sábado, 16 de outubro de 2010

UM NOVO FÔLEGO PARA AS NOVAS OPORTUNIDADES


“É preciso violentar todo o sentimento de igualdade que sob o aspecto de justiça ideal tem paralisado tantas vontades e tantos génios, e que, aparentando salvaguardar a liberdade, é a maior das injustiças e a pior das tiranias (Fernando Pessoa, 1888-1935).

Começo por transcrever parcialmente uma novidade publicada hoje no “Jornal de Notícias”:

“Os desempregados que recebam subsídio e não tenham completado o 12.º ano de escolaridade serão obrigados a aderir ao programa Novas Oportunidades. A medida está prevista na versão preliminar de relatório de Orçamento de Estado para 2011 e enquadra-se no "reforço das qualificações da população desempregada", diz o documento, segundo o qual 183 mil pessoas serão enviadas para o programa por intermédio dos Centros de Emprego”.

Ou seja, os desempregados com subsídio de desemprego serão enviados obrigatoriamente para “centros de reabilitação escolar” que seriam de aplaudir se aí lhes fosse dado um suporte técnico da arte ou do ofício que pretendem desempenhar. Em vez disso, são transformados em carne para canhão de uma batalha de sucesso estatístico que pretende viciadamente colocar Portugal na vanguarda da União Europeia com o maior número de cidadãos com uma escolaridade de doze anos que nada, ou pouco, acrescenta à sua escolaridade anterior.

Por outro lado, sabendo-se que um grande índice de desemprego existe nos alunos com o 12.º ano obtido em condições regulares, criam-se, desta forma, diplomas que são “a pior das injustiças”: uns, com um 12.º ano obtido com “sangue suor e lágrimas”, outros, com um simulacro de uma formação que não actualiza, por exemplo, um operário desempregado às novas e mais modernas tecnologias de fabricação de ponta.

Desta forma, os que, no linguajar popular, mais queimaram as pestanas serão penalizados em preito a um demérito que a Ética deve reprovar, a Justiça se obriga a rejeitar e um Estado de Direito não pode legitimar. Só falta obrigar os inúmeros licenciados no desemprego a frequentarem as Novas Oportunidades para aí obterem uma certificação de equivalência ao 12.º ano para o futuro lhes sorrir abrindo-lhes, de par em par, as portas de uma risonha e prometida empregabilidade.

Ora um país que desrespeita diplomas do 12.º ano do ensino regular colocando-os em paridade com os diplomas das Novas Oportunidades está gravemente enfermo, necessitando, como tal e urgentemente, de um Serviço Nacional de Leis para o estudo das suas mazelas jurídicas, para debelar a febre de uma legislação delirante ou, mesmo, para passar a certidão de óbito a maleitas legislatórias sem cura!

Seria de aplaudir com as mãos se esses cursos previstos para um fôlego novo (e mais saudável) das Novas Oportunidades dessem a esses formandos à força (como se não lhes bastasse a desdita de estarem desempregados) conhecimentos sérios de informática, mas sem qualquer equivalência a diplomas de ensino regular para não ser corrido o risco de serem criadas novas universidades independentes que lhes atribuam , por exemplo, licenciaturas em engenharia informática, com exames feitos em casa e enviados através de modernas tecnologias, num país em que os títulos profissionais chegam a pesar mais que elevados cargos políticos como antigamente pesaram os títulos de nobreza.

A propósito, não resisto em transcrever, uma vez mais, por, infelizmente sair reforçada a sua actualidade, o que a este respeito escrevi neste blogue em meados do ano transacto:

“No estertor da monarquia o fascínio pelos títulos de nobreza concedidos a granel (a que o festejado Camilo não foi capaz de se subtrair, só descansando quando o fizeram visconde, logo ele que tanto criticara esses títulos) deu azo ao dito jocoso:

'Foge cão, que te fazem barão! / Para onde, se me fazem visconde?' Em nossos dias, com idêntica razão, desajustado me não parece parafrasear: ‘Foge gato. Que te dão o bacharelato! / Para que lado, se me fazem licenciado?’ Mas, em tempo algum, as licenciaturas tiveram como destino trágico servirem o ego da legião de desempregados…ou a exercerem profissões para que a seriedade do diploma da antiga 4:ª classe capacitava. E bem!'”

