terça-feira, 26 de maio de 2009

A aposta na cultura

Com a devida vénia transcrevemos a coluna de opinião de Miguel Gonçalves no "I" de ontem:

Está ali na prateleira com muitas folhas que ameaçam fugir da obra: Cosmos, de Carl Sagan, na sua 1ª edição. Em breve, voltará a aparecer nas livrarias. Sobre a obra apenas refiro que deveria ser de leitura obrigatória no ensino secundário em tantas disciplinas; prefiro antes referir a importância de Guilherme Valente, editor e fundador da Gradiva e alguém que, por direito e sacrifício próprio, é já uma instituição em Portugal. Não conhecendo totalmente a história, não deverá ser difícil supor estórias sobre a génese da Gradiva. Certamente foram muitos os que lhe terão dito que apostar em cultura científica seria um erro crasso no Portugal do início da década de 90, sobretudo com a paixão, competência e espírito de missão que o mesmo demonstra ainda hoje. Afinal, desde quando Ciência é cultura? E, sobretudo, como apresentar a Ciência a um país que, na altura (só na altura?), tinha "horror" à mesma? A loucura intelectual e monetária teve uma recompensa: criou e moldou toda uma geração que navegou pelo genoma de Ridley, no prazer da descoberta de Feynman, nas equações de Guillen, no segundo de Reeves, na beleza da vida de Gould e nos infinitos de Dyson! E mostrou-nos que a beleza da partilha da ciência também tem mestres lusos: Nuno Crato, Carlos Fiolhais, Jorge Buescu, Manuel Paiva, António Manuel Baptista, e tantos outros. Melhor do que ninguém, sabe que ainda falta fazer muito mas, em nome da minha geração, muito obrigado!

Miguel Gonçalves

Coordenador Nacional da The Planetary Society

7 comentários:

Gonçalo Lemos disse...

Estou totalmente de acordo com este post do Miguel Gonçalves. Infelizmente para muitos, a Ciência e a Cultura não andam de mãos dadas, pelo menos tanto quanto gostaríamos. De todos os livros que tenho comprado nos últimos 10-15 anos, a esmagadora maioria, são sobre ciência e matemática: Richard Feynman, Carl Sagan, Hubert Reeves, Miguel de Guzman, Martin Gardner, etc. Quando compro um livro, compro-o pelo tema e pelo autor. nunca ligo á editora. Curioso é que são praticamente todos da Gradiva. Em nome da minha geração, também me mostro, aqui, agradecido.

Anónimo disse...

O CRIACIONISMO PELA BOCA DE CARL SAGAN E OUTROS ATEUS!

Carl Sagan referia-se ao DNA como “o livro da vida”, reconhecendo que a dupla hélice do DNA é a linguagem, com apenas quatro letras, em que a vida está escrita.

A variação destas quatro letras é aparentemente infinita, reconheceu Carl Sagan.

Com elas pode ser codificada toda a informação necessária à produção e reprodução dos diferentes seres vivos.

No que toca aos seres humanos, reconhecia Carl Sagan, o material hereditário requer múltiplos biliões de bits de informação, numa estimativa que hoje se sabe que foi feita muito por baixo.

Nas palavras de Carl Sagan, "(these) bits of information in the encyclopedia of life-in the nucleus of each of our cells-if written out in, say English, would fill a thousand volumes. Every one of your hundred trillion cells contains a complete library of instructions on how to make every part of you."

[Carl Sagan, COSMOS, Ballantine Books, 1980, p. 227.]

Carl Sagan dizia que as nossas células contêm uma completa biblioteca com instruções sobre como fazer cada parte de nós (instruções essas que a comunidade científica não consegue abarcar).

Os criacionistas não poderiam concordar mais com Carl Sagan neste ponto, já que os factos são indesmentíveis.

Assim, podemos dizer, sempre pela boca dos ateus:

1) Ludwig Krippahl diz que um código tem sempre origem inteligente. É verdade!

2) Carl Sagan afirma que no DNA existe um código que codifica quantidades inabarcáveis de informação como um computador. É verdade.

3) Por concordar com o Ludwig em 1) e Sagan em 2), Anthony Flew, o decano do ateísmo filosófico, concluiu que o código do DNA só pode ter tido origem inteligente, o que também é verdade.

Anónimo disse...

O FÍSICO PAUL DAVIES DIZ: EXISTE INFORMAÇÃO CODIFICADA NO GENOMA

O Físico Paul Davies, percebeu a essência da questão, quando afirmou:


‘We now know that the secret of life lies not with the chemical ingredients as such, but with the logical structure and organisational arrangement of the molecules.

… Like a supercomputer, life is an information processing system. …

It is the software of the living cell that is the real mystery, not the hardware.’

