Na sua generalidade, os documentos curriculares oficiais relativos ao Ensino Básico recomendam metodologias que apelem “ao intercâmbio de experiências vividas pelos alunos e à sua participação, individual e colectiva, na vida da turma, da escola e da comunidade” e que rentabilizem “questões emergentes do quotidiano e da vida dos alunos” (por exemplo, Decreto-Lei 6/2001 de 18 de Janeiro; Ministério da Educação, 2000, 2001).
As orientações da tutela têm – como, aliás, devem ter – repercussões a diversos níveis, nomeadamente ao nível da construção dos manuais escolares.
Folheando diversos manuais para esse nível de ensino, percebi que a referida recomendação é amplamente seguida, e que na área curricular disciplinar designada por Formação Cívica é, com algumas excepções, dominante.
Para ter uma noção mais precisa do que acabei de afirmar, analisei com detalhe alguns manuais que foram publicados na sequência da Reorganização Curricular do Ensino Básico (2001) e que são, sublinho, de adopção facultativa nas escolas.
Sem recusar valor educativo a algumas das fichas que compõem esses manuais, devo dizer que grande parte delas leva ao extremo a dita metodologia, apelando directa e despudoradamente a aspectos que envolvem a privacidade e intimidade dos alunos.
Pede-se-lhes, por exemplo, que façam uma lista das suas qualidades e defeitos pessoais; que enunciem os seus hábitos alimentares e de higiene; que refiram o programa de televisão seu preferido. A isto segue-se a recomendação de partilha e discussão com colegas e professor.
As orientações da tutela têm – como, aliás, devem ter – repercussões a diversos níveis, nomeadamente ao nível da construção dos manuais escolares.
Folheando diversos manuais para esse nível de ensino, percebi que a referida recomendação é amplamente seguida, e que na área curricular disciplinar designada por Formação Cívica é, com algumas excepções, dominante.
Para ter uma noção mais precisa do que acabei de afirmar, analisei com detalhe alguns manuais que foram publicados na sequência da Reorganização Curricular do Ensino Básico (2001) e que são, sublinho, de adopção facultativa nas escolas.
Sem recusar valor educativo a algumas das fichas que compõem esses manuais, devo dizer que grande parte delas leva ao extremo a dita metodologia, apelando directa e despudoradamente a aspectos que envolvem a privacidade e intimidade dos alunos.
Pede-se-lhes, por exemplo, que façam uma lista das suas qualidades e defeitos pessoais; que enunciem os seus hábitos alimentares e de higiene; que refiram o programa de televisão seu preferido. A isto segue-se a recomendação de partilha e discussão com colegas e professor.
Tratar-se-á de pedidos inofensivos a que todos os alunos poderão atender sem problemas? Mesmo sem se aprofundar muito a reflexão, com facilidade se percebe que não. Na verdade, os professores com alguma sensibilidade podem constatar que certos alunos têm dificuldade em expor-se no plano pessoal; que outros não têm asseguradas, por razões económicas e sociais, as condições de alimentação e de higiene, nem depende de si melhorá-las. Por outro lado, aquilo que cada aluno vê na televisão, na sua casa, não diz directamente respeito à escola.
Entenda-se que, com esta observação, não recuso o dever da escola incentivar, sempre com grande sensatez, a participação construtiva de todos os alunos, de os esclarecer sobre questões de alimentação e de higiene, e de os tornar selectivos em relação a opções estéticas e culturais. Porém, tudo isto pode fazer-se sem colocar cada um numa situação potencialmente delicada e constrangedora.
Devo dizer que os exercícios acima referidos tornam-se inofensivos quando comparados com outros que solicitam os alunos a completar frases como a seguinte: “O meu maior problema neste momento é...”; ou a preencher a árvore genealógica da família e a referir o aniversário dos vários membros; a descrever e caracterizar a sua habitação; a declarar o seu estado de saúde e dos seus familiares directos; a dissertar sobre as suas relações sociais e comportamentos que delas decorrem; ou a esclarecer como ocupam os tempos livres.
