos elegante ? usar palavras de calão ?
Onde começa o mau gosto e termina a ironia ? quem decide ? de que forma de define o seu é o “epistemicamente virtuoso “?

Deveremos cair no politicamente correcto ? evitar ser aguerrido ? dizer verdades inconvenientes (!) ?

“Na verdade, não é preciso imaginar: veja-se a vergonha pública que é o pretenso debate político nacional, com os políticos e os comentadores a insultar-se o tempo todo nos jornais e na televisão”

Em Inglaterra é bem pior e lá andam um pouco à nossa frente em todos os aspectos. São as paixões da alma que nos deixam a língua afiada, e a arte do insulto é marota mas divertida, faz anedotas e piadas , que seria sem o insulto o saudoso Pacheco ? e Bocage com todo o seu estilo era bem ordinário, insultos ou arte ? quem decide ?

Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta dum soldado;
Cleópatra por puta alcança a c’roa;
Tu, Lucrecia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que ainda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiqueis pois, oh Nise, duvidosa
Que isto de virgo é honra é tudo peta.

MANUEL MARIA DU BOCAGE, in POESIA ERÓTICA E SATÍRICA

Lúcio Ferro disse...

Não me vou identificar com o meu verdadeiro nome, não só porque ele nada vos diria sobre mim, como não me parece de todo em todo que tenha algo a ver para o caso, como se fose necessário um atestado de bona fides para aquilo que aqui me traz; serei breve e respeitoso apenas porque me parece bem sê-lo na presente circunstância e porque nada aqui me ofende, pelo menos não em profundidade.

A fronteira entre o insulto e o humor é muitas vezes ténue e outras tantas alguma violência verbal pode ser útil ao confronto salutar, sempre que se justifique, no campo das ideias e da liça do debate acerca das mesmas.

O problema no insulto está na forma em como ele é encarado. Se for primário, apaga-se. Se for primário mas repetente é necessário maior ponderação, pode ser um caso de stalking. Apaga-se na mesma. Se persistir então sugiro contra-medidas.


Após termos tirado esse peso do peito não nos esqueçamos também de que o insulto é uma arte e de que o melhor insulto é aquele que passa por elogio. Belo insulto esse, não é?

Mas há outros, também belos, como em Churchill:

"You're drunk Winston! Horribly drunk! Yes madam, but in the morning I will be sober and you're ugly, horribly...


Por outro lado, confundir arroubos de violência verbal com insultos deliberados é perigoso, porque se assim o fizermos "definimos" que tipo de violência verbal é insultuosa e qual o não é. Deixa de ser uma questão de palavras e de cabeça para ser, cada vez mais, meramente uma questão de palavras interditas. Censuramos, obviamente. Prescrevemos um modus operandi linguístico para quem visita o nosso blogue. Estamos nesse direito. Desde que, claro, não o queiramos impor pela força da semântica a outros.

Isso dito, lamentar a violência de alguns é um pouco como chover no molhado, a superioridade moral também se mede pela atitude com a qual se pondera o insulto. A atitude pela qual este é avaliado, dissecado e devidamente confrontado.

Cps.

Anónimo disse...

"Imagine-se o que seria nos artigos das revistas académicas mais prestigiadas os cientistas, filósofos e historiadores passarem a vida a insultar-se e a gozar uns com os outros."

Há diversos tipos de insultos e no meio académico existe um costumeiro e habitual exercício destes, principalmente entre pares. Aliás, para não ir mais longe, basta ver o que tantos "filósofos" analíticos consideram sobre a filosofia francófona...e vice-versa.

O insulto e o humor são armas argumentativas utilizadas por todos nós e nome de quem diz deveria ser irrelevante em relação ao que é dito.

João disse...

