sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Os políticos não estão a dignificar a Política


Texto de opinião recebido do nosso leitor Augusto Kuettner Magalhães:

Com estes nossos políticos isto não vai lá! Temos políticos que muito pouco prestigiam a Política, são os próprios que a têm destruído e insistem nisso, de modo a que a ideia que está já formada por grande parte de nós vá piorando a cada dia que passa.

Nos últimos dias ouvimos o candidato à Presidência da República Manuel Alegre criticar Cavaco Silva, não só pelo que ele faz e pelo que ele diz, mas, pior, por ir buscar criancinhas às escolas, para o homenagearem com bandeirinhas nacionais, em locais públicos, tal como se fazia antes 25 de Abril, com os presidentes desse tempo. Como é evidente, isto não vem nada a propósito do que quer que seja e não ajuda a uma reentrada numa campanha eleitoral para a Presidência da República. Se a intenção é desprestigiar Cavaco em vez de se prestigiar a si próprio, e em vez de dizer o que vai tentar fazer para ser melhor do que ele, para melhor defender os interesses da população, essa tentativa de puxar por minudências dos concorrentes é mesmo uma desilusão para muitos. E não chega depois vir dizer que não era bem aquilo que queria dizer. Era e caiu muito mal. Alguém com a experiência de Manuel Alegre quando diz alguma coisa é porque a queria mesmo dizer!

Por outro lado, o ministro Jorge Lacão, em vez de vir expor as suas ideias e do seu partido, vem atacar em termos desabridos o PSD e a forma como este se comporta. Ou seja, no governo não há mérito a defender? Tem mesmo de se ir atacar e minimizar os outros?

Na Assembleia da República o cenário continua a ser degradante, triste mesmo, de todos os lados, sem excepção. Os Partidos perderem totalmente a vergonha, como de resto muitas pessoas públicas e não só. Vale tudo. Nas sessões da Assembleia - transmitidas em directo, ao vivo e a cores, pela televisão - vemos ataques de um lado para o outro e vemos um ar de gozo em todos os deputados. Parece que quanto pior, melhor.

A intenção nunca é passar novas ideias, novos projectos, mas unicamente atacar o que do outro lado é dito ou feito. Não se lembrarão os deputados que estão ali por neles termos votado para nos representarem? Não se lembrarão que recebem dos nossos impostos retribuições mensais que são muito superiores ao que a maioria de nós recebe? Não se lembrarão que, se querem defender a Política, a Democracia, República, têm que ter comportamentos muito mais coerentes, muito mais construtivos, muito menos agressivos e arrogantes? O lugar de deputado serve para dignificar o País e não para mostrar que o próprio e o seu partido são agressivos e arrogantes. Pensarão eles que é essa a atitude que a população anseia dos seus respresentantes? Tentem – é dificil, eu sei, senão mesmo impossível – imaginar-se do lado de cá, do lado da população, e tentem fazer uma ideia do modo como são vistos.

Parece estarmos numa época de grande défice de bons políticos. Num momento de tremenda crise interna, a posição dos políticos – pagos pelo erário público - devia ser preservada por eles mesmos. Hoje, por exemplo, já é consensual que o lugar de governador civil não se justifica e como esse tantos outros lugares... Este raciocínio aplica-se a todos - e não são poucos - que muito recebem mensalmente para a defesa da causa pública, pagos pelos nossos impostos, directos e indirectos. Todos na Política têm a responsabilidade de se saber comportar como o seu lugar obriga. Ninguém os obrigou a ir para lá, ninguém pensa que são insubstituíveis, bem pelo contrário.

Estamos descrentes com os políticos de todos os quadrantes. Por isso, das duas uma. Ou eles fazem por dignificar os seus lugares ou, de facto, têm de passar a ser considerados um problema e não uma solução para os problemas do país e da sua população.

Augusto Kuettner Magalhães

1 comentário:

Cisfranco disse...

"Ou eles fazem por dignificar os seus lugares ou, de facto, têm de passar a ser considerados um problema e não uma solução para os problemas do país e da sua população."

Por mim, penso mesmo que eles já estão a ser um problema há muito tempo. Enchem a boca com DEMOCRACIA e conduziram o País ao estado em que se encontra. Com os boys da aparelhística partidária nos postos de comando, a receberem retribuições para que nem sequer encontro nome, para as apelidar, a não ser o de rapinagem do erário público. Então estes democratas permitem que haja leis que permitem vencimentos escandalosos, acumulação de pensões e por aí fora?! Toda essa rapinagem em ordenados que conduziu os cofres públicos à falência?! Se isto é democracia, começo a perdoar a Salazar o mal que fez pela seriedade no serviço público, ao ponto de ter uma lei que impedia que alguém ganhasse mais que ministro (ou por aí andando)Desta democracia estou eu farto até à raiz dos cabelos e o Povo também está e qualquer dia nunca se sabe se deixa de ser de brandos costumes. Porque, como a coisa está a caminhar, não se aguenta sempre...

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...