Só um grande grau de ingenuidade permite supor que todos os alunos serão sinceros e darão a conhecer aspectos da sua vida e do contexto que a envolve. O mais provável e, assinalamos, o mais desejável é que contornem as perguntas e apresentem a versão que acham socialmente desejável. Os que assim procederem terão feito uma aprendizagem crucial: que existe uma diferença entre o que podemos partilhar com os outros e o que desejamos guardar para nós; entre o que podemos partilhar com pessoas próximas e o que não queremos partilhar com as demais.
Por outro lado, vislumbra-se o melindre que certas perguntas, reportadas a experiências individuais, podem causar à criança ou ao jovem mais comum. Na verdade, todas as famílias têm as suas histórias e peculiaridades, que certamente não gostam de saber transportados para uma sala de aula. Se avançarmos no nosso raciocínio e nos concentrarmos em alunos com problemas graves de ordem familiar, económica, de saúde, de justiça ou outros, percebemos melhor a inadequação de tal abordagem. A este propósito não posso deixar de citar Philippe Perrenoud (1995, 183-184), pela clareza com que se debruça sobre esta problemática:
[assuntos] "que dizem respeito à maneira de se estar no mundo e com os outros. Avançamos aí num terreno bastante movediço (…) até que ponto teremos o direito de pedir a alguém para se exprimir, expor as suas ideias, confessar as suas preferências, declarar os seus sentimentos e os seus valores? O diálogo mais fácil de desencadear gira à volta de temas como o dinheiro, a violência, a televisão, o racismo, a saúde, o consumo, a alimentação, os tempos livres. Ora, em todos estes temas, os alunos estão solidários com os valores familiares e têm experiências por vezes dolorosas, que umas vezes têm desejo de guardar para si e outras de falar em excesso sobre elas (Bain 1991). As pedagogias mais activas e interactivas podem colocar uma parte dos alunos em dificuldades, visto que lhes pedem para falar sobre temas que são extremamente pessoais, que não têm nada a ver com a escola.”Paralelamente à questão ético-relacional que aflorei, parece-me haver outra de importância equivalente: as abordagens metodológicas que apelam às experiências de vida mostram uma verdadeira eficácia pedagógico-didáctica ao nível da aquisição de competências cívicas ou constituem sugestões, mais ou menos bem intencionadas, que emergem do senso-comum elevado a teoria? Por palavras mais simples, os alunos adquirem mais e melhores competências cívicas se o ensino que lhes é proporcionado for contextualizado no seu quotidiano afectivo e relacional?
Atendendo ao estado actual do conhecimento, penso que ainda não é possível avançar uma resposta segura. Estudos realizados nos domínios da Psicologia e da Pedagogia têm proporcionado saberes importantes que esclarecem o processo de aprendizagem, devendo, por isso mesmo, ser tidos em conta quando se organiza, desenvolve e avalia o currículo, mas esses estudos reportam-se sobretudo às aprendizagens académicas de carácter disciplinar, estando as aprendizagens de atitudes envoltas num grande desconhecimento. Vítor Trindade (1996, 28), coloca o problema nos seguintes termos:
“A controvérsia que se levanta na aprendizagem das atitudes é a de saber que tipo de aprendizagem é a mais eficaz, se a proveniente de modo directo, de processos experimentais e experienciais, se a de processos vicários. A investigação não tem ainda, que conheçamos, resposta para esta questão (…).De modo complementar, é legítimo fazer uma pergunta algo incómoda: o que aprendem realmente os alunos quando o ensino que lhes é proporcionado incide na exploração das suas vivências individuais e colectivas, ainda que estas sejam devidamente localizadas na vida da turma, da escola e da comunidade?
Explico melhor: mesmo que concedamos o benefício da dúvida a tal metodologia e admitamos que poderá ter alguma eficácia pedagógica, não podemos deixar de conjecturar que a sua utilização, exclusiva ou predominante, pelo facto de fazer apelo à auto-referenciação, restringe os horizontes dos aprendizes. Na verdade, além do conhecimento que eventualmente venham a adquirir de si e dos seus colegas mais próximos, que conhecimentos adquirirão de pessoas, ideias, conceitos ou acontecimentos fundamentais para a Humanidade, mas que são exteriores ao seu contexto?