É preciso não esquecer que o insulto e a provocação são (e sempre foram) uma arma política que tem servido sobretudo as forças totalitárias para preparar o assalto ao poder com base na destabilização. Blogues de referência, tal como edições online de jornais são hoje bem exemplo disso. Basicamente 3 grupos fazem o grosso da animação: os que discutem de boa fé, os que estruturam ataques ao governo e os que gerem a defesa do governo. No Público online são de uma assiduidade significativamente sistemática (a qualquer hora do dia ou da noite) certos comentadores. Com toda a probabilidade fazem profissão da actividade e são pagos por ela. O que me leva a uma leitura circunstanciada dos seus textos, que não reflectem opiniões genuínas, mas sim guiões estruturados de actividade política. Também nestes casos a leitura do insulto tem de ser vista a esta luz.

Anónimo disse...

Excelente post

Anónimo disse...

quem semeia ventos, colhe tempestades...

Isabel Saraiva disse...

Texto "adulterado"

Cito, do artigo "Biblical Views: A Text Without a Home" (by Ben Witherington III, BIBLICAL ARCHAEOLOGY REVIEW, 34:04, Jul/Aug 2008):

«If you have been paying attention to more recent translations of the Gospel of John, you will have noticed that John 7:53–8:11—the story of the woman caught in adultery of whom Jesus says, “Let him who is without sin among you be the first to throw a stone at her”—has been getting some interesting treatment by the scholars.

The TNIV (Today’s New International Version), for example, tells us very forthrightly that our earliest and best manuscripts of the Gospel of John do not include these much beloved and belabored verses.

If text determines canon, by which I mean the original inspired text of that gospel is what should be in the canon, then John 7:53–8:11 ought not to be in our Bibles

Os versículos referidos são, não um "insulto", mas umaa prova de inteligência do autor deste aditamento ao texto original.

Isabel Saraiva disse...

Leia-se: uma

Anónimo disse...

Rendo-me a este post e defendo a atitude por ele preconizada. Penso que essa atitude é aprendida, como também penso que o Desidério defende no post. É muito difícil não nos rendermos aos nossos impulsos mais selvagens e imediatistas. É bom existirem pessoas como o senhor na cultura portuguesa: vozes críticas, mas cultas e ponderadas, com um pensamento estruturado.

Anónimo disse...

" Imagine-se o que seria nos artigos das revistas académicas mais prestigiadas os cientistas, filósofos e historiadores passarem a vida a insultar-se e a gozar uns com os outros. Imagine-se,"


Sim, até podiam ameaçar-se mútuamente com atiçadores de lareira incandescentes

http://en.wikipedia.org/wiki/Wittgenstein's_Poker


(é da wikipedia. Não conta. Não tem autoridade e vai contra as crenças do autor.)


Ou então podiam tentar desacreditar as ideias dos "adversários" insinuando que eles são macacos (o que até nem anda muito longe da verdade).


http://science.howstuffworks.com/big-bang-news.htm
(o site não cobra directamente, logo também deve ser anátema para o autor e ainda por cima o TLD não é edu).


Outra porreira seria a boa novela da "descoberta" do VIH pelo Robert Gallo.


Dependendo do degredo epistemológico, quem considerar a psicanálise como ciência pode dedicar-se às purgas que o Freud fez como um qualquer puto mimado chefe da associação de amigos do bairro que controla o acesso exclusivo ao único baloiço.


Os exemplos são tantos que a caixa nem chega.



"E isto sempre foi assim. A única coisa que permite a existência de instituições como as universidades ou as escolas é a autoridade que estas representam e fazem os hooligans encolher-se."


Os hooligans e quem quer que tenha um interesse sério em aprender o que quer que seja seriamente quando as conclusões não são suportadas pela maioria dos académicos.

Mas perguntar como sobrevive a universidade há séculos é uma boa pergunta.

Como se dá bem em tempos de guerra, paz, regimes diatoriais e livres temos aqui um claro exemplo de adaptabilidade extrema. A razão da mesma fica ao critério do leitor.

António Parente disse...

