domingo, 17 de outubro de 2010

A DEFESA DAS NOVAS OPORTUNIDADES

“E toda a realidade é um excesso, uma violência,/ Uma alucinação extraordinariamente nítida/ Que vivemos todos em comum com a fúria das almas” (Álvaro de Campos).

O anónimo que me dirigiu um comentário, dividido em meia dúzia de partes, ao meu postUm novo fôlego para as Novas Oportunidades" (16.Out.2010), sendo que a sexta é uma repetição da quinta, quis honrar-se mais do que elucidar-me e aos leitores, através de uma longa prédica que peca à partida por ser subscrita por quem, segundo ele próprio, ”gere um centro de Novas Oportunidades” espalhando e exaltando as doutrinas a que elas se subordinam, mas escamoteando as desgraças por elas produzidas. Ora, como diziam os latinos, “laus in ore próprio vilescit”.

O comentário em questão encerra uma tese. Reportemo-nos agora a comentários que encerram antíteses para daqui ser feita a necessária síntese. Assim, num comentário a um meu post anterior,O Elogio da Ignorância (11/10/2010), é apresentado o testemunho seguinte (11.Out.2010):

“Há já algum tempo que não comento os seus artigos, mas fá-lo-ei agora, infelizmente, sob anonimato por razões que rapidamente entenderá.

Apresentei currículo e fui consagrado em Diário da República como Avaliador Externo dos Centros de Novas oportunidades. Em Lisboa, em reunião geral, de expectantes crentes como eu, disseram-nos que éramos a pedra angular do sistema. Disseram isto instados por assistentes que já conheciam da poda e já tinham visto o tombo. Mais disseram, após a apologia da coisa,que nos competia, a nós avaliadores, zelar pela idoneidade do processo. Que quando algo corresse mal se mandava rever, apreciar, sugerir, talvez, novas competências mais elásticas...

Assisti a quatro ou cinco cerimónias públicas de "defesa/apresentação" (já consumada, quando chega a esse estádio de desenvolvimento) do trabalho dos formandos adultos. O que vi e ouvi de todos (formandos, formadores e até do avaliador externo - cheio de dúvidas a deshoras)foi suficiente para me lembrar do Medina Carreira e decidi não comer (nunca) daquela gamela.

Como aqui já disse um formador lúcido, haja um pingo de decência no modo como se desqualificam as pessoas, enganando-as e ao país.

Tirando honrosas excepções (que, certamente, existirão), as Novas Oportunidades nem tradução do verdadeiro ensino são; nem calão!: são a certificação total e estatal da incapacidade nacional de acreditar no valor da Educação”.

Um outro anónimo, escreve no meu post O Facilitês" (14.Out.2010):

“Continuando os testemunhos sobre a verdadeira realidade do sistema Novas Oportunidades, deixo aqui o meu testemunho enquanto esposa de um aluno desse sistema, na modalidade de reconhecimento, certificação e validação de competências.

O meu marido desistiu cedo da escola para começar a trabalhar, tendo concluído o 7º ano de escolaridade. Mais tarde, já depois de nos termos casado, insisti com ele e inscreveu-se no extinto ensino recorrente por unidades capitalizáveis, onde ainda aprendeu conteúdos ligados a diversas disciplinas, como História, Matemática, Ciências, Português e Inglês. Recordo-me do 1º dia em que teve aulas, durante a noite, ele vinha completamente angustiado e estafado. Achava que não ia conseguir acompanhar as aulas, depois de tantos anos fora do sistema educativo. Não desistiu e em 2 anos (os 2 últimos deste ensino recorrente) conseguiu completar, por seu esforço, o 9º ano de escolaridade. Sentiu, animado, que o desafio tinha sido superado e que tinha feito aprendizagens significativas nas diversas áreas.

Depois... quis continuar, mas os horários do secundário do ensino recorrente por módulos, que ainda existia, eram incompatíveis com a vida profissional. Então, inscreveu-se num centro novas oportunidades. As poucas sessões presenciais que tiveram decorreram na Junta de Freguesia da nossa zona de residência e a maior parte dos trabalhos escritos (a história de vida!) foram melhorados por mim...

Entretanto, em cerca de um ano, praticamente sem ter aprendido nada, ficou com o certificado do ensino secundário…”

Um outro testemunho, nesse mesmo post, com a chancela do nome do autor, João Filipe Oliveira, reza:

“Fui avaliador externo desde início do RVCC até o sistema ter entrado em fase de propaganda. Pedi para ser retirado da bolsa quando começou a ser prática certificar 9.º ano com base em "evidências" como conferir trocos no supermercado, redigir recados, saber ir à internet e coisas do género. Foi a gota de água”.

Recuemos no tempo, detendo-nos numa carta do “Expresso” (8.Dez.2007) em que um dos formadores das Novas Oportunidades denuncia ao mais alto magistrado da Nação, Aníbal Cavaco Silva, o estado de espírito, quase diria de reinação, vivido nas Novas Oportunidades como se de uma colónia de férias se tratasse. Escreveu ele: “Estes frequentadores da escola aparecem nas aulas sem trazer uma esferográfica ou uma folha de papel. Trazem o boné, o telemóvel, os ‘headphones’ e uma vontade incrível de não aprender e não deixar aprender”.