Referências bibliográficas:
- Abrantes, P; Figueiredo, C.; Veiga Simão, A. (2002). Novas áreas curriculares. Ministério da Educação: Departamento da Educação Básica.
- Ministério da Educação (2000). Educação, integração, cidadania: reorganização curricular do ensino básico. Ministério da Educação: Departamento da Educação Básica.
- Ministério da Educação. (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: competências essenciais. Lisboa: Departamento da Educação Básica.
- Perrenoud, Ph. (1995). Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora.
- Portugal. (2001). Reorganização Curricular do Ensino Básico. Decreto-Lei n.º 6/2001 de 18 Janeiro.
- Trindade, V. (1996). Estudo das atitudes científicas dos professores: do que se pensa ao que se faz. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.
Imagem: A família presidencial (1967), de Fernando Botero. In M. Hanstein (2004). Botero. Taschen/Público.
- Abrantes, P; Figueiredo, C.; Veiga Simão, A. (2002). Novas áreas curriculares. Ministério da Educação: Departamento da Educação Básica.
- Ministério da Educação (2000). Educação, integração, cidadania: reorganização curricular do ensino básico. Ministério da Educação: Departamento da Educação Básica.
- Ministério da Educação. (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico: competências essenciais. Lisboa: Departamento da Educação Básica.
- Perrenoud, Ph. (1995). Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora.
- Portugal. (2001). Reorganização Curricular do Ensino Básico. Decreto-Lei n.º 6/2001 de 18 Janeiro.
- Trindade, V. (1996). Estudo das atitudes científicas dos professores: do que se pensa ao que se faz. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.
Imagem: A família presidencial (1967), de Fernando Botero. In M. Hanstein (2004). Botero. Taschen/Público.
11 comentários:
Eu que desconheço os objectivos da "área disciplinar de educação cívica" gostaria de elucidação se puder ser possível sobre os mesmos - a existirem como é indispensável. E se são medidos os resultados e avaliados os "conteúdos" (que pela descrição do post me parecem completamente ao sabor do "experimentalismo")? E foram já realizados estudos validados para medir o "grau de implicância" dos tais conteúdos nas atitudes e comportamentos sociais ("cívicos") dos assim "instruídos"? O grau de sucesso é grande, ou nem por isso?
Peço ajuda nestes dilemas de quem por ora é desconhecedor mas "obviamente interessado"...!
“que tipo de aprendizagem é a mais eficaz, se a proveniente de modo directo, de processos experimentais e experienciais, se a de processos vicários.”
Se quisermos aprofundar o mundo da vida, não nos podemos refugiar apenas em modelos conceptuais puramente abstractos. O ideal seria fazer a articulação entre o mundo vivido “na primeira-pessoa” e a elucidação científica ou explanação “na terceira pessoa”.
As ciências mostram o mundo segundo uma determinada perspectiva conceptual. O contexto corporalizado da experiência vivida, portanto o mundo concreto, articulado posteriormente com a abordagem teórica e abstracta, poderá ir mais longe no salto da barreira da lacuna explanatória que tantas dores de cabeça tem dado a filósofos da mente e cientistas cognitivos (a propósito do eufemismo “hard problem” rotulado por David Chalmers), e que muito tem interessado a fenomenologia contemporânea com tópicos tais como “racionalidade prática”, “mundo da quotidianeidade”e “experiência e subjectividade”.
Pois isto das vivências dos alunos e esta coisa do desenvolvimento da consciência cívica dos alunos como elemento fundamental no processo de cidadãos responsáveis, críticos, activos e intervenientes, tem muito que se lhe diga... e não pode ser tratada com a ligeireza com que habitualmente acontece.
Se na criação destas novas áreas curriculares não disciplinares (entre elas a Formação Cívica), entre outros pressupostos e objectivos, estava o despertar nos alunos o interesse pelas aprendizagens... parece que não está a surtir efeito, a avaliar pelos resultados... será que alguém o admite!?