Excelente post, Desidério.

Gustavo Bertoche disse...

Brilhante. Sempre faço-me as mesmas perguntas. O que me intriga não é o motivo pelo qual há idiotas, mas a razão pela qual a estupidez não é unânime.

Unknown disse...

Os insultos são, na maior parte dos casos, reflexo da inveja e da inferioridade intelectual ou social. Não penso que se lhes deva dar excessivo peso, apenas tomar as medidas de firmeza necessárias, se eles forem recorrentes. Por exemplo: identificar os sujeitos e apagar pura e simplesmente os seus comentários.

Mário Lino disse...

Caro Desidério,

Volto a citar as suas palavras de há dois meses atrás:

eu defendo o direito de as pessoas passarem o dia a dar cabeçadas na parede se quiserem, mas não me interessa fazer isso. Uso uma linguagem pitoresca e insultuosa, mas é em geral

Diga-me por favor, onde está a sua coerência? Porquê esta atitude de vitimização? Acha que é Intelectualmente honesta? Ou o Sr. Desidério é o único que pode recorrer à táctica do insulto?

Como justifica esta contradição patente entre aquilo que afirma hoje, e o que afirmava hà dois meses atràs? Seria bom que por uma vez tivesse a verticalidade de responder a estas questões ao invés de partir para um novo post lamurioso...

Xico disse...

Olhe. Eu não li o post, nem os comentários. Mas gostei muito dos bonecos! Até que enfim que este blog coloca algo de interessante! ):

Anónimo disse...

Este seu texto, Desidério, é um afago ao meu entendimento.
Quando bastaria conseguir e saber sobreviver, aparece sempre algo mais a conquistar e a construir.
MJ

Gilberto Miranda Jr. disse...

Gostei muito do texto, Desidério, parabéns mais uma vez. No entanto penso que, embora ele tenha dado o recado a que se destina, ele comete um equívocos que, respeitosamente, gostaria de apontar.

Penso que atribuir à natureza humana essa desnecessidade de uma visão crítica e analítica frente à realidade, não leva necessariamente a uma atitude de barbárie como vemos em certos comentários.

É fato que nos resolvemos como humanos sem muitos problemas sem precisar de uma atitude mental voltada à virtude epistêmica. Uma leve impressão, um disse me disse, um boato, um mito, já servem para nos virarmos muito bem na mediocridade de uma vida "brutal de um animal que nasce, luta para sobreviver, reproduz-se e depois rebenta", como você mesmo afirma. Mas disso não decorre que seja de nossa natureza desdenhar, ofender ou lutar violentamente contra o que saia fora disso. É nesse ponto que penso haver um equívoco.

Penso que a barbárie, o impulso destrutivo, a ofensa gratuita, o simples desdém do deboche irresponsável, tem suas raízes em coisas muito mais profundas do que a simples desnecessidade do pensamento crítico ou de uma atitude mental voltada à virtude epistêmica.

Parece-me que a questão envolve uma noção pendular da história. Vivemos uma época em que se torna preciosa a desconstrução das amarras que prendiam o conhecimento e a informação a privilegiados e supostos detentores da verdade. Esse grito de liberdade tende a esgotar-se no extremo oposto até pontuar-se numa situação nova de equilíbrio. Entre um equilíbrio e outro, andam-se nos extremos como forma de se construir referências daquilo que queremos e não queremos.

A perda dos valores absolutos que nos norteavam até pouco tempo, parece requerer a descida da consciência humana ao que de mais primitivo a constitui, para a partir daí, dialeticamente, podermos nos reconstruir em novos patamares de civilidade e cultura.

Muitas vezes soa-me tão violento quanto um comentário agressivo e sem conhecimento de causa, certas atitudes polidas e intelectualizadas que discriminam e excluem da realidade visões diferentes e outros olhares. Recentemente fui vítima disso atraves de uma ameaça de processo sem tipificação com o intuito de coagir e impedir a livre expressão de meu pensamento.