Muitos mais exemplos antitéticos poderiam ser apresentados à tese oficial de um declarado paladino das Novas Oportunidades. Não o farei, para não abusar da paciência do leitor. Julgo ter deixado aqui matéria mais do que suficiente, alguma dela sem ser sob anonimato (embora respeite e compreenda o anonimato de uns tantos comentários pelo evidente perigo de retaliação), para que sejam tiradas as ilações pertinentes que deixaram de me pertencer ou ao autor do referido comentário abonatório da excelsas virtudes das Novas Oportunidades.

Mas, de forma alguma, poderia terminar sem lamentar “o sacudir de água do capote” (termo da gíria militar) quando ele atira para cima dos ombros dos formadores das Novas Oportunidades a responsabilidade daquilo que aí decorre menos bem, ou até mal. Assim, em reprodução do comentário em causa a culpa não morre solteira, como é uso neste país, recaindo numa trilogia de pecados capitais da responsabilidade de:

1. “Formadores que não estão preparados ou motivados para trabalharem com populações adultas extremamente frágeis do ponto de vista emocional, social e cognitivo, muitas delas com vários anos de escolaridade, mas que mal sabem ler e escrever, apesar dos diplomas escolares que trazem; que não estão preparados para trabalharem com pessoas pobres, necessitadas, mas que também não estão reparados (como pessoas) para aprenderem a trabalhar com e a acreditar que podem ter um papel de relevo na qualificação das pessoas deste país".

2. “Formadores que não acreditam no que fazem e sem espinha dorsal para se afirmarem enquanto tal, que não se esforçam, que não perseguem ideais de qualidade, de excelência e que não se opõem criticamente quando são obrigados a fazer um trabalho de menor qualidade".

3. “Formadores que, mesmo num processo de RVCC que, repito, não é um processo de aprendizagem, mas um longo exame do que a pessoa aprendeu, não acreditam na capacidade humana de aprender e de melhorar, que não têm a menor consciência da importância na vida dos que nos procuram de melhores habilitações escolares e na criação de uma atitude positiva face ao conhecimento, à aprendizagem, à procura de caminhos de qualidade de excelência”.

Ou seja, como se as Novas Oportunidades se tratassem de uma religião, a doutrina é excelente os seus intérpretes é que são maus.

Finalmente é-me imputada a ignorância do meu completo desconhecimento de que “a Iniciativa Novas Oportunidades acolhe todas as pessoas, mesmo os licenciados. Posso-lhe dizer que no meu Centro, cerca de 10% dos inscritos são pessoas (cerca de 110 indivíduos) que, à data da inscrição, já possuíam habilitações de 12º ano, obtidas pelo ensino regular e também dizer-lhe que até pessoas com mestrado temos inscritos.”

Este facto demonstra à saciedade e à própria sociedade que o desemprego nos detentores de licenciaturas e até mestrados académicos é tão grave que os obriga a andar de cavalo para burro. Ou será que as Novas Oportunidades significam andar de burro para cavalo? Em sentido figurado, claro está!

21 comentários:

Anónimo disse...

Caro R. Baptista,.

Contrariamente ao que disse O Senhor Jaime, em comentário no seu anterior "post", por favor, continue a ser "cagão", pois o suposto cagão é aquele que incomoda o que não sabe entender o valor de uma citação, de uma metáfora, de um aforisma. Provavelmente, esse Sr. Jaime deve frequentar o nível mais básico de um Centro de Novas Oportunidades. (Apareceu aqui à espera de uma janela de oportunidade...)

Caro Fartinho da Silva,

Eu que tembém devo ser um "cagão", pois fui o avaliador externo dos cno que, aqui mesmo, registou o seu pesar por falta de rigor, fico-lhe grato por ter lembrado que (mais ou menos qualquer um licenciado) pode gerir um CNO. Se não tiver formação em gestão não importa, quanto mais ingénuo e crente no Grande irmão Qualificador, melhor! Num futuro próximo aceder-se-á a gestor de um CNO, após 6 ou 9 meses de frequência de um CNO.

Ao anónimo das n partes:

O Senhor ou Senhora parece-me, sinceramente, pessoa séria, mas, pergunto-lhe -- e não tome isto como ironia -- , depois de tudo o que disse, depois de ter aqui feito não uma apologia do monstro, mas uma espécie de (secreta) terapia de grupo, acredita mesmo no que faz?

E se sim, considera que as certificações que cauciona permitem mais do que aumentar a auto-estima dos formandos? Não seria melhor o esforço árduo dos interessados (sem receber euros) em procurar o conhecimento; não seria isso mais gratificante e sério do que cumprir as metas da suposta certificação?
Acredita no real valor dos diplomas (não psicológicos) que passa? Acredita (lá no fundo)?

Não será a má consciência (embora honesta) que o tenha levado a justificar aquilo que faz?
Não acha que o uso do verbo "obrigar"... obrigar os formandos a frequentar certa formação, fere os ouvidos de quem considera que é preciso ter vontade em aprender (sublinho esta palavra)? E qua a vontade de aprender nasce do valor que se dá ao conhecimento e só depois aos diplomas?

