terça-feira, 17 de maio de 2011
O QUE É UM EXPLORADOR?
Crónica semanal publicada no Diário de Coimbra.
A propósito do 2º Aniversário do Exploratório Ciência Viva Coimbra
Por definição, um explorador é alguém que viaja por um território novo ou pouco conhecido, com o objectivo de o investigar, estudar e conhecer os seus diversos aspectos, ou aprofundar conhecimento sobre ele anteriormente adquirido.
Diga-se, de passagem, que a actividade de explorar o meio envolvente é inerente à vida.
As actividades exploratórias humanas ultrapassaram, muito além, a procura do garante da sua sobrevivência. Muitos exploradores humanos arriscaram o limite da sua sobrevivência, ou trocaram altruisticamente a própria vida, movidos pela curiosidade, pela vontade de descobrir o desconhecido, de saber sempre mais. Os exploradores derrotaram o medo e trocaram-no por conhecimento. Útil.
Um número incontável de exploradores aproximou o longínquo aos nossos sentidos, tornou próximo e comum o que era distante e desconhecido, robustecendo a cultura humana com um conhecimento cada vez mais profundo do Universo.
Apesar de a ideia do explorador estar muito associada à viagem, muito do conhecimento sobre a natureza da matéria e energia de que somos feitos foi desbravado por exploradores a que chamamos cientistas. Através do método experimental, mas também através do engenho movido pelas ideias, pelo pensamento, novos territórios, antes não pressentidos, foram descobertos, investigados, compreendidos.
A ciência revelou novos territórios para explorar. Muito para além da nossa imaginação e percepção, surgiram territórios uns sub-atómicos e outros astronómicos. Horizontes de espaço e de tempo que ultrapassaram a dimensão humana.
Em 1969, enquanto um explorador humano (Neil Armstrong) pisava a Lua pela primeira vez, um outro território de exploração era inaugurado em São Francisco (Estados Unidos): o Exploratorium.
Resultante de uma ideia inovadora do físico norte-americano Frank Oppenheimer, o Exploratorium rompeu com a concepção tradicional dos museus de ciência e, numa simbiose entre ciência e arte, convidou os cidadãos a explorar os territórios da ciência de uma forma interactiva, permitindo que cada um explorasse o conhecimento científico, tivesse a sensação da descoberta, sentisse o fascínio da compreensão do mundo.
Em Portugal, foi Coimbra que acolheu, em 1995, o primeiro centro interactivo de ciência: o Exploratório Infante D. Henrique. A associação ao Infante Navegador explicitava bem o convite à exploração, à descoberta.
Apesar de a história deste centro interactivo de ciência não caber neste espaço, importa dizer que o próprio Exploratório, que começou por estar instalado na Casa Municipal da Cultura, conquistou novos espaços e mudou-se, em 2009 (faz no dia 19 dois anos), para a margem esquerda do Mondego, no Parque Verde. E a homenagem ao Infante Navegador continua presente nas aparentes velas latinas na arquitectura do edifício (são figurativas, pois a sombra que causam projecta no solo a imagem de um astrócito, célula da glia cerebral), como se este estivesse sempre pronto para descobrir novos mundos.
Faço um convite aos exploradores, que somos afinal todos nós: tragam a curiosidade e a sede de saber e venham descobrir, no Exploratório, como o nosso mundo funciona. Não ficarão indiferentes e a interacção semeará vontades de voltarem outras vezes, com familiares e amigos.
Coimbra deveria estar orgulhosa com este espaço de ciência que vive o Mondego. Tal como o país.
A cidade deveria, por isso, vir comemorar este 2º Aniversário do Exploratório Ciência Viva (ver programa aqui). Deveria vir explorar a ciência!
António Piedade
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1 comentário:
Tanto se explora o futuro
como o passado remoto,
de que me sinto devoto
por não ser menos escuro!
Julgo mais aliciante
saber de onde é que se vem
do que imaginar alguém
o que está para diante!
JCN
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