Um senhor doutor em direito tentando me coagir por ameaças é tão violento quanto qualquer hooligans baderneiro. Talvez mais perigoso ainda, pois perpetua mentiras e a opressão absolutista dando roupagens civilizadas a elas. Enganam e fazem estragos muito mais profundos do que comentários que vemos, logo de cara, que pretendem apenas causar tumulto.

A história da universidade, iniciada na Idade Média, congrega as chamadas Disputas pela Verdade trazendo como resultado, além de muitos tratados sobre "sexo dos anjos", cenas violentas e opressões bem mais perniciosas.

O que quero dizer é que os hooligans não existem apenas do lado contra a edificação do conhecimento. Eles existem aos montes, também e talvez em maior número, do lado onde se pretende que o conhecimento seja único, absoluto e dado oficialmente apenas por uma voz. Esses, a meu ver, são os piores. Os que não tem caminho logo podem encontrar algum, mas os que já tem, quando acreditam que seja o único, se transformam nos piores assassinos do conhecimento.

Os que queimam livros, caçam bruxas, perseguem pensamento diferentes, não são os partidários da baderna pura e simples. São os convictos de que sua versão ofereça a única verdade possível e precisa impo-la a todos, seja causando desavença, malediscência e escárnio.

Como professor, prefiro alunos que desdenham o que eu ensino e riem da minha cara (fazendo com que eu me preocupe na melhor forma de tocá-los da necessidade do aprendizado), do que aqueles que vêem na autoridade e na disciplina o único caminho da sabedoria, engessando o caminho sob os auspícios de um único sentido.

Abraços

Gilberto Miranda Jr.
http://miranda-filosofia.blogspot.com

Anónimo disse...

Parece-me um bom texto, focado em vários aspectos fundamentais.

Não obstante, o artigo fala em blogs, mas onde se encontra mais e mais variada violência verbal é nas caixas de comentários dos sites do jornais.

A título de exemplo os comentários no site do Público e os comentários aos artigos de opinião do Jornal de Notícias.

A diferença relativamente às tabernas é que podem passar vários horas e dias sem que haja violência verbal e afins, ao passo que na Internet demora menos tempo a aparecer.

Teresa Marques disse...

"(...)e os parlamentares a comportar-se como crianças mal-educadas da escola primária.(...)"

Pois que me parece que neste excerto se insultam as crianças...

Concordo com o conteúdo do post...excepto com o excerto... porque nos dias de hoje "as crianças da escola primária" são dos menos mal-educados... pelo menos são ainda educáveis...

LA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LA disse...

Porque é que o Desidério não responde aos comentários do Mário Lino e dos outros? Porque é quando alguém o apanha em falta ele não responde?
Quanto aos insultos e à linguagem menos própria, eu assumo que a uso, mas já disse mais do que uma vez que o Desidério é quem começou, e até já o assumiu, o que é um milagre. Ainda deve estar por aí, se não foi apagado, o comentário do Desidério a chamar-me grande besta. Claro que a ele não lhe interessa recordar estas coisas.

Quanto á pureza do mundo universitário, não concordo com o Desidério, que acha aquilo tudo muito melhor do que a realidade "normal".
E que tal um artigo sobre os cientistas que têm milhares de artigos publicados, o que dá uma média de vários por semana, e que mostra que muitos autores assinam artigos sem trabalharem neles, porque há cientistas, mesmo na física, que têm mais de 5000 (cinco mil) artigos. Não é isto uma grande mentira?
E que tal falar das citações dos próprios artigos? Não se sabe que há autores que citam os seus artigos antigos em artigos recentes para artificialmente aumentar o número de citações dos seus próprios artigos? Não é esta uma prática corrente? Não é isto uma mentira e uma falsidade?
E podia-se falar de outras coisas do tipo, há muito lodo no mundo universitário.
É que em vez de se gastar tempo sobre uns insultos banais e sobre umas meias-verdades, usava-se o tempo para coisas mais importantes.
Mas com o Desidério parece que não vale a pena pensar nestas coisas, se ele nem é capaz de admitir que se espalha ao comprido em posts de meia-tigela, já não vale a pena dizer nada. Que se foda, um gajo baixa também o nível e caga para isto, porque nem apetece comentar os posts porque os bons comentários nunca têm resposta, e nunca se pode por em causa a grande autoridade que é o Desidério Murco.
Ouve lá, quando acabas o doutoramento, não é estranho andares há 9 anos nisso? Os ingleses não aparam os teus jogos de cintura ou o que é que se passa?

