quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O Gato de Schrödinger

«Podemos mesmo considerar casos muito ridículos. Um gato é colocado numa câmara de aço, juntamente com o seguinte dispositivo diabólico (com o qual o gato não pode, de modo algum, interferir): num contador geiger há uma pequena quantidade de substância radioactiva, tão pequena que a probabilidade de decaimento, durante uma hora, é apenas de 50 por cento. Se um átomo decair, o contador dispara e liberta um martelo, que parte um pequeno frasco com ácido cianídrico.

Se não tocarmos no sistema durante uma hora, diríamos que o gato ainda está vivo, se nenhum átomo decaiu. O primeiro decaimento atómico teria envenenado o gato. A função Ψ para o sistema global deveria expressar este facto, contendo em si as componentes gato vivo e gato morto (perdoem a expressão) misturadas ou sobrepostas em partes iguais».

«É típico, destes casos, que uma indeterminação originariamente restrita ao domínio atómico, se transforme numa indeterminação macroscópica, que pode então ser resolvida pela observação directa. Em si, não contém nada de contraditório ou pouco claro. Há uma diferença entre uma fotografia tremida ou desfocada e um instantâneo de umas nuvens ou bancos de nevoeiro.»

E. Schrödinger, Naturwiss. 23 807, (1935), traduzido para inglês in «Quantum Theory and Measurement'», ed J.A. Wheeler and W.H. Zurek, Princeton Univ Press (1983).

Embora destinado principalmente a químicos, o livro «Introdução à química quântica computacional», publicado pela ISTPress, do nosso colaborador Luís Alcácer, pela simplicidade com que aborda assuntos complexos, é um livro que vale a pena ler. De facto, o seu público alargado inclui todos os que têm interesse em adquirir ou aprofundar conhecimentos sobre física e química quânticas numa perspectiva moderna e interdisciplinar.

Os interessados podem ainda aceder a alguns capítulos do livro na página do autor.

31 comentários:

Anónimo disse...

Uma curiosidade, gostaria que alguém confirmasse.

Posts como este que apresenta sem ser em versão romanceada uma história que já todos ouviram falar, o Gato de Schrodinger, que levanta muitas questões, têm menos de 10 comentários

Em contraste, que eu tenha dado por ela só há dois posts com mais de 100 comentários. Sem surpresas, os comentários versam sobre religião (um dos posts não):

Será razoável acreditar em deuses sem provas? 104 comentários

Criacionismo = Desonestidade intelectual 103 comentários, até agora, cheira-me que não vai ficar por aqui...

Olhando para as estatísticas do blog, 696 posts, a maioria sobre ciência, com muito poucos comentários. Há 55 sobre religião e 52 sobre criacionismo com o grosso dos comentários. Nos posts sobre criacionismo, os beatos queixam-se que há poucos posts sobre ciência (151) - mais biologia (46), física (30), evolução( 25), química (52) -

Dá que pensar, hem?

Anónimo disse...

Esqueci-me nas estatísticas dos 90 posts sobre divulgação de ciência, como este, e dos 87 posts sobre História das Ciências...

Tárique disse...

Há que enviar um exemplar à Angela Merkel.

Anónimo disse...

Estimado João Paulo

A política editorial deste blogue é definida pelos seus autores, não me preocupa absolutamente nada.

Em relação a este post, em concreto, segui o link indicado pela Prof. Palmira Silva e deparei com um capítulo do livro cheio de equações matemáticas de alto gabarito. Pessoas leigas como eu, que só tiveram física ou química no antigo liceu, não têm bagagem científica para ler o livro.

Dirá que em vez de ver a Sport TV eu deveria estuar química quântica. É uma opção de vida, sem dúvida. Vou pensar nela.

Estou disponível para ser catequizado em termos científicos.

Se a Joana e a Rita me derem aulas de Biologia e a Prof. Palmira aceitar dar-me aulas de química básica, seguida de química geral e finalmente química quântica estou disponível. Basta combinarem a hora e o local.

Anónimo disse...