Vergonha de ser português, meu caro. Ou melhor, vergonha de ter governantes que encaram do triste modo que aqui tem sido relatado aquilo que deveria ser preservado como bem de primeira necessidade.

Os CNO (na generalidade) fazem de um bem raro (a verdadeira qualidade das aprendizagens), uma bagatela. Transformam ouro em fancaria. Todos sabemos isso, até os formandos.
Escusamos de fingir.

Fartinho da Silva disse...

"andar de burro para cavalo" com uma cenoura à frente e outra atrás!

Anónimo disse...

Respondendo a algumas objecções e interrogações que me foram feitas, aqui vai a minha resposta. Em partes, porque o limite de caracteres não permite de outra forma.Respondo ao senhor "Fartinho da Silva", o qual saúdo pela sua posição crítica em relação ao trabalho de muitos CNO, mas que também sabe distinguir o trigo do joio.

Parte I
Ex.mo Sr
Quando me faz a pergunta sobre se acredito no que faço, e o quer faz a minha equipa, o que me está a perguntar: se acredito que é necessário aumentar as qualificações dos portugueses (não as certificações, pois não é disso que estou a falar) ou se acredito no sistema de RVCC?
Pelos seus comentários seguintes, penso que está a referir-se apenas ao RVCC.
Bom: não creio que os sistema de RVCC escolar (penso que o profissional tem de ser considerado de modo completamente diferente) seja a melhor forma de aumentar as qualificações dos portugueses, entendo eu por aumento das qualificações, neste contexto estritamente escolar, o aumentos dos níveis de literacia da leitura, da escrita e numérica, a aquisição de conhecimentos sólidos e cientificamente bem fundados e a capacitação que permita aos indivíduos capacidades como as de argumentar fundamentando as suas posições em raciocínios sólidos, analisar criticamente, as e assumir posições éticas e políticas capazes de contribuir para uma sociedade mais coesa.
Porquê? Tenho razões metodológicas, que me fazem pensar que esta dimensão desta polícia assentou num equívoco em relação à avaliação que foi feita da população portuguesa, e tenho razões de natureza mais cívica.
Como depreendo pela sua argumentação, não deve desconhecer, de todo, o modo como funciona o RVCC. Saberá, certamente, que não é um sistema de ensino, mas um “exame” que visa avaliar se as pessoas possuem os conhecimentos e se são capazes de agir em função dos critérios definidos nos referenciais de competências-chave. Ora, em primeiro lugar, o grosso da nossa população (2,5 milhões de activos portugueses não têm o 9.º ano de escolaridade) ou não foi à escola ou saiu de lá extremamente fragilizada. Ou seja, não saiu com os conhecimentos suficientes, nomeadamente ao nível da leitura e da escrita, que lhes tenha permitido fazer aprendizagens ao longo da vida, quando o RVCC se baseia nesse pressuposto. Tenho falado com inúmeros empresários e naqueles que investem na formação dos seus empregados, muitos dizem: nós damos-lhe formação, mas eles não assimilam nada. E, por extensão e apesar da diversidade das experiências profissionais e de vida dos indivíduos, aprendem muito pouco ao longo da vida. Pergunta-se a um indivíduo que reflicta sobre a sua experiência como emigrante e verifica-se que pouco ou nada assimilou ou tem a dizer sobre essa experiência.

Anónimo disse...

Parte II

Ex.mo Sr
Quando me faz a pergunta sobre se acredito no que faço, e o quer faz a minha equipa, o que me está a perguntar: se acredito que é necessário aumentar as qualificações dos portugueses (não as certificações, pois não é disso que estou a falar) ou se acredito no sistema de RVCC?
Pelos seus comentários seguintes, penso que está a referir-se apenas ao RVCC.
Bom: não creio que os sistema de RVCC escolar (penso que o profissional tem de ser considerado de modo completamente diferente) seja a melhor forma de aumentar as qualificações dos portugueses, entendo eu por aumento das qualificações, neste contexto estritamente escolar, o aumentos dos níveis de literacia da leitura, da escrita e numérica, a aquisição de conhecimentos sólidos e cientificamente bem fundados e a capacitação que permita aos indivíduos capacidades como as de argumentar fundamentando as suas posições em raciocínios sólidos, analisar criticamente, as e assumir posições éticas e políticas capazes de contribuir para uma sociedade mais coesa.
Porquê? Tenho razões metodológicas, que me fazem pensar que esta dimensão desta polícia assentou num equívoco em relação à avaliação que foi feita da população portuguesa, e tenho razões de natureza mais cívica.
Como depreendo pela sua argumentação, não deve desconhecer, de todo, o modo como funciona o RVCC. Saberá, certamente, que não é um sistema de ensino, mas um “exame” que visa avaliar se as pessoas possuem os conhecimentos e se são capazes de agir em função dos critérios definidos nos referenciais de competências-chave. Ora, em primeiro lugar, o grosso da nossa população (2,5 milhões de activos portugueses não têm o 9.º ano de escolaridade) ou não foi à escola ou saiu de lá extremamente fragilizada. Ou seja, não saiu com os conhecimentos suficientes, nomeadamente ao nível da leitura e da escrita, que lhes tenha permitido fazer aprendizagens ao longo da vida, quando o RVCC se baseia nesse pressuposto. Tenho falado com inúmeros empresários e naqueles que investem na formação dos seus empregados, muitos dizem: nós damos-lhe formação, mas eles não assimilam nada. E, por extensão e apesar da diversidade das experiências profissionais e de vida dos indivíduos, aprendem muito pouco ao longo da vida. Pergunta-se a um indivíduo que reflicta sobre a sua experiência como emigrante e verifica-se que pouco ou nada assimilou ou tem a dizer sobre essa experiência.

