terça-feira, 17 de março de 2009

Literacia quê!?

Quando eu pensava que estava a par das inúmeras vertentes que constituem o que se designa por educação integral, holística, completa, global… que são propostas à escola (e que a escola vai acolhendo), eis que me surpreendo ao ler uma notícia do jornal Público de hoje: um educólogo duma universidade portuguesa afirma ter a intenção de propor ao Ministério da Educação “um programa inovador de literacia emocional", designado por “Se às vezes digo que as flores sorriem', pois, nas suas palavras, "a aprendizagem das emoções deve ser um imperativo básico na educação integral do indivíduo" e constitui "uma lacuna do sistema educativo".
O problema é que, por razões que já aqui aflorei, a propósito de dois textos do Carlos Fiolhais, o Ministério da Educação é bem capaz de aceitar….

5 comentários:

Fartinho da Silva disse...

A escola, os professores e os alunos foram capturados por um mar de gente que depende e/ou quer depender do Orçamento de Estado para este sector. Foram ainda capturados por um mar de gente que não tendo nada de útil para fazer procura influenciar o poder político no sentido de tornar a escola, os professores e os alunos na justificação da sua existência!

Hoje, os professores pouco trabalham para os alunos, hoje grande parte do tempo despendido pelos professores é utilizado para preencher documentos completamente inúteis e absolutamente estúpidos servindo unicamente para justificar o emprego ou a importância da pessoa A ou da pessoa B!

Se alguém acredita de forma inocente que estas pessoas, HOJE, defendem esta ou aquela ideologia está completa e absolutamente enganado!

José Meireles Graça disse...

Já lhe aconteceu, Fartinho da Silva, ler um post e ter a irreprimível vontade de fazer um comentário e, ao pretender fazê-lo, descobrir que o que queria dizer já foi dito? Aconteceu-me consigo, que disse mais e melhor do que eu diria.

Anónimo disse...

A escola quer ser moderna, ou melhor, modernaça. Logo, não pode/deve continuar a ensinar o que é suposto ser ensinado e que é conveniente que os pequenos aprendam: Mat., Fís., L. Est., Port., etc. O espaço/tempo, porém, não pode ficar vazio (horror!). Por isso, é o momento adequado para o encher com todas as patranhas, sobretudo se tiverem nomes catitas, pós-modernos.

M. Neves

Carlos Albuquerque disse...

O estudo das emoções e da sua expressão facial são áreas da psicologia. Pode-se discutir o seu interesse (que me parece que não é pouco) ou a pertinência da sua inclusão no sistema educativo em geral, mas convém não pensar que se está a propor o ensino de astrologia.

Rui leprechaun disse...

Correctíssima essa ideia da literacia emocional, cuja importância está perfeitamente a par - e possivelmente além! - da instrução nos outros saberes humanistas e científicos ministrados na escola.

Este mesmíssimo conceito foi ainda há pouco tempo abordado numa entrevista do professor universitário e economista espanhol Eduardo Punset, ao "Notícias Magazine".

A simplicíssima constatação prática de que a felicidade é a ausência de medo, e que esta emoção paralisante é incompatível com a plena vivência do amor, deveria ser mais do que suficiente para avalizar um tal programa no currículo escolar de qualquer país e a todos os níveis, desde o pré-primário ao universitário.

Neste sentido, é no mínimo estranho que uma pedagoga comente de forma tão superficial algo cuja utilidade parece indiscutível. Claro que da teoria à prática pode ir aquela diferença que converte as boas intenções num inferno de ilusões e medíocres realizações, mas a essência daquilo que é proposto parece-me consensual, de tão básico afinal.

Ou será que se defende aqui que essa não é a área de competência da escola mas sim da família, por exemplo? Não me parece salutar, e muito menos prático, dividir as áreas da educação humana em compartimentos separados - família, escola e sociedade são uma só unidade.

Por fim, a educação integral, holística, completa, global é a finalidade natural de qualquer sistema educativo completo, claro. Como se pode alcançar um tal desiderato será sem dúvida discutível, mas por certo não o princípio que lhe é subjacente.

Idem para as emoções...

Rui leprechaun

(...e as suas mil razões! :))

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