segunda-feira, 18 de outubro de 2010

IN MEMORIAM BENOÎT MANDELBROT (1924-2010)


Conheci-o num encontro sobre geometria fractal em Lisboa organizado pela IBM, empresa para a qual trabalhava. Trazia consigo o livro "Les objects fractals" e dava-se o caso de eu conhecer um editor, o director da Gradiva, e de concordar com ele que o livro devia ser traduzido para português. Foi o que fiz com a ajuda do José Luís Malaquias Lima, na altura meu aluno. Ganhámos com "Objectos Fractais", saído com prefácio meu em 1991 na colecção Ciência Aberta e reeditado em 1998, uma menção honrosa no concurso de tradução científica da União Latina/JNICT. Foi desta forma que ajudei à introdução do neologismo "fractal" na língua portuguesa. Como encontrámos alguns erros no livro, comunicámo-los ao autor, que logo os reconheceu. Diziam que era assertivo e arrogante, mas agradeceu-me explicitamente no prefácio à edição francesa seguinte.

Voltei a encontrá-lo mais tarde numa Feira do Livro de Frankfurt, onde ele lançava um seu novo livro sobre a aplicação dos fractais à economia e ao mercado: "O (Mau) Comportamento dos Mercados. Uma visão fractal do risco, da ruína e do rendimento". Outro ex-aluno meu traduziu-o também para a Gradiva, tendo sido publicado em 2006. São os únicos livros dele traduzidos em português.

Após uma carreira brilhante, o matemático que deu o nome ao "conjunto de Mandelbrot" faleceu na quinta-feira passada com 85 anos. O "New York Times" deu conta aqui. A ciência ficou mais pobre por ter perdido uma das suas mentes mais originais!

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