segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Os diplomas correspondem às competências


Nenhum conhecimento digno de crédito da área das ciência da educação ou estratégia docimológica (estudo da avaliação) nos permite afirmar com toda a certeza, sem qualquer margem para dúvidas, que os resultados académicos obtidos pelos alunos e, em sequência, os diplomas que recebem, correspondem directa, linear e integralmente ao que se pretendia que aprendessem.

Quem estudou minimanente estes assuntos saberá que certas linhas de investigação pedagógica têm, desde o início do século XX, trabalhado de maneira exemplar no assunto, o que se tem traduzido em princípios e técnicas de avaliação que, uma vez usadas correctamente, permitem obter uma maior aproximação entre o que se se pretende ensinar e o que os alunos revelam do que aprenderam.

Assim, não se pode afirmar que: "Os alunos quando obtêm um diploma, esse corresponde às competências que têm. Existem referenciais que estabelecem as áreas de competências que têm que ser possuídas e toda a avaliação de conhecimentos e os júris de certificação garantem que as pessoas possuem essas competências (...) as competências certificadas correspondem às possuídas".

Porém, esta afirmação peremptória foi feita por alguém que, além de ter ao que parece formação pedagógica, assume responsabilidades educativas assaz relevantes a nível nacional. Trata-se de uma afirmação tanto mais estranha quanto é certo que o conceito de competência é vagamente definido e diversamente entendido, mesmo pelos seus mentores.

Mais baralhados ficamos quando esse alguém declara que, afinal, nem valoriza sobremaneira os diplomas escolares. Pelo menos é o que se depreende quando numa postura dubitativa refere: "Há um factor social muito forte que tem a ver com o valor dos diplomas escolares. São muito valorizados."

Para se perceber melhor do que falo, leia-se a recente entrevista de Bárbara Wong a Luís Capucha aqui.

5 comentários:

Anónimo disse...

OS diplomas das novas oportunidades correspondem às competências? Do ensino secundário? Da licenciatura? Deixem-me rir, que grande piada, nós já sabemos a verdade há décadas e andamos a enganar quem??

joão boaventura disse...

A Associação Académica do Instituto Politécnico de Bragança faz uma abordagem exaustiva do processo das Novas Oportunidades, com este título de circunstância, e que, pelo que tenho lido em outros sítios e locais, se tornam excessivamente loquazes, cansativos, e ilegíveis, Novas Oportunidades têm mais alunos.

No subtítulo “Alternativa à escola tradicional”, revela-se a vantagem. Qual ?

«Vera Réfega tem 19 anos e frequenta o curso CEF de Gestão e Sistemas Ambientais da Escola Secundária Miguel Torga. Para a aluna, “esta foi uma forma de tentar fugir aos exames nacionais, pois o facto de frequentar este curso dá-me a possibilidade de ter o 12º ano concluído sem a necessidade de fazer exames nacionais”.»

Está explicada a alternativa, ou faz exames nacionais, ou saca um 12.º sem os respectivos estudos. Mas a culpa não é da Vera é do Governo que institui o lema “a menos estudos, melhores oportunidades.”

E o pior é que, se os alunos caem no logro, a verdade é que ficam a adorar este Governo. Foi a pior forma que o Governo encontrou para festejar uma República indesejável.

Convém não esquecer os antecedentes desta blasfémia. Com o 25 de Abril as escolas técnicas acabaram porque tinham sido orientadas para as classes pobres, enquanto os liceus para as classes ricas. O 25 de Abril considerou que todos eram iguais, mesmo não sendo, e acabou com a distinção. Daí por diante os jovens entraram todos para o secundário, e começaram a faltar no mercado de trabalho os técnicos formados nas escolas técnicas, desculpe-se a redundância, além de crescer o confronto entre os pobres e os ricos, donde resultou os ricos inscreverem os filhos nas escolas particulares, e os pobres manterem os seus nas escolas públicas.

O que se confirma quando o Primeiro-Ministro no debate mensal na Assembleia da República declarou querer fazer do 12º ano o referencial mínimo de formação para todos os jovens; e colocar metade dos jovens do ensino secundário em cursos tecnológicos e profissionais; e qualificar um milhão de activos até 2010. Aí está a confissão de que o fim das escolas técnicas foi um erro.

Tardiamente, donde a necessidade de colmatar essa falha da formação de técnicos. Voltar à instituição das escolas técnicas, era dar o dito por não dito, e o Estado encontrou na formulação das Novas Oportunidades, a única saída para cobrir a toda a velocidade uma carência que durava há um triénio, e mais do que isso abreviar o atraso em tal matéria. Estamos a fazer depressa e mal. Mas só daqui a dez ou vinte anos é que saberemos o que é que o Estado fez de mal durante o regime socrático.

José Batista da Ascenção disse...

Ler a entrevista?
Poupem-nos...
Há (umas) certas competências que são apenas... capuchadas.

Anónimo disse...

O Capucho tem cara de eng.º de obras. Terá andado nas novas oportunidades ao domingo?
Já viram o que fará um cavalheiro que chegue ao lugar dele pela via das novas oportunidades? Nessa altura, eliminam-se postos de emprego (formadores, mediadores, coordenadores, directores dos CNO), poupa-se à fazenda pública e os diplomas passam a sair nas caixas de cereais.
Anónimo das velhas oportunidades

Anónimo disse...

Há sempre um pau para toda a obra.
Queres ver o vilão? Põe-lhe um pau na mão!

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