Eu até ando desconfiada que o efeito que se obtém é o contrário do que se pretende. Talvez um estudozito pudesse firmar o que vou observando no terreno.
Como a Helena bem refere no texto, e uma coisa denunciada também por Perrenoud, isso de entrar na intimidade dos miúdos e da família, é mau, muito mau e eu sei de casos em que isso acontece. Talvez com boas intenções, posso admiti-lo, mas acontece e não deveria acontecer...
Excelente comentário!
Há alguns anos que venho sendo directora de turma e, consequentemente, professora de Formação Cívica...
Há alguns anos também que me esquivo à utilização desses manuais ou materiais,nomeadamente porque insisto sempre no mesmo: "Em casa conta-se tudo o que se passa na escola. Na escola não se fala do que acontece em casa."
Contudo tenho sentido alguma dificuldade em planificar as referidas aulas de forma a que se transformem num tempo e espaço úteis.(Terei alguma vez conseguido?!)
Diz-nos o Decreto-Lei nº 6/2001, de 18/01 que essa aula deverá ser "um espaço privilegiado para a sistematização e consolidação das diferentes questões relacionadas com a cidadania, desenvolvidas transversalmente, nomeadamente:
Desenvolvendo competências necessárias ao exercício do cidadania;
Desenvolver nos alunos atitudes de auto-estima, respeito mútuo e regras de convivência que conduzam à formação de cidadãos autónomos, participativos e civicamente responsáveis;
Promovendo valores de tolerância e solidariedade;
Estimulando a participação dos alunos na vida da turma, da escola e da comunidade em que estão inseridos".
Contudo a forma como nós, professores,tratamos estes assuntos, depende muito da nossa sensibilidade e formação pessoal, já que não temos preparação específica para uma área tão abrangente (pois é suposto falar de temas como Solidariedade, Sexualidade, Ambiente, Política,Cidadania,
Consciência Cívica,Portugal, União Europeia,Consumo e Consumismo, Desigualdades,...)
Como é que se avalia?!
Muitas grelhas de observação e de auto-observação...
Pois é, a Rosa levanta um outro problema pertinente, como avaliar atitudes?
É difícil, muito difícil, mas é possível.
Quanto à questão de serem os DT a orientar essa Área, também discordo que o sejam, e só em casos excepcionais o deveriam ser (se tivessem formação específica para o efeito).
Mas em abono da verdade, esta área tem melhorado ou piorado os indices de indisciplina e violência nas escolas?
A formação cívica sendo uma área transversal, será que faz mesmo sentido nos curricula dos alunos? Não terão todos os docentes a obrigação de desenvolver nos alunos competências e atitudes de auto-estima, respeito mútuo e regras de convivência que conduzam à formação de cidadãos autónomos, participativos e civicamente responsáveis, como dia a Rosa e está previsto na Lei?
Há alguns anos atrás deparei-me com uma citação que me parece apropriada para o momento, e para quase todos os momentos da vida. Diz o seguinte:
"Great minds discuss ideas; average minds discuss events; small minds discuss people."
Eleanor Roosevelt
Parece que pelas bandas do Ministério se desconhece semelhante pensamento. A ideia peregrina de se imiscuir no foro privado das famílias e nos seus defeitos, dúvidas e problemas ancorou no sítio errado, em vez de aterrar na Segurança Social poisou pesadamente na Educação.
Este tipo de «preocupação» demonstra bem como estão mal direccionados os intuitos dos pedagogos de serviço: ao invés de prestarem um mau serviço aos estudantes e professores podiam prestar um excelente serviço aos necessitados...
Talvez tenham medo que ao discutir ideias apareçam as grandes mentes. Literalmente.
A «área disciplinar de educação cívica» invadiu hoje os programas de quase todas as disciplinas, das línguas vivas à geografia e à história, deixando um espaço muito reduzido aos conteúdos específicos que os alunos deviam aprender.
Esta infestação verifica-se também, embora em menor grau, nas disciplinas correspondentes às ciências exactas.