Num país governado por gente que não pára de nos surpreender com as suas medidas, há que chamar a atenção do cidadão comum para que a verdadeira selva em que se transformou a actual política educativa nacional não continue teimosamente a servir para enclausurar em grades de iniquidade quem se esforça em aprender, abrindo as portas da jaula da ignorância para que – em feliz imagem camiliana – 'as feras façam das garras o seu argumento'". Como diz o povo, “mais vale prevenir do que remediar!”

19 comentários:

Anónimo disse...

Rui Baptista,

Repare bem: se estas pessoas jovens, cheias de energia, com pouca cultura e com nada a perder, -(pois a segunda grande etapa da escravatura social começa com o advento dos filhos (a primeira, começa com a falta de cultura devido a uma educação escolar deficiente ou inexistente)- estiverem desocupadas? O que poderá acontecer? Aquilo que realmente se anda a tentar evitar a todo o custo - a insurreição social generalizada.
HR

joão boaventura disse...

São sinais que a crise nos transmite, com a ajuda do Processo Bolonha.

Como no poupar é que está o ganho, o secundário acaba no 9.º ano, eliminam-se os três últimos, e entra tudo no "diz AI!" e saem licenciados.

Isto é a 1.ª fase. Na 2.ª fase o secundário acaba na porta do 5.º ano, e entra-se na aquisição da licenciatura.

O Leonel Brizola tinha razão quando disse:

"Estou pensando em criar um vergonhódromo para políticos sem-vergonha, que ao verem a chance de chegar ao poder esquecem os compromissos com o povo"

Unknown disse...

Caro Rui Baptista,

As consequências serão, inevitavelmente, a redução muito substancial dos salários de quem tem o 12º ano. As empresas gastarão tanto dinheiro a separar o trigo do joio para a selecção de colaboradores que repercutirão esses custos nos salários de forma a não perderem ainda mais competitividade...

A garotada irresponsável e inimputável que nos desgoverna trabalha apenas para o seu currículo de curto prazo, estando-se completa e absolutamente nas tintas para as consequências dos seus actos.

Anónimo disse...

Parte I
Ex.mo Sr
Dizia Frei Domingos, num texto publicado neste blogue, que aquilo que nos falta é quem construa e não quem destrua.
O senhor continua a argumentar com desconhecimento do que seja a Iniciativa Novas Oportunidades e em que consiste o programa de qualificação contemplado no Sistema Nacional de Qualificações.
Como pessoa que gere um Centro Novas Oportunidades, tenho perfeita noção dos limites do sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, o qual é apenas uma das componentes do trabalho dos Centros Novas Oportunidades e da Iniciativa Novas Oportunidades.
Os limites não estão no facto de se atribuírem diplomas de nível básico ou secundário baseados no pressuposto cognitivo de que se aprende em qualquer lugar e qualquer tempo, pelo que o sistema de RVCC escolar (não falo do RVCC profissional porque os referenciais de competências são completamente diferentes e o âmbito de intervenção também) não é um processo formativo, mas um longo exame de teste de conhecimentos e competências, mas na forma como esse processo é feito. E, seja feito em escolas em instituições privadas, os limites estão:

Anónimo disse...