Se o Parente lesse o texto e ignorasse as equações se calhar percebia alguma coisa. Pelo menos percebia que se calhar um professor de Direito mandar bitaites sobre coisas que não percebe nada é um bocadinho demais.

O Jónatas Machado que o Parente defende com unhas e dentes manda bitaites que por serem bitaites soam bem a quem não tem bagagem científica para perceber as barbaridades que ele diz.

Quem tem essa bagagem, fica tão horrorizado como ficaria se o Parente resolvesse mandar uns bitaites sobre química quântica computacional.

Sobre biologia não percebo, mas o JM arrota postas de pescada sobre teoria da informação que percebo. É impossível "rebater" essas postas de pescada porque não têm sentido.

Como é que se explica a um tipo que nunca ouviu falar em entropia de Shannon que as confusões que ele faz entre entropia na termodinâmica e entropia em teoria da informação são completamente patetas?

Para explicar o que é a entropia de Shannon tem que ler um livro recheadinho de equações matemáticas de alto gabarito...

Anónimo disse...

Esqueci-me de dizer que as postas de pescada do JM para além de patetas são patéticas...

Anónimo disse...

Estimado João Paulo

O Parente não defende as teorias criacionistas do Jónatas Machado.

O Parente defende um anónimo que algumas pessoas atacam profissionalmente por defender o criacionismo. O Parente faz isso porque considera errado que alguém seja penalizado por causa das suas ideias religiosas e filosóficas.

O Parente rasgaria a roupa em defesa da Prof. Palmira, da Joana e da Rita, se alguma delas fosse penalizada profissionalmente por escreverem ou comentarem num blogue.

Claro que há limites para o rasgar a roupa e o Parente não pode ir a todas as lutas dado que o guarda-roupa é limitado e o dinheiro é um bem escasso.

Sobre mandar bitaites sobre coisas que não entendemos, penso que escritores e comentadores estão todos em igualdade de circunstâncias. Tal como o anónimo escreve sobre biologia, há quem escreva sobre religião como se fosse um reputado teólogo, quem fale sobre filosofia como se tivesse um pós-doutoramento, etc.

O diálogo seria impossível se cada um falasse sobre os assuntos em que é especialista.

Por exemplo, a Prof. Palmira nunca poderia falar sobre História e Religião porque é especialista em Química, etc.

Para que os posts sobre ciência sejam legíveis e comentáveis por leigos como o Parente e outros beatos e não beatos afins, que humildemente aqui aparecem sedentos da água desta magnífica fonte cientifica, é necessário tornar simples coisas aparentemente difíceis.

Mestres nessa arte são, por exemplo, o Jorge Buescu, na minha opinião o melhor escritor de divulgação científica que existe em Portugal,o Desidério Murcho na área da filosofia ou a Helena Damião na área da educação, sem desmérito para os outros escritores.

O João Paulo sabe que eu gosto de ler a Prof. Palmira Silva apesar de cairem raios e trovões quando esporadicamente nos encontramos na caixa de comentários. Aprecio a sua inteligência, cultura, capacidade de absorver e processar informação, para além da paixão com que escreve e defende o que lhe parece certo em temas polémicos.

Todavia, um post deste tipo só é acessível a quem perceba do assunto. Eu tinha lido sobre física quântica e agora descubro uma química quântica computacional. Fiquei abismado. Conhecia o gato mas, veja lá a minha ignorância, sempre pensei que o animal fosse um problema da física e não da química quântica. Seria interessante explicarem-me o que é isso, para que serve, etc. Talvez eu trocasse um Académica versus Leixóes na Sport TV pela descoberta da química.

Enquanto isso não suceder os posts sobre criacionismo terão sempre mais comentários do que os de ciência.

E não ajuda intimidar um beato como eu ao afirmar que "Para explicar o que é a entropia de Shannon tem que ler um livro recheadinho de equações matemáticas de alto gabarito...".

Com isto o João Paulo pede-me fé na ciência e nos cientistas. Quer que eu acredite piamente neles sem perceber do que falam. Podem-se enganar nas equações matemáticas de alto gabarito que eu nunca perceberei onde está o erro. Dir-me-à que os pares, etcetera e tal, confirmam as teorias uns dos outros, etecetera e tal, mas como posso não acreditar que um grupo de cientistas forme uma seita para dominar o mundo?

