sábado, 28 de maio de 2011

Como fazer uma revolução na educação?Aprender fazendo!



7 comentários:

Fartinho da Silva disse...

Essa do aprender sozinho é de rebolar a rir. Só quem não lida com crianças e jovens pode ter este tipo de afirmações. Esta teoria é um absurdo completo. Já agora digam-me se os filhos das elites aprendem sozinhos...

Helena Damião disse...

Nunca tinha ouvido falar de Walter Bender. Mas presumi que, sendo do MIT, deveria ser um cientista importante, e uma pessoa inteligente. Confirmei que sim.

Porém, a frase acima – “Construcionismo, aprender fazendo; é a revolução de Dewey, Piaget e Papert. O aprendizdo acontece melhor fora da sala de aula” – está profundamente errada, ou nem sequer errada… pois as suas poucas palavras apelam para inúmeros equívocos, alguns deles gravíssimos. O tipo de equívocos que habitualmente se imputam às pessoas das ciências da educação. Vejamos:

Já escrevi por diversas vezes neste blogue que muitas teorizações pedagógicas e psicológicas têm sido de tal modo deturpadas que o comum dos mortais fica exactamente com a ideia contrária das conjecturas e dados empíricos originais.
A de J. Dewey é um exemplo flagrante disso. Ele próprio passou grande parte da sua vida a chamar à atenção para o que referi. Do que acima está escrito pode-se perceber que o esforço deste autor não adiantou rigorosamente nada. Na verdade, o que ele tantas vezes sublinhou é que as crianças e os jovens não aprendem sozinhos, por si mesmos, e nessa medida, têm de ser ensinados e de modo estruturado. O construcionismo nega esta ideia de Dewey.

Por outro lado o “aprender fazendo” é uma regra sem qualquer sentido. As primeiras investigações científicas que procuraram responder à pergunta: como aprendemos?, realizadas por E. Thorndike, e que viriam a sustentar a teoria que ficou conhecida por behaviorismo, conexionismo ou comportamentalismo, foram suficientemente esclarecedores de que a aprendizagem além da acção comportamental, requer ligações neuronais, que só são possíveis de estabelecer através de um processo de selecção e reforço de respostas que se revelam funcionais em termos biofisiológicos.

O cognitivismos, outra teoria psicopedagógica, não desmerecendo a relevância da acção na aprendizagem, desde cedo afirmou que existem conhecimentos e capacidades que a devem preceder e suceder. A acção decorre dos processos cognitivos do sujeito e permite reorganizar esses mesmos processos.

Assim se percebe que o “aprender fazendo” é uma regra sem qualquer suporte empírico.

Outro erro patente na frase acima transcrita é a associação que geralmente se faz entre Dewey, Piaget e Papert… A explicação da especificidade do pensamento de cada um destes autores demorar-me-ia mais linhas do que é razoável que um comentário contenha. Fica, portanto para outra ocasião.

Até porque queria ainda deixar uma nota relativa ao final da frase: não é verdade que a aprendizagem seja mais profícua fora da sala de aula. A sala de aula – que pode ter diversos entendimentos – é, até prova em contrário, o espaço privilegiado para o ensino e para a aprendizagem. Sem negar a vantagem de outros espaços para esta dupla tarefa, a sala de aula não se pode dispensar nem menosprezar…

Helena Damião

José Batista da Ascenção disse...

Eu ia gritar: é o construcionismo, o a aprender fazendo, e uma grande revolução, e tal e coisa...
Mas já estava afixado o comentário da Professora Helena Damião.
Pelo que basta.
Bem haja.

Helena Damião disse...

Se se reparar bem nas duas frases em destaque neste post, e sobretudo no que está assinalado a vermelho, coisa que não fiz quando escrevi o comentário acima, percebe-se o que Richard Feynmam escreveu é completamente diferente do que Walter Bender escreveu.
O que Feynmam destaca é a vantagem de um contexto pedagógico-didáctico que permita uma proximidade, de tipo tutorial, entre professor e aluno. E nesse contexto não seria apenas para o aluno particar sem mais, seria para perguntar, responder, observar, analisar, conhecer, etc. Ele está certo.
E também está certo quando diz que a leitura/estudo só por si não tem esse potencial. E não tem. Por isso é que existem professores.
Helena Damião

Alexandra Silva disse...

Este blogue faz-me pensar. E eu, que sou fã de Ausubel, de Feynman e de Galileu ía agora mesmo dizer mais ou menos isso. Obrigada, professora Helena Damião.

Anónimo disse...

é um paradigma educativo

agora nem todos podem
e nem todos querem

aprender ou fingir que aprendem

daqui a pouco falam no currículo dentes de sabre

joão boaventura disse...

Não há nada melhor do que consultar o blog do Professor Seymour Papert, para tomar conhecimento dos seus Works MITianos.

"O PODER DA LITERATURA". UMA HISTÓRIA, UM LIVRO

Talvez haja quem se recorde de, nos anos oitenta do passado século, certa professora, chamada Maria do Carmo Vieira, e os seus alunos do 11....