Anónimo disse...

Parte III
Pergunta-me se existem outros benefícios para além do psicológico e da auto-estima. Existem. Não em todos, mas existem. Num trabalho bem feito, quando se pergunta porquê, quando se incentiva a pessoa a pesquisar, a reflectir, a fundamentar, ela aprende. Quanto um trabalho é lido, relido, corrigido duas, três, quatro vezes e a pessoa tem de consultar uma gramática, um dicionário, quando passa de escrever meia pagina A4 para 10, 15 páginas, nas quais descreve, explica, fundamenta, relaciona, sim há ganhos. São suficientes? Não. Eu penso que só há ganho quando a pessoa, por vezes no mesmo dia, sai do júri de inscreve-se em formação. Em formação de inglês, espanhol, português, TIC, formação de componente tecnológica e faz 50, 100, 200, 300 horas de formação que nunca teria pensado fazer. Só há ganho quando a pessoa se compromete a sério com um plano de formação que a leva a fazer os exames de acesso ao um curso de especialização tecnológica ou de ensino superior. Só há ganhos quando o adulto quer a seguir fazer a especialização tecnológica de um curso que, finalmente, lhe dê uma especialização profissional. Só há ganhos quando o adulto entende que a escola, que aprender exige rigor, disciplina, uma ética do trabalho. Nessa altura, há ganho.

Anónimo disse...

Parte IV

Ora, por ter uma visão clara e desapaixonada do que é o RVCC, é que acredito que devemos procura concretizar, com o máximo de profissioalismo, o que verdadeiramente está por detrás da Iniciativa Novas Oportunidades: a qualificação, nomeadamente profissional, dos portugueses. Não me interessam as estatísticas. Interessa-me que os diplomas, os certificados correspondam a melhores, a excelentes profissionais. E, para isso, trabalho e desenvolvo toda a restante componente do nosso trabalho. 40% dos adultos que se inscreveram no nosso centro, e que não desistiram ainda na fase da definição do seu plano de formação, infelizmente quase 16%, não foram encaminhados para processos de RVCC e os adultos que obtiveram uma certificação de nível básico em RVCC só podem fazer o RVCC em formação. Então, são encaminhados para quê. Para formação. Seja a dirigida a jovens e a jovens adultos, seja a dirigida a adultos, sobretudo de dupla certificação, seja a que permite apenas o reforço de conhecimentos profissionais, é para aí que são dirigidos. E, como já argumentei anteriormente, é minha obrigação que essa formação seja de qualidade. Se tenho adultos que trabalham em contabilidade, que são contabilistas e que precisam de formação em SNC, pois é minha obrigação encontrar um parceiro que a dê com o máximo de qualidade; se tenho adultos que trabalham em creches, jardins de infância, lares de terceira idade, mas que nunca fizerem formação na área, é minha obrigação facultar-lhes o acesso aos melhores formadores e é uma obrigação que tenho não só para com eles, mas também para com quem eles trabalham (os jovens, as crianças, os idosos); se tenho engenheiros que precisam de actualização da implementação de sistemas de qualidade, cabe-me a mim encontrar quem dê a melhor formação, quem implementa esses sistemas nas maiores empresas deste país, se tenho agricultores que precisam de formação em produção agrícola, produção hortícola ou seja em que área de produção for, cabe-me a mim articular com os especialistas na área, com quem tem formação e orientar os adultos para lá. Poderia continuar aqui a apresentar exemplos até ao infinito. A mim não me interessa se esta é a política deste ou de outro governo qualquer. A mim, como cidadã deste país, interessa-me… Os referenciais de formação são de qualidade, assentam em conhecimento? Estão cientifica e tecnologicamente actualizados? Os formadores são bons? São exigentes? Fazem uma avaliação a sério? Os empregadores estão abertos a que os seus funcionários melhorem o seu desempenho profissional? Os adultos percebem a importância da formação? São assíduos, são pontuais, preparam-se para as avaliações? A minha equipa entende que tudo isto custa uma fortuna e que é o futuro da educação e do país que está em causa? Entende que um plano de formação não é um conjunto avulso de formações que em nada contribuem para a empregabilidade da pessoa e para a evolução económica do país?
Dir-me-á, bom… mas muitos centos não fazem isso, em especial os que estão em escolas. Pois não e não o fazem porquê?

Anónimo disse...