P.S. - Este comentário tem alguns laivos de ironia, nomeadamente a meio do texto e na pergunta final.

Luís Bugalhão disse...

bom joão paulo. muito bom.

mas o prob levantado por si no comentário inicial mantém-se.

será que o que gostamos é de polémicas?

será que há demasiada gente que, mesmo bem intencionada, não consegue ler os textos de pista vermelha (como fazia o hubert reeves nos seus livros)?

será que temas com implicações sociais e políticas tão grandes, como os candentes temas aqui postados usualmente, são debatidos pouco profundamente por falta de preparação dos comentadores?

a resposta a estas questões remete-nos para a iliteracia matemática e científica que grassa nas nossas elites (como se vê pelo AP e pelo JM).

quando, como eu, aparece alguém que se interessa pelos assuntos mas não está adequadamente preparado, como participar no debate?

prefiro, quase sempre, beber e manter-me calado até estar a um nível mínimo (as pistas verdes do HR) para então conversar.

a não ser assim é só 'bitaites'. mas o reverso desta postura é o fraco número de comentários a temas que não tragam polémica e que requeiram algum conhecimento.

de qq modo, já estive a 'folhear' o livro, e não acho que se trate de nenhum texto hermético, cheio de simbolismos metafísicos, ou coisa que o valha, do tipo, por exemplo, da biblia, que passa por ser o livro mais lido do mundo.

há que manter os temas difíceis em cima. sempre. se não estamos preparados, estaremos no futuro. um futuro que se exige de curto prazo. só que...

a incerteza é complicada de gerir quando falamos de física e química. não é intuitiva. mas ainda hoje, séculos depois de Newton, o senso comum acha inconcebível que, no vácuo, uma bola de chumbo 'caia' tão depressa como uma pena!

há que insistir. e não desistir. e não deixar que todos os temas (de)caiam para a discussão estéril com os religiosos e os criacionistas (ou seja, não cair no mm erro que eu estou a cair agora).

abraço

Anónimo disse...

Luís Bugalhão

Permita-me que lhe dirija a palavra e faça uma pequena correcção. Não pertenço a uma "elite". Faço parte do povo simples.

Quanto ao resto do que escreveu, este beato não tem tempo para estudar, em simultâneo e a tempo inteiro, matemática, física, química e biologia. O que fazer? Aceito conselhos, quero progredir.

Bruce Lóse disse...

António Parente,

Conforme solicitado, segue um conselho. Aprenda uma boa parte de química descobrindo maquinetas fabulosas:

"Métodos Instrumentais Para Análise de Soluções", de Maria de Lurdes Gonçalves.
(livro perigosamente parecido com o "Principles of Instrumental Analysis" de D.A. Skoog, mas isso é outra história)

Unknown disse...

João Paulo:

Muitos parabéns pelo teu comentário! É mesmo isso, as bacoradas que o JM escreve são complicadas de desmontar porque a ignorância de ciência do senhor é total.

Como é que se explica a um fulano que não sabe as coisas mais básicas de genética que os disparates que escreve são tão imbecis que uma pessoa nem sabe por onde começar?

Manda-se o senhor estudar Tandem repeats, por exemplo, que são uma fonte de diversidade morfológica? Explica-se que as alucinações dele sobre o junk DNA são alucinações? Que há muito se sabe que são a principal fonte de diversidade morfológica, nas cis regulatory regions; que são partes do DNA fora das regiões codificantes e que são responsáveis por ligar e desligar genes?

Saberá o senhor o que é etologia? Evolução de comportamento através de selecção natural?

Para o AP não dizer que não aprende nada comigo explico o que quero dizer :))))

Unknown disse...

A Maria vai de manhã a andar pela rua, quando espreita para uma montra de pastelaria. Porque ainda não tomou o pequeno-almoço e se sente com fome, responde a este estímulo-sinal com o comportamento apetitivo de entrar no estabelecimento e comprar uma fatia de bolo de chocolate e noz. Concretiza este comportamento sentando-se a comre o bolo, no que é o acto consumatório.