Já que não queres ser sério e responder como um homem e um homem universitário (se calhar és mais um que faz citações à balda), tens que gramar comentários deste nível, que é o que te serve melhor.
Até logo!
luis

Manuel disse...

Mário Lino, esquece. O Desidério não te vai responder honestamente porque para o fazer muito provavelmente teria de escrever algo do género.

"Não existe contradição. Eu defendo o meu direito a utilizar linguagem pitoresca e insultuosa, mas aos outros não o admito porque não têm a preparação académica que eu tenho em Filosofia. Não têm esse direito por não o saberem utilizar devidamente."

Seria algo deste tipo?


Quanto ao Rui Baptista, diga-me da forma mais loquaz que for capaz se também dá os parabéns ao Desidério pelo post citado pelo Mário Lino.


Desidério, responde lá se os exemplos que te dei no comentário anterior não mostram experimentalmente que esse cenário que o teu post insinua ser de fantasia não tem pelo menos uma semelhança com a realidade?

"Às vezes gosto de imaginar como seria a universidade, as conferências ou as revistas académicas de física ou de filosofia caso a atitude tão comum nos blogs aí prevalecesse também."

Anónimo disse...

Desidério,

aqui vejo uma incoerência no seu passado argumentativo. Já vi você defendendo várias vezes o insulto.

É certo que você defende o insulto "epistemologicamente superior", mas não se pode negar também a força argumentativa de um insulto mais baixo.

Sou também titular de um blog onde recebo freqüentemente insultos, muitas vezes de pessoas que não têm nada na cabeça. Mas, quando não consigo crescer com o insulto, levo no bom humor, para pelo menos me divertir. De um modo geral, os insultos são bem-vindos.

George

Anónimo disse...

Ah, e para não parecer que estou argumentando sem exemplos, aqui vai um:

http://direitosfundamentais.net/2009/03/05/filozofando-com-o-macaquinho-marmelstao/

é só ver os comentários.

George Marmelstein

Desidério Murcho disse...

Uma das manifestações da intolerância e da falta de imaginação é a incapacidade para ver a diferença entre o que defendemos que as pessoas têm o direito a fazer, e o que defendemos que as pessoas devem fazer. Eu penso que as pessoas devem ser simpáticas, e em contextos de discussões de ideias não devem agir de modo a torná-la impossível com gritos, insultos e irrelevâncias. Mas daí a prender as pessoas ou proibi-las de fazer tal coisa vai uma grande diferença. Defendi e defendo que não se deve permitir o silenciamento político de alguém com o argumento de que nos insultou, porque isso é politicamente muitíssimo perigoso. Mas daqui não se segue que eu defenda que é bonito as pessoas andarem a insultar-se nos jornais e nos blogs, tornando impossível qualquer discussão de ideias. Não defendo que as pessoas que tornam impossível a discussão de ideias devam ser presas, mas gostava que deixassem este blog porque impedem as muitas outras de manter uma discussão cognitivamente frutuosa. Gostaria que as pessoas fossem capazes de discordar fortemente, e ardentemente, mas sem tornar a discussão impossível — mas não concordo que devam ser presas ou processadas se desatarem aos gritos a insultar toda a gente.

