terça-feira, 3 de abril de 2007

Grandes erros 3: [APOCALIPSE NOW - PREENCHER AQUI]


A verdade, às vezes, é mesmo muito inconveniente. Mas não é por isso que deixa de ser verdade.

Em 24 de Maio de 2006 George W. Bush estava de visita à Pensilvânia, onde ia fazer um discurso sobre energia nuclear. O Greenpeace estava presente, e pronto para intervir (ou pelo menos assim o julgava).

Os seus activistas tinham preparado um comunicado que distribuíram à imprensa, denunciando a Central Exelon Limerick, onde Bush estava a discursar.

No texto do comunicado lia-se (literalmente!) o seguinte:

"In the 20 years since the Chernobyl tragedy, the world's worst nuclear accident, there have been nearly [FILL IN ALARMIST AND ARMAGEDDONIST FACTOID HERE]."

É bom saber que a adesão do Greenpeace às suas ideias é incondicional - mesmo quando não sabe porquê. Já houve religiões que começaram com menos. No entanto, eu pessoalmente nunca simpatizei com técnicas de proselitismo, venham elas das Testemunhas de Jeová, dos criacionistas ou IDiotas, ou da agenda ideológica do Greenpeace. Não gosto que me enfiem mentiras convenientes pela garganta abaixo. Manias!

Numa última ironia do destino, o blog The Locker Room publicou a seguinte limerick, sátira à situação e ao nome da central nuclear:

They drew up a press release to steer
Reporters to base their stories on fear,
But imagine their surprise
When Greenpeace was apprised
They'd forgotten to put "[ALARMIST FACTOID HERE]"!

10 comentários:

José Luís Malaquias disse...

Por muito que nos custe, a solução nuclear é a única que, com efeitos imediatos, nos permitiria reduzir significativamente as emissões de CO2 para a atmosfera.
A sequestração do carbono parece uma solução promissora, mas ainda ninguém falou em custos nem veio dizer às pessoas quanto é que teriam de pagar a mais.
Quando se falou em aumentar 16% as tarifas em nome de um alegado "défice tarifário" (que ainda ninguém me explicou em que é que se baseia, quando a EDP tem lucros principescos), as pessoas atiraram-se ao ar. Por isso, a questão do custo também tem de ser tida em conta.
Fora isso, sou todo a favor da solução sequestração. Mas ainda ninguém me demonstrou que essa solução chega a tempo e o nuclear já existe hoje, com uma taxa de acidentes inferior, por exemplo, à da indústria de extracção do carvão.

João Vasco disse...

eh!eh!eh!

Devo confessar que por muito que adore a história, ela não me surpreende a não ser pelo lapso. A mentalidade já sabia que era essa.

A preocupação nem é a poluição, pois mesmo contra o ITER existem fortes protestos deles. Aliás, fico com a sensação que o pior que lhes pode acontecer é gerar energia sem poluição, porque assim perdem os argumentos para voltarmos para as cavernas...

A Greenpeace não merece a credibilidade que ainda goza aos olhos de muita gente. Aquilo não é ambientalismo - é tecnofobia.

Anónimo disse...

Para os mais atentos, a Greenpeace há muitos anos que caiu em muitos devaneios.
Contudo, e sinceramente custa-me admitir, o ambiente estaria bem pior se não fosse a Greenpeace. Não o fazem de um modo correcto, mas têm sido a ONG ambiental mais eficaz a alertar o grande público. Não têm, e nunca terá, obviamente grande credibilidade junto dos meios políticos e científicos.

Agora não consigo compreender porque é que aparece o cartaz do filme de Al Gore sobre alterações climáticas associado a uma notícia que envolve Bush, Greenpeace e energia nuclear. Parece-me um ataque baixo ao movimento ambientalista ao juntar-se alhos com bugalhos. Será que o autor está a querer dizer que Al Gore também entra na categoria das palermices "à la Greenpeace".