Pode dizer-se que este acto segue um Padrão Fixo de Acção; que é um movimento estereotipado (de alimentação) característico da nossa espécie. Mas mais correctamente, diríamos que se trata dum Padrão Modal de Açcão, uma vez que a reacção ao estímulo “bolo” varia estatisticamente de acordo com a conjuntura de referências ambientais e fisiológicas.

Sem que saiba, a Maria está grávida de um mês e o embrião que tem implantado no útero altera o seu equilíbrio interno – enviando hormonas para o sangue da mãe. Por isso, com este comportamento a Maria está na realidade a responder a dois estímulos (um visual e o outro interno) que se adicionam de acordo com a Lei da Somação Heterogénea de Lawrence.

O que permite à Maria responder ao estímulo (externo) do meio é o seu sistema nervoso – mais concretamente, a via neuronal que lhe permite desencadear esta resposta específica, cumprindo desta forma um mecanismo desencadeador inato. A resposta que tem é controlada pela pulsão que a impele a entrar na pastelaria, e esta por sua vez corresponde à energia que o seu corpo tem especificamente acumulada para este comportamento – energia específica de acção.

Dois dias mais tarde, levanta-se mal disposta e acaba por vomitar na casa de banho. Pensa tratar-se dum comportamento deslocado de ansiedade, em relação à reunião importante que teve a seu cargo na tarde anterior. E quando começa a chorar a meio da tarde, sem razão aparente, considera-o um comportamento no vazio – porque na sua opinião não ocorreu nenhum estímulo ambiental que a tenha levado a isso.

Unknown disse...

Mas também discorrer como o início da simbiose induz a morte celular na superfície epitelial ciliada do órgão luminoso e dizer que a superfície ventral do órgão luminoso incipiente de Euprymna scolopes recém-eclodidos é composta em grande parte por um epitélio ciliado, bem como por um par de apêndices anterior e outro porterior. E que outro aspecto deste epitélio ciliado é ter uma crista pronunciada com cílios alongados, ao longo da fronteira entre o epitélio ciliado estratificado e o epitélio não ciliado escamoso à superfície do órgão luminoso.

Ou ainda que passadas 24 horas após a inoculação com o simbionte V. fischeri, a crista ciliada tinha regredido quase completamente, tendo sido substituída por epitélio não ciliado. Os juvenis que eram mantidos em condições axénicas (estéreis) durante 24 horas tinham no entanto órgãos luminosos indistinguíveis dos de juvenis recém-eclodidos. Nestes juvenis axénicos de 24 horas, as cristas ciliadas eram muito proeminentes.

Percebeu alguma coisa? Espero que tenha percebido pelo menos que é complicado falar de coisas específicas para um público que está a leste do paraíso. Há muitos livros básicos de biologia para estudar, o Desidério está fartinho de recomendar livros básicos de filosofia para não incorrerem, p.e., nos erros infantis do Alef.

O DRN é um blog fantástico porque os seus colaboradores explicam coisas complicadas de forma que eu não sou capaz de fazer. Mas não podem ensinar num blog toda a filosofia, químic, física, matemática, etc..

Unknown disse...

Já agora os exemplos que escrevi são matéria básica de Biologia que aprendemos nos primeiros anos da Faculdade (tirei os textos dos meus apontamentos de aluna).

Se eu escrevesse alguma coisa sobre o que faço seria tão inteligível para o AP como as equações matemáticas de alto gabarito do livro do professor Alcácer (que por acaso é muito acessível. Gostei do bocadinho que li :)

Anónimo disse...

Rita

Obrigado pela sua explicação e deixe-me que lhe diga que me identifico parcialmente com a Maria.

Sigo exactamente o mesmo comportamento da Maria (será que também toma a bica?), isto é, como o dito bolo de chocolate com noz numa pastelaria na Avenida da Liberdade, aí pelas 7 e mais, 8 da manhã. O problema e a diferença em relação à Maria é que não me sinto grávido. O meu abdómen está substancialmente aumentado em volume mas tenho a certeza que é obesidade pura.