Uma última nota, para o senhor "Fartinho da Silva"... Ficou-me a questão da "terapia de grupo"... Pois, realmente não estou / estava a fazer... Nem sem bem o que quer dizer com isso. Se por "terapia de grupo" entende a defesa séria do meu trabalho... Porém, de se pensa que as críticas a alguns dos intervenientes neste trabalho, nomeadamente aos formadores, é uma crítica aos meus colegas de equipa e um desabafo pessoal sobre a qualidade do seu trabalho, pois, não podia estar mais longe da verdade. Se neste trabalho não tivesse quem, tal como eu, persegue ideais de excelência, não o estaria a fazer.

Fartinho da Silva disse...

"Dir-me-á, bom… mas muitos centos não fazem isso, em especial os que estão em escolas. Pois não e não o fazem porquê?"

Em especial os que estão em escolas? O que quer dizer com isto? Qual a diferença entre estar em escolas ou estar fora delas? O sistema não é o mesmo? A negação da realidade não é a mesma? O desbaratar do dinheiro que os contribuintes europeus nos têm dado com imenso sacrifício para que este país avance não é o mesmo? A falta de conhecimentos em gestão dos gestores destes RVCC não é um dado adquirido? A falta de experiência na gestão de organizações dos gestores destes centros não é um dado adquirido? A tentativa vã de colocar em práticas projectos irrealizáveis não é um facto?

O que mais me irrita nisto é que estamos, mais uma vez, a desbaratar o dinheiro que outros povos muito mais desenvolvidos, muito mais pragmáticos, muito mais práticos, muito mais objectivos, muito mais organizados, muito mais produtivos, muito mais disciplinados, etc., têm ganho com muito suor e sacrifício para... nada!!

Mais uma vez para... nada!

Quando é que percebemos que temos o dever de denunciar o estouro do dinheiro público em projectos impossíveis de levar à prática com sucesso e com isso impossibilitando um futuro melhor para todos nós, apenas porque nos calamos com o único objectivo de garantir o salário no final de cada mês?

Esquecemos é que um dia esse salário vai acabar. Vai acabar porque o dia em que os povos europeus que nos têm financiado se fartarão dos nossos sonhos absurdos e da realidade por nós ficcionada chegará.... e depois vamos, mais uma vez, chorar porque, mais uma vez, não fomos capazes de aproveitar as oportunidades que nos foram oferecidas.

Esquecemos que se esse dinheiro está a ser consumido neste tipo de utopias, não está ao serviço de projectos simples, práticos, realizáveis e reprodutivos.

Quando é que deixamos a idade das borbulhas e passamos à idade adulta? Temos 900 anos de vida, mas portamo-nos como adolescentes mimados!!

Anónimo disse...

Os cavaleiros que fazem das Novas Oportunidades o seu inimigo são RIDÍCULOS.
Faz me lembrar quando o Bento de Jesus Caraça iniciou a colecção de divulgação científica "Biblioteca Cosmos"; os defensores do rigor defendiam que não tinha qualquer sentido levar estes conhecimentos ao cidadão comum, porque isso representava a vulgarização, a deturpação inevitável do conhecimento em causa.
Há distância destes anos que conclusão?
Como eram ridículos!
Gente mesquinha e tacanha!
As Novas Oportunidades são um factor de coesão social fundamental; importa que seja um projecto acarinhado e acima de tudo desenvolvido num crescente melhoramento.
Parabéns a todos os intervenientes neste projecto social tão importante.

Artur Campos

Rui Baptista disse...

Anónimo (18/Out.; 00:16):

“Os cavaleiros que fazem das Novas Oportunidades o seu inimigo são RÍDICULOS”, anónimo “dixit”. E os que entendem que deve ser dada a equivalência ao 12.º ano a certas e rídiculas formações que aí são feitas o que são? Salvadores da pátria? Será que o princípio de justiça que nos diz que a deveres diferentes devem ser dados direitos diferentes e a deveres iguais devem ser dados direitos iguais, deverá ter a vida efémera das coisas a não cumprir numa sociedade que se quer mais justa e igualitária?

À sua mera opinião de anónimo (ainda que possa suscitar a dúvida de uma defesa em causa própria) posta em confronto com esta carta pública, devidamente assinada, saída no Expresso (08/12/2007), tendo como destinatário o Presidente da República, e dando conta do regabofe que se passava num determinado centro de Novas Oportunidade que crédito lhe pode ser atribuída?

Porque a memória dos homens é curta para o que lhes convém, transcrevo-a, novamente, em antítese ao seu cavalgar de um romântico Lancelote do século XXI em busca da excelsa taça em ouro da qualidade das Novas Oportunidades. Dizia ela: “Estes frequentadores da escola aparecem nas aulas sem trazer uma esferográfica ou uma folha de papel. Trazem o boné, o telemóvel, os ‘headphones’ e uma vontade incrível de não aprender e não deixar aprender”.

E já que fala dos livros de divulgação científica, Bibioteca Cosmos, de Bento de Jesus Caraças, e porque, por isso, vem a talhe de foice, o que dizer, como mera hipótese (“vade retro, Satanas!”), ser bastante ler esses livros para obter a equivalência a uma licenciatura universitária? Rídiculo, não é? Tão ridículo como ter feito exames de licenciatura, ainda que no ensino privado superior, por fax!