Esta é uma das razões por que me farto de repetir, a quem me quer ouvir, que a escola autoritária do passado deu hoje lugar a uma escola totalitária.
Mas a educação cívica não se destina essencialmente a analisar o comportamento social (cívico), e as nossas relações individuais dentro do mesmo? E a vida em família não depende sobretudo dos valores familiares, sobre os quais não compete à escola fazer juízos de valor sem ferir a sensibilidade dos alunos e seus parentes mais próximos?
Talvez por isso é que, numa sociedade cada vez mais sem um pai e uma mãe para toda a vida, o Dia da Mãe e o Dia do Pai perderam a concorrência com o Dia das Bruxas, por exemplo...
Tudo depende da interpretação que se queira atribuir ao "cívico".
Na transição do séc. XIX para o séc. XX foram implantados os batalhões escolares nas escolas do ensino primário para dar aos meninos "educação cívica", ou seja educação pré-militar, amor à pátria e mentalizar os meninos para a defenderem.
Durante a I República todos os cidadãos falavam e soletravam o "cívico", e sabe-se como a cidadania viveu umaverdadeira rebaldaria.
Na Revista Portuguesa de Ciências do Desporto (vol. 5, n.º 3, de Set. de 2005, Porto), o editorial fala em "Educação cívica, liberdade e humanidade", onde o ponto 1 aborda a "Educação cívica", esclarecendo no 1.º § que "o enorme descrédito que atinge hoje o regime democrártico impõe que se erija em questão central a educação cívica, entendida esta no sentido de preparação para a cidadania, para (con)viver de maneira política, social e moralmente responsável".
Portanto, a "educação cívica" ou a cidadania são apenas etiquetas, às quais as pessoas podem a seu gosto atribuir-lhes o sentido que quiserem.
Por isso o nosso António Vieira avisava:
"E este é o defeito por que os nomes que hoje põem os homens, ou são contrários ou impróprios e muito alheios do que querem significar."
Ó João Boaventura, mas foi hoje mesmo que o padre António Vieira disse isto: "E este é o defeito por que os nomes que hoje põem os homens, ou são contrários ou impróprios e muito alheios do que querem significar."
Ontem, um tal José Maria acabou de escrever "O Conde d'Abranhos", livro que parece que não chegará a ver publicado.
E, enquanto um dia destes Ramalho Ortigão dizia "a antiga sátira portuense achava-se decapitada", mandaram-nos, da outra margem, daquela cidade que ainda há pouco era vila e há muito foi Portucale, um pediatra para endireitar um país de velhos vícios e de vícios de velhos.
Formação Cívica, Estudo Acompanhado, Área de Projecto... não está a resultar. O critério da "boa vontade" não é um critério mas uma emoção. Não é válido. A tutela continua a resolver a sua ineficácia remetendo para a escola aquilo que devia ser remetido para a Segurança Social (como referiu o Albert) e para os Centros de Saúde - também e muito.
E aquilo que não está a resultar (as tais áreas disciplinares não curriculares - o peso da própria designação mete medo ao susto-), ainda por cima, é produtor de mais infelicidade. Os horários dos alunos são exageradamente pesados, fomenta-se a quantidade com o genocídio da qualidade. Se eu mandasse (...), devolvia essas horas às crianças, aos adolescentes e aos jovens para poderem conviver, fora das aulas, com os seus pares. A seguir, e só a seguir, podia esperar que as aulas fossem momentos de concentração e aprendizagem.
A escola está a transformar-se numa jaula apertada: é a falta de espaço físico, é a falta de tempo para a indispensável sociabilização.
Formação Cívica? Formação Cívica aprende-se:
- Com os bons exemplos dos mais velhos (ora toma que já bebes)
- Com aulas de filosofia
- Com a escolha de literatura de qualidade no ensino das línguas
... e com a possibilidade de tempo para brincar/conviver entre e fora das aulas.
Neste momento, na escola pública, tenho mais esperaça no aluno que nos "manda à merda" do que no aluno que não nos manda a lado nenhum.
Enviar um comentário