De qualquer modo agradeço-lhe a explicação e estou sempre aberto a aprender.

E continuo disponível para umas aulas particulares, consigo e com a Joana.

Em relação ao Jónatas Machado não perecebo porque é que a Joana e a Rita não cientificam a discussão. Pelo que escreveu parece-me que têm competência intelectual para isso. Em vez de "espancarem" sistematicamente o Jónatas davam-lhe um correctivo intelectual e terminariam com uma sessão de GAM (o Bruce explica-lhes o que é isto). Pegavam nos argumentos do Jónatas e retalhavam-nos em bocadinhos. O Prof. Carlos Fiolhais dá umas pauladas na astrologia e no reiki de vez em quando e não lhe vejo os parentes na lama por causa disso.

Anónimo disse...

Obrigado, Bruce, pela sugestão.

Anónimo disse...

Rita

Conte-me o que faz, ajude-me a progredir. Posso continuar beato mas nas reuniões da paróquia terei armas intelectuais para combater o criacionismo de um modo inteiramente científico.

De qualquer modo, vou comprar os livros de física, química e biologia do ensino secundário. sempre recordo e reaprendo alguma coisa.

Luís Bugalhão disse...

rita,

aqui está um comentário importante, na medida em que, abstraindo-nos do jargão técnico e das referências aos autores, coloca o problema em palavras simples e compreensíveis por todos (sendo estes todos, os que atingiram o mínimo de conhecimentos para poder entender e opinar). mm pelos beatos (olá AP, bem vindo ao clube dos simples cidadãos ou, folgo em 'conhecer' um par), mm pelos que só têm o ensino secundário, mm pelos não doutorados, mm pelos não prof's universitários.

não deverá haver queixas desta vez. agora o que interessa é falar do que interessa. e que é, que fazer para que este post seja comentado com palavras relacionadas com ele?

aqui está. cumps

Anónimo disse...

Talvez explicar o que é a química quântica computacional numa descrição literária, sem jargão matemático, com exemplos simples da vida quotidiana e traduzindo termos técnicos em (decaimento, por exemplo) em termos mais simples.

Bruce Lóse disse...

António Parente,

Estou-lhe a falar a sério! Não acredito que não tenha uma curiosidade autêntica sobre os princípios abordados no "capítulo" da química de que lhe falo. Vá por esta sugestão "mefistofélica".

Unknown disse...

Caro Luís Bugalhão:

Eu sou bióloga, não percebo nada de quântica a não ser a um nível muito básico e mesmo isso com a ajuda do blog - posts e comentários.

Uma das coisas boas do DRN é que atrai - com excepções, normalmente beatada - os comentadores mais interessantes da blogosfera. Pode aprender-se muito neste espaço de debate.

Lançava o desafio aos físicos para explicarem o gato de schrodinger, que a mim me venderam como um paradoxo. Pelo que percebi finalmente ao ler o texto original de Schrodinger não é paradoxo nenhum mas gostava de saber então porque há tantas lendas urbanas sobre o gato (que não é fedorento)!

Anónimo disse...

Rita

Ui! Agora fiquei melindrado! Sendo eu beato, sou desinteressante?! Fiquei muito ofendido! Vou-me embora, já, já! Deixo o blog para as elites científicas!

Bruce

pesquisei na webboom e na bertrand e não encontrei nada.

Unknown disse...

Em relação ao Jónatas Machado é impossível "cientificar" o que quer que seja, veja lá se percebe.

Ele não tem argumentos, faz "quote mining" de textos científicos que que depois de colados (com muita saliva retórica) são uma salganhada sem sentido.

Aprender um bocadinho que seja de biologia é quanto basta para "arrumar" o paleio do Jónatas Machado. Ler o conteúdo de qualquer cadeirita do 1º ano de Biologia é suficiente para se ficar a rir com as palermices dele.

Imagino que o mesmo seja verdade para teoria da informação, física, geologia, química, etc...

Bruce Lóse disse...