E porque fala em coesão social, não seria preferível, que ela se manifestasse, por exemplo, em evitar situações como esta, que transcrevo?:

“Manuel Lemos diz que, em muitas creches, já é habitual reforçar-se o lanche à sexta-feira e o almoço à segunda, porque durante o fim-de-semana há muitas crianças mal alimentadas. Eugénio Fonseca sublinha que "há um grande número de famílias dependente das instituições de solidariedade social para terem uma refeição diária em condições” (“Jornal de Notícias”, 18/10/2010).

Mas porque estamos a falar de coesão social no âmbito da temática das Novas Oportunidades, não seria altura de promover condições de trabalho e remuneratórias dos respectivo formadores que promovesse a estabilidade do seu emprego e salários que os não tornassem párias do ensino quando em confronto com os agentes do ensino regular?

Numa coisa não podemos deixar estar de acordo, quando escreve: “Importa que seja um projecto acarinhado e acima de tudo desenvolvido num crescente melhoramento”. Ora, as condições de trabalho dos seus formadores passam, precisamente, por aí!

Já o final da sua carta, dá os parabéns “a todos os intervenientes neste projecto social tão importante”. Assemelha-se-me este laudatório palavrório a cerimónias de corta fitas em vésperas de eleições ou a uma espécie de bóia de salvação em momentos de crise para tapar o sol com a peneira, afirmando alto e bom som, que não há algo de podre no reino da Dinamarca!

E agora, mesmo a acabar. Não devia ter levado tão a peito o título do meu post: "Em defesa das Novas Oportunidades". Como diz o povo, "quando a fartura é muita, o pibre desconfia"!

Rui Baptista disse...

Errata ao comentário (18.Out.;10:58):
1. Substituir "Em defesa das Novas Oportunidades" por "A defesa das Novas Oportunidades".
2. Na última linha, último parágrafo, emendar "pibre" para pobre.

joão boaventura disse...

O Estado transformou os professores que exercem o seu magistério nas Novas Desoportunidades em mercenários do ensino.

Anónimo disse...

Rui Baptista uns textos sobre motivações inconscientes e transferência ajudam-no a compreender o seu "ódio" às novas oportunidades.
Leia-a por favor e já agora o padrão comportamental a que o o Rui obedece não é novo, Galileu e tantos outros, antes e depois, tiveram de "levar" com esse tipo de comportamento que caracteriza os "defensores do bom conhecimento/educação. Infelizmente vocês não se extinguem.
Artur Campos


Artur campos

Rui Baptista disse...

Anónimo (18. Out.; 13:57):

Acusa-me, com razões que me aconselham” a ler textos sobre motivações inconscientes e transferências”, de ter “ódio” às novas oportunidades (assim mesmo, com as minúsculas iniciais que utiliza). Mas passemos à frente.

Falemos agora da sua falta de memória em amputar-me do “ódio”, mil vezes declarado, a um ensino (ou formação) que não ensina ou ensina e forma pior. Venha ele donde vier: ensinos básico, secundário, profissional, politécnico ou universitário, privado ou público.

Seja-lhe desculpada a comparação que faz entre mim e a inquisição, embora possa chegar ao cúmulo (ou mesmo desvergonha) de defender que, com isso, estou a obstaculizar o aparecimento de pequenos ou grandes galileus partejados pelas Novas Oportunidades neste dealbar do século XXI.

Bem sei que a escrita, seja ela boa ou má, bem ou mal redigida (não falo já em erros ortográficos “apagados” pelos correctores de escrita), é uma arma poderosa (seja a sua, a minha ou de qualquer um) mas daí atribuir-me essa intenção é favor que dispenso.

O meu amigo tem tanto direito de pensar isso como eu tenho o direito de pensar que estou em presença de um alquimista das Novas Oportunidades que pretende transformar metal pouco nobre em ouro de muitos quilates.

Como escreveu António José Saraiva, “este mundo é duro: haverá sempre inquisidores e fogueiras”. Mesmo que em lume brando de brandos costumes julgo não ser sua intenção transformar-me em moderno inquisidor-mor do Santo Ofício. Ou será?

Julgo haver já matéria suficiente e argumentos de parte a parte para que os leitores tirem as devidas ilações. Prosseguir neste diz-tu-direi-eu corre-se o risco de cairmos num diálogo do tipo chover no molhado ou, como costumo dizer, de se estar a serrar serradura.

Mas se for essa a sua intenção não me refugio no argumento de dar esta polémica(zinha) por terminada.

Polémica(zinha) em que dá conta da sua infelicidade em vocês (será vaidade minha incluir-me eu próprio nesses vocês?) não se extinguirem. Seja qual for a sua decisão, continuo para as curvas por mais sinuoso e enjoativo que for o caminho a percorrer. Se assim acontecer, peço desculpa aos leitores pela xaropada em que esta discussão se possa tornar. Ou já se tornou mesmo!

Anónimo disse...

