segunda-feira, 2 de maio de 2011

Depois de dez anos de uso pacífico... uma queixa.

Professores, algo atónitos, têm-me pedido opinião acerca de livros de apoio à Educação Sexual no Ensino Básico que, como se sabe, se tornou, recentemente, obrigatória e tranversal no currículo. Fraca opinião posso dar, por ficar igual e invariavelmente... atónita.

Assim, percebo que outros educadores, por exemplo, pais e mães, fiquem no mesmo estado. Digo isto apesar de nunca ter falado com nenhum a este propósito. Li, no entanto, hoje uma notícia no jornal Sol (on line) que corrobora o que acima disse.

Ao que parece, uma mãe norte-americana folheou o livro que a sua filha de dez anos usava na escola para sustentar as aprendizagens nesta área e... interrogou-se sobre a pertinência educativa do seu conteúdo. Mas não ficou por aqui: fez uma queixa formal contra a escola.

Parece que foi a primeira queixa em dez anos de uso do dito livro (na imagem), pelo qual cerca de 25 000 alunos já haviam estudado.

5 comentários:

André Ribeiro disse...

No crescimento das crianças há muitas perguntas para as quais as respostas 'correctas' dependem da maturidade de quem pergunta.
Uma regra de ouro que sigo na educação dos meus filhos é a de aproveitar quando eles puxam por assuntos mais 'complicados' para ir acrescentando informação cada vez mais completa.
Infelizmente, nos nossos dias por conta de alguns casos extremos em contextos mais ou menos invulgares, que provavelmente deveriam ser devidamente prevenidos e acompanhados pela segurança social ou outras redes de apoio, os nossos filhos são cada vez mais cedo confrontados com realidades para as quais muitos não têm a maturidade necessária para as processar da forma mais saudável. Como fazer? adiantar-mo-nos, despejar informação e esperar que o dano não seja grande? Nós (a minha mulher e eu) por cá definimos a seguinte estratégia de prevenção: organizar a família de forma a que os filhos fiquem o menos tempo possível na escola e o mais tempo possível em contexto familiar. Lamentamos é que esta estratégia não seja incentivada, nem sequer facilitada (e.g. a escola a tempo inteiro no básico com horário estendido das 9h às 17h30 com AECs pelo meio...; horários do 5 e 6 ano com furos para as crianças "irem à biblioteca", ou outras 'actividades' como sair da escola e ir ao centro comercial, ou ... sei lá!...)
André Ribeiro, Lisboa

Branca Mota disse...

A questão da educação sexual está a ser alvo de grande polémica nas escolas, pois nem os professores, na sua generalidade, se sentem à vontade para abordarem certos assuntos, nem os pais e encarregados concordam com a leccionação destas questões, sobretudo no primeiro e no segundo ciclo do ensino básico.
Por outro lado, gostaria de informar o autor do comentário anterior acerca dos horários dos alunos. Com efeito, é ilegal que os horários dos alunos tenham "furos" para o que quer que seja. Aliás, no início de cada ano escolar, os horários dos alunos são inspeccionados no sentido de verificar se cumprem ou não a legislação em vigor. Por conseguinte, a afirmação que o sr. André Ribeiro faz não corresponde de forma alguma às práticas das escolas.

José Batista da Ascenção disse...

Esta coisa da sexualidade imposta por lei (a autonomia das escolas e da comunidade é uma ficção...), combinada com outros factores, conduz a situações curiosas também no ensino secundário. Exemplo real:
Devido ao brilhante modelo de avaliação de professores, recentemente "morto" e "constitucionalmente" reabilitado, há em muitas escolas uma corrida às "evidências" que (supostamente) vão mostrar como os professores fazem coisas extraordinárias... Ele são palestras, idas ao teatro, visitas de estudo, participação em programas (educativos!?) em têvês, deslocações a feiras, etc, etc., muitas vezes com prejuízo das aulas, em número e qualidade (um dia destes, às dez e cinco de uma sexta-feira, este escriba deparou-se com alunos de uma turma muito razoável que, logo após se ter escrito o sumário, afirmaram indignados: - "professor, não diga que vamos dar matéria nova, nós estamos cansados, porque ontem fomos a uma visita de estudo!"). Ora dá-se o caso de haver exames dentro de menos de dois meses pelo que, apertado por lhe sobrar matéria ainda a leccionar e lhe faltar calendário para o efeito, um professor de uma disciplina em que há exame pediu a uma colega se lhe cedia o tempo de uma sua aula. E esse professor leccionou assim 90 minutos extra sobre rochas metamórficas. O sumário escreveu-o a professora que cedeu a aula, tendo registado qualquer coisa sobre... "sexualidade".
Dir-me-ão: Havia necessidade?
E eu sugiro que façam a pergunta do Dr Daniel Sampaio.

José Batista da Ascenção disse...

Corrigenda: no comentário que fiz há pouco, na última linha, onde se lê "do" devia estar "ao".

André Ribeiro disse...

Agradeço o esclarecimento da Sra. Branca Mota. Depreendo que apenas são considerados "furos" tempos vagos entre dois tempos lectivos.
O "furo" a que me referia são horas de almoço de 2h40m com semelhante efeito de prolongamento desnecessário do tempo na escola e "tempos mortos" para ocupar.
Não quero generalizar e não conheço a prática de todas as escolas, no entanto, quando se incentiva a escola a tempo inteiro o objectivo declarado é mesmo esse, o de aumentar o tempo das crianças na escola. No caso da minha filha do 5 ano, tem duas horas de almoço de 2h40m e uma de 1h45m. Num dia da semana entra às 8h10m e almoça das 9h45 às 12h25!
Saudações cordiais,
André Ribeiro
PS: Não posso deixar de aproveitar de agradecer e louvar a todos os autores deste blog pela qualidade, profundidade e interesse dos temas abordados.

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