‘How did stupid atoms spontaneously write their own software? … Nobody knows …"


Portanto:

Ou seja, existe efectivamente informação codificada no DNA. Daí que possamos reafirmar:


1) Toda a informação codificada tem origem inteligente, não se conhecendo excepções;

2) A vida depende da informação codificada no DNA, que existe em quantidade, qualidade, complexidade e densidade que transcende toda a capacidade humana e que, depois de precisa e sincronizadamente transcrita, traduzida, lida, executada e copiada conduz à produção, sobrevivência, adaptação e reprodução de múltiplos seres vivos complexos, integrados e funcionais;


3) Logo, a vida só pode ter tido uma origem inteligente, não se conhecendo qualquer explicação naturalista para a sua origem.

Anónimo disse...

RICHARD DAWKINS CONFIRMA: O DNA TEM INFORMAÇÃO CODIFICADA

Richard Dawkins confirma que no DNA existe informação codificada, sendo essa descoberta uma revolução paradigmática.

Nas suas palavras,

“What has happened is that genetics has become a branch of information technology. It is pure information. It's digital information.

It's precisely the kind of information that can be translated digit for digit, byte for byte, into any other kind of information and then translated back again.

This is a major revolution.

I suppose it's probably "the" major revolution in the whole history of our understanding of ourselves.

It's something would have boggled the mind of Darwin, and Darwin would have loved it, I'm absolutely sure.”

Ou seja, existe efectivamente informação codificada no DNA.


O problema de Sagan, Davies ou Dawkins é que quando se percebe que a genética é essencialmente teoria da informação fica-se preso, para todo o sempre, ao criacionismo.

Sem saída possível.

Com efeito, podemos com toda a certeza reafirmar:


1) Toda a informação codificada tem origem inteligente, não se conhecendo quaisquer excepções;

2) A vida depende da informação codificada no DNA, que existe em quantidade, qualidade, complexidade e densidade que transcende toda a capacidade humana e que, depois de precisa e sincronizadamente transcrita, traduzida, lida, executada e copiada conduz à produção, sobrevivência, adaptação e reprodução de múltiplos seres vivos complexos, integrados e funcionais. Isso é reconhecido por todos.


3) Logo, a vida só pode ter tido uma origem inteligente, assim se compreendendo a inexistência de qualquer explicação naturalista para a sua origem.

Anónimo disse...

Já que a vida depende de informação cofificada e esta depende sempre de inteligência, a teoria da evolução, por assentar em pressupostos naturalistas, não tem uma explicação para a origem da informação de que a vida depende.

Daí que a teoria da evolução seja, em última análise, como um automóvel sem motor. As pessoas podem entrar e sentar-se. Mas em última análise, não vão a lado nenhum, porque o carro não sai do sítio.

Anónimo disse...

Este anónimo sustenta várias vezes que o ADN tem um código, afirmação com a qual eu concordo, mas não faz o mesmo para a obrigatoriedade da origem inteligente de qualquer código.
Uma das características mais marcadas que encontro nos discursos criacionista é uma dificuldade extrema em ir para além duma visão de senso comum da realidade. Um bom exemplo é aquele video em que se apresenta como refutação do evolucionismo o facto de ninguém alguma vez ter aberto um frasco selado de "peanut butter" e lá ter encontrado vida. Para perceber a origem da vida temos de pensar que certos processos da natureza se desenvolvem em escalas de tempo diferentes daquelas com que lidamos no dia-a-dia. Ou seja, podemos não ver vida a surgir num frasco selado, mas isso não quer dizer que em determinadas condições da Terra primitiva e ao longo de um período muito extenso não tenha surgido vida. O mesmo se passa para o código genético. Num tempo de vida humano, um código só pode ser criado por um ser inteligente, mas se passarmos para uma escala de tempo diferente isto não é necessariamente assim. A natureza pode ser vista como uma espécie de engenheiro muito estúpido e ineficiente, porque trabalha produzindo alteração aleatórias nos sistemas que projecta. Mas em contrapartida teve tanto tempo para trabalhar, que esse processo acabou por produzir resultado que hoje consideramos perfeitamente racionais - como por exemplo um código.

Luis

Miguel Gonçalves disse...

Caros amigos: agradeço tremendamente a vossa simpatia. Da vossa casa tenho prazer de conhecer pessoalmente os Professores Carlos Fiolhais, Desidério Murcho e Jorge Buesco. Tenho a certeza que os restantes seriam uma extraordinária companhia em qualquer tempo ou local. O vosso blog é uma referência pessoal e de "despoluição mental" obrigatória. Nesta minha aventura pelo "i" tento ser fiél ao muito que aprendo convosco!

Abraços e, por favor, continuem... quanto mais não seja por este desejo egoísta de precisar muito da vossa inspiração!

Miguel Gonçalves

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