AP,

pois... o livro é da Gulbenkian. Lapso meu. Talvez o Prof. Natura organize um pique-nique em Belém para os comentadores e eu empresto-lho.

Anónimo disse...

Obrigado. Costumo ir almoçar perto da Gulbenkian de vez em quando. Vou procurá-lo ou então esperamos pelo pique-nique.

Luís Bugalhão disse...

caro AP

tentar explicar? num blog?

será uma boa ideia mas, penso eu de que, melhor ainda é a malta (povo simples) procurar instruir-se. presumo que o sr. compreenderá o que quero dizer.

é que ninguém conhece toda a Lei, mas tem que viver com ela. não pode argumentar com o desconhecimento da Lei para se safar à punição. então pq é que, aqui, tem que haver alguém a explicar a um comentador a matéria, para que depois ele possa opinar com autoridade (mínima, nada de experts)?

penso que deve ser ao contrário. quando se mete em apertos, já tem que ter a barriga pronta para caldos (eu sei que, pelo menos neste jargão, o sr entender-me-á. é sabedoria do 'pobão').

é que esta é uma matéria que não pertence ao domínio do intuitivo (e peço desculpa pela repetição de argumentos). quem não souber a língua, não pode falar e ler turco (p. ex.). sem conhecer a matemática , única linguagem universal, aqui e em qq nebulosa distante, torna-se difícil explicar a Natureza.

e é aqui que a coisa começa a fraquejar, uma vez que os nossos infantes não são educados para terem espírito crítico, para serem cépticos, e logo, gostam mais das coisas pela rama. ir mais fundo dá trabalho, derrota convicções, enfim, é desconfortável. se não os educarmos para isso, nunca serão cidadãos completos, pois estarão sempre a ser 'esclarecidos' por padres (ou religiosos de qq deus), por prof's educados como eles, ou, pior ainda, por políticos como o sr. Lemos, que até é uma espécie de encarregado do nosso ensino até ao 12º ano.

tá a ver pq é que, às vezes, não há pachorra para aturar bitaites?

no hard feelings, continuemos na senda do diálogo e da aceitação, sem esquecer que 'quem sabe da tenda é o tendeiro'. e que, se chamamos barraca à tenda, os campistas (tendeiros) não estão para falar a ... mal vestidos. nas tendas, bem entendido.

cumps

Anónimo disse...

Caro Luís Bugalhão

Sei que um blogue tem limitações mas há pessoas que podem simplificar assuntos complicados, têm um extraordinário poder de síntese e conseguem despertar a atenção dos leitores para temas desconhecidos.

Dou-lhe um exemplo: Desidério Murcho. Falou uma vez no blogue de lógica modal. Não desenvolveu muito o tema mas teve a capacidade de estimular o "apetite" e eu interessei-me, investiguei, e hoje dedico uma hora do meu tempo livre, por dia, a estudar o assunto.

Quando vi o post da Prof. Palmira fiquei curioso. Segui o link, vi um capítulo e desinteressei-me imediatamente. Demoraria imenso tempo (meses ou anos) a perceber o texto na sua totalidade. E para que me interessa a química quântica? Não faço a mínima ideia. Sendo o tempo um recurso escasso, tenho de fazer opções. Naquele momento decidi passar adiante.

Em relação à religião, não concordo consigo, como deve calcular, mas não vou comentar.

Quanto ao seu parágrafo final, penso que é demasiado elitista. Se fosse levado à letra ninguém comentaria nada nem daria atenção aos posts sobre religião. Não me parece que no blogue exista uma autoridade na matéria...

Cumprimentos,

Luis Alcacer disse...

