domingo, 8 de março de 2009
A IGNORÂNCIA NA INSTRUÇÃO PÚBLICA
A inacreditável escrita da Directora Regional do Norte (que, sem nenhuma vergonha, já admitiu ser a autora das cartas que aparecem com o seu nome) e dos autores e revisores dos programas do "Magalhães" (distribuído a esmo e, também sem vergonha, pelo Ministério da Educação aos inocentes petizes) levaram-me a reler o Eça. Leia-se o que escreve em "Os Maias" sobre a ignorância necessária para se ser funcionário no Ministério da Instrução Pública:
"Carlos e Ega foram os derradeiros a sair, depois de um brandy and soda, de que a condessa partilhou, como inglesa forte. E em baixo, no pátio, acabando de abotoar o paletó, Carlos pôde enfim soltar a pergunta que lhe faiscara nos lábios toda a noite:
— Ó Ega, quem é aquele homem, aquele Sousa Neto, que quis saber se em Inglaterra havia também literatura?
Ega olhou-o com espanto:
— Pois não adivinhaste? Não deduziste logo? Não viste imediatamente quem neste país é capaz de fazer essa pergunta?
— Não sei... Há tanta gente capaz...
E o Ega radiante:
— Oficial superior de uma grande repartição do Estado!
— De qual?
— Ora de qual! De qual há-ser?... Da Instrução Pública!"
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3 comentários:
Certeiro. O nosso Eça continua, infelizmente, actual.
Quando, em nosso tempo, há professores que escrevem,por sistema, em requerimentos, "Senhor presidente do 'Concelho' Directivo", nada já me espanta!O Eça, infelizmente, sempre actual nas suas críticas sociais. Ele e Ramalho, seu "compagnon de route",ambos a farpear, sem dó nem piedade, a "Velha Tolice Humana" que, para eles, tinha cabeça de Touro.
Citação muito apropriada!
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