Parte II

- em referenciais por vezes demasiados perpassados (sobretudo de nível secundário) por concepções pós-modernistas de conhecimento e algum eduquês;
- em formadores que não estão preparados ou motivados para trabalharem com populações adultas extremamente frágeis do ponto de vista emocional, social e cognitivo, muitas delas com vários anos de escolaridade, mas que mal sabem ler e escrever, apesar dos diplomas escolares que trazem; que não estão preparados para trabalharem com pessoas pobres, necessitadas, mas que também não estão reparados (como pessoas) para aprenderem a trabalhar com e a acreditar que podem ter um papel de relevo na qualificação das pessoas deste país;
- em formadores que não acreditam no que fazem e sem espinha dorsal para se afirmarem enquanto tal, que não se esforçam, que não perseguem ideais de qualidade, de excelência e que não se opõem criticamente quando são obrigados a fazer um trabalho de menor qualidade;
- em formadores que, mesmo num processo de RVCC que, repito, não é um processo de aprendizagem, mas um longo exame do que a pessoa aprendeu, não acreditam na capacidade humana de aprender e de melhorar, que não têm a menor consciência da importância na vida dos que nos procuram de melhores habilitações escolares e na criação de uma atitude positiva face ao conhecimento, à aprendizagem, à procura de caminhos de qualidade de excelência;
- em instituições sem liderança, incapazes de se organizarem para fazerem face ao um trabalho de extrema exigência e que nada tem a ver, como se argumentava aqui num texto anterior, com a certificação, pois todas as equipas são pressionadas pela ANQ para se fazerem certificações parciais, ou seja, para que não sejam feitos processo RVCC sem qualidade, obrigando as pessoas a fazer formação antes de obterem os seus diplomas; acrescento ainda que, do ponto de vista do cumprimento das metas, as certificações parciais têm exctamente o mesmo valor que as certificações totais;
- em equipas que não pressionam os adultos a serem intelectualmente honestos, que não se preocupam em verificar fontes e que, com demasiada frequência, deixam passar trabalhos que não foram feitos pelos adultos, porque dá demasiado trabalho confrontar quem assim o faz;
- em adultos, alguns dos quais com responsabilidades cívicas como os polícias, que mentem e copiam e que apresentam trabalhos como sendo seus, sendo mais do que óbvio que não são; mas, é nossa obrigação denunciar a desonestidade intelectual e penalizar os adultos que assim se comportam;

Anónimo disse...

Parte III

- em adultos para os quais o trabalho nos Centro é um misto de apoio psicológico, apoio social, porque não são autónomos em nada, quando o RVCC assenta na autonomia do adulto; mas, é obrigação nossa apoiar todas as pessoas que abandonaram a escola porque não tinham dinheiro para estudar, que começaram a trabalhar aos 11 / 12 anos, que têm a escola memórias de abuso, de humilhação porque eram pobres;
- em adultos, demasiados adultos, que recusam o saber, que recusam o conhecimento, que pensam que basta chegar ali, fazer meia dúzia de trabalhecos copiados e já está e, quando são confrontados com o esforço, a disciplina, a obrigação de mostrarem o que sabem de forma cientificamente rigorosa, desistem; a nós, cabe-nos a obrigação de lutar com eles tanto quanto possível, mas também deixá-los sofrer as consequências das suas escolhas, nomeadamente a de, mais uma vez, desistirem da possibilidade de voltarem á escola;
Estes são alguns limites, os quais, infelizmente, também se alargam a alguns cursos de Educação e Formação de Adultos, os quais, se são de má qualidade, são-nos porque quem trabalha no terreno, sobretudo os formadores / professores, com demasiada frequência, não acredita no que faz, não tem consciência cívica da importância do que faz. E, digo isto, com plena consciência, de que há também dezenas de pessoas a trabalhar bem e também com a plena consciência de que não é fácil trabalhar num país complicado como o nosso e num processo em tão larga escala e com um período de funcionamento tão curto.

Anónimo disse...