Não defendi no post a pureza do mundo académico, pois sei que ela não existe. E entre um insulto velado e um insulto aberto, o último tem a vantagem inequívoca de ser mais honesto. Mas a relação entre discussões racionais de ideias e gritaria cognitivamente irrelevante é muito diferente no parlamento (ou num blog ou num jornal) e numa revista académica, e não é a favor da primeira.

Em terceiro lugar, caí realmente na asneira de entrar na conversa com o Luís ao nível da brincadeira e chamei-lhe “besta” — termo que aplico muitas vezes a mim mesmo — pelo que peço encarecidamente desculpa. Compreendo agora que com gente que não conhecemos e que não sabe se estamos a falar a sério ou a brincar não se pode presumir que do outro lado há bonomia e simpatia, ao invés de despique, azedume e má educação recorrente sob o disfarce da informalidade e da brincadeira inocente.

Concordo com a Teresa: na verdade, insultei as crianças da escola primária. A sociedade contemporânea, no que respeita à educação, é uma imensa mentira: contamos a balela às crianças de que devem ser boazinhas e educadas e curiosas e que devem ler e estudar e ser ecológicas, mas os adultos fazem na sua esmagadora maioria exactamente o inverso de tudo isso. Não admira que quando as crianças começam a descobrir isso, na adolescência, sintam uma revolta tão grande contra a escola.

Anónimo disse...

Gisele adorei o seu comentário, né.
Adorei!
"anfinetadas e cinfusão",..."não participarem DOS debates".
Gisele voçê é demais, demais!!

arte

Helena Ribeiro disse...

Caro Desidério,

Mitos e Lendas não podem ser equiparados a, cito, "disse que disse, boatos, ideias mal amanhadas, impressões superficiais". Não concorda?

Anónimo disse...

Os "palermas do Open source" não tem direito a uma desculpa também? Ou só se safam as criancinhas por ser politicamente correcto?

Mas se para os "palermas" não é preciso desculpa porque eles são, de facto, "palermas", para o Desidério também não é, porque ele é, de facto, desonesto.

cmps,

Anónimo disse...

Desidério,

o teu comentário conseguiu esclarecer as possíveis incoerências de seu argumento. E certamente penso do mesmo modo. Uma coisa é achar errado insultar. Outra coisa é defender retaliações jurídicas para esse comportamento. Do ponto de vista político, até o insulto deve ser considerado como bem-vindo. Porém, numa discussão mais séria, ou que se pretenda mais séria, o insulto destrói qualquer possibilidade de se alcançar algum resultado.

De qualquer modo, especulo que as pessoas que te insultam por prazer (e existem muitas) vão, a partir de agora, insultar cada vez mais, pois perceberam que gerou o efeito desejado.

George Marmelstein

Rui Baptista disse...

Caro Desidério:

Permita-me discordar de si.

A fotografia que encima o seu post não me parece adequada a um texto que trata da "Violência verbal". Para objectivar esta situação teria que ser uma megera desgrenhada, de robe e de rolo da massa, atrás da porta,a aguardar o marido que vai chegar tardíssimo a casa depois de uma grande farra!

Mas que diabo!,esta situação não é, de forma alguma, justificativa do traje menoríssimo e do enorme pistolão que a pequena ostenta na mão direita! Não lhe parece?

António Parente disse...

Palavras sábias as do comentário das 0:18m. Darei o meu contributo pessoal para que as discussões sejam cognitivamente frutuosas, abandonando este blogue. Penso que há meia dúzia de comentadores, cognitivamente irrelevantes como eu, que deveriam seguir o meu exemplo.

Mário Lino disse...

Kyriu, o caso dos "palermas do Open Source" é fundamentalmente diferente do mal entendido que envolveu o Luis.

Ora vejamos. A acreditar no último comentário do Desidério, pode ser legítimo recorrer ao insulto se estivermos, na galhofa, face a uma pessoa que acreditamos ser séria. Já se a dita pessoa séria se revelar ser um "taberneiro", o caso muda de figura, e o insulto não deve ser utilizado.

