Segundo o sítio da TSF de 12 de Março passado, o primeiro-ministro português José Sócrates teria dito, durante uma viagem oficial a Cabo Verde:
«Portugal deseja ser, nos próximos meses, o primeiro país do mundo em que todas as crianças que estudam no primeiro ciclo do básico têm acesso a um computador individual. Gostaríamos imenso que Cabo Verde fosse o segundo».
Estranha aspiração esta não só de ganhar o "Campeonato Mundial do Magalhães" mas também, com a entrega de 12 000 Magalhães a Cabo Verde, de escolher quem fica em segundo. Talvez a Venezuela fique em terceiro.
Cada um deve, como é óbvio, poder escolher os campeonatos que quer ganhar. Mas eu pergunto-me: O que pensarão os países mais desenvolvidos de uma competição mundial em que os três primeiros classificados são Portugal, Cabo Verde e Venezuela?
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5 comentários:
Provavelmente na perspectiva de um estrangeiro esse grupo não tem nada de surpreendente, é o grupo natural.
Francamente, não sei responder. Mas imaginemos outra história. Os três primeiros países em que todos os putos do básico tinham acesso a um «magalhães» eram a Finlândia, a Espanha e o Canadá. (Sim, estes servem). Pergunto: o que pensaria Portugal destes países, desta competição, da sua classificação, e de si próprio, fora do pódio? Pois. Aqui já sei responder. E sabemos todos responder... :)
Este post é lamentável. Não só prossegue a simplista cacetada no governo por ele distribuir equipamentos nas escolas, como é de um preconceito sobre a republica de Cabo Verde.
Será que este pais africano não pode constar de nenhuma lista de "melhores"? E porque não? Algum fatalismo que Carlos Fiolhais veja e eu não consigo ver? è por ser africano não é?
Jorge Salema
É triste que todo e qualquer acto do Governo seja utilizado como arma de arremesso por jornalistas, oposição e comentadores, sem se perceber muitas vezes porquê.
Qual é o escândalo em investir no Ensino Básico e em Novas Tecnologias? Portugal é o país mais iletrado da Europa, o país com menor % de licenciados da zona Euro, há decadas a viver com um modelo de desenvolvimento baseado em custos baixos e em mão-de-obra intensiva. E quando se implementam programas concretos que contribuem para um novo modelo de desenvolvimento baseado nas tecnologias, para uma maior literacia (apesar do episódiozinho dos erros de Português no software) e para, acredita-se, uma maior capacitação das crianças para no futuro se integrarem num mercado de trabalho muito mais baseado em habilidades computacionais do que propriamente manuais, o que é que acontece?
É se criticado, naturalmente, porque Portugal, e especialmente o Governo, não pode fazer nada bem. Nem Cabo Verde (já com trabalho muito interessante na área da Sociedade da Informação, leiam-se por exemplo o PASI e o PAGE). E muito menos a Venezuela.
Por isso concordo em absoluto com os comentários do "paulu" e do Jorge Salema e surpreende-em o post.
Não é o fatalismo que está em causa. É a arrogância de quem quer tapar o sol com a peneira [do "primeiro computador totalmente português"].
Haja verdade (nas grandes e nas pequenas coisas) e assim poderemos acreditar e remar todos para o mesmo lado.
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