Parte IV


Agora, voltando à sua argumentação, nomeadamente quando diz:
Por outro lado, sabendo-se que um grande índice de desemprego existe nos alunos com o 12.º ano obtido em condições regulares, criam-se, desta forma, diplomas que são “a pior das injustiças”:uns, com um 12.º ano obtido com “sangue suor e lágrimas”, outros, com um simulacro de uma formação que não actualiza, por exemplo, um operário desempregado às novas e mais modernas tecnologias de fabricação de ponta.
Em primeiro lugar, convinha uma análise mais séria dos dados estatísticos do desemprego. 240 mil desempregados que perderam o emprego recentemente têm habilitações inferiores ao 9º ano de escolaridade. A maior parte destes empregos são completamente perdidos, isto é, não vão voltar a existir (assim o dizem as estatísticas e as projecções da União Europeia). Em segundo lugar, perderam-se cerca de 60 mil empregos no primeiro trimestre de 2010 para pessoas com o 12.º ano de escolaridade, mas o saldo de empregos criados para esta população é positivo em cerca de 13 mil postos de trabalho.
Em segundo lugar, o senhor desconhece completamente que a Iniciativa Novas Oportunidades acolhe todas as pessoas, mesmo os licenciados. Posso-lhe dizer que no meu Centro, cerca de 10% dos inscritos são pessoas (cerca de 110 indivíduos) que, à data da inscrição, já possuíam habilitações de 12º ano, obtidas pelo ensino regular e também dizer-lhe que até pessoas com mestrado temos inscritos. O que procuram? Procuram formação de qualidade, a qual lhe conseguimos fornecer porque procuramos parceiros formativos que nos garantam essa qualidade. Se os formadores não são de qualidade, se não sabem trabalhar com adultos, se não exigem o que deviam, se se atrasam, se não preparam a formação, não voltam a ser chamados para dar formação. O que procuram os adultos? Procuram ajuda para fazer reconversão profissional, procuram reforço de competências profissionais certificadas e reconhecidas em toda a União Europeia, obtida no amplo espectro nas qualificações existentes no Catálogo Nacional de Qualificação, cujos referenciais de formação foram feitos pelos Conselhos Sectoriais de Qualificação que agregam os representantes de todas as profissões, cujas formações tecnológicas são actualizados com tanta regularidade que temos dificuldade em acompanhar a sua evolução.

Anónimo disse...

Parte V

Em terceiro lugar, o senhor desconhece completamente o Catálogo Nacional de Qualificações (http://www.catalogo.anq.gov.pt/Paginas/Inicio.aspx), desconhece completamente o trabalho que está a ser feito na regulamentação dos referenciais de formação profissional de nível IV (formação de nível secundário com habilitação profissional) que está a ser feita neste país e que agrega todos os representantes de cada sector profissional, articulando, assim, o Ministério do Trabalho e o Ministério da Educação e o Instituto de Emprego e Formação Profissional , desconhece que muita desta formação é dada por profissionais altamente qualificados em contexto profissional e que muita desta formação, a que os desempregados vão ser obrigados a assistir, é dada pelos Centros de Formação Profissional do IEFP que, em muitos casos, mantiveram a excelência da formação profissional deste país e pelos profissionais que trabalham na área. Em suma, desconhece que um dos trabalhos dos Centros Novas Oportunidades é o de diagnosticar necessidades de formação, sobretudo na população com habilitações inferiores ao 12.º ano de escolaridade ou com este, mas sem habilitação profissional, definir planos de formação profissional com vista ao reforço de competências profissionais ou à reconversão profissional, e encaminhar os indivíduos para formação de qualidade, obrigando-os, muitas vezes, a cumprir esses planos de formação. Assim, desconhece que uma boa parte do nosso esforço é o de criar condições para que as pessoas façam formação profissional de nível básico ou secundária para obterem carteiras profissionais que são reconhecidas em toda a União Europeia.
Em quarto lugar, desconhece completamente o trabalho que está a ser feito na alfabetização de adultos, alguns abaixo dos 30 anos, mas que não sabem ler ou escrever, que não têm o 1.º ciclo ou que têm o diploma do mesmo, mas que não sabem ler ou escrever; adultos que ninguém emprega, porque até o contínuo que faz a limpeza precisa da carta de condução para se deslocar ou precisa de preencher os mapas da limpeza dos WC, por exemplo.

Anónimo disse...