O caso dos "palermas do Open Source" é intrinsecamente diferente. O Desidério sabe que está a lidar com palermas, e ai vale tudo (pois claro!). Como os "débeis mentais" são seres com capacidades intelectuais limitadas, já se torna legítimo recorrer ao insulto -que aliás acabará por não ser um insulto, mas a ilustração de uma dura realidade- pelo que não há razão para não vincar a superioridade moral/intelectual do Desidério face a esses seres inferiores.

PS: Não deixa de ser curioso que o Desidério tenha mencionado no seu post ambientes supostamente verbalemente agressivos como a Assembleia da Républica. Ora eu não me lembro de algum Deputado alguma vez ter usado epítetos como "palerma" ao dirigir-se a um qualquer adversário politico. Talvez por ainda não existir nenhum Deputado Open-Source por aquelas bandas?

Desidério Murcho disse...

Olá, George

Parece-me que os insultos só atingem quem desconfia que há uma ponta de verdade no insulto — daí a reacção verbalmente violenta que se segue ao insulto. Na verdade, os insultos que me são dirigidos aqui não me aquecem nem me arrefecem.

O meu post foi uma reacção aos insultos no post anterior da Helena, que também se está nas tintas como eu para os insultos das caixas de comentários; mas fez-me pensar que sob a capa da informalidade e da frescura esconde-se na verdade uma atitude pidesca que consiste em paralisar qualquer possibilidade de discussão.

Penso que isto ocorre em três situações, por vezes misturadas.

Por um lado, ocorre quando as pessoas têm um apego emocional a certas ideias e têm medo que estas sejam falsas e indefensáveis; por outro, ocorre quando as pessoas realmente não gostam de discutir ideias, não é o tipo de coisa que lhes interessa, ficam aborrecidas, um pouco como uma pessoa sem sensibilidade pictórica nem interesse na arte fica aborrecida se for obrigada a visitar o Louvre um fim-de-semana inteiro; finalmente, ocorre quando as pessoas não estão minimamente interessadas na verdade das coisas, mas apenas em fazer uma competição sem sentido para ver quem consegue urinar mais longe, se me for perdoada a imagem.

Finalmente, há uma grande diferença entre comentários cognitivamente irrelevantes, mas simpáticos -- estes são uma manifestação de cordialidade, e facilitam o debate honesto de ideias -- e os comentários que além de cognitivamente irrelevantes têm como único fito tornar a discussão impossível. Não vale a pena discutir ideias se não estivermos disposos a mudar de ideias perante argumentos e indícios contrários.

Desidério Murcho disse...

Quanto à palermice, hoje já me insultei várias vezes ao fazer a barba; é que ousei chamar palerma a mim mesmo neste post:

http://dererummundi.blogspot.com/2009/04/refutado.html

Há uma grande diferença entre qualificar uma ideia de palerma de usar o insulto de maneira sistemática para impedir a discussão. É para mim evidente que as pessoas que têm um apego imenso a certas ideias irritam-se que tais ideias possam ser postas em causa.

O meu papel neste blog, entre outros, é precisamente pôr em causa esse género de ideias. E se as pessoas se irritam com isso, é porque estou a fazer bem o meu trabalho: há outras que aproveitam para pensar outra vez nessas ideias, para ver se serão realmente plausíveis ou uma mentira.

Mário Lino disse...

Caro Desidério,

Citando as suas palavras à letra:


Os programadores inventam uma coisa que a eles lhes dá jeito, mas são tão palermas economicamente que nem vêm que estão a prejudicar a sua própria indústria, porque economicamente a ideia é insustentável.

Das duas uma: ou eu tenho uma compreensão muito limitada da língua Portuguesa, ou então a frase-supracitada consiste um insulto nominativo à pessoa, e não à ideia.

