E o ensejo é oferecido de bandeja por Miguel Pignatelli Queiroz, membro do Partido Popular Monárquico (PPM) e deputado da nação eleito nas listas do Partido Social Democrata (PSD), que no jornal "As Beiras" de 24 de Março esclarece quem pudesse ter dúvidas sobre o assunto que ele... não é Deus. O inesperado esclarecimento aparece quando declara o seu voto na Assembleia da República de congratulação pela canonização de D. Nuno Álvares Pereira, misturando essa declaração com a do seu voto de pesar pelo falecimento de Nino Vieira:
"Beato Nuno de Santa Maria vai, finalmente, ser canonizado. A Assembleia da República votou a a favor de um voto de congratulação. Eu votei a favor. De mini-minorias laicistas (não ler laicas) não reza a história. Há semanas, a Assembleia votou favoravelmente um voto de pesar pelo assassinato do Presidente Vieira, da Guiné. Mas antes eu reagira mal ao ver a mesma Pessoa na Tribuna de Honra do Hemiciclo, o responsável por múltiplas atrocidades e assassínios enquanto Presidente. Como escrevi semanas, atrás,[pontuação sic] não sou juiz nem, muito menos, DEUS [maiúsculas sic]. Não me compete condenar os mortos (nem os vivos)."Sem querer ser juiz desta prosa, apenas receio que o nome de Deus tenha sido invocado em vão, ao arrepio do que manda o segundo mandamento da Igreja. Também não percebo a relação entre o Beato Nuno e o Presidente Vieira: Será uma relação de semelhança por os dois terem sido combatentes? Ou uma relação de contraste porque um vai ser santo sem ter sido mártir, enquanto o outro foi mártir sem ter sido nenhum santo?
Mas a melhor (ou a pior?) vacuidade em votos de pesar veio precisamente do PPM, há alguns anos. Em Junho de 2004 este partido divulgou um comunicado a propósito da morte em campanha do Professor António Sousa Franco, cabeça de lista do Partido Socialista ao Parlamento Europeu. O texto, com vários subscritores entre os quais o deputado Queiroz, continha preciosidades como estas:
"Não queremos nem devemos dramatizar, nem tão pouco fazer do Professor um mártir, mas a verdade é que o Professor também deveria fazer parte das pessoas que não cuidava da sua saúde. Provavelmente, não media a tensão há muito tempo. A sua morte já estava prevista" (...) "Ao mesmo tempo, estamos certos, esta foi a melhor e a mais eficiente forma do Professor dizer basta desta politiquice e dos politiqueiros que a alimentam".Para quem não acreditar, a notícia da agência Lusa transcrevendo o comunicado do PPM vem aqui. Convenhamos que, como vacuidade, este último excerto é mesmo difícil de bater por muito que alguém se esforce!
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