sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SARAMAGO, MARTE E A MINA


José Saramago estava redondamente enganado. No seu discurso em Estocolmo por ocasião da entrega do Prémio Nobel, numa tentativa de apoucar a ciência e a tecnologia, afirmou:
"A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante."
A operação de resgaste dos mineiros da mina de S. José, no Chile, com forte apoio da NASA, acaba de mostrar que se chega mais facilmente ao nosso semelhante do que a Marte. Saramago não conseguiu compreender que se pode chegar mais depressa ao nosso semelhante em virtude de desenvolvimentos científico-tecnológicos associados à descoberta do espaço. Que pena ele não estar cá para ver...

15 comentários:

Miguel Galrinho disse...

Nem mais!

Luis Neves disse...

O professor Carlos Fiolhais é que ignora profundamente e deliberadamente o significado da frase do Saramago.
O que faz Carlos Fiolhais é ignorar o principal desta frase que é "A esquizofrenica Humanidade..., assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome.". Para ele isto só está na frase para enfeitar , só está nesta frase para menorizar a sua Ciência.

Para um Post destes só me resta um comentário. para o Professor Fiolhais a morte de Milhões de pessoas à fome não tem qualquer valor nem significado, quando comparada com o salvamento de 33 homens de uma mina no Chile, graças à Ciência e à grande capacidade tecnológica de fazer um grande buraco em tempo record.
Para uma falta tão grande de sensibilidade como esta, que dizer? Há milhares de crianças a morrer de fome todos os dias em Africa? Talvez o Professor Fiolhais diga é a Vida! Lá pela sua cidade de Coimbra nem se deve ver muita gente sem-abrigo. É a cidade dos estudantes.
Luis Neves

Bartolomeu disse...

A isto, chamo prestidigitação, Carlos Fiolhais.
E o meu amigo terá consciência, de que está a mover os dedos mais rápidamente que a acuidade visual dos seus leitores.
Por essa ordem de ideias, peço-lhe que me ajude a perceber. Até onde será necessário que a ciência e a técnologia evoluam, até que cheguemos inteiramente e em tempo real, ao nosso semelhante?

Anónimo disse...

Bem, depois do que foi escrito... Ó Doutor Fiolhais, essa não esperava de si! Foi falacioso. Olhe que por aqui não andam reformados das minas (a ler estas coisas!).

Anónimo disse...

Efectivamente, o escrito de Fiolhais não podia vir mais a propósito, dada a relevância televisiva do resgate, tal que se lhe obnibula a vista de quantos e quantos portugueses hoje passam fome e miséria, sem esperança de algum clarão de notícia.
E Fiolhais não entende, não quer saber o valor da metonímia, quanto mais de uma metáfora.

simon teles

Anónimo disse...

Carlos Fiolhais animou-se com os seus sucessos e começa a falar, e até a ser ofensivo, sem pensar. Não percebo o que ele quer dizer com esta. Porque a verdade é que se chegou à Lua (coisa impensável há poucos anos) e continuam a morrer milhões de fome. Muitos pensariam que seria mais fácil alimentar os esfomeados do que ir a Marte.
Era só isto que Saramago queria dizer.

joão boaventura disse...

Desculpem mas a minha interpretação - se ela me é permitida - é outra, e a ela vou.

Para o meu fraco entendimento dou outra leitura. O que o Professor Carlos Fiolhais quis dizer foi, se a tecnologia conseguiu salvar 33 mineiros, pode ser a previsão de que um dia ela se possa aplicar igualmente aos que morrem pela fome.

O que se passa é que somos agredidos com as imagens do salvamento dos 33 mineiros durante dois ou três meses, mas não vemos as imagens agressivas dos que morrem à fome. Essa está escondida porque revela a culpa da humanidade, quando a oblitera.

Como disse alguém, o horizonte é o mesmo mas cada um só vê o seu horizonte.

Sem ofensas para ninguém.

José Lourenço disse...

???????????????????????

dumoc disse...

Parece-me que o prof Carlos fiolhais não intepretou bem a frase de Saramago. Não a entendeu. Nem conhece o pensamento de Saramago.
Einstein uma vez disse.
Triste época a nossa, é mais fácil desintegrar um atmo do que ileminar um preconceito.
Em analogia com a frase de Saramago,
analisada por Carlos Fiohais mudaria 180º de significado.

Anónimo disse...

Não é necessário ser cientista para se reconhecer que os avanços científicos, aplicados ao quotidiano, nos permitem auferir bens tecnológicos que, há poucos anos, eram inimagináveis, mesmo assim, o impacto social, o melhoramento efectivo das nossas vidas e o combate aos flagelos da humanidade continuam a ser, a bem dizer, nulos.
O Salvamento dos mineiros é, infelizmente, uma excepção que apenas confirma a regra, nesse sentido a metáfora de Saramago tornou-se ainda mais importante por denunciar a disponibilidade colossal de meios, sobretudo económicos ao dispor da industria espacial e fazer o contraponto com as miseráveis migalhas destinadas às fracturas sociais.
Com bastante relutância, pela primeira vez (sou leior diário do blogue), não estou de acordo com um cientista assaz reputado, quero, mesmo assim dizer, que caso Sarmago cá pudesse voltar decerto, novamente, morreria perante a ligeireza de uma argumentação que se concentra num episódio acessório, esquecendo a generosidade, o acerto e o valor do seu alertar de consciências.
Enfim. Por falar em conciências, cada um tem a sua e, como sabemos, não existem duas completamente iguais.

Anónimo disse...

O doutor Fiolhais já começa a dar sinais de "cientismo deslumbrado", o que é quase tão inquietante como o "reiki quântico". ;))
Mas vou continuar a ler-vos diariamente... por enquanto.

Paola

Anónimo disse...

Há quem não entenda que se trata de um problema político e não de Ciência ou Tecnologia. Há grandes esforços para se confundir o que é técnico com o que é político. Temos de reconhecer que têm sido bem sucedidos nesta confusão. Já confundiram o Doutor Fiolhais!!

Paulo Rato disse...

Todos temos momentos menos bons (Saramago incluído).
Não podemos julgar ninguém apenas por uma intervenção infeliz, uma frase que um qualquer diabinho soprou ao ouvido, quando o anjo guardião estava desatento.
Pelo menos é o que quero supor...
Mas que uma insinuação de mágoa, de desilusão, se me infiltrou, incómoda, com esta observação do Prof. Fiolhais (absurda, porque violentamente desviada dos significados atribuíveis às palavras de Saramago, penosa, porque distante da inteligência e da ponderação a que o Prof. me habituou), não posso negá-lo.
Para ele, ser-lhe-á indiferente (quem sou eu?).
Para mim, não.
Paulo Rato

Anónimo disse...

Acho que a interpretação do Prof. Carlos Fiolhais está completamente errada.

Na citação, a frase: "A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome." é apenas a constatação do paradoxo da humanidade capaz de feitos científicos brilhantes, e incapaz de ser sensível aos problemas sociais ao ponto de os conseguir resolver.

Meireles

Anónimo disse...

espero que qualquer dia a nasa consiga desemvolver brocas tao potentes que consigam alimentar melhares de pessoas sub nutridas

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...