Caro anónimo (anónima, como suspeitara) das n partes,

Quero dizer-lhe que está equivocada, não foi o caro Fartinho da Slva que lhe dirigiu os comentários logo a segui ao post, fui eu, outro anónimo!
Mas, não tem mal. o Fartinho respondeu-lhe bem.
Sabe o que me parece, é que se confirma a sua honestidade, mas julgo que tanto acreditar nessa suposta causa social que dá dinheiro ao pessoal que lá está sentado sem querer, pode vir, no futuro, a fazer-lhe mal. Verá que todos vamos pagar a factura das passas e bolos que andam a distribuir.

Artur Campos utiliza um discurso falacioso (com o B. Caraça) tentando comparar o incomparável.
Salazar dizia que se o ensino fosse levado ao povo, este (o ensino, as aprendizagens) perdia qualidade. Estava errada. O que acontece nas NO não é semelhante a este dislate do ditador, mas há semelhanças, pela razão inversa. De tanto se vulgarizar o valor do conhecimento, os formandos vão desdenhar de vez dos outros que, na verdade, sabem. Veja-se o que aqui fez o Sr. A, Campos!

O Sr. Campos e todos os apologistas das NO só ficaram satisfeitos quando firmarem o seguinte slogam: As Novas Oportunidades estão para o conhecimento (de qualidade) como os produtos chineses estão para a mercadoria barata.

Anónimo disse...

Primeiro sejamos claros,
eu fiz o ensino regular no ensino público e numa Universidade Pública de prestígio num dos cursos mais difíceis de entrar( e continua a ser). A minha média de entrada na faculdade foi de 18,2 e portanto quanto ao meu possível percurso Novas Oportunidades estamos esclarecidos.
Quanto às Novas Oportunidades a questão tem a ver com o pedantismo de quem se arma defensor de uma educação de "qualidade". Não me incomoda que tenham o 12ºano sem a exigência a que fui sujeito. O que importa é que as pessoas após longos anos divorciadas do ensino, voltem às escolas e ganhem vontade em aprender.
Os ganhos parecem estar além do horizonte/argumento do facilitismo; acredidetomos que na infinidade de professores, centros e alunos de certo que haverá quem ganhará de facto com este conceito, Novas Oportunidades.
Evidente que não é perfeito mas pode ser melhorado e importa que as pessoas se sintam de novo integradas no meio escolar e tenham a possiblidade da melhoria da sua imagem(simbólica) social.
Achar que podemos decidir pelas pessoas é ridículo; todos sabem que a exigência das Novas Oportunidades é fraca mas há a possiblidade de melhorar o sistema, não de elevar a dificuldade mas aproximar-nos das pessoas de uma outra forma que ganhemos todos.
Alunos Novas Oportunidades são alunos que não se podem enquadrar nas exigências normais do ensino geral; tratamos de uma excepção!
A exigência cabe às Universidades e ao ensino geral na defesa do ensino público de qualidade.
As N.O. são um factor de coesão social que não deve ser desprezado porque acreditamos que os ganhos são maiores que o horizonte de luta mesquinho a que alguns se cingem.
Artur Campos

Anónimo disse...

Caro A. Campos,

Apesar da sua generosidade é preciso não confundir as NO com ensino. Não é ensino. Os CNO reconhecem, validam e certificam.
Suponha o caro bloguista que é médico e descobre que um paciente tem uma doença má. Quer curá-lo. Acredita nisso, que ele se há-de curar, com a sua ajuda. Prescreve-lhe uns químicos fiáveis, com tradição de bons resultados. Porém, o doente não se cura. Você não entende por que razão. Acompanhou todo o processo, monitorizou, fez controles de qualidade... e não percebe. Um dia descobre que o doente não tomava os medicamentos.
Ressalvando as diferenças (um formando, em princípio, não é um doente) a generalidade dos formandos dos CNO não quer estudar (quer apenas o certificado) e nem acredita na necessidade e no valor daquilo que seria uma boa ideia (na teoria), mas que na prática configura, propicia e alimenta um embuste (ou vários).
Leia os depoimentos de quem conhece os CNO e/ou que lá passou e dê o benefício da dúvida a essas pessoas.
Para segunda oportunidade existia o ensino recorrente (esse que já era visto, injustamente, por muitos, com maus olhos), esse sim, um tipo de ensino de rigor, estruturado, integrador no tecido social, mas, pormenor não despiciendo, com trabalho por parte dos que por lá andaram.
A esses, tiro o meu chapéu "cagão"...

Sílvia Ferreira disse...

Sr. Artur (21:39), não sei qual é a realidade que conhece, mas decididamente os alunos das Novas Oportunidades (NO) não são uma excepção e muitos deles não estão afastados do ensino regular há muito tempo. Muitos deles são jovens adultos que não estiveram para se maçar no ensino regular. Antes das NO, já existia uma alternativa viável aos adultos que tinham “vontade de aprender”, o ensino recorrente por unidades capitalizáveis, no caso do ensino básico, e por módulos, no caso do ensino secundário. É uma pena que se tenham extinguido. Ao contrário de si, a mim incomoda-me que as NO contemplem um ensino sem exigência conceptual. Sem se elevar a exigência do nosso ensino, os alunos desvaforecidos vão ficar ainda mais prejudicados, não sei como e onde consegue ver nas NO a “coesão social” que tanto defende.

Fartinho da Silva disse...

