O aparecimento da SIDA influenciou de forma decisiva o modo como a sexualidade humana começou a ser discutida publicamente no final do século XX. Até então, essa era uma questão tratada com muitas reservas e pudor pela saúde pública. O HIV forçou uma mudança sem precedentes na forma como o sexo é tratado na res publica (coisa pública).
Assim, falar sobre sexo (independentemente da escolha de cada um) e sobre os preservativos tornou-se uma obrigação dos profissionais da saúde, dos educadores e dos pais, embora os sectores mais conservadores da sociedade se oponham tenazmente a todos os programas de informação e educação, contrapondo como alternativa a ignorância, a abstinência e a virgindade.
O preservativo está presente na vida do homem há milénios, datando de há cerca de 5000 anos os primeiros registos de artefactos muito semelhantes aos preservativos actuais, cuja representação pode ser encontrada em alguns túmulos de Karnak.
Embora se pense que estes preservativos milenares se destinassem a proteger a genitália masculina de acidentes, maus olhados e superstições afins, os antigos egípcios estavam muito interessados na contracepção. O papiro ginecológico de Kahun, escrito há quase 4 000 anos, descreve a primeira poção contraceptiva de que há registo histórico. A receita deste espermicida - cujo efeito, tal como os actuais, assentava no elevado pH da mistura - recomendava: «A mulher misturará mel com cinza da barrilheira e excremento de crocodilo, a que juntará substâncias resinosas, aplicando um dose do produto na entrada da vagina, penetrando um pouco nela».
Foram os chineses os primeiros a usar o preservativo como forma de contracepção, quer destinado a utilização masculina na forma de envoltórios de papel de seda untados com óleo, quer feminina, um diafragma primitivo feito de cascas de citrinos.
De igual forma, tudo indica que os gregos não eram ignorantes em matéria de contraceptivos, existindo indicações de que por volta de 1 600 a.C., durante o reinado de Minos de Knossos, em Creta, se utilizavam para esse fim bexigas natatórias de peixes. Foi aliás a mitologia grega que apresentou o preservativo ao Ocidente. O rei Minos, supostamente filho de Zeus e Europa, era casado com Pasiphë. O monarca não era exactamente conhecido por ser um adepto da fidelidade conjugal, e Pasiphë amaldiçoou a «semente» de Minos, que passou a ejacular serpentes, escorpiões e lacraus. Todas as mulheres com que o monarca se relacionasse mais intimimamente morriam - com excepção de Pasiphë, imune ao seu próprio feitiço. Minos entretanto apaixonou-se por Procris e esta, para evitar que a consumação da paixão fosse fatal, inventou o primeiro preservativo feminino: uma bexiga de cabra.
Há cerca de 2100 anos, quando os gregos colonizaram Celene no que hoje é a Líbia, descobriram uma planta selvagem a que chamaram silphion, que forneceu o primeiro contraceptivo oral de que há registo. Apesar de todas as tentativas envidadas pela civilização helénica em cultivar a planta, os seus esforços foram infrutíferos e a valiosa e mui procurada planta extinguiu-se após 700 anos de colheitas intensivas.
A identidade desta planta preciosa foi alvo de especulações de muitos naturalistas do passado, como podemos apreciar no sétimo colóquio de Garcia d'Orta, que trata da assa fétida, o Esterco-do-Diabo, e nas anotações do conde de Ficalho ao «Tratado dos Simples»:
Passaremos tambem de leve sobre a interminavel questão da identidade ou não identidade da asa-fætida com o laserpitium, recordando apenas o sufficiente para elucidar o que diz o nosso escriptor. O celebre silphion dos gregos, o laserpitium dos latinos, era uma planta africana, que habitava particularmente na peninsula Cyrenaica.
Julgaram alguns tel-a encontrado ali modernamente; mas pesquizas cuidadosamente feitas, sobretudo pelo sr. Julio Daveau, demonstraram, que o supposto silphion era simplesmente a vulgar Thapsia garganica, Linn., uma planta medicinal, mas de qualidades diversas da antiga, a qual se deve julgar extincta.
Como este silphion ou laserpitium africano fosse raro ja nos tempos de Plinio e de Dioscorides, empregava-se em seu logar uma droga de inferior qualidade, a qual se dava o mesmo nome, e que vinha do Oriente, da Syria, da Persia e da Média. Sera difficil decidir com segurança se aquelle laserpitium asiatico era a asa-fætida; mas esta opinião não parece inacceitavel, antes muito plausivel.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
2 comentários:
Acho interessante que na net se fale destes assuntos é bom estarmos informados pois o preservativo deve ser usado para não sermos infectados com algumas doenças contracectivas tais como a sida.
é ruim camisinha, aquele negocio plastico no pinto, atrapaia nois mete...
Enviar um comentário