Ass: Miguel Carvalho, o anónimo - e peço desculpa por ter sido anónimo - que num comentário alertou para a estranha relação do autor deste post com as alterações climáticas. Ainda não voltei a esse comentário, porque ainda não encontrei o seu livro. Livro aliás que adorei ler, tal como todas as suas crónicas na Ingenium.

Jorge Buescu disse...

Caros João Vasco e José Matias: a razão de fundo do post é a credibilidade das fontes. A razão imediata é, neste caso, termos prova física de alarmismo deliberado, intencional, por meio desta gaffe - que revelou uma verdade inconveniente para o Greenpeace. Dito isto, concordo com o João Vasco.

Miguel Carvalho: obrigado pelo seu comentário. De facto hesitei na imagem a colocar. A razão de estar esta é a primeira linha do post. "Uma verdade inconveniente" é, além do mais, uma catchphrase fantástica. Conhece alguém que não a identifique?

Anónimo disse...

Vai-me desculpar o autor deste post, mas, o mesmo parece um ataque ao conceito de aquecimento global, o qual, está largamente provado estar a acontecer. Parece um pouco os ataques dos criacionistas às teses evolucionistas, que os colegas de blog referem.
Haver maus ambientalistas, não pode servir para negar a existência de problemas ambientais.
Se não também a ciência pode ser atacada e denegrida, pois maus ciêntistas é o que não falta.
Não sou contra o uso de energia nuclear, quando as alternativas não existem, sou contra quase tudo o que é ONG da área do ambiente pois acho que prestam um mau serviço, precisamente por se comportarem como aqui foi descrito, mas, que os problemas existem é uma realidade.

Jorge Buescu disse...

Caro Miguel Carvalho: para voltar um pouco atrás, o livro do Lomborg tem 25 capítulos, dos quais apenas 1 se refere ao clima. E, 6 anos depois da publicação, é mais ou menos consensual na comunidade científica que trouxe dados genuinamente novos para a discussão. Procure no Google o Consenso de Copenhaga, por exemplo.

Jorge Buescu disse...

Caro António:

vai-me desculpar, mas leu mesmo o meu post ou só viu os bonecos? Onde é que lá encontra alguma afirmação sobre o aquecimento global, com que abre o seu comentário?

Para que não restem dúvidas no seu espírito: (1) o aquecimento global é um FACTO, que mesmo quem contesta a sua antropogénese aceita; (2) o meu post NÃO TEM NADA A VER com alterações climáticas.

Anónimo disse...

O tópico é fabuloso. Quem financia estes senhores da Greenpeace? E, tirando o livre tribunal da opinião pública informada e crítica, quem os fiscaliza? Estará o futuro ambiental bem entregue? Estou a ficar preocupado...

Anónimo disse...

Caro Jorge Buescu,
Posso-lhe dizer que fico feliz pela sua resposta, mas, devo acrescentar que a orientação e composição visual do seu post é um pouco responsável pela percepção inicial. Quando se satiriza a estupidez da acção do greenpeace, se ilustra o comentário com o cartaz do filme uma verdade inconveniente, se aproveita para fazer o trocadilho com a mentira conveniente (a associação do trocadilho ao cartaz é inevitável, bem como a associação do mesmo ao seu alvo no post), e se aponta o blog The Locker Room como fonte, a mensagem sai deturpada. Eu fui lêr as entradas desse blog, e respectivos comentários, e o teor dos mesmos é nitidamente de negação do efeito de aquecimento global. Infelizmente não existe nesse outro blog nenhuma redirecção do conteudo como a que o meu comentário proporcionou ao seu post.

Carlos Fiolhais disse...

Escrevi outro dia no Sol sobre
"Veradde Inconveniente" de Al Gore,
que eu fui ver ao vivo. Ele e um verdadeiro artista. O que ele diz
podera estar certo, mas a maneira
como diz tem mais a ver com um
pregador evangelico do que com
um divulgador de ciencia. Mas
o facto de misturar tao bem ciencia
e politica e' no minimo curioso...

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