Parte VI

Em terceiro lugar, o senhor desconhece completamente o Catálogo Nacional de Qualificações (http://www.catalogo.anq.gov.pt/Paginas/Inicio.aspx), desconhece completamente o trabalho que está a ser feito na regulamentação dos referenciais de formação profissional de nível IV (formação de nível secundário com habilitação profissional) que está a ser feita neste país e que agrega todos os representantes de cada sector profissional, articulando, assim, o Ministério do Trabalho e o Ministério da Educação e o Instituto de Emprego e Formação Profissional , desconhece que muita desta formação é dada por profissionais altamente qualificados em contexto profissional e que muita desta formação, a que os desempregados vão ser obrigados a assistir, é dada pelos Centros de Formação Profissional do IEFP que, em muitos casos, mantiveram a excelência da formação profissional deste país e pelos profissionais que trabalham na área. Em suma, desconhece que um dos trabalhos dos Centros Novas Oportunidades é o de diagnosticar necessidades de formação, sobretudo na população com habilitações inferiores ao 12.º ano de escolaridade ou com este, mas sem habilitação profissional, definir planos de formação profissional com vista ao reforço de competências profissionais ou à reconversão profissional, e encaminhar os indivíduos para formação de qualidade, obrigando-os, muitas vezes, a cumprir esses planos de formação. Assim, desconhece que uma boa parte do nosso esforço é o de criar condições para que as pessoas façam formação profissional de nível básico ou secundária para obterem carteiras profissionais que são reconhecidas em toda a União Europeia.
Em quarto lugar, desconhece completamente o trabalho que está a ser feito na alfabetização de adultos, alguns abaixo dos 30 anos, mas que não sabem ler ou escrever, que não têm o 1.º ciclo ou que têm o diploma do mesmo, mas que não sabem ler ou escrever; adultos que ninguém emprega, porque até o contínuo que faz a limpeza precisa da carta de condução para se deslocar ou precisa de preencher os mapas da limpeza dos WC, por exemplo.

joão boaventura disse...

Ao Caro Anónimo das VI Partes

Quando a fartura é grande, o pobre desconfia.
Se tem mais partes para nos transmitir, o pobre já não desconfia...não acredita.

Anónimo disse...

Parte VI


É um trabalho fácil? É um trabalho sem falhas? Não, porque…
- Não há tanta oferta de formação de dupla certificação para adultos quanta a necessária (tenho 100 adultos desempregados, à espera para entrarem em cursos de formação profissional de nível secundário e não há dinheiro suficiente para os abrir).
- Porque há demasiados adultos presos no comodismo do subsídio de desemprego e que não se sentem na obrigação de aceitar o curso que temos disponível porque… é demasiado difícil, implica muito esforço físico, porque não querem trabalhar com idosos, porque é demasiado longe, porque não querem passar o dia todos dentro de uma fábrica, porque não querem ter de obedecer, porque, porque… ou seja, ouvimos todas as desculpas de quem apenas quer fazer um curso que pensam que lhes dará um emprego fácil; muitas senhoras querem fazer o curso de técnico de acção educativa, por exemplo, por muito que nos esforcemos por explicar que isso significa desemprego certo ao fim dos dois anos que dura o curso e que não vai ser solução de longo prazo nem trazer qualquer benefício para o país.
- Porque há muitos adultos para quem investir 2/3 anos da sua vida em formação profissional é demasiado difícil porque têm filhos, renda de casa, etc. e o trabalho precário, mal renumerado, sem direitos, acaba por proporcionar um rendimento superior aos 200 euros que recebem por mês quando a formação, em regime laboral, é da responsabilidade do IEFP.
- Porque há gente a receber bolsas de formação de valor superior nos privados? Pois há, mas também há demasiados privados a dar formação sem qualidade (e não confundamos estes privados com instituições formadoras que se firmaram dentro de grandes empresas produtivas) e, isso vai acabar por redundar, mais uma vez, em desemprego, para além de, por causa disso, os privados estarem a ser seriamente limitados na oferta dessa formação. Felizmente!
- Porque muitos portugueses se têm revelado de um comodismo atroz. Muitas pessoas, como já argumentei acima, não procuram formação porque são tão pouco autónomas que o simples acto de irem inscrever-se no Centro de Formação Profissional é doloroso. Mas, em muitas outras, é simples comodismo. Ou seja, não há mais oferta, sobretudo em escolas, de cursos de educação e formação de adultos de dupla certificação ou apenas de componente tecnológica em ensino nocturno, para quem tem o 9.º ou 12.º ano de escolaridade, porque os adultos não estão para sair de suas casas e estar na escola 4 horas por noite, cinco dias por semana, durante três anos. Mas, também há demasiados portugueses a trabalhar por turnos ou no turno da noite e nunca poderão fazer formação se não houver um incentivo à mesma pelos seus empregadores.
- Porque há demasiados empregadores que não têm sequer o 9.º ano de escolaridade, a maioria dos empresários portugueses, e, por isso, não estimulam os seus empregados, dificultam a organização de horários, despedem se for preciso, quem tiver a ousadia de obter uma qualificação escolar e profissional superior a eles. Assim, muitos empregadores não vêm, infelizmente, qualquer utilidade no conhecimento de ponta a que o senhor se refere. E, repare, esses são o grosso dos empregadores portugueses. Felizmente, muitos outros pensam de forma diferente e é nossa obrigação continuar a fazer um trabalho de persuasão junto dos primeiros e reforçar a importância da formação de qualidade, em lugar de uma formação para cumprir apenas o que está definido no Código do Trabalho.
Poderia continuar a argumentar.
No entanto, penso que não vale muito a pena, pois, dos textos seus que tenho lido sobre este assunto, penso que o senhor não está interessado numa verdadeira argumentação, mas apenas interessado em expressar os seus preconceitos sem uma análise séria deste assunto. Como dizia Aristóteles, o valor da argumentação está no logos da argumentação e no ethos do argumentador e o ethos do argumentador define-se na argumentação.