Caro Artur Campos:

Quando diz:

"Não me incomoda que tenham o 12ºano sem a exigência a que fui sujeito. O que importa é que as pessoas após longos anos divorciadas do ensino, voltem às escolas e ganhem vontade em aprender."

Não o incomoda, porque não é o senhor a pagar essas validações do seu bolso...! Esquece-se é que há muita gente a trabalhar 12 horas por dia para ter um salário de miséria e que parte do seu salário serve para pagar, em impostos, mais uma enorme inutilidade - Os CNO.

Talvez, quando lhe cortarem o salário e/ou a pensão perceba que não há almoços grátis e que todos vamos pagar estas excentricidades muito giras, muito românticas e utópicas.

Rui Baptista disse...

Anónimo (18 Out.;21:30):

Eu o contrário de si, defendo que as Novas Oportunidades deviam ter vindo acompanhada, desde o princípio, da necessária qualidade, não sendo apenas um sítio onde se passam equivalências ao 12º ano.

Creio até que o facto de não ter sido seguida esta via deu azo ao seu descrédito por deixar para as calendas gregas esse desiderato ou que ele chegasse num dia de nevoeiro num país declaradamente sebastiânico.

Desculpar-me-á a crítica que faço à sua prosa como coisa “déjà vue” nos seus comentários anteriores que se assemelham a relatórios oficiais de quem defende fazenda própria justificando-a atodo o custo.

Não queria ser descaridoso para consigo. Mas a isso me obriga quando fala no final do seu comentário, “in cauda venenum”, do “horizonte de luta mesquinha a que alguns se cingem”.

Lutar pela qualidade da formação ministrada nas Novas Oportunidades é mesquinho, desculpar (ou justificar) a sua incipiente qualidade é sinal de altruísmo. Vá lá a gente compreender certos critérios!

Assim, parafraseando, Eça, do seu comentário “não me ficou a impressão de uma ideia, mas só a lembrança de uma atitude”. Uma atitude em que “não bate a bota com a perdigota”.Ou seja, o meu interlocutor, qual D.Quixote vê moinhos onde outros comentaristas vêem gigantes, ou vice-versa.

Escrever uma carta pública, devidamente assinada, dirigida ao Presidente da Republica (“Expresso”), a dar conta do clima que se vivia nas Novas Oportunidades oferece-me a garantia da boa-fé e da credibilidade de quem a subscreve. Se reparar, não foi feito qualquer desmentido oficial ao teor dessa carta. Isto quer dizer alguma coisa. Ou não?

Finalmente, insiste na coesão social promovida pelas Novas Oportunidades. Mas uma coesão em que se promove a mediocridade de uns pondo-os de braço dado com quem passa noites insones para obter o diploma do 12.º ano no ensino regular? Como explicar à nossa juventude que se deve esforçar nos estudos quando vê a seu lado indivíduos a passar-lhes à frente entrando na faculdade através das Novas Oportunidades?

Felizmente que o próprio beneficiado com este aberrante facilitismo, em prova de dignidade, foi o primeiro a reconhecer a injustiça a ele subjacente não embarcando em igualdades desiguais.

Anónimo disse...

Para Medina Carreira a iniciativa dos Ministérios da Educação e do Trabalho e da Solidariedade Social é “uma mentira” promovida pelo Governo (Rui Gaudêncio)

Convidado da tertúlia 125 minutos com, que decorreu no Casino da Figueira da Foz, Medina Carreira disse ainda que a educação em Portugal “é uma miséria” e que as escolas produzem “analfabetos”. “[O programa] Novas Oportunidades é uma trafulhice de A a Z, é uma aldrabice. Eles [os alunos] não sabem nada, nada”, argumentou Medina Carreira.

Para o antigo titular da pasta das Finanças a iniciativa dos Ministérios da Educação e do Trabalho e da Solidariedade Social, que visa alargar até ao 12.º ano a formação de jovens e adultos, é “uma mentira” promovida pelo Governo.

“[Os alunos] fazem um papel, entregam ao professor e vão-se embora. E ao fim do ano, entregam-lhe um papel a dizer que têm o nono ano [de escolaridade]. Isto é tudo uma mentira, enquanto formos governados por mentirosos e incompetentes este país não tem solução”, acusou.

As críticas de Medina Carreira estenderam-se aos estudantes que saem das escolas “e não sabem coisa nenhuma”.

“O que é que vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga”, frisou.

Defendeu um regime educativo “exigente, onde se aprenda, porque os empresários querem gente que saiba”.

Questionado pela jornalista Fátima Campos Ferreira, anfitriã da tertúlia, sobre a avaliação de professores, Medina Carreira classificou-a de “burrice”.

“Se você não avalia os alunos, como vai avaliar os professores?”, inquiriu.

Admitiu, no entanto, que os professores terão de ser avaliados, desde que exista “disciplina nas aulas, o professor tiver autoridade, programas feitos por gente inteligente e manuais capazes”, argumentou, arrancando aplausos da assistência.

In http://www.publico.pt/Educa%C3%A7%C3%A3o/medina-carreira-diz-que-programa-novas-oportunidades-e-trafulhice-e-aldrabice_1413096

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