Não ponho em causa o seu direito e o de todos, de classificar uma ideia como palerma. Outra coisa é partir para o "ad-hominem", e classificar um conjunto de pessoas que sustentam uma certa classe de ideias como "palermas".

Partindo desta constatação, só vejo duas hipóteses que ressalvem a sua honestidade intelectual: Ou se demarca das suas afirmações anteriores e pede desculpas pelo seu excesso de linguagem, ou adopta uma filosofia de "vale-tudo" e nesse caso, não se venha queixar de que o apelidam de palerma.

Não lhe ficava nada mal fazer penitência e admitir que agiu incorrectamente, ao invês de se fechar na sua Torre de Marfim e mudar o tema da conversa quando este não lhe convêm...

Melhores Cumprimentos.

Desidério Murcho disse...

Agora temos a questão: quem é que começou a chamar nomes a quem? Esta questão é irrelevante. Ou bem que se concorda que a violência verbal não é conducente a um debate profícuo, ou bem que não. Se se concorda, o facto de eu mesmo ter usado violência verbal significa apenas que sou uma besta também; mas não justifica que os outros que fazem o mesmo não são umas bestas. Contudo, o meu objectivo não é chamar besta seja a quem for, mas apenas chamar a atenção para o facto de o insulto, a boca, a frivolidade, o disparate, ter o efeito (que penso que é desejado) de impedir a discussão. O que é fantástico é isto: se as pessoas realmente não querem discutir, podiam ao menos calar-se e deixar discutir quem quer discutir.

Por outro lado, há uma grande diferença entre dizer que os médicos são tolos quando fazem assim ou assado, de chegar ao blog de um médico e desatar aos berros para impedir a discussão. Isso é o que fazem neste blog um número significativo de leitores, e nada tem a ver comigo ou com os meus posts — fazem isso seja o que for que um de nós publique. E — repito pela enésima vez — a questão não é o insulto em si, pois este pode ser meramente ignorado; a mim podem-me chamar seja o que for, eu fico na mesma, e o mesmo acontece com os meus amigos do blog. O problema não é esse. O problema é poluir de tal modo as caixas de comentários com violência verbal que torna a discussão genuína de ideias impossível. Na verdade, torna até impossível a discordância cognitivamente relevante.

Mário Lino disse...

Caro Desidério,

"o meu objectivo não é chamar besta seja a quem for, mas apenas chamar a atenção para o facto de o insulto, a boca, a frivolidade, o disparate, ter o efeito (que penso que é desejado) de impedir a discussão."Certamente que sim, mas não deixa de ser uma verdade de La Palisse.

"se as pessoas realmente não querem discutir, podiam ao menos calar-se e deixar discutir quem quer discutir."Neste caso, repare que a discussão acerca do OpenSource começou a descambar assim que o Desidério começou a faltar ao respeito de quem defendia um ponto de vista oposto ao seu, com epitetos como "os doidos do Linux, as Bestas do Linux, os Palermas do Linux". Acompanhei esta discussão desde o principio, e constatei que o teor da conversa começou a descambar assim que o Desidério passou a recorrer aos golpes por baixo da cintura.

Isso não me parece uma atitude digna de quem quer discutir ideias sériamente. A atitude certa seria então o Desidério fazer aquilo que advoga, e calar-se? Não creio. Ao invés disso pode fazer aquilo que o Diógenes já recomendava há muitos séculos atrás:

faça o que prega nos seus últimos posts, e abstenha-se de palavrões. Cultive a educação e verá que irá longe.

Mário Lino disse...

PS: e creio que a questão de quem é que começou a chamar nomes a quem é relevante a partir do momento em que foi precisamente isso que impediu o continuar de uma discussão séria.

É então necessário identificar sem ambiguidades o processo exacto que levou ao descambar da discussão, de maneira a que uma situação dessas não se volte a repetir.

Um abraço,

Mário

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