O paradoxo do gato de Schrödinger foi uma chamada de atenção do próprio Schrödinger, a que algo não estava bem explicado na mecânica quântica. Resulta de querer "medir" (tirar conclusões sobre) um sistema esquecendo que ele faz parte de um sistema maior (formado por duas partes). Neste caso, uma das partes é um átomo radioactivo e a outra é um gato. O átomo e a sua radioactividade (emissão de partículas alfa, por exemplo) é um sistema só descrito cabalmente pela mecânica quântica. Um dos mistérios da natureza é o de a emissão de partículas alfa ser um fenómeno completamente aleatório — afinal parece que Deus sempre joga aos dados! Por outras palavras, sabe-se que numa certa quantidade de substância metade dos átomos emite partículas alfa ao fim de um tempo conhecido com muita precisão, mas é impossível prever em que instante um dado átomo emite a sua partícula alfa. O átomo tem que ser tratado como um sistema quântico, e deve ser descrito por uma entidade matemática — a função de onda — que não tem significado físico. Quando muito, o seu quadrado tem o significado de uma probabilidade. Por outro lado, o gato pode ser descrito pelas leis da física clássica. Em princípio, para descrever formalmente essa situação deveríamos resolver a equação de Schödinger para o sistema (átomo+gato) para não incluir já o observador e o resto do universo. Na interpretação da Escola de Copenhaga (sobretudo dos seguidores de Bohr) o problema é resolvido, admitindo (sem demonstração formal) que o átomo deveria ser descrito pelas equações da mecânica quântica, e o gato pelas da física clássica. Essa proposta levantou, naturalmente muitas objecções, como, por exemplo, a de saber qual o tamanho mínimo que o sistema clássico deve ter para não ser tratado como um objecto quântico.
A teoria quântica é uma das teorias mais belas da física e as suas previsões de grande exactidão, quando é possível resolver as equações. Para dar um exemplo, o valor de uma dada grandeza (o chamado factor de Landé), que numa primeira aproximação tem o valor 2, tem nos desenvolvimentos experimentais e teóricos mais recentes o valor 2,00231911±0,00000006. A precisão com que este valor pode ser calculado é da ordem da espessura de um cabelo na distância Lisboa - Nova York.
Porque os sistemas reais são muito complexos, como é o caso das moléculas da química, é necessário fazer muitas aproximações e recorrer a uso de computadores. Actualmente existe muito software de química quântica que pode ser usado em computadores pessoais e que pode ser de grande utilidade para os químicos na previsão de propriedades e para o design de novas substâncias, como por exemplo, produtos farmacêuticos.

Luis Alcacer

Joana disse...

Muito obrigado pela explicação, professor Alcácer :)

Do paradoxo do gato de schrodinger e pela da quântica computacional.

Eu já usei uns programas de docking mas ensinaram-me só a usar os programas, não faço ideia como funcionam, sei usar os comandos e mais nada.

Como proteínas são moléculas parece que já usei sem saber química quântica computacional :)

Anónimo disse...

Sugiro que o De Rerum Natura contrate o Prof. Alcácer.

Anónimo disse...

Também agradeço a explicação. O tempo tem-me faltado para acompanhar estas discussões, se bem que até gostasse. Mas considero-me leiga em ciência, embora esteja de momento a processar para um artigo um livro sobre ciência que é bastante interessante no momento actual. O título é: «a ecologia do saber. Excursões a uma paisagem ameaçada», e o autor é amigo de um físico alemão, Hans Peter Dürr, que o influenciou. Sim, Dürr enviou-me certa vez um artigo sobre mecânica quântica (é discípulo de Heisenberg). Teria de ir ver onde o pus, e agora não posso!
Toda a discussão que vos ocupa aqui está muito bem explicada nesse livro que estou a ler. Mas eu leio-o e depois páro... Ando nisto há que tempos, e a verdade é que não me queixo desta lentidão. Não é sobre física ou química quântica, propriamente, mas antes sobre a questão da ciência e do saber, no momento actual. O livro (que não, não dá respostas!) está nessa língua maravilhosa que é o alemão, e além disso a gente não anda à velocidade da luz quando se trata de pensar aprofundadamente coisas completamente novas, e, por isso, inacabadas. Em tempo real, ou seja, vendo as coisas em que estamos a pensar a acontecer estonteantemente à nossa volta.
Bom, e por falar nisso: tenho de ir acabar o tal artigo. Gostei de passar por aqui, muito embora não o devesse ter feito.
Abraço
Adelaide Chichorro Ferreira

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