Jaime disse...

Caro Rui:

O seu estilo é tão irritante que, mesmo quando você tem mil vezes razão, a primeira impressão resultante da leitura dos seus textos é de discórdia.
Não consegue mesmo escrever de maneira menos emproada e com menos - desculpe o termo - 'cagança'? Já tentou? Porque é que - e isto, infelizmente, é só um exemplo - não se proibe a si mesmo de recorrer a citações?

Rui Baptista disse...

Caro Jaime:

Registo e obrigo-me a concordar, em parte, com o seu comentário. Isto sem querer, de forma alguma, desculpar-me porque, como escreveu Buffon, "o estilo é o próprio homem". Em epítome seu que não enjeito, um "cagão".

Como vê, começo a fazer um esforço para me emendar...embora (e aqui vai uma citação popular) "burro velho não aprenda línguas".

O seu comentário mereceu-me a primazia de resposta interrompendo um texto na forja aos I,II,III, IV,V, VI comentários anteriores.

Sem azedume,

Fartinho da Silva disse...

O anónimo das 6 ou 7 partes demonstrou a impossibilidade técnica de sucesso do sistema por ele gerido...

Isto é um clássico entre nós. Por alguma razão somos o país mais atrasado na Zona Euro e a caminho muito rápido de nos tornarmos o país mais atrasado da União Europeia.

A culpa nunca é de quem gere, nunca é de quem manda, nunca é de quem define, nunca é dos autores dos sistemas, a culpa é sempre dos executantes, do povo, dos formadores, dos médicos, dos operários, dos polícias, dos militares, dos professores, dos..., dos..., dos..., enfim!!

Triste sina a nossa.

O anónimo das 6 ou 7 partes não percebe que o sistema que gere é simplesmente demasiado complexo e completamente absurdo para que tenha sucesso? Sabe alguma coisa de gestão de empresas? Já geriu alguma empresa na sua vida? E se o fez, teve algum sucesso? Aconselho-o, vivamente, a frequentar um curso superior de Gestão numa das poucas Universidades de qualidade e depois aplicar esses conhecimentos a gerir um par de empresas durante 20 anos com sucesso e só depois discursar sobre uma impossibilidade técnica...

Rui Baptista disse...

Acabo de publicar um post, intitulado, "A defesa das Novas Oportunidade", em resposta aos VI comentários aqui deixados por um gerente das Novas Oportunidades.

Rui Baptista disse...

Caro Fartinho da Silva:

Uma vez mais, nos encontramos em defesa de um ensino de qualidade, seja ele das Novas Oportunidades, do ensino básico, do ensino secundário, do ensino politécnico, do ensino universitário.

Muito apreciei o seu conselho a quem gere um centro de Novas Oportunidades: "Aconselho-o, vivamente, a frequentar um curso superior de Gestão numa das poucas Universidades de qualidade".

Rui Baptista disse...

Caro João Boaventura:

Menos crédulo, mesmo que só com estas VI partes, eu não acredito nas bem-aventuranças das Novas Oportunidados admintindo, tão-só, a existência de uma ou outra excepção que confirme a regra da sua validade.

Rui Baptista disse...

Onde escrevi validade, emendo para da sua falta de validade.

Anónimo disse...

Vou comentar este post e sucessivos comentários no novo post de R. Baptista.

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